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Estado do Acre Limites municipais

2. ORGANIZAÇÃO LOCAL DOS PRODUTORES DE FARINHA : COOPERATIVAS

2.1 CASAVAJ

A maior cooperativa de produtores de farinha de Cruzeiro do Sul, denominada de Cooperativa das Associações dos Seringueiros e Agricultores do Vale do Juruá – CASAVAJ foi criada em 1997 e tinha como um de seus principais objetivos organizar e formalizar a produção, promovendo a venda direta do produto para compradores diversos. Em 2005, essa cooperativa mobilizava aproximadamente 1600 famílias que

faziam parte das associações filiadas. Na região a comercialização da farinha acontecia por meio da Cooperativa (cerca de 12% do total de produção), mas a maior parte pelos marreteiros (intermediários) (85-95% do total da produção). De acordo com dados da Secretaria de Fazenda do Município de Cruzeiro do Sul – SEFAZ, no ano de 2006, mais de 178.000/50kg de sacas de farinha foram registradas saindo do município para circulação interestadual (cerca de 33.000) ou para fora do estado, Manaus e Porto Velho (cerca de 145.000). Esses números são oficiais, mas é importante ressaltar que essa quantidade pode ser maior devido à comercialização informal e estratégias de burlar impostos por intermediários.

Esta cooperativa, CASAVAJ, por sua abrangência foi considerada referência de cooperativa no estado do Acre, e assim como outras duas cooperativas de castanha no vale do Acre (ver capítulo 5), recebeu forte apoio e recursos volumosos do governo do estado durante alguns anos. O este fato é considerado chave quando destaca-se o foco na centralização dos recursos a uma organização local em detrimento de iniciativas menores e de igual mérito para a organização produtiva local. Este ponto também está explícito com o apoio às cooperativas de castanha no Vale do Acre (ver capítulo 5).

Desde 1999, a CASAVAJ empreendeu ações para valorizar a produção de seus associados, dentre essas cita-se a forte parceria com o poder público estadual para adquirir a marca “Farinha de Cruzeiro do Sul,” para que a farinha ganhasse mais status para competição no mercado (ANAC, 2004). A parceria trouxe alguns outros resultados significativos para a produção de farinha no Vale do Juruá. Alguns dos resultados e ações incluem: o recebimento de recursos via programas de capacitação e boas práticas na produção e educação sanitária, apoio à produção com aquisição de infra-estrutura de beneficiamento e transporte, abertura de linhas de crédito facilitadas e consultorias para desenvolvimento de embalagens96 e marketing,

Essas ações contribuíram e continuam a contribuir para a qualidade final do produto, buscando beneficiar o produtor e atender as expectativas e demandas do consumidor final. Os esforços resultaram em um preço mais justo97 para o produtor, um aumento na qualidade do produto final e aumento na produtividade. A farinha, em embalagens de um quilo, por exemplo, saí do seu lugar de origem pronta para ser comercializada e com preço mais elevado.

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Ver Anexo 5.

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Segundo produtores que fizeram parte da CASAVAJ, as safras a partir de 2001/2002 conseguiram agregar um valor de preço de mercado para a saca de cinqüenta quilos de até quatro vezes mais do que vinha sendo praticado na região. Em dezembro de 2007 a media para a saca de 50 quilos estava entre R$35 – R$40.

Contudo, problemas complexos têm influenciado o processo de valorização da Farinha de Cruzeiro do Sul. Como é o caso da farinha rotulada como “Farinha de Cruzeiro do Sul” produzida em Rondônia e de menor qualidade, de acordo com um representante da CASAVAJ e Pantoja (2005). Este problema também tem sido enfrentado com farinhas produzidas no Vale do Rio Acre e vendidas como Farinha de Cruzeiro do Sul. Esses produtos se beneficiam do nome do produto real de Cruzeiro do Sul. É um exemplo claro de apropriação indevida de marca/nome. De acordo com Pantoja (2005), a farinha de Cruzeiro do Sul construíu sua qualidade baseada em uma identidade regional, sua tecnologia de produção tem se desenvolvido ao longo dos últimos cem anos de ocupação do Alto Juruá por comunidades tradicionais. O estudo entre a relação de qualidade e identidade cultural ainda demanda dados mais concretos, mas como afirma Pantoja, o uso do nome “Farinha de Cruzeiro do Sul” para outras farinhas produzidas no Brasil ameaça os resultados de esforços do governo estadual, produtores e parceiros e até mesmo anos dedicados à construção da identidade local e valorização do produto.

