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Oficinas de cinema

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CAPÍTULO III Apropriação da comunicação dos brancos pelos Indígenas de Dourados: rádio, fotografia, cinema e internet

2. Oficinas de cinema

Após a apresentação de uma experiência desenvolvida na aldeia indígena, começamos a nos deter nas atividades de comunicação que se dão na GAPK, com os membros da AJI. A primeira oficina que destacamos é a que atualmente tem estado em evidência na entidade: as oficinas de cinema, que resultaram em vídeos-denúncia e numa ficção, Ore Reko – Nossas vidas -, que foi apresentada no II Seminário Latino Americano de Comunicadores Indígenas, no México, organizado pela IWGIA (International Work Group for Indigenous Affairs) , UNAM (Universidad Nacional Autónoma de México) e SERVINDI (Servicio de Información Indígena) de 29 a 31 de outubro de 2007.

Ministrada pelo uruguaio Alejandro Ferrari, a oficina de cinema surgiu de um encontro entre a responsável pela GAPK, Maria de Lourdes Beldi de Alcântara, e o cineasta, na Argentina, sendo que, desde o princípio ela o teria convidado para desenvolver o projeto lá.

Sempre foi intenção da GAPK e da AJI trabalhar com cinema. Segundo Alcântara35 os jovens diziam “Lou vamos mostrar quem somos, e eu falava, como a gente vai mostrar? Por que a gente não tinha dinhe iro pra fazer filmes. A minha idéia de filmes era desde o começo”. Em 2006, a ONG conseguiu promover a primeira oficina, que resultou na produção de três vídeos-denúncia, curtas em formato de documentários. Maior destaque teve o curta-metragem “Que país é este?”, que participou inclusive da 17ª edição do Kinoforum em São Paulo. Sobre a experiência, uma kaiowá que atuou na entidade desde o princípio, relata em depoimento no blog da AJI:

O vídeo “QUE PAÌS È ESTE” feito pelos jovens indígenas da AJI - Ação dos Jovens Indígenas que denuncia a injustiça que aconteceu com os

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índios da aldeia Porto Cambira no caso dos policiais que morreram depois de entrarem na aldeia á paisana, concorreu no 17º Festival Internacional de curtas metragens de São Paulo.

O festival foi realizado entre os dias 24 de agosto e 02 de setembro, com o tema Kinoforum Formação do Olhar, o encontro promoveu debates sobre a inserção dos jovens que participam de projetos e oficina no mercado de trabalho, também teve uma palestra com Hermano Vianna sobre produção Colaborativa do conhecimento na internet, Hermano é um dos idealizadores do site Overmundo.

O encontro foi muito bom para a AJI que mostrou seu primeiro trabalho de imagens (MACHADO, M., 2006a, p. 9-10).

Nesta primeira etapa, e por meio do cinema, os indígenas puderam refletir a partir do processo produtivo dos audiovisuais, sobre importância que a comunicação tem como ferramenta de expressão. A partir dos vídeos-denúncia conseguiram se posicionar com relação a fatos que vinham sendo noticiados pela mídia douradense e que não ofereciam espaço para a versão dos indígenas. A produção dos curtas foi, portanto, impulso importante para a reflexão crítica a respeito da comunicação e das possibilidades que ela lhes garante, como o fato de serem ouvidos.

Juntos conseguimos montar três vídeo denunciando a desnutrição e a falta de terra, e um vídeo denúncia sobre os casos dos policiais que invadiram as terras indígenas de Passo Pirajú sem autorização e à paisana, onde dois policiais foram mortos e um saiu ferido. Esse caso repercutiu de uma maneira em que a mídia Douradense e Sulmatogrossense desenharam a imagem de nós índios como selvagens e truculentos, mas apesar de tudo isso nós jovens conseguimos mostrar o outro lado da história.

A importância da comunicação para os povos indígenas, é se fazer ouvir, buscar soluções para os problemas, conhecer caminhos para as reivindicações e lutas, e assim fortalecer a comunidade e nos preparar para combater juntos, independente de etnia, pelos nossos ideais.

O que nós queremos é usar a tecnologia como uma ajuda para o nosso povo, sem deixar de lado nossa cultura (MACHADO, M., 2006b, p.8).

Apesar do trabalho desenvolvido na entidade, problemas internos com o responsável pela oficina, que tomou os materiais como seus sem dar crédito aos indígenas, segundo contam os jovens, encerraram este primeiro ciclo de oficinas.

