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PANORAMA ECONÔMICO E INDUSTRIAL DOS SÉCULOS XIX E

Marx, Weber e Durkheim: Quadro comparativo sobre o pensamento dos

PANORAMA ECONÔMICO E INDUSTRIAL DOS SÉCULOS XIX E

O desenvolvimento sociotécnico potencializou novas formas e métodos de administração do capital e de especialização do trabalho, acarretando avanço do capitalismo do Ocidente para o mundo. Conversão do ferro em aço. Ferrovias. Eletricidade. Petróleo. Automóveis. Imprensa profissional. Telefone. Cinema. Capitalismo monopolista e financeiro. O capitalismo deixa de ser um sistema baseado na livre concorrência para se tornar o empreendimento de um número reduzido de grandes empresas. Concentração

empresarial: cartel (Alemanha), pool (Inglaterra); comptoir (França); consórcio (Itália). Internacionalização. Mercado doméstico torna-se restrito. Segunda Revolução Industrial: crescente urbanização e industrialização; ampliação de serviços, escolarização, e mudanças nas esferas científica, tecnológica e ideológica.

Alemanha, Inglaterra (1818-1883) França (1858-1917) Alemanha (1864-1920) Contexto

específico

Apogeu do capitalismo na Inglaterra e superação de sua primeira crise. As primeiras relações de conflito entre o patronato e o operariado observadas nas indústrias têxteis da Inglaterra e a miséria dos operários londrinos. A constituição de novas classes sociais, novos estratos sociais definidos a partir do capitalismo, com características nítidas.

A Terceira República Francesa. Noções iniciais sobre o Estado protecionista. Equilíbrio e interdependência de novas instituições sociais. As corporações podem equilibrar as relações entre patronato e operariado: a classe operária não caracteriza uma ameaça. Belle Époque. Apogeu da sociedade liberal: otimismo; democracia, liberalismo, sindicalismo e anarquismo.

Alemanha bismarkiana. Expansão da social- -democracia alemã. Primeiras análises sobre a expansão do capitalismo monopolista e da burocracia nas indústrias e no Estado. Romantismo alemão é pessimista quanto ao futuro da sociedade industrial.

Influência intelectual

Materialismo e historicismo. A filosofia da história de George Hegel e o seu método dialético: a humanidade evolui, em decorrência de etapas definidas, em certas direções predefinidas. Embate teórico sobre o materialismo com Ludwing Feuerbach. Sofre influência de economistas importantes como Adam Smith e David Ricardo, e de socialistas utópicos como Henri de Saint Simon, Robert Owen, Charles Fourier e Joseph Proudhon.

Funcionalismo e Racionalismo: Francis Bacon, Condorcet, August Comte, Henri de Saint Simon, Rosseau, Montesquieu, Tocquevile, Spencer, Wundt, Gabriel Tarde. O positivismo, o cartesianismo e o empirismo, no sentido de indutivismo e experimentalismo. Pesquisa dos fenômenos sociais com métodos correspondentes aos das ciências naturais.

Idealismo, Romantismo alemão,

Antirracionalismo e Hermenêutica. Kant, Herder, Dilthey, Rickert, Tönnies, Marx, Simmel, Sombart, Nietzsche. Reação e crítica ao otimismo frente à razão presente no Iluminismo. Crítica ao positivismo e a busca de leis na explicação dos fenômenos sociais. O neokantismo: construções mentais consistem em seleções e montagens do material objetivo, obedecendo às estruturas existentes na mente do observador.

Foco de análise e objetos de investigação

As relações socioeconômicas, que expressam contradições, antagonismos e conflitos inerentes a elas. Marx concebia a modernidade capitalista como um fenômeno dinâmico demarcado por avanços (por exemplo, a individuação, a produtividade, o desenvolvimento, a expansão dos mercados e a globalização) e por contradições e conflitos (por exemplo, a alienação, a exploração, a desigualdade, o imperialismo) que resultam nas transformações sociais. Essa dinâmica entre avanços e percalços constitui a gênese do movimento histórico. Explicar a realidade social por meio das contradições estabelecidas pelas desigualdades de poder entre as classes. Em cada sociedade, seria possível identificar muitas classes que detêm desigualmente meios de produção e poder político.

