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Quanto ao Assunto Principal

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CAPÍTULO III Apropriação da comunicação dos brancos pelos Indígenas de Dourados: rádio, fotografia, cinema e internet

2 Exploração e análise do conteúdo do Jornal AJIndo

2.1. Quanto ao Assunto Principal

No gráfico a seguir, temos a visão geral dos assuntos principais abordados nas oito edições.

GRÁFICO 12

Assuntos principais publicados no Jornal AJIndo - Fevereiro/2004-Dezembro/2006 5 12 3 2 5 2 2 3 21 21 2 2 3 12 95 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Descaso Preconceito Educação

Saúde Lazer Drogas

Segurança Violência Eventos AJI

Eventos externos

Terra

Emprego

Horta

Outros Total

Representados por 21 textos cada, “Eventos promovidos pela AJI / Mobilização interna” da entidade e “Participação em eventos externos” correspondem a 22% das temáticas tratadas, juntos, 44%.

O retrato que se tem destes dados reflete a importância que a entidade dá para a participação e promoção de eventos, palestras, seminários, oficinas, workshops, buscando, dessa forma, desenvolver capacidades, enriquecer os conhecimentos gerais dos jovens indígenas e apresentar-lhes novas realidades e situações, em que são discutidos não só sobre eles, mas também a partir deles, questões que dizem respeito a suas realidades, por meio da política, antropologia, ou até mesmo em atividades lúdicas.

O objetivo de se participar de tantos encontros externamente é explicitado por Maria de Lourdes Alcântara53:

Uma coisa que eu sempre falava pra eles: por que eu levo eles nos encontros?

É mostrar que essa não é a realidade só deles. Eu quero que eles vejam que não são só eles que sofrem, todo mundo sofre. Entendeu? O mundo. Os indígenas sofrem. Então isso é importante, você relativizar. É só comigo que acontece isso? É só comigo que minha família bate em mim? É só comigo que eu não tenho dinheiro? É só comigo? Não é só comigo. É a realidade dos indígenas no mundo. Por isso que eles vão nos encontros internacionais, porque eu quero que eles relativizem o sofrimento deles depois. Eu acho que eles vêm muito mudados.

Ao percebermos, porém, a importância que é dada a assuntos que demonstram como a entidade se organiza e quais as ações que desenvolve, chegamos a refletir se o jornal é utilizado como um objeto de assessoria de imprensa, buscando exclusivamente divulgar a imagem da entidade.

Com base nas análises, entendemos que o AJIndo, mais do que cumprir um papel de divulgação da entidade, representa a valorização do jovem participante da AJI - dentro e fora da aldeia-, que é, na verdade, quem está por trás de todas as ações. Como conseqüência da valorização do jovem indígena e das atividades das quais participa, o jornal acaba por chamar a atenção para a própria entidade, que se apresenta dinâmica tanto em Dourados e região, como no exterior.

Dentro ainda da temática “Eventos promovidos pela AJI / Mobilização interna”, destacamos o teor político presente nos textos. Em um deles54, que trata do Hip Hop, entendemos que se encaixa como “mobilização interna” – e não como “lazer” ou “atividade cultural”-, pois as meninas dizem ser esta atividade, a representação do “processo de exclusão das minorias” e, ainda, dizem ser o Hip Hop, uma forma de “retratar a realidade dos adolescentes da aldeia”.

Citamos ainda, como exemplo, o texto escrito por Graciela Pereira Santos55

53

Em entrevista concedida à autora no dia 18 de janeiro de 2008

54 Entrevista publicada na Edição Especial 1, p. 1 55

O AJI se reúne quase todos os fins de semana para fazer reuniões interativas com atividades destinadas aos jovens. Mas além dos jovens o AJI procura envolver a comunidade como o todo, pois defende a comunidade contra qualquer tipo de injustiça, também é uma das prioridades do AJI.

[...]

De agora em diante o AJI estará a par de tudo que incluir a questão indígenas, tanto na saúde, lazer, educação e outros. Estaremos acompanhando para mostrar que jovem indígena tem voz e também o direito de opinar. Estamos de olho!!!” (SANTOS, 2004a, p.1).

No texto desenvolvido por Ana Claudia de Souza e Edimar56, também se percebe claramente o teor político com que os jovens registram sua mobilização interna. “O nosso objetivo é fazer com que jovens se unam, para que eles cresçam sabendo de todos os problemas da aldeia, e quando eles estiverem prontos ocuparem um lugar no qual eles possam ajudar a melhorar a nossa aldeia”.

