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Outras medidas que impulsionam as campanhas de recall

Medidas preventivas [Ações a serem tomadas pelo consumidor até o atendimento].

4.4 Outras medidas que impulsionam as campanhas de recall

Como visto, a Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor tem por atribuição desenvolver a Política Nacional de Defesa do Consumidor e de coordenar os órgãos que compõem o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, motivo pelo qual suas atividades devem ser voltadas à análise de questões que tenham repercussão nacional e interesse geral, sendo de sua responsabilidade representar os interesses dos consumidores brasileiros e do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor junto a organizações internacionais. Nesse sentido, em maio de 2012, o Brasil passa a integrar a Rede Consumo Seguro e Saúde – RCSS162, da FEDERAL E ESTADUAL DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR. COMPETÊNCIA CONCORRENTE. APLICAÇÃO DE MULTAS PELA MESMA INFRAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. PODER PUNITIVO DO ESTADO. PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE E DA LEGALIDADE. ARTIGO 5º, PARÁGRAFO ÚNICO, DO DECRETO N. 2.181/97. 1. Caso em que são aplicadas multas administrativas pelo DPDC e pelo Procon-SP a fornecedor, em decorrência da mesma infração às normas de proteção e defesa do consumidor. 2. Constatado que o Tribunal de origem empregou fundamentação adequada e suficiente para dirimir a controvérsia, dispensando, portanto, qualquer integração à compreensão do que fora por ela decidido, é de se afastar a alegada violação do art. 535 do CPC. 3. No mérito, não assiste razão à recorrente, não obstante os órgãos de proteção e defesa do consumidor, que integram o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, serem autônomos e independentes quanto à fiscalização e controle do mercado de consumo, não se demonstra razoável e lícito a aplicação de sanções a fornecedor, decorrentes da mesma infração, por mais de uma autoridade consumerista, uma vez que tal conduta possibilitaria que todos os órgãos de defesa do consumidor existentes no País punissem o infrator, desvirtuando o poder punitivo do Estado. 4. Nos termos do artigo 5º, parágrafo único, do Decreto n. 2.181/97: "Se instaurado mais de um processo administrativo por pessoas jurídicas de direito público distintas, para apuração de infração decorrente de um mesmo fato imputado ao mesmo fornecedor, eventual conflito de competência será dirimido pelo DPDC, que poderá ouvir a Comissão Nacional Permanente de Defesa do Consumidor - CNPDC, levando sempre em consideração a competência federativa para legislar sobre a respectiva atividade econômica." 5. Recurso especial não provido. (STJ - REsp: 1087892 SP 2008/0206368-0, Relator: Ministro BENEDITO GONÇALVES, Data de Julgamento: 22/06/2010, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 03/08/2010)

Em decisão recente o TJ-SP Apelação Cível. Ação Declaratória de nulidade de autuação. Sentença que julgou procedente a ação declarando nula a autuação. Declaração de litigância de má-fé em embargos declaratórios com aplicação de multa. Recurso do apelante que pretende seja julgada improcedente a ação e anulada a multa por litigância de má-fé - Auto de infração lavrado pelo PROCON que é nulo, pois conflitante com decisão de órgão Federal (DPDC) . Conduta do agravante foi condizente com o determinado em tratativas com o DPDC . Impossibilidade de instauração de procedimento por órgãos diferentes o que caracterizaria o bis in idem e contraria o artigo 5º § único da Lei nº 2.181/97 ? Fundamentação sucinta da sentença não é falta de fundamentação. A multa aplicada em embargos declaratórios não foi por procrastinação, mas sim por litigância de má-fé por ter a apelante deduzido pretensão contra texto expresso de lei. Recurso improvido. (TJ-SP , Relator: Eduardo Gouvêa, Data de Julgamento: 28/07/2014, 7ª Câmara de Direito Público)

162 A RCSS é uma ferramenta a serviço dos consumidores e autoridades da região, para o intercâmbio de informação e experiências, difusão da temática e educação sobre segurança dos produtos de consumo e seu impacto na saúde. A Rede proporciona fácil acesso à informação relevante sobre produtos considerados inseguros por mercados do mundo com avançados sistemas

Organização dos Estados Americanos – OEA, que conta com três componentes estratégicos: compartilhamento de informações sobre consumo seguro e saúde; criação de um sistema Inter-Americano Alertas Rápidos –SIAR163que consiste no intercâmbio de informações sobre segurança de produtos e serviços, mediante estabelecimento de acordos entre os países interessados; e formação e capacitação de agentes.

A coleta de informações relacionadas a acidentes ocasionadas por produtos defeituosos é essencial para o aperfeiçoamento das políticas públicas, mais ainda em um tema que conta com a atuação recente de atores distintos, de modo que a criação do Sistema de Informação de Acidente de Consumo – SIAC164, instituído pela Portaria Interministerial Justiça e Saúde nº 3.082/2013, de 24/09/2013, possibilitará, através do registro de acidentes graves ou fatais, pelos profissionais da saúde a identificação dos riscos ocasionados por produtos e serviços introduzidos no mercado; e, por consequência, uma rápida atuação dos órgãos governamentais possibilitando a redução de riscos à saúde e segurança dos consumidores.

