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ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DAS IGREJAS ORTODOXAS

CAPÍTULO I – ICONOSTASIS PAULISTANO: ESTABELECIMENTO E

1.3 ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA DAS IGREJAS ORTODOXAS

Uma vez examinada a relação entre as comunidades étnicas em diáspora na cidade de São Paulo e as suas áreas de origem, falta apresentar a estrutura eclesiástica das Igrejas Ortodoxas de São Paulo, que se inserem em uma rede global de Igrejas.

Com relação à Igreja Apostólica Armênia, o Catholicos é o líder supremo da Igreja, no entanto, existem dois Catholicos: o Catholicos Armênio da Cilícia, que vive na Sé de Antelias no Líbano, e o Catholicos de Etchmiadzin, na atual República da Armênia, capital religiosa desse Estado. Durante muito tempo foi o Catholicos da Cilícia que teve a primazia entre as igrejas Armênias ao redor do mundo. Porém, desde o fim da União Soviética, da qual fazia parte a República da Armênia, a Sé de Etchmiadzin, por conta de sua importância histórica na formação do cristianismo apostólico (ou ortodoxo) armênio, começou a liderar25.

No caso da cidade de São Paulo, nos últimos trinta anos, houve mudanças significativas na estrutura eclesiástica da Igreja Apostólica Armênia, como aponta AO:

Até 1980, a Diocese do Brasil estava ligada à Diocese da Argentina, ou melhor, à Diocese da América do Sul, cuja sede diocesana estava instalada em Buenos Aires. Mas no ano de 80, foi necessário separar as dioceses da América do Sul e por ordem do Cathólicós, Patriarca

25 BAILEY, Betty Jane; BAILEY, J. Martin. Who are the Christians in the Middle East. Cambridge: William B. Eerdman‟s, 2003. p.68.

Supremo dos Armênios, quando visitou a América do Sul ele instalou os três países com suas próprias dioceses, ou seja, Argentina, Brasil e Uruguai. A Argentina cuida também do país Chile onde temos uma pequena comunidade e o Uruguai também tem sua própria diocese e Brasil também tem sua própria diocese.26

Pelo depoimento é possível observar a importância que possui a comunidade armênia da Argentina, e isso não ocorre somente no caso da Igreja Apostólica Armênia. Grande parte das Igrejas Orientais Paulistanas tem como lideranças locais os membros do clero de suas Igrejas localizadas na Argentina, indicando que naquele país houve grandes diásporas de cristãos orientais, às vezes maiores que no Brasil.

No entanto, o depoimento também aponta a importância da comunidade apostólica armênia no Brasil, que, por ordem do Patriarca Supremo dos Armênios, o Catholicos de Etchmiadzin, ganhou uma diocese independente a partir da década de 80. Essa reorganização das dioceses da América do Sul ocorreu no mesmo período de fortalecimento do Catholicos da República da Armênia, em detrimento do Catholicos da Cilícia. Esse fortalecimento institucional e eclesiástico da Igreja Apostólica Armênia no Brasil continuou durante a década de 1980, pois, como aponta AO:

E no ano 84, o sacerdote que estava indicado aqui como representante da Igreja Armênia, como chefe da Igreja Armênia da comunidade, foi ordenado como bispo e foi o primeiro bispo diocesano de São Paulo.27

26 Depoimento de membro do clero da Igreja Apostólica Armênia da cidade de São Paulo, em entrevista concedida ao autor em 08/02/2010.

Assim, a Igreja Apostólica Armênia ganhou um bispo próprio, representante do

Catholicos de Etchmidzin na cidade, mostrando a preponderância desse Catholicos em São

Paulo. Na entrevista AO também fala da importância de certas instituições para a manutenção da comunidade na cidade:

E hoje ao lado da Igreja existe também a escola que tem 81 anos essa escola, e mantém sua missão para a nova geração da comunidade. Ensinando junto com o ensino brasileiro, a língua portuguesa, o armênio também. Uma instituição colegial em São Paulo. Neste momento no Brasil, existem mais ou menos 35 a 40 mil armênios, cujo 95% estão em São Paulo.28

