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A frase “A beleza está nos olhos de quem a vê”,do poeta espanhol do estilo Realismo

Ramón de Campoamor, exprime o que podemos entender aqui como beleza, ou seja, que é algo de uma simplicidade dos sentidos. Sabemos que a beleza se manifesta através dos sentidos, culturais, sociais, históricas, políticas e subjetivas.

A beleza, entre outras definições, é algo que agrada os sentidos e, como é um conceito de gosto e valor, quando nos deparamos com culturas diferentes o sentido do belo se molda conforme a cultura de cada país. Quase todas as culturas apresentam padrões específicos de beleza, mas o que é belo para um povo pode não ter a mesma qualificação em outro. É muito variável a questão da beleza. Em cada lugar do mundo os elementos de influenciam na beleza, como cultura, sociedade, economia entre outros trabalham este conceito de forma diferente, e também é mutável conforme tempo vai passando. Achar um denominador comum em relação a isso, definir o belo, algo ou alguém que possui uma beleza impar é algo impossível devido as diferenças pois a cultura de cada país apresenta um ideal de beleza diferente de outros países e culturas. Até mesmo dentro de um mesmo país o padrão pode se diferenciar em relação à região e aos costumes. Iremos apontar a seguir de modo a ilustrar neste trabalho como a beleza possui avaliações e classificações diferentes. Lucia Marques Stenzel em seu livro “Obesidade, o peso da exclusão” de 2003 comenta que a beleza não é universal e que ela varia em uma mesma sociedade ao logo do tempo conforme a citação abaixo:

As representações de beleza e os valores a ela conferidos foram mudando ao longo do tempo. O que consideramos belo hoje, pode não ter sido no passado, assim como os padrões de beleza do passado já não servem mais para a sociedade moderna. Da mesma forma ocorre nas diferentes culturas, cada qual com suas especificidades no que se refere à beleza do corpo. (STENZEL, 2003, p. 22)

A citação de Stenzel refere-se as mudanças sócias e culturais que passamos ao longo do tempo e que a beleza acompanha essas mudanças.

É interessante observar que na África Ocidental, o padrão de beleza adotado pelas mulheres é a obesidade, como é o caso na Mauritânia, uma vez que o problema do local é a fome, a desnutrição e a pobreza. A comida é escassa, portanto é considerado um

privilégio ser gordo e, de certa forma, isto representa saúde e prosperidade. As mulheres obesas desse país transmitem um sinal de prestigio e riqueza. As meninas desde cedo são condicionadas a comer bastante. Tal costume é muito antigo, de séculos atrás: os Moors, população nômade que povoou o país, dizem que, se um homem se casa com uma mulher gorda, isso significa fartura e riqueza. O ideal de beleza remete a questões políticas e econômicas deste país, ser gorda que significa melhores condições sociais, mas existe uma corrente querendo mudar isso. O próprio governo se preocupa e muito com esse tipo de costume, pois vivem um paradoxo: de um lado o país luta contra a desnutrição, principalmente na região sudeste que, junto com a Unicef, a OMS e outras entidades, intervém em ações sustentáveis para melhorar a segurança alimentar, o comportamento alimentar e o fortalecimento contra a desnutrição. Por outro lado, já foram constatados inúmeros casos de abuso contra as crianças, por obrigarem-nas a comer muito (mais do que podem), e obesidade infantil. E, para finalizar, com a influência do Ocidente, os jovens que vivem nas grandes cidades e têm acesso a outros costumes questionam os padrões de beleza de corpos grandes.

No Irã, mais especificamente em Teerã, devido ao uso do véu islâmico deixar somente à mostra os olhos e o nariz da mulher, o cuidado com essas partes do rosto tornam-se primordiais. O excesso de maquiagem nos olhos e o aumento de cirurgias plásticas do nariz acabou ganhando uma atenção especial. A genética árabe possui um padrão de nariz que costuma ser grande e muitas vezes adunco. O desejo de um nariz com proporções menores e mais delicados fez crescer o número de cirurgias de um nariz mais ocidentalizado fazendo com que a rinoplastia (cirurgia plástica do nariz) crescesse muito e se tornasse símbolo de status e beleza.

Outro exemplo da variação nos padrões de beleza pode ser encontrado em países como Malásia, Coréia do Sul, Hong Kong, Índia e Tailândia. Nesses países a pele alva é sinônimo de beleza, diferente do que acontece em alguns lugares na América do Norte e do Sul, em que a pele bronzeada é sinônimo de saúde e vivacidade.

O exemplo de beleza das mulheres girafas remete também às questões de adequação as normais sociais dos costumes de Myanmar, ao norte da Tailândia. As mulheres da etnia karen-padaungs usam anéis de bronze ou latão em volta do pescoço. As mulheres da tribo, em sinal de beleza, desde jovens, usam esses anéis no pescoço. Quanto mais alto o pescoço, mais bela é a mulher. Sinal de beleza, adaptação as normas e costumes sociais, os anéis no pescoço começam a ser colocados nas meninas por volta dos 5 ou 6 anos de idade. A cada ano que passa, outros anéis são adicionados. Uma mulher

adulta usa 37 anéis de bronze em volta do pescoço – esse é considerado o número ideal. Apesar do que se pensa, as mulheres não morrem se os anéis forem retirados (elas costumam fazer isso para se lavar), mas a musculatura do pescoço é enfraquecida.