Outro problema, mais recente, foi a declaração de insolvência da CASAVAJ98. Vários esforços êxitosos foram alcançados pela cooperativa, mas segundo um técnico da Secretaria de Estado de Extensão Agro-florestal e Produção Familiar – SEAPROF alguns aspectos como: a falta de capacidade técnica-administrativa por parte da diretoria e produtores; a falta de envolvimento efetivo por parte dos membros, a maioria não se sentia parte da organização ou não se identificava com o cooperativismo ou como cooperados, e estava participando apenas por acesso facilitado ao crédito; falta de atenção a aspectos sociais e de gênero dentro da cooperativa; e dominação de um grupo familiar em decisões importantes que afetavam o conjunto da organização, acumularam e emergiram na forma de uma grande dívida, corrupção e distorção da proposta inicial da cooperativa.

2.2 COOPERFARINHA

A Cooperfarinha surgiu, de forma embrionária, em agosto de 2005, e ainda no final de 2007, poderia ser considerada em estágio preliminar. O primeiro ano foi somente para documentação. A cooperativa foi criada com 55 pessoas e no final de 2007 contava com 27 associados. As reuniões da cooperativa acontecem obedecendo a uma

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Durante a primeira viagem de campo em maio de 2007 pretendia-se a análise desta organização quando na semana da viagem recebemos a notícia da insolvência da CASAVAJ.

rotatividade para atender os membros que moram em colônias (bairros) distintas (Pentecoste e Barão)99. Novos membros que queiram entrar para a cooperativa precisam ter passado pelo curso de formação de Boas Práticas na Produção, programa Embrapa/MAPA/SEBRAE que propõe capacitar os produtores na produção de uma farinha de melhor qualidade, com maior rigor de higiene durante as diferentes fases da produção. Todos os membros da Cooperfarinha também produzem farinha em casas de farinha modernizadas construídas pelo governo do estado, política essa mais adiante detalhada.

O presidente da Cooperfarinha relata que o grande desafio do início foi conseguir encontrar compradores para a produção dos cooperados. A maior parte dos compradores de Rio Branco, de acordo com o produtor, só compra farinha com o prazo de 30 dias para o primeiro pagamento. “Conseguimos um comprador, o supermercado Araújo de Rio

Branco, que comprava toda a produção da cooperativa a um preço de R$ 45 e pagava de 20 a 30 dias. Essa é uma grande dificuldade nossa. A maior parte dos produtores não tem outra renda que não seja a farinha, e muitos de nós, conhecendo a realidade dos produtores, não tem como esperar e muitos não quiseram ou aceitaram as condições do Araújo, pois não poderiam esperar tantos dias para receber. E esse contrato com o Araújo não deu certo, mandamos farinha para ele uma vez, quando foi para mandar a segunda vez os produtores estavam desestimulados, e não mandamos mais”.

A comercialização nesses termos permanece como um dos principais desafios para o pequeno produtor e a estrutura frágil de uma pequena cooperativa. Aliada a esta dificuldade estava a garantia de produtividade e aumento gradual da mesma para expansão do mercado.

