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5 ESTRATÉGIAS TRADUTÓRIAS EM ALÁ E AS CRIANÇAS-SOLDADOS

5.2 O TRATAMENTO DADO AOS ELEMENTOS PARATEXTUAIS

5.2.1 Paratextos editoriais (capa, folha de rosto, contracapa, orelha do livro,

Segundo Gérard Genette (2010), os paratextos constituem o conjunto de elementos que apresentam e circunscrevem o texto. Por ocupar um lugar pragmático e estratégico, composto de práticas e discursos, eles tanto permitem apresentar o texto, como tornar sua recepção possível. Por essa razão, Genette destaca a sua função a partir dos interesses e influências que eles podem suscitar (GENETTE, 1987).

Caminhando nesta direção, mas referindo-se às traduções, Marc Charron (2016) afirma que a apresentação paratextual de uma tradução fornece uma certa indicação da forma como os agentes que constroem o produto intercultural percebem essa tradução e, sobretudo, como eles veem a comercialização potencial dessa tradução na cultura de chegada.

No que consiste à fabricação da capa de um livro, considerando que esse espaço é, sobretudo, o editor que o elabora (GENETTE, 1987), vê-se a pertinência de analisar de que forma o romance foi vendido ao leitor brasileiro.

A capa de um livro é composta de diferentes elementos, e um deles é a presença de um título. No que diz respeito ao título de uma obra, Genette (1987) o compreende como um artefato de recepção, por ser um objeto de circulação, conversação e construção entre autor e editor. Por essa razão, vale destacar aqui a função que o título ocupa tanto no texto de partida como no de chegada.

No texto de partida, é sabido que o título Allah n’est pas obligé é uma tradução do árabe de um provérbio do Alcorão, o que nos permite associar a escolha por esse título como uma referência cultural e religiosa de alguns países da África subsaariana que se convertem à religião muçulmana (PEREIRA, 2016). Já na versão brasileira, o título Alá e as crianças-soldados evidencia o conteúdo do romance, não optando, como na tradução portuguesa de 2004 da editora ASA, pela tradução literal Alá não é obrigado. O título em português brasileiro tanto induz o leitor a pensar no conteúdo temático do romance como também, através da menção à Alá, direciona o leitor a um contexto cultural e/ou religioso árabe.

Ao contrário do título em português brasileiro que evidencia mais explicitamente o tema do romance, a imagem na capa da edição francesa de bolso (Figura 1) aborda a temática da obra de forma mais direta que a edição brasileira (Figura 2). A edição traduzida conta

apenas com um desenho pontilhado de uma arma Kalachnikov, o que não remete, necessariamente, à realidade das crianças-soldados. Já a edição original possui o desenho de um menino negro com a arma kalashnikov na mão.

Figura 1: Edição francesa de bolso da obra

Allah n’est pas obligé (Seuil)

Fonte:www.seuil.com

Figura 2: Edição brasileira da obra Alá e

as crianças-soldados

(Estação Liberdade)

Fonte: www.estacaoliberdade.com.br

Em ambas as edições, o nome do escritor encontra-se na parte superior da página. Na versão traduzida, o nome da tradutora Flávia Nascimento não figura na capa, mas somente na página de rosto. Logo, o texto de chegada não assume de cara ser uma tradução. Somente o nome do escritor deixa supor uma origem estrangeira, o que faz com que o leitor não advertido pense que Ahmadou Kourouma escreveu Alá e as crianças-soldados em português. Pode-se afirmar, desta maneira, que a edição brasileira, nesse quesito, não deu luz à tradução, à medida que não há indicação sobre o tradutor. Esse tipo de ocultação se aproxima de uma técnica tradutológica naturalizante, por não dar visibilidade ao tradutor, procurando passar a ideia de que o que o leitor está lendo não é uma tradução (VENUTI, 1995).