A ordem social e a sua coesão, com destaque para o processo de adensamento das estruturas sociais e a consequente especialização crescente e constante interdependência das partes. O fato social seria toda a maneira de agir, fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior, ou seja, que seria geral na extensão de uma sociedade, apresentando uma existência própria, independentemente das manifestações individuais que possa assumir. Os fatos sociais só podem ser explicados por meio dos efeitos sociais que produzam para a sociedade, ou seja, em suas formas concretas. Caracterizam-se por tendências atuantes sobre a sociedade, por exemplo, a individuação e o reconhecimento de papéis sociais e diferenças. Analisou a coesão social, a divisão do trabalho social, a religião, a Igreja, o Estado, os sindicatos, a família, o Direito, a Educação, a Moral, o suicídio.

Os processos histórico-sociais, analisados tanto por meio da compreensão do sentido subjetivo que rege as formas regulares de ação social de um dado processo como também as respectivas condições socioestruturais. Foco nos processos de racionalização das esferas da vida no Ocidente e na origem e no desenvolvimento do capitalismo moderno. Ação social é toda ação cujo sentido para quem a realiza leva em consideração a conduta de outros – a ação dotada de sentido se diferencia do comportamento reativo e instintivo. As esferas sociais (política, econômica, religiosas etc.), as relações sociais (de dominação e autoridade, competição e cooperação etc.) e as organizações e instituições (Estado, partidos, empresas, burocracia, igrejas e seitas etc.) podem ser decompostas e analisadas pelos tipos regulares de ação social das quais são formadas.

Visão da história

Ênfase na transformação social. Historicista e finalista (teleologista), como George Hegel, mas a marcha histórica é para o comunismo e não para o Estado de tipo prussiano. A crise de um modo de produção e sua substituição histórica por um novo modo de produção requer condições objetivas e políticas. A história é um movimento contínuo, um desenvolvimento histórico de associação coletivo, mas não depende das vontades individuais.

Adota um tipo de historicismo, mas não é evolucionista: as sociedades se adensam constituindo arranjos cada vez mais complexos. As sociedades “crescem”: elas não passam por etapas definidas, mas podem ser classificadas pelo seu estágio: sociedades tradicionais (segmentárias) e modernas (diferenciadas). A modernidade apresenta duas tendências marcantes, que são a diferenciação social e uma crescente autonomia dos atores sociais (individuação).

Ênfase sobre as singularidades históricas, combinações específicas de fatores econômicos, políticos e culturais que possuem afinidades eletivas. Nega a visão teleológica. Não existem leis que determinam o curso da história. Segundo o kantismo, aceita que o “sentido” da vida e do mundo é sempre uma construção cultural – inexistindo objetivamente fora das construções da mente humana.

Alemanha, Inglaterra (1818-1883) França (1858-1917) Alemanha (1864-1920) Concepção de

ciência e de conhecimento social

Conhecimento científico envolve teoria e práxis. Explicação da sociedade implica uma prática que depende da teoria. O conhecimento consiste numa elaboração inteligível da realidade e contém um potencial de mudança. Rompe com a ideia da neutralidade da “ciência”. Necessidade de partir do real para produzir ciência: do real se chega ao teórico e o teórico se aplica ao real. O conhecimento científico do real começa com a produção crítica de suas determinações (ver Teses sobre Feuerbach). O papel da filosofia não é mais o de compreender a história – mas o de modificá-la (já se sabe o que é a história) (ver O 18 brumário de Luís Bonaparte). A história direciona-se, etapa após etapa, para o comunismo. Investigam-se as diversas circunstâncias sociais como estímulos ou resistências da marcha das sociedades para o comunismo. Marx acreditava ter encontrado as “Leis” da transformação social. Para ele, a história das sociedades é a história das lutas de classes. A luta entre as classes sociais conformam o “motor da história”, ou seja, o princípio gerador das mudanças ocorridas ao longo do desenvolvimento da humanidade (passagens do comunismo natural para o feudalismo, do feudalismo para o mercantilismo, do mercanti lismo para o capitalismo, e do capitalismo para o comunismo social). A abordagem marxista unifica uma ciência social crítica (materialismo histórico), uma filosofia social (materialismo dialético) e uma concepção política (luta de classes).