Desta forma, a proposta inicial da cooperativa era no primeiro ano uma contribuição de R$ 15/mês ou 1 panero de farinha (25 quilos), no segundo ano R$ 30/mês ou uma saca de farinha (50 quilos). O total de contribuição nos dois primeiros anos seria de R$ 540 e depois de paga esta quantia, o cooperado não pagaria mais a cooperativa. Isso foi feito para acumular o primeiro capital de giro da cooperativa. Mesmo com essa proposta inicial para acúmulo de capital de giro a maior parte dos filiados não chegou nem na metade do primeiro ano. Segundo o presidente da Cooperfarinha, se todos os membros iniciais tivessem cumprido com o compromisso, a dificuldade que hoje

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“a média de hectare plantado por produtor familiar é de 2 a 2.5 no Pentencoste, nos bairros Santa Luzia e Barão a média é de 3 a 4 hectares. As terras aqui [Pentecoste] são mais limitadas, são menores.” (Presidente Cooperfarinha).

a Cooperativa encontra, em termos de buscar fora um capital de giro inicial, teria sido amortizada.

Durante 2006 e 2007 algumas iniciativas por parte do governo do estado e do SEBRAE foram empreendidas com o objetivo de criar com os membros desta cooperativa uma cultura de associativismo e cooperativismo. Ambos, governo do estado e SEBRAE, estavam dispostos a investir nesta nova cooperativa se esses novos cooperados demonstrassem interesse por organização e profissionalismo. Para tanto oficinas de capacitação aconteceram ao longo do ano de 2007.

Em outubro de 2007 foi repassado para a cooperativa, com o auxílio de uma deputada federal do Acre, um caminhão para ajudar no transporte da farinha dos bairros mais distantes até o mercado municipal. Este auxílio de alguma forma motivou os produtores a continuarem na luta em busca de crédito e em busca de mais apoio para capacitação e melhoria da produção e produtividade.

A Cooperfarinha procurou, na gestão de 2006 e 2007, junto com o SEBRAE um capital de giro, no BASA (Banco da Amazônia) e recebeu várias informações desencontradas, que nas entrevistas transpareciam o misto de frustração e esperança em conseguir o crédito almejado. Para alguns membros o gerente falava uma coisa para outros informações diferentes. Cooperados relataram que acreditavam em algum impedimento político, pois no final de 2006 o gerente do banco pediu para que a cooperativa abrisse uma conta e que em breve, duas semanas, uma posição sobre recurso para compra antecipada seria repassada, “faz mais de um ano (2007) que a

conta está aberta e até o momento nenhum encaminhamento foi dado à situação”. Foram

feitos cinco projetos e encaminhados à gerencia do banco e nenhum foi aceito. Nenhuma justificativa foi dada para a recusa dos projetos, o presidente da Cooperfarinha se encontrou com o delegado da CONAB em Rio Branco que esclareceu que alguns dos membros da cooperativa constavam como inadimplentes e que a Compra Antecipada não era mais permitida pelos problemas causados pela experiência da CASAVAJ. O que era possível a partir de então era um crédito de até R$ 3.500 para cada produtor que apresentasse produção equivalente a este valor100.

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O referido crédito se origina do Programa de Garantia de Preços para a Agricultura Familiar – PGPAF, o qual garante aos agricultores familiares no âmbito do Pronaf, a indexação do financiamento a um preço de garantia igual ou próximo do custo de produção e nunca menor que o Preço Mínimo do Governo Federal. O limite fixado para o bônus do PGPAF para cada agricultor(a) familiar é de até R$ 3.500,00, para cada safra (MDA, 2008). Os produtos que entrarão na PGPM (Política de Garantia de Preço Mínimo) são: milho, feijão, soja, mandioca, arroz, leite, caju, café, inhame, cará, tomate, cebola, trigo, pimenta do reino e mamona. De acordo com o MDA, os objetivos são:

Em novembro de 2007 a Cooperfarinha com seus 27 associados ainda não possuía capital de giro e por este fato seus associados, os produtores, encontravam-se desestimulados. A recusa de alguns projetos e as idas e vindas de propostas de financiamento e crédito contribuíam para o desalento em continuar participando de uma organização sem muitas perspectivas. O presidente da cooperativa relatou que a grande maioria dos cooperados se encontrava inadimplente com suas mensalidades, fato esse que agrava a construção de uma estrutura organizacional mínima para uma cooperativa.