O conteúdo político, porém, não é exclusivo à temática “Mobilização interna”. Embora não tenha uma temática denominada política, em todas as classificações, encontramos esse assunto presente.

O texto “Povo Indígena”57 por exemplo, escrito por Graciela Pereira dos Santos, foi classificado na AC como referente à temática “Descaso”. Porém, ao nos apropriarmos de um pequeno trecho, identificamos uma abordagem política, que se destaca.

Apesar de serem expulsos de suas terras, de sobreviverem a tantos massacres, será que ainda continuarão sendo desrespeitados, discriminados e expulsos pela sociedade banalizadora do conceito indigenista? Mas para deixar bem claro uma coisa, é importante falar que apesar tudo, o indígena não culpa a sociedade pela situação em que vive, e nem a si mesmo. Um dos maiores culpados é a política desse país, que beneficia poucos enquanto a maioria vive em condições precárias (SANTOS, 2004b, p.1).

Outro trecho do mesmo texto, mantém a abordagem:

São tantas as coisas que poderiam ser melhoradas, mas ao invés disso só tem piorado.

56 Edição Especial nº4, p.1 57

As questões mais urgentes a serem atendidas e melhoradas pelos políticos engajados na questão indígenas, não esta sendo cumprido como deveria ser. Já não basta a exclusão da sociedade que existe em relação ao indígena, ainda assim existem políticos infelizes que tiram o direito desse povo de ter uma educação de qualidade, de ter oportunidade de expressão, de sonhar com um futuro melhor, onde irão ser respeitados e considerados profissionais competentes (SANTOS, 2004b, p.1).

Se num texto identificado como “Descaso” a política esteve presente, em outro, cuja classificação o delimita como “Segurança”, o mesmo teor também é encontrado.

Hoje, na aldeia, todos já estão com medo de sair a noite, até mesmo para ir ao hospital.

Além de ser muito perigoso, não tem mais segurança. A FUNAI não se importa com os povos indígenas, há muitas mortes, roubo e violência. Muitos reclamam da segurança nas aldeias mas ninguém responde nada, não fazem nada.

Bom, queremos segurança na aldeia! Já está muito perigoso (BENITE, 2006, p.6).

O teor político que se coloca como reflexo de uma postura crítica dos jovens, também deve ser entendido como uma necessidade de se posicionarem social e politicamente, principalmente dentro da aldeia. O fato de as categorias “Eventos promovidos pela AJI / Mobilização interna” e “Participação em eve ntos externos” terem alcançado tanto destaque, também busca demonstrar a dinâmica constante de atualização dos jovens quanto às discussões mais recentes, com diversas comunidades, e assim, garante- lhes prestígio e credibilidade. Afinal, os jovens têm discutido com pesquisadores (inclusive de outros países), com lideranças de diversas comunidades indígenas e não são aceitos dentro de sua própria comunidade quando querem ter voz numa reunião?

Em terceiro lugar, a categoria que obteve mais citações nos jornais, de fevereiro de 2004 a dezembro de 2006, foi “Preconceito” empatando com “Outros”, com doze textos cada um. Em “Outros” temos as temáticas que não alcançaram mais de um texto. São elas: Cultura, Direito do consumidor, Ser jovem, Desmatamento, Manifesto, Mobilização da comunidade como um todo, Agenda, Funai, Não- índios na aldeia, Crítica a Antropólogos, Chefe do Posto Indígena e Moradia.

Considerando os 12 textos sobre “Preconceito” mais cinco sobre “Descaso”, observa-se que os jovens abordam temas demonst rando que se sentem colocados à margem

da sociedade, isso sem pensar apenas na discriminação sofrida pelo jovem, mas pelo indígena como um todo. Em “Preconceito”, são abordadas várias formas de discriminação: da mídia e dos não-indígenas para com os indígenas. Exemplifiquemos.

Quanto à mídia, trouxemos dois textos ilustrativos. Um, produzido por quatro indígenas, de 16 e 17 anos. Num texto que fala sobre as drogas e a violência, a crítica à mídia, parcial e preconceituosa, é explícita:

Tudo que ocorre na aldeia, acontece em Dourados, mas o pior é que os jornalistas, a TV, nunca mostram isso.