AO observa a importância de uma escola para manter a missão para as novas gerações, para preservar o que seria uma cultura armênia necessária para conservar a fé cristã apostólica armênia. Como na metáfora do Iconostasis Paulistano, o membro do clero está no lado voltado para o altar do Iconostasis, local da necessidade de manutenção da identidade cultural e da fé. No entanto, a contingência da cidade obriga-os a repensar estratégias para a manutenção desses elementos, e uma escola é uma estratégia. O apontamento sobre a longevidade dessa instituição escolar mostra o orgulho do membro com o sucesso de sua estratégia para manter os elementos, que ele acredita serem necessários, do cristianismo apostólico armênio.

28 Depoimento de membro do clero da Igreja Apostólica Armênia da cidade de São Paulo, em entrevista concedida ao autor em 08/02/2010.

Outro fator citado nesse trecho do depoimento de AO é com relação à quantidade de armênios no país e sua distribuição. Observa-se que a comunidade armênia no Brasil possui aproximadamente 40 mil membros e que está fundamentalmente localizada na cidade de São Paulo29, sugerindo que, diferentemente das comunidades árabes ou ucranianas, esse grupo de cristãos orientais no país é essencialmente paulistano.

Outra Igreja Ortodoxa não Calcedoniana na cidade é a Igreja Ortodoxa Sirian. Essa Igreja tem sua sede localizada na cidade de Damasco, na Síria, e a denominação de seu líder é Patriarca de Antioquia. Será observada no presente trabalho a reivindicação do título de Patriarcado de Antioquia pela liderança de todas as Igrejas de origem árabe na cidade: Católica Melquita, Católica Maronita, Sirian Ortodoxa e, é claro, a Igreja do Patriarcado Ortodoxo de Antioquia. Isso sugere uma disputa de uma memória identitária entre essas Igrejas, como também os diversos conflitos ocorridos entre elas. A Igreja Sirian Ortodoxa desenvolveu-se em oposição às Igrejas Melquita e Maronita, que são católicas, e a Igreja do Patriarcado Ortodoxo, que é Calcedoniana. Essa Igreja, diferentemente de sua irmã Apostólica Armênia, está espalhada de forma diversa no território nacional, conforme indica o depoimento de SO:

Mas temos aqui em São Paulo duas Igrejas, a Igreja Sirian Ortodoxa Santa Maria e a Igreja Sirian Ortodoxa São João Batista, e temos em Campo Grande a Igreja São Jorge, e em Belo Horizonte a Igreja São Pedro.30

29 Além da comunidade na cidade de São Paulo, existe uma comunidade numerosa no município de Osasco, na Grande São Paulo, especialmente no bairro de Presidente Altino. Fora de São Paulo há uma pequena comunidade em Campo Grande - MS.

Figura 4 - Igreja Ortodoxa Sirian de Santa Maria na rua Padre Mussa Tuma.31

O depoente cita uma diversidade de comunidades ligadas à Igreja Sirian Ortodoxa estabelecidas no Brasil, no caso, além de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Na cidade de São Paulo, a Divina Liturgia dominical é celebrada na igreja São João Batista e os casamentos, na igreja Santa Maria. Outro elemento de destaque, como aponta SO, na formação dessa Igreja na cidade de São Paulo é a preservação dos restos mortais de Musa Tuma, homenageado com o nome da rua onde se localiza a igreja de Santa Maria:

Começou a história do nosso povo aqui em São Paulo e o primeiro pároco que veio foi o padre Musa Tuma, o falecido padre Musa Tuma, e onde nós temos os restos mortais na Igreja Sirian Ortodoxa Santa Maria.32

31 Autor: Felipe Beltran Katz. Data: 16/9/2011.

32 Depoimento de membro do clero da Igreja Sirian Ortodoxa da cidade de São Paulo, em entrevista concedida ao autor em 12/02/2010.