Em novembro de 2007 as ações que estavam previstas compreendiam uma assembléia com os associados para resolver as formas de quitar os pagamentos atrasados e o inicio do levantamento de área de roça plantada de cada associado para o ano de 2007. Em 2006 a área total foi de 58.5 hectares de roça dos cooperados. Estimou-se 80 sacas por hectare, ou seja, 4.680 sacas (50kg/saca) de farinha totalizando a produção dos cooperados. A Cooperfarinha não estava recebendo e/ou vendendo farinha de seus associados. Todos estavam vendendo de forma particular para atravessadores ou diretamente no mercado local.

Uma forma de agregar valor à farinha, segundo o presidente da Cooperativa, seria colocar a farinha em embalagens de 1kg que poderiam ser compradas pelos supermercados locais à R$1 (à vista) e R$1,2 (quinze dias), pois a saca de 50kg era vendida a R$35-40 no mercado. Os cooperados, por motivos diversos e principalmente por uma demanda de curto prazo, optaram por continuar vendendo as sacas inteiras no mercado.

Os membros da diretoria da Cooperfarinha ainda relataram desafios relacionados à organização e gestão da cooperativa. Segundo depoimentos, a grande dependência da cooperativa em agentes externos, como o SEBRAE, para execução do planejamento gerou desconfiança e contribuiu para a desmobilização dos associados. Os produtores relatam “ficamos muito dependentes deles e hoje a gente vê que foi uma falha nossa. ” Desde o início da Cooperfarinha o SEBRAE esteve envolvido com ações nas áreas de capacitação, programa de boas práticas, apoio aos cooperados em encaminhamento de projetos para crédito, dentre outras. Porém algumas dificuldades relacionadas à falta de comunicação e de entendimento entre os próprios cooperados e o SEBRAE surgiram ao

- Garantir a sustentação de preços dos produtos da agricultura familiar. - Estimular a diversificação da produção agropecuária da agricultura familiar

-Articular as diversas políticas de crédito e de comercialização agrícola.

No momento da entrevista o presidente da Cooperfarinha, finalizava a documentação necessária para encaminhar esta possibilidade de venda da farinha produzida pelos cooperados.

longo do ano e a relação constatada, por meio de entrevistas, estava estremecida e em busca de mais entendimento entre as partes interessadas no desenvolver do Projeto Farinha101 em Cruzeiro do Sul.

O Projeto Farinha desenvolveu uma embalagem de um quilo para a Cooperfarinha. Essa era uma das reivindicações dos produtores. Contudo, em uma feira em Rio Branco, produtores de Cruzeiro do Sul participaram e observaram que a mesma embalagem estava sendo utilizada para a farinha produzida em Rio Branco que é diferente da farinha de Cruzeiro do Sul. A embalagem refere-se a farinha de mandioca do estado como “Farinha do Acre”, ou seja, sem nenhuma distinção à Farinha de Cruzeiro do Sul. Segundo um produtor, “essa embalagem para nós do Juruá tinha que ser Farinha

de Cruzeiro do Sul e que a farinha de Rio Branco fosse colocada como Farinha do Vale do Acre nessas embalagens102 eles produziram sem participação dos cooperados, pois a farinha é chamada de Farinha do Acre...Alguém deve estar sendo beneficiado por Cruzeiro do Sul”. Um outro desentendimento relacionado foi causado pelo fato do Sebrae

ter produzido quinze mil embalagens e duas mil ficarem para amostra no Sebrae.