Ciência como conhecimento objetivo da realidade. A sociedade é sui generis, está fora do indivíduo, portanto é objetiva e observável. A neutralidade é atingida pela postura do cientista de apreender o objeto pela observação e experimentação indireta, eliminando o senso comum. A sociologia é uma ciência autônoma, possui objeto próprio – os fatos sociais. A realidade social não pode ser explicada por ações individuais, apenas pela relação entre fatos sociais gerais. Não se trata de pensar leis sociais universais, que ocorrem independentemente do tempo e do espaço (diferença em relação ao positivismo), mas se podem descobrir relações generalizáveis para determinados contextos sociais. Delimitação do espaço da Sociologia, demarcando seu campo de análise, ou seja, a ideia de que os fenômenos sociais têm causas sociais. Delimitação de regras do método sociológico parte dos princípios do método das ciências naturais, especialmente da Biologia: neutralidade do cientista; afastar da ciência as prenoções; empirismo; renúncia a predições (indutivismo); quantificação (estatística); mono ou pluricausalidade dos fatos; distinção entre o normal e o patológico. As noções de normal e patológico estão ligadas respectivamente à regularidade e à excepcionalidade no tempo e no espaço. Os fatos sociais, que devem ser tratados como “coisa”. A ciência pode auxiliar na resolução da crise moral decorrente de uma passagem incompleta da solidariedade mecânica para a orgânica.

A ciência pode fornecer conhecimentos que permitam tecnicamente dominar a vida por meio da previsão; fornece métodos de pensamento; oferece clareza; pode mostrar e portanto ser útil em revelar os meios adequados para determinados fins e as consequências que as escolhas trariam. A ciência não é capaz de dizer “o que fazer” nem “como viver”, mas pode fazer as pessoas terem maior clareza da realidade (função de esclarecimento). A Sociologia seria uma ciência que pretende entender, interpretando a ação social para, assim, explicá- -la causalmente em seus desenvolvimento e efeitos. A relação com valores define o primeiro momento do conhecimento científico. Todo conceito seleciona alguns aspectos da realidade infinita e exclui outros; seleção é orientada por meio de atribuição de valor pelo sujeito que investiga. O objeto do conhecimento reflete o repertório de valores de uma época, da cultura e do pesquisador. Distinção entre juízos de valor e ideias de valor: as ideias de valor referem- -se aos interesses de uma época, relações de valor percebidas pelo observador; os juízos são questões morais, que desvirtuam o processo de pesquisa. A validade dos conhecimentos científicos adquiridos é restrita a uma dimensão parcial da realidade. O conhecimento científico se torna possível a partir do momento em que o investigador seleciona da realidade infinita a parte finita que pode ser submetida à compreensão: o papel do sociólogo é o de dar ordem ao caos.

Concepção da relação sociedade e indivíduo

Sociedade definida a partir das relações de produção, que constituem a base econômica da sociedade. A sociedade é uma realidade histórica evidente, sujeita às determinações das condições econômicas. Essa realidade histórica é um todo complexo de relações que estão em constante movimento dialético. As transformações da sociedade ocorrem em função das contradições, dos antagonismos e conflitos entre classes sociais. As classes dominantes ocupam posições elevadas na estratificação social em função do seu poder econômico. A melhor posição social garante acesso privilegiado à riqueza socialmente produzida, bem como acesso ao poder político do Estado, o que favorece políticas que sejam favoráveis aos interesses da classe dominante. Marx desenvolveu uma concepção materialista da História, afirmando que o modo pelo qual a produção material de uma sociedade é realizada constituiria o fator determinante da organização política e das representações intelectuais de uma época. No modo de produção capitalista, o conflito entre as classes expressa a contradição entre capital e trabalho. Esse conflito entre os trabalhadores (proletários) e os empresários (burgueses) surge em decorrência do agravamento das desigualdades entre a massa de trabalhadores, detentora de uma pequena parte do

excedente da produção, e os capitalistas, que detêm a maior parte do excedente. A marcha das sociedades para o comunismo