Musa Tuma seria um indivíduo de importância para a memória dessa comunidade e também como fundador desta. A preservação de seus restos mortais em uma das igrejas da comunidade seria indício disso. A presença dessa relíquia seria um elemento de busca da preservação dessa fé e identidade sirian ortodoxa, ou seja, mais uma estratégia desses membros do clero para cumprir a função que muitos deles assumem de guardião dessa identidade e fé específica.

Além das Igrejas Apostólica Armênia e Sirian Ortodoxa, há a terceira Igreja paulistana da família das Ortodoxas não Calcedonianas: a Igreja Ortodoxa Copta, a mais nova a estabelecer-se na cidade. Essa Igreja tem sua sede no Cairo, capital do Egito, e seu Patriarca denomina-se Patriarca de Alexandria. Segundo CO, a relação entre ela e a comunidade egípcia na cidade, de início, não pareceu muito proveitosa:

O povo egípcio veio aqui muito tempo atrás, na época do presidente Gamar Abdel Nasser. Nós chegamos aqui muito tarde, só... A maioria deles foi casado com brasileiras, morando em vários Estados aqui no Brasil. Tentei com eles várias vezes para aparecer, alguns deles apareceram. Só tenho amizade com eles por telefone, ou na maioria eles não aparecem. Porque você sabe, o Brasil está muito livre e a maioria não se interessa pela Igreja mais.33

Nesse trecho do depoimento encontram-se alguns elementos acerca da existência da Igreja Copta na cidade de São Paulo: a ocorrência de uma comunidade cristã oriental egípcia no país e sua pouca relação com a Igreja recentemente instalada na metrópole. No entanto, parece que a relação que essa Igreja tem com a cidade é distinta daquela verificada na maioria das Igrejas Orientais instaladas em São Paulo.

É importante ressaltar o descontentamento de CO em relação ao que ele denomina de

muito livre, o Brasil seria um país muito livre. Mais uma vez está presente o compromisso do

membro do clero com sua missão como guardião dessa cultura necessária à manutenção da fé. Essa indignação com a liberalidade excessiva do país é uma reclamação sobre as contingências que vive essa Igreja e a comunidade copta egípcia à qual ele está estreitamente relacionado. Todavia, a maneira de aproximação da Igreja Copta com os habitantes da cidade de São Paulo, como será apresentado no próximo item, está bem distante da relação entre ela e sua comunidade egípcia original.

Agora será dada ênfase às Igrejas Ortodoxas Calcedonianas da cidade de São Paulo, começando com a Igreja Ortodoxa Grega. Sobre essa Igreja pode-se ressaltar que não possui relação eclesiástica com a Igreja Ortodoxa Grega na Grécia; ela está inteiramente associada ao Patriarcado Ecumênico de Constantinopla:

Nós pertencemos à Igreja Grega, Grega, não da Grécia. Porque a Igreja da Grécia é uma Igreja autônoma, ela tem um Arcebispo Primaz que hoje chama Ieronymos... Aliás a Igreja Grega até, por incrível que pareça, ela como Igreja autocéfala ela é jovem. A Grécia foi libertada, ou se libertou dos turcos em 1821, um ano antes da nossa independência aqui de Portugal; mas parece-me que a independência da Igreja Grega como Igreja autônoma se deu em 1850 parece, ela é

jovem, como Igreja que tem um sínodo próprio que tem um arcebispo chefe Primaz.34

Essa criação de uma Igreja Grega independente do Patriarcado de Constantinopla deve-se às lutas nacionalistas ocorridas no início do século XIX35. Contudo, segundo GO, o Patriarcado Ecumênico possui jurisdição sobre algumas regiões na Grécia e a diáspora grega ao redor do mundo:

Pois bem, ou seja, os gregos fora da Grécia eles obedecem ao Patriarca Ecumênico, os gregos na Grécia obedecem o arcebispo de Atenas, exceto os gregos do norte da Grécia... Apesar de ser uma terra antiquíssima, vamos dizer: Tessalônica, Macedônia, aquela região toda ali. Mas como, uma vez independente a Grécia dos turcos, aquele território ainda ficou sob o regime turco. Depois que veio a liberdade, a libertação... Como também as ilhas, vamos dizer: Rodes, não sei o que. Então estas terras, apesar de serem antiquíssimas, mas como liberdade são terras novas, então as terras novas, ou seja, Tessalônica e todo o norte da Grécia, Monte Athos, Agios Oros, também, pertencem ao Patriarca Ecumênico [...].36