Em 2007, porém, a idéia que sempre fez parte dos planos da ONG foi retomada, a partir da atuação do cineasta uruguaio Alejandro Ferrari, convidado por Maria de Lourdes Beldi de Alcântara a reativar a oficina durante um encontro na Argentina. Conta Ferrari36

Conheci a Lou37 num encontro na Argentina. Ela dizia: olha você tem

que me ajudar. Eu dizia que não sabia fazer isso. É a primeira vez que dou uma oficina de cinema. Eles tiveram uma oficina de cinema anteriormente com um italiano, mas que deu problema. Ele levou gravações, apresentou os filmes como se fossem seus e tal. Quando eu cheguei, a primeira coisa que me perguntaram era se eu era italiano. A Lou não falou muito o que ela queria. Ela achou que cheirava bem o que eu podia fazer. Eu falei o que eu podia fazer, o que eu pretendia com a oficina. Primeiro uma coisa mais técnica que eles conseguissem utilizar as ferramentas audiovisuais de maneira mais normal, prática. Começassem a mexer em câmera, no som, começar a fazer a montagem, pensar roteiro. Então como eles já tinham começado a fazer documentários como o “Que país é este”, coisas pequenas, de dois ou três minutos, eu pensei em contar uma historia com um filme, com ficção.

Na verdade, segundo o cineasta, ao vir pra cá as idéias eram outras, porém, diante do contato com os jovens e do interesse demonstrado, surge a idéia de se trabalhar uma ficção. Decorre daí o fato de poder explorar novas linguagens e formatos estéticos que os jovens desconheciam, já que tinham até então trabalhado com o estilo reportagem nos documentários. O objetivo de Ferrari foi então que, desde o começo, os jovens conseguissem fazer do cinema uma nova forma de expressão, “que pudessem contar histórias de suas vidas, da vida da aldeia, com o cinema, com um vídeo”.

Com estes objetivos, cerca de 15 jovens indígenas produziram o Ore Reko, que em português significa “Nossa vida”. Dentre as temáticas abordadas na ficção, estão presentes questões que retratam a realidade dos jovens na aldeia como a falta de emprego e a falta de segurança dentro da aldeia. “Este vídeo é só um pouco do que se passa com os jovens na aldeia, é uma forma de mostrar para o mundo a nossa realidade, ele será apresentado no II SEMINARIO LATINO AMERICANO DE COMUNICADORES INDIGENAS no México, organizado pela IWGIA , UNAM e SERVINDI nos dias 29 a 31 de outubro” (ANHANDUÁ, 2007, p.17-18).

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Em entrevista concedida à autora no dia 25 de outubro de 2007

37 Forma como ele se refere a Maria de Lourdes Beldi de Alcântara, antropóloga e responsável pela ONG

Para garantir que o processo de criação e produção não sofresse interferências do professor, de forma a alterar a concepção de que eles contassem sobre eles mesmos, o cineasta buscou garantir- lhes a maior autonomia possível desde a escolha da história, a produção do roteiro, a atuação, som, iluminação e montagem. Ao todo, ce rca de 15 jovens participaram da produção, cada um atuando em uma área. Destaca Ferrari

Se eu fosse contar uma história contaria diferente, mas não quis me envolver assim. Então cada um foi se envolvendo numa área específica. Eles produziram a idéia e o roteiro, eu ajudei a marcar a estrutura dramática, depois fiz com eles a decupagem e eles fizeram comigo também a composição da equipe de filmar, atuaram, trabalharam no som, como assistente de direção. Eu trabalhei com a câmera. Pedi a eles que me ajudasse. Mas pra que ficasse bom eu precisava mostrar. A única coisa que eles sabiam era que pra reportagem, documentário, tinha que ter um cara no meio da tela e eu disse: no meio da tela jamais! Tem que ir para outros lados! Aí eles diziam: tem que ter o enquadramento perfeito. E não é! Eu queria mostrar. Então fiz as imagens. Um indígena me ajudou na montagem, que jamais havia mexido. As transcrições das falas também.

Em uma matéria publicada no blog da entidade, uma guarani-ñandeva conta sobre a experiência de ter trabalhado no Ore Reko

Nos últimos dias estivemos realizando uma nova forma de fazer filme, pela primeira vez a AJI começou a trabalhar com a ficção, ainda não terminamos, mas está ficando muito bacana.

Sempre trabalhamos com o documentário, mas de cidimos fazer diferente, o cineasta uruguaiano Alejandro Ferrari trouxe esta idéia de cinema mais próximo da gente.

O roteiro do filme fomos nós mesmos que produzimos, e se trata do que é ser jovenm na aldeia de Dourados, de início pensamos em um documéntario, pois ele além de contar como é realmente, retrata de uma forma mais abrangente a questão, mas notamos que o documentário iria ficar muito longo, monótono, queríamos sair da mesmice. Então optamos pela ficção, além de ser uma forma diferente a ser trabalhada pela gente, conta a realidade com mais vontade de assistir, pois são os próprios jovens indígenas que atuam no filme, e como o filme não conta todas as questões dos jovens, decidimos fazer um BACKSTAGE do filme, onde colhemos depoimentos, ensaios e gafes.