Anterioridade do social sobre o individual (a sociedade permanece para além da vida e da morte do indivíduo). A sociedade é uma realidade suigeneris, com aspectos próprios. Os indivíduos estão submetidos à sociedade, pois é a sociedade que permite a emergência do indivíduo como individualidade (processo de individuação). A realidade psíquica não se confunde com a realidade social. Os princípios que regem a sociedade e a ação humana são proporcionados por valores, normas e regras que tiveram sua origem na própria sociedade e nas representações sociais, que são interiorizadas pelos indivíduos (socialização). O progresso da divisão do trabalho social torna complexa a estrutura social promovendo a especialização e pluralização das instituições sociais (costumes, normas, políticas, econômicas, científicas, jurídicas etc.) permitindo também aos indivíduos maior espaço para individuação por meio da especialização e trânsito pelas diferentes identidades e papéis sociais (sacerdote/fiel, curandeiro, filósofo, operário, médico, cientista, intelectual etc.). Assim, a sociedade, por meio do progresso da divisão do trabalho social, deixa de estar organizada em uma estrutura homogênea para estar organizada numa estrutura heterogênea, cujas partes são interdependentes e cumprem “funções”. O espaço para individuação é, portanto, diretamente proporcional ao desenvolvimento da divisão do trabalho social, sendo esta

A sociedade é marcada pela diversidade cultural, portanto a realidade social deve ser entendida como um conjunto de possibilidades históricas. A sociedade moderna ocidental é produto de um processo histórico difuso, porém persistente e de longa duração: a racionalização das esferas da vida. Tal processo pode ser definido como a organização das condutas individuais, nas diferentes esferas sociais, por meio de normas, princípios e regras impessoais e formais. A racionalização denota, portanto, o processo no qual as organizações e relações sociais são estruturadas por tipos de ações sociais racionais em detrimento das formas tradicionais e afetivas e, no Ocidente capitalista, o predomínio da racionalidade formal sobre a substantiva. Há uma relação de mútua causalidade entre o sentido subjetivo das ações individuais e as organizações, relações e instituições sociais, sendo por meio dessa relação de mútua causalidade ou determinação que moldam os processos de racionalização em diferentes esferas e diferentes períodos históricos. Portanto, o processo de racionalização não tem origem ou é causado por um evento ou fator específico de um período da História e, sim, manifesta-se em diferentes momentos e em diferentes esferas da vida (economia, política, religião etc.) e o modo como se manifesta é determinado pela relação de mútua influência entre formas de ação social, de um lado, e organizações, relações e instituições sociais, de outro. A sociedade moderna ocidental tem suas raízes

Alemanha, Inglaterra (1818-1883) França (1858-1917) Alemanha (1864-1920) Concepção

da relação sociedade e indivíduo

(teleologia) é um processo humano decorrente das contradições produzidas pelo desenvolvimento das forças

produtivas (tecnologia) conjugadas com o desenvolvimento das relações de produção (relações sociais), ou seja, são as ações humanas que constituem o processo histórico, mas o indivíduo em si não toma conhecimento desse processo.

última determinada pelo adensamento material (crescimento demográfico) e moral (crescimento das formas de relação social) das sociedades. A sociedade e a consciência coletiva são entidades morais, antes mesmo de possuírem uma existência tangível. Essa preponderância da sociedade sobre o indivíduo deve permitir a sua realização individual, quando integrado à estrutura social.

em processos de racionalização diversos; por exemplo, a racionalização do conhecimento com o nascimento da Filosofia na Grécia Antiga, a racionalização das Leis com o Direito Escrito Romano, a racionalização das trocas econômicas com a emergência do dinheiro e do sistema de preços, entre outros.

Ideias Importantes (TEORIA)

A teoria da alienação concebe que o homem se encontra “separado” (alienado) de sua condição autêntica (livre, autoconsciente, criador). Marx entende que o ser humano só é inteligível quando visto em relação com sua matéria, que é aquilo sobre o qual o ser humano exerce a práxis (trabalho criador): materiais da natureza ou outros seres humanos. Práxis consiste no trabalho especificamente humano, mas no capitalismo há a profusão do trabalho assalariado, que não é o livre exercício de uma práxis criadora, mas um mero meio para não se morrer de fome. Com base nessa concepção, Marx desenvolve a teoria da práxis alienada: o trabalhador exterioriza-se (exteriorização) como homem e animal no objeto do trabalho, modificando-o, mas perde-o (exteriorização e perda) para o capitalista, que só devolve para o trabalhador a parte “animal” (salário), apropriando-se da parte humana. Nesta concepção, tanto