A liderança regional dessa Igreja em São Paulo é exercida pela diocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires, apontando mais uma vez para o fato de que é na Argentina que muitas sedes das Igrejas Orientais Paulistanas estão localizadas. No Brasil, segundo GO, a Igreja possui representações nas principais capitais do Centro-Sul:

34 Depoimento de membro do clero da Igreja Ortodoxa Grega da cidade de São Paulo, em entrevista concedida ao autor em 17/08/2011.

35 No processo de independência grego, o Patriarca de Constantinopla estava associado ao Estado Otomano, portanto, o clero que apoiou o movimento de autonomia grego organizou uma Igreja Grega nacional. BINNS, John. An Introduction to the Christians Orthodox Churches. Cambridge: Cambridge University Press, 2002. p.180-1.

Muito bem, agora nós temos em Brasília, temos uma comunidade, temos em São Paulo a catedral na rua Bresser 793, temos aqui no Cambuci, que é a paróquia dedicada à missão de Nossa Senhora, a Mãe de Deus, Theotokos, na rua Albuquerque Maranhão 211, Cambuci [entrevistado se identifica]; temos em Vitória, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Florianópolis, agora estão abrindo uma outra comunidade em Joinville, e Rio Grande do Sul.37

A outra Igreja na cidade de São Paulo associada a um Patriarcado Ortodoxo Calcedoniano é a Igreja do Patriarcado de Antioquia. A sede mundial dessa Igreja se localiza em Damasco, na Síria, e a sede nacional está na própria cidade de São Paulo, na famosa igreja de cúpula dourada no bairro do Paraíso. A Igreja do Patriarcado Ortodoxo da Antioquia talvez seja a Igreja Ortodoxa mais bem representada no país, com paróquias no interior do Estado de São Paulo, Sudeste, Sul e Centro-Oeste do país, acompanhando a imigração sírio-libanesa nessas regiões.

Sobre as relações eclesiásticas entre os Patriarcados Ortodoxos Calcedonianos de Constantinopla e de Antioquia, PO relata:

Da parte da Igreja Grega, o que há, por causa do Patriarcado de Constantinopla, é o um primado de honra, não há um primado de jurisdição. Então a nossa relação com os gregos é a mesma que com todos os outros ortodoxos que estejam presentes no Brasil, onde quer que haja também a nossa Igreja.38

37 Depoimento de membro do clero da Igreja Ortodoxa Grega da cidade de São Paulo, em entrevista concedida ao autor em 17/08/2011.

38 Depoimento de membro do clero da Igreja do Patriarcado Ortodoxo de Antioquia da cidade de São Paulo, em entrevista concedida ao autor em 07/07/2010.

PO destaca um assunto já há muito tempo debatido, que é a relação hierárquica entre os Patriarcados Ortodoxos Calcedonianos (da qual, em última instância, o Papa de Roma faria parte como o Patriarca de Roma). Para PO, a relação entre sua Igreja e o Patriarcado de Constantinopla é marcada por uma subordinação relativa à honra, ou seja, simbolicamente, Constantinopla seria superior à Antioquia. Isso, segundo PO, não implica uma sujeição pela

jurisdição, ou seja, Antioquia não está subjugada aos interesses de Constantinopla.

Entretanto, como será observado mais adiante, a relação da hierarquia dos Patriarcados Calcedonianos na diáspora é conturbada.

A Igreja Ortodoxa Ucraniana na cidade de São Paulo também está sob a jurisdição do Patriarcado de Constantinopla, diferentemente do que ocorre na Ucrânia, pois lá se encontram Patriarcados Ucranianos. Essa Igreja está fundamentalmente associada à diáspora ucraniana na América do Norte39 e tem sua sede no Brasil na cidade de Curitiba, no Paraná, onde a comunidade ucraniana ortodoxa é bem maior do que em São Paulo. Outro elemento de destaque é que todas as igrejas dessa comunidade estão localizadas no município de São Caetano do Sul: a igreja de São Valdomiro, a principal, e a igreja de Proteção de Nossa Senhora, onde ocorre a Divina Liturgia.