Problemas com o gestor local do SEBRAE, que na percepção dos produtores,

“mais prejudicou do que ajudou” e mostraram-se com pouco interesse em fazer a

cooperativa deslanchar transparecendo para os produtores o sentimento que “o produtor

rural não é visto com bons olhos”. Os contratados responsáveis pelo Projeto Farinha para

dar apoio e assessoria pouco fizeram, e quando o fizeram, segundo membros, dificultaram a comunicação e entendimento entre os cooperados, agendamento de assembléias, e ainda criaram disputas entre parcerias. Por todo este cenário, a percepção vigente expressa que “os produtores da cooperativa tem sentido que o

SEBRAE em Cruzeiro tem concentrando esforços no artesanato e a farinha está mais ‘de lado’”. Esta percepção foi corroborada por um dos técnicos do Sebrae, que ao detectar

desinteresse dos cooperados se afastou dos produtores e do apoio à organização da Cooperfarinha, concentrando ações para trabalho com artesãos rurais da região. E, em relação à farinha, o Sebrae optou por focar no produto, com ações de apoio a experimentos com variedades, combate ao mandarová, análise e classificação da farinha, recuperação dos solos e vida de prateleira do produto, e desta forma, se afastando dos produtores.

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O Projeto: Grupo de Produtores de Farinha de Mandioca do Juruá. Projeto Sebrae com o público alvo de Cooperativas e Produtores rurais de mandioca e seus derivados da regional do Vale do Juruá. Com objetivo de “desenvolver o agronégocio da mandioca e seus derivados visando a melhoria na qualidade do produto, aumento da competitividade e organização do setor, gerando renda aos produtores de mandioca do Vale do Juruá”. (Sebrae, 2006)

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Assim o SEBRAE relata sua posição perante aos cooperados:

“Se o SEBRAE perceber que o grupo da Cooperfarinha se fortalecer voltamos a

apoiar, mas estamos esperando, pois a experiência com a CASAVAJ foi traumática, inclusive o SEBRAE hoje se exime de falar sobre(...)” Na análise da representante do

SEBRAE “o Projeto Farinha não partiu dos produtores e sim da necessidade do governo

em ajudar as pessoas. Começou errado. O governo viu a necessidade de criar a CASAVAJ. Os produtores viram na cooperativa somente a oportunidade de crédito. É o mal da CASAVAJ e já está ao redor da Cooperfarinha, por isso muita cautela com a nova cooperativa, que até hoje não conseguiu crédito. A questão do paternalismo é o grande problema, pois a necessidade partiu do governo, do SEBRAE, as pessoas não se sentem responsáveis, nem mesmo pelo seu próprio sucesso. Os políticos continuam dizendo que o grande problema da Cooperfarinha é a falta de capital de giro, mas eu vejo que o desafio mesmo é comportamental.”

Logo no início da organização da nova cooperativa, a representante do SEBRAE emitiu um parecer em detrimento do grupo, relatando que o grupo não estava preparado e maduro para o passo de tornar-se uma cooperativa, e foi criticada por assim ter feito. Um ano depois recebeu um pedido de desculpas. De qualquer maneira, a representante pensa que com a redução do número de produtores (de 55 para 27) o trabalho pode ser mais efetivo e com mais qualidade, mesmo considerando que alguns problemas do grupo poderiam reduzir ainda mais o número não ficando nem 20, número mínimo de membros para uma cooperativa.

Na percepção do técnico SEBRAE são vários os desafios para uma organização efetiva da Cooperfarinha e da organização local dos produtores de farinha e muitos dos pontos acima citados são rebatidos com argumentos igualmente válidos. Contudo, não é objetivo desta pesquisa analisar e supor certos e errados, mas sim identificar como processos políticos e sociais contribuem para a valorização da farinha de Cruzeiro do Sul, para a conservação da diversidade cultural e biológica do Vale do Juruá.

É possível inferir que as organizações locais, aqui representadas principalmente pelas cooperativas, ligadas à produção e comercialização da Farinha de Cruzeiro do Sul encontram-se fragilizadas em termos de autonomia, poder de decisão, capacidade técnica administrativa e de gestão a longo prazo. O detalhamento que segue, acerca das principais políticas relacionadas à farinha no Vale do Juruá, contribuirá para melhor entendimento de como essas também afetam a capacidade de atuação dos próprios produtores e, conseqüentemente, da força ou enfraquecimento da organização local.