O SIAC receberá comunicados provenientes de informações compulsórias, prestadas por profissionais de saúde nos casos de acidentes graves ou fatais. A de alerta e constitui um ambiente de capacitação de servidores sobre segurança dos produtos de consumo. Trata-se do primeiro esforço interamericano para contribuir com a conformação e consolidação dos sistemas nacionais e regionais destinados a garantir a segurança dos produtos. ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OAS). Rede de Consumo Seguro e Saúde. Disponível em: http://www.oas.org/pt/sla/rcss/sobre_a_rcss.asp. Acesso em 22/09/2014.

163 Lançamento do protótipo dia 05/09/2014 na Reunião Plenária da Rede Consumo Seguro e Saúde das Américas. BRASIL. Ministério da Justiça. Países Discutem no Brasil saúde e segurança do consumidor. Disponível em: http://www.justica.gov.br/noticias/paises-discutem-no-brasil-saude-e- seguranca-do-consumidor. Acesso em 22/09/2014.

164 BRASIL. Ministério da Justiça/Ministério da Saúde. Sistema de Informações de Acidente de Consumo. Disponível em: http://siac.justica.gov.br/ acesso em 12/01/2015. Há experiências estrangeiras exitosas de coleta de informações relacionadas a morte e lesões graves ocasionadas por uso de produtos. Nos Estados Unidos a CPSC – Comissão de Segurança para os Produtos de Consumo criou uma Câmara de Troca de informações sobre lesões ocasionadas por uso de produtos. As informações podem ser acessadas por toda sociedade através de um Sistema eletrônico Nacional de vigilância de lesões – NEISS que é alimentado por amostras dos números de atendimentos graves em hospitais que tenham um número expressivo de leitos. ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. Consumer Product Safety Comission. Disponível em:

http://www.cpsc.gov/en/Research--Statistics/NEISS-Injury-Data/. Acesso em 10/01/2015. A comunidade europeia também conta com um Banco de Fados de Acidentes com informações provenientes de registro de hospitais, que incluem acidentes automobilísticos e acidentes de trabalho. COMUNIDADE EUROPÉIA. Public Health. Disponível em:

http://ec.europa.eu/health/data_collection/databases/idb/restricted_access/index_en.htm. Acesso em 10/01/2015.

responsabilidade pela análise dos dados registrados será da SENACON, que tem a responsabilidade de promover e coordenar a atuação conjunta com os demais órgão governamentais, especialmente com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, com o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – Inmetro, com o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA e com o Departamento Nacional de Trânsito – Denatran.

Não podemos deixar de mencionar a criação do Sistema Inmetro de Monitoramento de Acidentes de Consumo – SINMAC165, em 11/09/2013, que consiste em um sistema de captação de relatos dos consumidores sobre acidentes de consumo, permitindo ao Inmetro ampliar a sua atuação ao considerar outros tipos de acidentes provocados por produtos e serviços, bem como disponibilizar relatórios e estatísticas de acidentes registrados no País, com filtros por produto, classe de produto e estado, bem como estatísticas que permitem estimar os impactos destes eventos no sistema de saúde, com o tratamento de vítimas, e na produtividade do País, com o afastamento de consumidores que se acidentam em seus postos de trabalho.

Tais informações viabilizam a execução de ações focadas e direcionadas por entidades públicas, órgãos de defesa do consumidor e indústria com a finalidade de reduzir a incidência de tais acidentes e alertar a população e diferentes segmentos profissionais.

Conforme observamos, temos que reconhecer que nos últimos anos foram e continuam sendo criados mecanismos de controle que permitem o aprimoramento do instituo do recall e que visam compatibilizar a defesa do consumidor e o desenvolvimento econômico, tanto que em 14/07/2014 foi editada uma norma técnica, ABNT NRB ISO 10393166 que dispõe sobre recall de produtos, traçando diretrizes dos fornecedores.

A norma traz ferramentas importantes que contribuem para o aprimoramento do recall, sugerindo que os fornecedores tenham um procedimento formatado para

165 BRASIL. INMETRO. Informação ao Consumidor. Disponível em:

http://www.inmetro.gov.br/consumidor/acidente_consumo.asp.Acesso em 12/01/2015. 166 ABNT NRB ISO 10393:2014

agir assim que obtiver informações de que o produto causou qualquer tipo de dano167 e recomenda168, com base no princípio da precaução, que “para situações com ferimentos muito sérios ou dano substancial à propriedade podem ocorrer, é recomendado considerar a implementação do recall do produto, mesmo se a probabilidade de risco não puder ser determinada corretamente”.

Interessante notar o destaque dado pela norma a efetividade da campanha de recall que, considerando os índices de atendimento169, ainda é um grande

167 ABNT NRB ISO 10393:2014 [...]

5.3 Investigação do Incidente - É recomendado que o fornecedor estabeleça uma processo para