O ambiente computacional possibilita aos estudantes a trabalhar com o espaço e o tempo de outra forma, visitando lugares não mais existentes e/ou distantes. Podem "conhecer", por exemplo, o Egito antigo e visitar bibliotecas de outros países, sem sair da escola. O computador é um instrumento capaz de ampliar os interlocutores com os quais se podem interagir no instigante processo de apropriação de saberes socialmente construído e também de gerar conhecimento.
Os estudantes, até então, têm sido educados para permanecer sentados em suas carteiras na sala de aula (cabeça atrás de cabeça), mantendo seus olhos sobre papel e responder somente quando eles forem chamados. Essa estrutura de sala de aula onde o professor toma a palavra durante a maior parte do tempo, dando pouca oportunidade aos estudantes de se manifestarem, deve ser modificada. Tem-se de incentivar os estudantes a pesquisarem, a buscar informações (um dos meios é a utilização das tecnologias digitais), a fim de que compreenda a necessidade de fundamentar suas idéias em discussões realizadas com os professores e com os demais colegas de classe/escola, e possibilitando a continuação destas discussões com a família e sociedade.
Freire (1997) enfatiza que o homem e a mulher são os únicos seres capazes de aprender com alegria e esperança, na convicção de que a mudança é possível. Aprender é uma descoberta criadora, com abertura ao risco e a aventura do ser, pois ensinando se aprende e aprendendo se ensina.
D’Ambrosio (1986) ao longo de sua experiência como Educador Matemático tem ressaltado a necessidade de apresentar uma Matemática viva, dialética e acessível a todos. Para ele, a escola é um lugar mágico e este lugar deve estar aberto a transformações. D’Ambrosio (1986) se expressa da seguinte forma; “A escola deve se antecipar ao que será
o mundo de amanhã. É impossível conceber uma escola cuja finalidade maior seja dar continuidade ao passado. Nossa obrigação primordial é preparar gerações para o futuro.” (p. 91).
Geralmente, no ambiente computacional os estudantes desenvolvem seus trabalhos em grupos, dado o número reduzido de computadores (normalmente são dois indivíduos por máquina) que comportam os laboratórios de informática. Às vezes, no início os estudantes não se sentirão à vontade fazendo parte de uma equipe. Mas depois eles se adaptam e procuram moldar as perguntas e procurar as soluções de uma forma mais dinâmica e aberta. A idéia de uma sala de aula onde todos os estudantes devem permanecer em silêncio (pois é assim que se acredita que se aprende) torna-se quase impossível no ambiente computacional. Ocorre uma interação imediata entre os estudantes, professor e a máquina. Esta forma de se utilizar à ferramenta computacional estimula os estudantes a interagirem entre eles e com seu professor conversando sobre a resolução dos problemas e produzindo idéias de maneira muita articulada. Também se observa que a ferramenta computacional permite aos estudantes compartilharem as suas descobertas com os demais colegas O ambiente fervilha na troca de informações. Desta maneira, o trabalho que os estudantes realizam em colaboração uns com os outros, parece que os tornam mais capazes de solucionar problemas. Heid (1990) relata em sua pesquisa que: “Quando os estudantes
falam sobre os conceitos matemáticos, estão realmente aumentando a compreensão do conceito. A linguagem permite que eles reflitam e revisem seus pensamentos." (p. 195).
Como foi apontado anteriormente, pode-se concluir que os estudantes se tornam comunicadores e começam a aprender usar a línguagem da matemática. Ressalta-se que a comunicação na matematica tem sido objeto de estudos do NCTM e MSEB13.
O ambiente fora da escola, exige que os indivíduos sejam capazes de tomar decisões e viver em grupo. Ainda, este ambiente requer que os indivíduos saibam tratar de problemas, de problemas que têm mais de uma solução e de problemas que requer múltiplas aproximações. Assim, desenvolver a habilidade de usar a tecnologia é necessidade essencial das escolas em todos os níveis educacionais.
As razões para utilizar ambientes virtuais em contexto educativo são várias: (1) facilita a obtenção da motivação para os professores e estudantes, (2) simula experiências,
(3) dá oportunidade de um ensino-aprendizagem pela descoberta, (4) oferece um controle do espaço e do tempo, (5) contribui para o desenvolvimento de capacidades de pesquisa e a (6) superação de dificuldades de trabalhar com o computador e utilizar os recursos de um aplicativo educacional.
A evolução da Matemática nas últimas décadas abriu inúmeros campos novos de pesquisa com o conseqüente aparecimento de novas disciplinas matemáticas. A cada dia diminui mais o tempo entre a obtenção de conhecimento e sua utilização, e entre a descoberta e o ensino de novas técnicas matemáticas. O mercado de trabalho se ampliou, para o profissional com formação matemática, graças à utilização de modelos matemáticos nos mais diversos ramos da atividade humana.
O desempenho escolar também é afetado pelas tecnologias de informação e comunicação. É oportuno ressaltar algumas reflexões que são geradas, tais como:
- ensina-se e avalia-se com tecnologias?
Para esta questão o nosso trabalho mostrará como é possível ensinar e avaliar com a ferramenta computacional MPP de maneira bem diferente do ensino tradicional
- se for permitido aos estudantes que a tecnologia seja usada como uma ferramenta durante a avaliação, que influência se tem na tarefa de avaliação?
Mostraremos nas atividades propostas para os estudantes que a ferramenta computacional potencializou a maneira de criar e verificar o caminho adotado pelo estudante na solução de problemas.
Reconhece-se que tais questionamentos são importantes e que contribuem com outras reflexões como Fagundes (1997) elucida que; “deve ter como finalidade fazer passar
de uma visão mágica das coisas que nos rodeiam, a um conhecimento objetivo e a um sereno julgamento dos fenômenos naturais; deve ser uma contínua ascensão na arte de observar, de medir, hipotetizar e deduzir, de controlar e verificar. Esta atividade científica expressa a própria operatividade do pensamento matemático na construção de abstrações a partir do real.” (p. 02).