A Igreja Ortodoxa Russa no Exílio vive uma situação eclesiástica distinta. Esse complemento “no Exílio” denota um elemento que a difere da Igreja Ortodoxa Russa na Rússia. Não há relação entre essas Igrejas. Além disso, a sede eclesiástica dessa Igreja encontra-se em um país que há poucos anos não possuía boas relações com a Rússia. Segundo

39 A origem dessa Igreja está nas áreas cristianizadas da planície do Volga que ficaram longe do alcance da Igreja Ortodoxa Russa e seu patriarca, portanto, estavam sob a jurisdição do Patriarca de Constantinopla. Quando, no século XIX, esses grupos emigraram para a América do Norte (em maior parte) e América do Sul (menor parte), a jurisdição continuou, enquanto que na Ucrânia os cristãos ortodoxos foram absorvidos na Igreja Ortodoxa Russa. Com o fim da União Soviética, muitas das Igrejas Ucranianas da diáspora estão se estabelecendo na Ucrânia. PARRY, Ken (et. al.). The Blackwell Dictionary of Eastern Christianity. Oxford:

RO: “Sim. A sede é nos Estados Unidos, o nosso metropolita, o cabeça da nossa Igreja é nos Estados Unidos. A sede aqui no Brasil da Diocese Brasileira, aqui na Rua Tamandaré.”40

Como aponta RO, a sede de sua Igreja está localizada nos Estados Unidos, especificamente na cidade de Nova York. Isso seria aparentemente antagônico, no entanto, como mais tarde será abordado, as relações entre essa Igreja Ortodoxa Russa no Exílio e a Igreja Ortodoxa Russa na Rússia (ou do Patriarcado Ortodoxo Russo) explicam por que ela escolheu um país rival da Rússia como local de sua sede. A representação da Igreja Ortodoxa Russa no Exílio no país é essencialmente paulistana, pois as demais comunidades russas no Brasil estão associadas à Igreja do Patriarcado de Moscou, com sede no Rio de Janeiro e com sua sede latino-americana em Buenos Aires41. Isso sugere uma especificidade do cristianismo ortodoxo russo de São Paulo.

Com esses apontamentos, pode-se obter um entendimento mais claro de como estão organizadas de forma eclesiástica as comunidades cristãs ortodoxas da cidade de São Paulo, suas relações com o cristianismo de seus locais de origem e como essas Igrejas fazem parte de uma comunidade global, à qual estão associadas por laços de afinidade em intensidades variadas. Com esse primeiro olhar tem-se a impressão de que essas Igrejas agem de acordo com esses laços internacionais, como se recebessem ordens de seus superiores mundiais ou latino-americanos. Porém, esse seria apenas um lado do movimento dessas Igrejas na sua vivência paulistana. Essa é a metáfora do Iconostasis Paulistano, ou seja, estar num espaço intermediário entre seguir as diretrizes impostas pelos superiores eclesiásticos e adaptá-las à realidade paulistana, o poder de mediar relações que essas Igrejas possuem.

40 Depoimento de membro do clero da Igreja Ortodoxa Russa no Exílio da cidade de São Paulo, em entrevista concedida ao autor em 24/02/2010.

41 Depoimento de membro do clero da Igreja Russa Católica da cidade de São Paulo, em entrevista concedida ao autor em 14/02/2010.

Desse modo, será importante ressaltar os dois lados desse processo: a trama global em que essas Igrejas estão inseridas; e, posteriormente, a adaptação à especificidade paulistana. Assim sendo, torna-se necessário compreender como essas comunidades diaspóricas deixaram seus lugares de origem e se estabeleceram nessa cidade, procurando, por intermédio dos membros do clero, reestruturar e realocar no horizonte paulistano essas Igrejas Ortodoxas.