Por isso que nós os índios somos mais comentados que os brancos pois eles só publicam os nossos erros, e nunca fazem [falam] o que eles fazem de errado. Está certo que eles mostram mas como um raio, bem rápido, já os índios são muito analisados, mais comentados. Na nossa opinião eles têm que se olhar ou seja prestar mais atenção neles! (AS DROGAS, 2004b, p.3)

O outro texto mantém a mesma linha crítica, falando sobre a generalização que a grande mídia faz: “Sabemos que, um crime praticado contra a vida, será sempre um crime grave, e os culpados devem ser responsabilizados pelos seus atos, o que não admitimos é, que as manchetes de jornais, os programas de TV, e pior ainda, nossos políticos, generalizem tudo” (MACHADO, I., RODRIGUES; MEDINA; SANTOS, 2006, p.4).

Quanto ao preconceito entre não-indígenas e indígenas, retiramos da Edição Especial nº1, p. 1, um texto de Micheli Machado, que faz uma forte crítica aos karaí e ao preconceito que vem deles, desde pequeno. Revolta e vingança fazem parte de sua abordagem.

Hoje ouvi uma coisa absurda, ouvi um menino dizer que índio não é gente, que índio é ladrão e preguiçoso. Mesmo a sociedade fechando os olhos para não ver e os ouvidos para não ouvir, índio é gente sim. Só porque temos cultura e modos diferentes, não quer dizer que somos bichos.

A sociedade que, então, é “gente”, por que não vai visitar um dia, uma aldeia indígena, e perceber que, se vivemos como bicho, é porque essa própria sociedade de “gente” nos impôs essas condições: miséria, doenças, etc. Não temos recursos nem para nos tornarmos gente como essas “gentes”.

O menino ainda disse mais, disse que seu pai nunca ia permitir que ele ou qualquer pessoa de sua família chegasse perto de um índio, muito menos casar com uma índia, porque elas são sujas.

Exteriormente podemos até ser sujos, mas levamos dentro de nós a vontade de vencer e quem sabe um dia lavar todo sangue que essa sociedade derramou do nosso povo” (MACHADO , M., 2004, p. 1, grifos nossos).

Em outro texto58, Ariane Ramires Machado, 18 anos, kaiowá, destaca a necessidade de comunicação entre karaí e indígenas para diminuir o preconceito que existe. Assim escreve:

A comunicação hoje em dia está sendo muito difícil, principalmente, entre a comunidade da cidade e da aldeia, pois ambas não se comunicam de forma concreta e clara e às vezes se agridem uma com outra, através de gestos, palavrões, ofendendo as duas partes.

Isso se dá por falta de comunicação, procurar ouvir e principalmente pelo preconceito das duas partes. Pensa-se que isso não ocorreria se houvesse mais diálogo, mais compreensão entre as pessoas e menos preconceito, pois um está muito ligado ao outro e a comunicação entre elas precisa, e muito.

Seria muito bom se houvesse bons diálogos entre as comunidades para a comunicação ser melhor e feliz e seria uma das formas de diminuir o preconceito (MACHADO, A., 2006, p.1).

A temática “Descaso”, que aparece com cinco textos empatada com “Lazer”, nos faz considerar que dentre as dificuldades que os jovens indígenas passam, o divertimento a partir do encontro com outros jovens, têm sido uma saída positiva. Tanto que eles se motivam a escrever sobre isso.

Horta, Educação e Violência aparecem com três textos cada. Hortas demonstram o trabalho que a entidade tem desenvolvido para buscar soluções para a falta de alimentos e para incentivar o ensino do plantio. Muitos indígenas mais antigos criticam a perda da prática do cultivo pelos jovens, que estão acostumados com a compra de alimentos.

Educação é uma temática diretamente ligada aos jovens, e que, inclusive, fora pouco explorada. Tantas são as críticas deles por melhor qualidade na educação, dos professores, de transporte escolar, materiais didáticos, e ainda, quanto à necessidade de uma educação de qualidade para uma boa colocação no mercado de trabalho, e apenas três textos tiveram o tema como assunto principal.

58

“Violência”, pelo contato próximo dos jovens com as drogas e com a cidade, também se tornou uma temática importante abordada no Jornal. Junto com “Segurança” (dois textos) e com a temática “Drogas” (dois textos), compõem sete textos diretamente relacionados. Envolvem a falta de segurança na aldeia, assaltos, mortes e entrada de drogas e álcool, que geram, por fim, atos de violência.