A sociedade não é o produto da soma de consciências, de ações e de sentimentos particulares. Ainda que o todo seja composto pelo agrupamento das partes, origina uma série de fenômenos que dizem respeito ao todo diretamente, e não apenas às partes individuais que o compõem. Reconhecimento da existência de uma consciência coletiva. O homem se tornou humano porque se tornou sociável, sendo capaz de aprender hábitos e costumes para poder conviver em um grupo social. Esta “aprendizagem” estaria na gênese da socialização, processo por meio do qual a consciência coletiva seria internalizada durante a vida do indivíduo. A socialização se compõe daquilo que habita a mente e que serve para orientar a ação humana, seus sentimentos e comportamentos. O fato social atende a três características: generalidade, exterioridade e coercitividade. Isto é, o que as pessoas sentem, pensam ou fazem independemente de suas

Aperfeiçoamento dos conceitos de Ferdinand Tönnies sobre as dimensões coexistentes da sociedade: a comunidade (Gemeischaft) – a dimensão dos valores e do “sentido” e onde as ações são orientadas “de dentro” por valores “legitimados” (internalizados); e a associação (Gesellschaft) – a dimensão formalista e onde as ações são orientadas “de fora” por leis e estatutos. Existem quatro formas de ação social: (1) Racional Referente a Fins: uso do cálculo para determinar os meios mais eficientes para atingir fins próprios (racionalidade formal ou instrumental); (2) Racional Referente a Valores: determinada pela crença consciente no valor inerente a determinado comportamento como tal, independentemente de seus resultados (racionalidade substantiva, ética religiosa); (3) Afetiva: determinada por estados emocionais, crenças, fé (irracionalidade); e (4) Tradicional: determinada pelo costume, pela força do hábito. Para Weber, entes

os explorados como os exploradores são alienados da condição verdadeiramente humana: ambos promovem a acumulação de um ser estranho e que os domina: o capital. Influenciado por Feuerbach, Marx elabora a teoria da exploração: no sistema capitalista, a desvalorização da força de trabalho deve-se a que esta se tornou uma mercadoria como outra qualquer, num sistema de produção de mercadorias em geral. A dinâmica do sistema capitalista consiste na geração de lucro e não na produção de produtos específicos que satisfaçam as necessidades humanas. Esta é a contradição entre valor de uso e valor de troca. O “sistema capitalista” entende o trabalhador como uma mercadoria, chamada “força de trabalho”. A teoria da mais-valia concebe que existe um valor extra produzido no sistema e que excede o valor total dos salários pagos aos trabalhadores, ou seja, nesta concepção o lucro não provém do aumento arbitrário do preço, visto que, se fosse assim, o que se ganhou em uma troca logo se perderia em outra. Para Marx, o segredo acerca da origem do lucro está no fato de que este ocorre no processo de produção, e não na troca ou circulação da mercadoria. Assim, o lucro também teria sua origem na exploração do trabalhador pelo capitalista. Todos os trabalhadores produzem riqueza, mas as relações de produção da sociedade capitalista fazem o capitalista se apropriar da mais-valia produzida. Existem duas formas de mais-valia: absoluta e relativa.

vontades individuais é um comportamento socialmente estabelecido. Não é imposto, mas que existe antes e que continua depois e que não seria fruto de simples escolhas. A solidariedade social é a grande responsável pela coesão surgida entre os indivíduos, que os mantém em sociedade. Os indivíduos socializados teriam, portanto, duas consciências, uma individual, representando-os no que têm de mais pessoal e distinto, e outra coletiva, de unidade societal, comum aos grupos humanos, que age e que “vive” nos indivíduos. A moral significa algo como a internalização de normas coletivas e é essencial para a coesão social. As sociedades se mantêm integradas (coalescentes) em virtude de dois processos principais: (1) a solidariedade mecânica: a reduzida divisão do trabalho reduz o indivíduo, pois todos os membros de uma mesma comunidade partilham os mesmos valores e disponibiliza um conjunto de papéis limitado para os indivíduos exercerem (baixa diferenciação social); o desvio de pensamento e conduta em relação à “consciência coletiva” é punido; a consciência coletiva é muito forte nas sociedades mais simples, homogêneas e com pouca ou nenhuma divisão do trabalho social; e (2) a solidariedade orgânica: a ampliação da divisão do trabalho (especialização e diferenciação) promove a individuação dos membros da sociedade; a integração social se dá pela interdependência entre os papéis sociais. O adensamento material e o moral da sociedade provocam

coletivos como as organizações, as relações, instituições e as próprias sociedades seriam reproduzidos e existem à medida que o sentido da ação social da qual são formados é compartilhado pelos indivíduos que participam de sua reprodução, portanto esses entes existem porque as ações que os reproduzem fazem