Quanto às cores e à grafia, na versão francesa, eles optaram por uma capa mais colorida que na versão em português, em que apostaram em cores mais neutras, como o preto, o branco, o verde claro e a cor cinza. Já a grafia da versão francesa foi feita em caixa alta, dando visibilidade, através do uso em negrito, ao sobrenome do escritor e ao título; na versão em português, apenas o nome Alá e soldados ganhou destaque com o uso do negrito.

As outras indicações presentes na capa brasileira fazem referência à coleção Latitude, que pode ser entendida como a primeira menção explícita à origem estrangeira do texto, por ela ser voltada a obras de autores francófonos de diferentes países. A referência à coleção é também um dispositivo que institucionaliza o livro, à medida que ser editado por ela tem um significado, quando se considera os grandes nomes da literatura contemporânea de expressão francesa que foram publicados pela Latitude, como: André Gide, Rachid Boudjedra, Atiq Rahimi, Olivier Cadiot, Bernard Comment, Réjean Ducharme, François Emmanuel, Romain Gary, Pierre Michon, Marie Ndiaye e Paul Nizan.

Por fim, ambas as capas nos informam, no pé da página centralizado, os nomes das editoras responsáveis pela publicação.

Comentário recapitulativo referente à capa da versão brasileira:  Autor e título mencionado;

 Coleção mencionada;

 Nome da editora mencionado;  Ausência do nome da tradutora.

Na folha de rosto da edição francesa, encontram-se informações concernentes à data e ao local de nascimento e morte do escritor, referência ao fato de que o escritor trabalhou em vários países do oeste da África e se exilou na França, além da menção às obras e prêmios atribuídos.

Já na folha de rosto da versão brasileira, o nome do autor e do título é repetido. Somam-se a eles o nome da tradutora Flávia Nascimento e a menção à editora e ao selo Latitude. Embora o nome da tradutora esteja presente, a origem marfinense do escritor continua não sendo mencionada. Apenas nas orelhas do livro é que haverá indicações referentes à obra e ao autor.

Comentário recapitulativo referente à página de rosto da versão brasileira:  Autor mencionado;

 Título mencionado;

 Nome da tradutora mencionado;  Nome da editora mencionado;  Coleção mencionada;

Para além da fabricação da capa e da página de rosto, a análise dos conteúdos das contracapas também é relevante, dado que geralmente elas também são escritas pelos editores, revelando-nos, assim, qual a política editorial utilizada para introduzir e apresentar o romance no mercado brasileiro (GENETTE, 1987).

A contracapa da versão francesa de bolso resume o enredo do romance, focalizando a violência das guerras tribais através do testemunho de Birahima. Nesse pequeno texto, é mencionada a arma Kalachnikov, a necessidade do narrador-personagem em matar para poder sobreviver diante da guerra, dos massacres, dos roubos e dos amigos que morrem sob as balas. Por fim, é dito que através de um testemunho lúcido e fatalista, a obra oferece uma imagem terrível de uma África que sacrifica as crianças.

Já na contracapa do texto traduzido, há uma dúzia de linhas que diz respeito a uma passagem do romance em que a personagem Sara, sob efeito de drogas pesadas, atira em seu companheiro, Cabeça Queimada. Essa é uma passagem marcante da obra, porque seu namorado vai se sentir obrigado a metralhar Sara, para que ele possa sair salvo da situação. O sofrimento de Sara, abandonada e ferida entre formigas carnívoras, revela ao leitor a crueldade e o descaminho da vida dessas crianças-soldados.

Quadro 18 - Contracapa da versão francesa e da versão brasileira

Texto de partida Texto de chegada

Kalachnikov en bandoulière, Birahima tue des gens pour gagner sa vie. Pas plus haut que le stick d’un officier, cet enfant-soldat du Liberia raconte. L’errance, la guerre, les pillages, les massacres, les copains qui tombent sous les balles…Témoin lucide et fataliste, il nous offre l’image terrifiante d’une Afrique qui sacrifie des enfants.