Pensamos em todo o corpo da equipe desde o diretor até o claquete, pensamos em como encaixaríamos todo o pessoal nas posições, uns queriam fazer tudo ao mesmo tempo, mas acabou que no final até os atores fizeram o som e câmera, foi uma loucura, mas esta ficando muito legal.O mais bacana é a convivência que adquirimos com esta experiência, o espírito de grupo.

Aprendemos tudo de uma forma divertida e gostosa de se fazer, pois havia interesse de cada um que participou das gravações.

O filme irá se chamar " ORE REKO", que em português significa NOSSA VIDA, além de estar na língua guarani-kaiowá, também será na língua terena. O filme será de vidas opostas, ou seja dois lados que existem na aldeia, o das drogas, da marginalidade e o lado do trabalho e da dignidade.

Show de bola vai ficar este filme!!!!!!!! (SOUZA, G., 2007a, p.13-14)

Da forma como o trabalho vem sendo desenvolvido, o professor acredita ter alcançado muitos pontos positivos e avanços tanto quanto ao domínio das ferramentas e técnicas de produção audiovisual quanto minimizando processos internalizados pelos indígenas de inferioridade e exclusão.

A primeira coisa que eles conseguiram ganhar é ficar contentes com si próprio. Eles têm feito uma coisa que nem pensavam em fazer. Você fala com ele s estão sempre com auto-estima e auto-estima é importante para o índio. O índio tem esse problema, um dos problemas é esse, se sente mais diminuído perante os brancos, a cidade. E eu falei sério com ele s, porque também é verdade: olha tem um monte de gente na cidade que jamais fez um filme. Vocês fizeram.

Outro fator positivo no desenvolvimento do filme, conforme destaca Alejandro Ferrari, foi a necessidade surgida e a capacidade comprovada de que eles podem e devem trabalhar em grupo. Afinal, o professor deixa claro que não tem como produzir cinema sem se trabalhar em conjunto, pois de uma união de partes é que se tem o todo. “O grupo também foi uma coisa muito positiva. Eles reconheceram que a produção do filme foi o primeiro trabalho realmente em grupo que a AJI fez. Envolvendo várias etnias e também caras mais velhos e mais novos”.

Ao falar dos pontos positivos durante a entrevista38, o cineasta demonstra entusiasmo.

Mais duas coisas importantes eles aprenderam com isso: começaram a utilizar essa nova linguagem. Nós temos que contar com o filme alguma coisa dos jovens da aldeia. E eles pensaram: nós vamos colocar isso, falta isso. E uma última coisa é que eles começaram um diálogo também com outro pessoal da aldeia. Diziam: Se colocarmos isso, vão falar aquilo, então já foram pensando o que tinham que responder. Principalmente com relação aos mais velhos

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A preocupação com o que vão pensar a respeito dos jovens, figura como fator comumente citado pelos indígenas quando se fala nos conflitos internos. Afinal, o surgimento recente da categoria dos jovens solteiros e as responsabilidades que eles vêm assumindo pra si, principalmente a partir do domínio da educação e comunicação, causam conflitos com relação aos mais velhos, que antes eram considerados os sábios, as lideranças da aldeia. Pelo que percebemos, ocorre, principalmente dentro da AJI, uma supervalorização do jovem que já não acredita tanto na capacidade de liderança e na sabedoria dos mais antigos. Tem havido, de certa forma, na prática, uma inversão do processo comunicativo tradicional indígena. Além disso, a partir da utilização de novas ferramentas de comunicação, a tradição que antes era exclusivamente oral e não possibilitava uma documentação, como registro histórico, também veio alterando a tradição dos mais antigos.

A produção de audiovisuais, a partir do momento em que permite o registro, também trouxe transformações impulsionadas pelo contato tão próximo com a cidade e com o não-indígena.

Eles passam por muitas dificuldades na aldeia e nesse ponto, o contato com a cidade apresenta algumas vantagens na área de comunicação. Primeiro porque eles conseguem expressar coisas, segundo porque, no caso do vídeo, que essa coisa permanece. É contar a cultura deles, mas que isso fique. Não é como um passarinho que vai embora. Eu não sei até quanto isso pode chegar, porque é uma ferramenta poderosa você poder comunicar coisas. Sabe que é uma coisa muito nova na aldeia eles mexerem com essas coisas. Os caras da AJI são incentivados. Os caras da AJI são especiais, tem fotografia. Que menino de 18 anos no mundo tem um livro de fotografias feito? Aos poucos eu acredito que essas coisas terão uma influência na Reserva, na comunidade indígena , muito forte porque a gente vai ter uma referência daqui a cinco anos. Olha, se você quer saber sobre isso tem em tal livro, sobre isso tem tal vídeo. Ainda estamos no começo, mas acho que vamos conseguir.