Por fim, contendo apenas dois textos em cada temática, aparecem Saúde, Terra e Emprego. A importância dada aos temas pelos jovens indígenas - fora do jornal - não é tão pouco expressiva como demonstrou o gráfico, porém, Terra e Saúde, são assuntos que não afetam tanto os jovens como o preconceito, as drogas, violência etc. Certamente, o fato de as matérias serem selecionadas por todos em reuniões gerais, não os permitiu pensar sobre a representatividade que cada área que lhes dizia respeito tinha no jornal. Após uma apresentação dos gráficos aos jovens, é bem provável que haja um remanejamento de ênfase para as temáticas que tem sido pouco abordadas e que lhes são importantes.

2.1.1. Palavras mais usadas

Buscando detalhar a classificação do Assunto Principal de maneira mais acertada, optamos por quantificar, em cada temática, as palavras que mais aparecem nos textos. Durante a análise, foram contabilizadas todas as palavras que apareceram por duas ou mais vezes em textos agrupados de acordo com a temática. Para facilitar a demonstração dessas palavras, porém, optamos por apresentar em forma de gráfico as que mais se repetiram, e dentro do pequeno espaço disponível, decidimos por demonstrar as primeiras nove palavras mais citadas em cada tema, por ordem decrescente. Com esta técnica de contabilizar as palavras mais usadas, pudemos identificar quais os substantivos, adjetivos ou verbos que estão mais relacionados à temática, buscando melhor delimitar a abordagem dos jovens.

Para iniciarmos nossas análises, nos atentemos ao Gráfico 13, que apresenta as palavras mais utilizadas sobre a temática “Descaso”, composta por cinco textos, de fevereiro de 2004 a dezembro de 2006.

GRÁFICO 13

Palavras mais usadas quanto à temática Descaso

28 24 16 15 14 12 11 11 10 0 5 10 15 20 25 30 Descaso / discriminação

/ exclusão Índio / Povo indígena

Política / governo Aldeia

Fome / Desnutrição Cestas básicas Educação Família Emprego

Confirmando a escolha do assunto abordado nos textos, as palavras descaso, discriminação e / ou exclusão aparecem 28 vezes. Seguida a elas, índio, indígena e / ou povo indígena aparecem 24 vezes. Os indígenas, portanto, estão totalmente relacionados nos textos com o descaso e a discriminação, sendo que, em terceiro lugar, destaca-se política e / ou governo. Com 15 citações aparece em quarto lugar a palavra aldeia, e posterior a ela, fome e desnutrição, com 14 citações e cestas básicas, com 12. Os altos índices de mortalidade por desnutrição infantil, e o destaque que este fato tem na mídia nacional, são citados pelos indígenas como fator de descaso, abandono, exclusão. Educação e família, com 11 citações, e “emprego” com dez, completam a lista das palavras mais usadas nesta classificação.

É interessante percebermos, após a análise, que este levantamento de palavras mais usadas contribui de maneira muito positiva para a melhor classificação dos textos. Da maneira como apresentamos, temos uma visão mais ampla e ao mesmo tempo detalhada do que os indígenas bus caram ressaltar ao falarem sobre o descaso.

A partir dos dois textos sobre o assunto “Drogas”, reconhecemos no gráfico 14 as palavras mais exploradas.

GRÁFICO 14

Palavras mais usadas quanto à temática Drogas

13 13 11 8 8 7 7 3 2 0 2 4 6 8 10 12 14 Cidade / bairro Drogas Jornal /TV / publicar Índio Álcool / bares / bêbado Branco Aldeia Violência Maconha

A maior crítica dos jovens nos textos que têm como assunto principal as drogas, se dá pela existência das substâncias alucinógenas também fora da aldeia. “Bairros” e “cidade” aparecem como palavras mais citadas ao lado de drogas, 13 vezes. Reforçando a crítica contra a grande mídia, “jornal”, “TV” e / ou “publicar” são citadas 11 vezes. Por oito vezes presentes nos textos, índio, álcool, bêbado e bares dividem a estatística. Branco e aldeia, sete vezes, violência três e maconha, dois.

Se considerarmos o contexto da Reserva indígena e sua relação com a cidade de Dourados, encontramos como o tipo de droga que mais aparece, palavras relacionadas ao álcool. O alcoolismo é, atualmente, um dos maiores vícios dentro da Reserva, responsável na maioria das vezes por fatos de violência, suicídios, crimes familiares (como espancamento da esposa e filhos) e assassinatos.

O que os jovens argumentam, porém, é que na cidade também existe o uso abusivo de álcool e há violência decorrente do mesmo, porém, a mídia local / nacional só se propõe

a divulgar de maneira enfática, os casos ocorridos dentro da aldeia. Daí a incidência tão grande de citações com relação à mídia.