Havia entre os soldados-crianças uma menina-soldado, o nome dela era Sara. Sara era única, ela era única e bela como quatro mulheres juntas e fumava haxixe e mascava maconha por dez. Ela namorava às escondidas Cabeça Queimada, lá em Zorzor, há muito tempo. [...] Ela quis descansar, encostar num tronco para descansar. Cabeça Queimada gostava muito de Sara. Ele não podia abandonar ela assim sem mais nem menos. Mas a gente estava sendo seguido. A gente não podia esperar. Cabeça Queimada quis levantar Sara e obrigar ela a seguir a gente. Ela descarregou sua arma em cima de Cabeça Queimada. Felizmente ela estava maluca e não enxergava mais nada.

Fonte: Edição de bolso pela Seuil (2000) e edição pela Estação Liberdade (2003).

Além desses resumos, encontra-se, na contracapa do texto original, uma citação do romance, em que se lê: "Agora, depois de me ter apresentado, vou realmente, realmente

contar minha vida de merda, de condenado97" (tradução nossa). Essa passagem permite ao leitor se familiarizar com o tom coloquial da escrita de Ahmadou Kourouma, como também com os indícios do caráter trágico da história. São mencionadas, igualmente, informações biográficas sobre o escritor, o volume de sua produção, a menção do prêmio literário Jean-Giono que lhe foi atribuído, em 2000, pelo conjunto de suas obras, além do local e ano de sua morte. Em seguida, há um comentário crítico, atribuído pelo tradicional e reputado jornal francês Le Figaro, sobre o romance: "Nesse livro magnífico, a vida palpita em cada frase, repletas de remorsos, ácida como uma reprovação98"(tradução nossa). Para dar ainda mais legitimação à obra, a contracapa da edição original menciona os três grandes prêmios literários que o escritor ganhou com o romance: Renaudot (2000), Goncourt des lycéens (2000) e o prêmio Amerigo-Vespucci (2000).

Já na contracapa da edição brasileira, além do mencionado resumo, há apenas o nome da tradutora. As informações sobre o escritor, a obra e os prêmios que suas obras foram agraciadas estarão presentes nas orelhas do livro.

Comentário recapitulativo referente à contracapa da versão brasileira:

 Passagem do romance que retrata a situação degradante da personagem Sara;  Nome da tradutora.

Quanto às orelhas do livro, presentes apenas na edição brasileira, o leitor encontra informações sobre a obra e diversos aspectos biográficos do escritor, como a sua formação universitária na França e a sua oposição ao regime do ditador Houphouët-Boigny, o que resultou em numerosos exílios. Somam-se a esses dados uma foto de Ahmadou Kourouma e a menção às suas produções literárias e aos prêmios que lhe foram atribuídos, além dos breves comentários sobre a realidade do continente africano nos anos 60, o caráter místico da narrativa e o uso de palavras em língua malinquê.

Quadro 19 - Orelhas da edição brasileira

De um lado temos os cacos de um continente em decomposição moral, social e política e, do outro, um acerto de contas de um dos maiores autores da África com a língua do colonizador, ‘não adaptada para apresentar as realidades africanas’. O resultado nos chega num road book africano de proporções absolutamente farsescas (‘Eu aumento a realidade para que ela tome uma dimensão aceitável. O humor permite colocar distância, enfrentar a antropologia, o modo pelo qual as guerras são praticadas, como as pessoas morrem.’ - Magazine littéraire, set. 2000), no qual nenhuma ferida fica intocada, e elas são inúmeras. Alguns exemplos, saídos diretamente da fértil imaginação de

97

Maintenant, après m’être présenté, je vais vraiment, vraiment conter ma vie de merde de damné.