Viver em meio a este conflito, o que a antropóloga Maria de Lourdes Beldi de Alcântara chama de “in between” 39 , neste caso entre seguir as novas concepções da sociedade não- índia que está em seu entorno ou manter as tradições dos mais antigos, é responsável por várias crises internas, o que também houve durante o desenvolvimento do filme.

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Houve um momento de crise no processo de produção do vídeo em que os jovens começaram a se questionar quanto ao que os mais velhos diriam. Essa crise foi muito importante para os jovens. Eu não esperava essa crise. É um momento em que você tava contente com seu trabalho mas tinha medo. Refletimos sobre porque não contar, porque cortar alguns trechos. Eu dizia: vocês contam o que vocês quiserem. Fizemos todo esse processo de ouvir , de reflexão, de repercussão. E em uma reunião todos entraram num consenso e mantiveram o que queriam.

De certa forma, Alejandro acredita que assim como acontece na sociedade não- índia, em que a partir da participação em produtos comunicacionais as pessoas alcançam prestígio, os indígenas também passarão a aceitar melhor a causa dos jovens, incluindo-os ainda mais nas discussões e dando- lhes mais importância.

Acho que com o filme atingimos mobilização interna, reflexão crítica, desenvolvimento da auto-estima e o desenvolvimento do cinema como processo educativo.Acho que por enquanto tem já alguma coisa, mas ainda vai ter mais. A idéia é com esse filme mobilizar a aldeia. Fazer com que o pessoal possa assistir, fazer rodas de conversa, reuniões, bate- papos.

Avaliando e sendo avaliado pelos indígenas, o trabalho desenvolvido pelo cineasta na oficina foi aprovado. Dessa forma, pensar nos planos pra oficina em 2008 tem sido inevitável. Dentre os projetos está o de que cada um produza um vídeo de um minuto sobre um mito guarani, sendo que cada jovem será o diretor de seu curta e cada um de seus amigos desempenhará um outro papel na produção. Ao final, todos os jovens terão passado por todas as funções: de diretor ao claquete e, com isso, favorecerá o processo educativo relacionado à produção audiovisual. Uma outra idéia do cineasta, que ainda será posta em discussão, seria a de transformar a AJI numa produtora.

Tenho a idéia de aproveitar que a AJI tem uma certa estrutura, que o pessoal vem todo dia, tem equipamento, para fazer talvez uma produção, um centro de produção para outros lugares, também pra cidade, imagina, os indígenas do Panambizinho querem fazer um vídeo por exemplo, contratam a AJI, como se fosse uma produtora para algumas coisas, pq também tem um problema, eles têm horários muito reduzidos pra trabalhar. 16h30, 17h eles têm que ir embora pq cai a noite e eles não saem da aldeia. Montagem por exemplo, geralmente se faz à noite, isso é um problema. Eles têm menos horas do dia pra trabalhar e outro problema é que não tem computador em casa, então eles têm três ou quatro horas por dia compartilhando um computador e um professor. E normalmente o pessoal aprende muito mexendo, provando.

Pensando em sua realização pessoal, Alejandro apresenta como projeto futuro a produção de uma ficção de sua autoria cujo título será “O menino e sua bicicleta”, gravada na aldeia de Dourados.

Os jovens também fazem planos quanto ao cinema e tratar fatos atuais por meio do audiovisual já parece ter virado um projeto constante. Mesmo sem a presença do cineasta em Dourados no mês de novembro de 2007, foi postado no blog da AJI um texto que relacionava a polêmica atual - da necessidade do RG civil e desvalorização do RG Indígena -, com a produção de um novo documentário.

Os jovens da AJI estão produzindo um documentário na qual este documentário estaraá falando sobre o RG civil , pois hoje a identidade indígena já não está servindo para quase nada , pois para viajar , fazer conta em loja , necessitam do RG civil , e há um porém , o povo diz que um indígena ao tirar o rg civil ele deixa de ser indio e passa a ter seus direito e deveres todos de brancos eu discordo pois isso é impossivel , e hoje o indío é tratado de uma forma diferenciada , mas não há outra saida, temos que tirar o nosso rg civil

Este documentário está sendo produzido pelos jovens da AJI com apoio da GAPK, e neste documentário há depoimentos de pessoas que tentaram tirar o rg civil e não conseguiram , outros que desistiram de tirar e também há depoimento de quem já fez o rg civil (INTEGRANTE da AJI, 2007, p.3).

Verificamos que o conhecimento adquirido tem sido visto como uma alternativa comunicacional, um caminho por onde podem dar a sua versão dos fatos, criticar, denunciar, mobilizar uma comunidade que pode ser atingida de maneira massiva, a partir da utilização do cinema como instrumento de comunicação. Neste mesmo sentido, acontecem na entidade as oficinas de fotografia, experiência a ser retratada.

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