Outros tipos de drogas também fazem parte do cotidiano da Reserva de Dourados, mas são tratados com mais timidez, talvez ainda encarados como tabus, por exemplo, a palavra maconha é citada apenas por duas vezes nos textos.

No Gráfico 15, nos debruçamos sobre as palavras resultantes da temática Educação, que foi tratada em três textos.

GRÁFICO 15

Palavras mais usadas quanto à temática Educação

12 10 9 9 7 6 5 4 4 0 2 4 6 8 10 12 14

Escola Aluno Índio /

indígena Cidade / Dourados

Aldeia

Dificuldade Estudam / aprendem Diferença

Falta /

carência

De modo geral, os textos que versaram sobre educação diziam respeito às dificuldades que os alunos indígenas têm enfrentado para alcançar um ensino de qualidade. Uma das críticas é quanto ao fato de precisarem sair da aldeia para estudar na cidade onde sentem diferenças com relação ao ensino, ao tratamento dos professores, à socialização com os colegas e dificuldades materiais, de transporte, livros etc.

Familiarizados com o contexto da educação entre os indígenas, identificamos facilmente o que os dados do gráfico refletem. Escola, aluno, índio, cidade e aldeia, retratam o estado em que os jovens vivem, buscando educação entre a cidade e a aldeia. As

palavras “dificuldades”, “estudam / aprendem”, “diferenças” e “falta / carência” demonstram em que condições essa relação de ensino, dentro e fora da aldeia, se dá. Dificuldade, falta / carência e diferença chamam bastante atenção no intuito de qualificar o processo educacional.

Totalmente relacionado com educação, temos no gráfico abaixo a análise das palavras utilizadas na temática “Emprego”, que contém dois textos.

GRÁFICO 16

Palavras mais usadas quanto à temática Emprego

12 7 4 3 3 3 3 3 3 0 2 4 6 8 10 12 14 Emprego / trabalho Indígena / índio Cidade Jovem

Difícil / Precária Oportunidade

Preconceito Comércio

Estudar/profissionaliz

ar

É interessante apontarmos que existe uma similaridade muito grande quanto às palavras utilizadas em “educação ” e “emprego ”. Afinal, nos dois temas os jovens dependem diretamente da cidade para se organizarem. Dificuldades, precariedade, oportunidade e preconceito demonstram quão perturbada é essa relação em que o jovem indígena solteiro precisa ajudar a família ou procurar uma renda para se manter dignamente e encontra tantas barreiras. Estudar e profissionalizar-se também aparece entre as nove palavras mais citadas, indicando a consciência que os jovens adquiriram quanto à necessidade de alcançarem uma formação educacional melhor e especialização profissional. Esta “conscientização” está totalmente relacionada, cabe lembrar, com o surgimento da

nova categoria de “jovens solteiros”, que ao invés de se casarem e tornarem-se adultos, preferem investir em educação, acreditando num futuro melhor.

Vale ainda lembrar que o surgimento dessa nova categoria dentro da aldeia é também grande responsável pelo surgimento da AJI. Considerando as “Atividades promovidas pela AJI / Mobilização interna”, temática que agrupou a maior quantidade de textos, 22, vejamos no gráfico abaixo quais as palavras que foram mais utilizadas.

GRÁFICO 17

Palavras mais usadas quanto à temática Eventos Promovidos pela AJI / Mobilização interna

86 54 43 29 25 24 22 16 19 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 AJI /

associação Jovem / adolescente

Oficinas

Aldeia / RD

Bom /

divertido /

legal

Esporte / lazer Comida / almoço

Promover / organizar / orientar

Grupo

Dentre as palavras mais citadas, AJI e / ou Associação aparecem por 86 vezes. Em segundo lugar, também de maneira expressiva, são citadas as palavras jovem e / ou adolescente, 54 vezes. Nestas duas primeiras classes de palavras, entendemos a valorização e representatividade que tanto a AJI como o jovem tem nos textos. Em terceiro lugar, a palavra oficina é citada 43 vezes, demonstrando o interesse da entidade em promover esse tipo de atividade, que ensina e desenvolve novas habilidades. A característica de eventos internos, ou seja, promovidos pela AJI, é reforçada pela quantidade de vezes que aparece a palavra aldeia e / ou Reserva de Dourados. Além disso, é de se destacar a avaliação que os jovens fazem em todos os textos desta temática, sobre os eventos que a entidade promove

ou pelas atividades em que mobiliza os jove ns. Bom, divertido, legal, demais são citadas

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