98 Dans ce magnifique livre, la vie palpite dans chaque phrase, brûlante comme un remords, acide comme un reproche.

Ahmadou Kourouma - mas, como ele mesmo diz, não precisa inventar nada, é só ler os jornais: orfanatos e asilos que freiras amantes dos prazeres da vida defendem metralhadora em punho; sessões de desenfeitiçamento ‘feitas só com o coronel Papai bonzinho durante horas. Diziam que durante aquelas sessões Papai bonzinho ficava pelado e as mulheres também’; enfim, frentes guerrilheiras putrefatas e bandidos alçados à chefia de Estados sangrados que não passam de quixotescas paródias dos movimentos de libertação africana dos anos 60.

Nesse alucinante périplo por vários países da África Ocidental, o pequeno narrador Birahima nos leva, com a importante ajuda de quatro dicionários que lhe servem para readaptar a língua do branco ‘forjada numa civilização cristã, por espíritos lógicos’, em sua longa busca por uma tia sumida na Libéria de todos os males. Viagem que ele empreende em companhia da obrigatória Kalachnikov e do inseparável Yacuba, o feiticeiro falsificador de dinheiro que sempre achará uma saída salvadora nos momentos de maior perigo. Mas mesmo os feitiços, que na hora da verdade acabam funcionando melhor do que dinheiro - real ou falsificado, mas qual a diferença em países onde tudo é simulacro? - devem estar falhando, para nos vermos frente a tamanha desagregação.

E aí de novo Kourouma, com sua sabedoria de ancião da casta dos guerreiros-caçadores, como indica seu nome: ‘Se os africanos realmente têm o poder que a magia lhes promete, não teriam aceito nem a escravidão, nem a colonização.’ E nem, mais recentemente, teriam tolerado essas guerras de desequilibrados empregnando crianças-soldados descritas com eficientíssimo sarcasmo por Ahmadou Kourouma. Faforo! Gnamokodê!

Ahmadou Kourouma nasceu em 24 de novembro de 1927, na Costa do Marfim. Quando estudante, suas atividades políticas resultaram num alistamento forçado no corpo expedicionário francês da Indochina. Após a independência, sua oposição ao regime de partido único de Houphouët-Boigny fez com que ele fosse exilado. Kourouma passou pelo exílio em diversos países: Argélia (1964-1969), Camarões (1974-1984) e Togo (1984-1994).

Após estudar matemática em Paris e Lyon, escreve Les soleils des indépendances (1968), uma impiedosa sátira política, a partir da qual foi reconhecido como um dos escritores mais importantes do continente africano. Publicou ainda En attendant le vote des bêtes sauvages (1998), Monnè, outrages et défis (1990) e Le Diseur de vérité (1974, peça de teatro). Recebeu o Prêmio Renaudot 2000 por este Alá... e o Prêmio Jean Giono pelo conjunto de sua obra.

Fonte: Edição brasileira, 2003.

Conclui-se que o conteúdo da orelha do livro seguiu a tendência de usar esse espaço apenas para enaltecer o autor e a obra. Os mecanismos de convencimento para atingir tais objetivos foram feitos através da alusão aos prêmios literários, a sua vasta produção e a notoriedade do escritor. Para além dessas estratégias de persuasão, esse texto poderia ter criado um lugar, para destacar questões relacionadas ao projeto tradutório, dando mais visibilidade às particularidades da escrita de Ahmadou Kourouma como às estratégias tradutológicas utilizadas pela tradutora Flávia Nascimento.

Comentário recapitulativo referente às orelhas do livro da versão brasileira:  Contexto histórico do romance;

 Enaltecimento do escritor;

 Menção à escrita de Ahmadou Kourouma;

 Citação de passagens do romance pela revista Magazine littéraire;  Comentário sobre a realidade do continente africano nos anos 60;  Menção ao contexto geográfico do romance;

 Caracterização do personagem-narrador;

 Referência à corrupção que o enredo problematiza e ao caráter místico da narrativa;  Uso de palavras em língua malinquê;

 Informações biográficas que colocam em evidência o engajamento político do escritor, através da sua oposição ao regime do ditador Houphouët-Boigny e dos seus numerosos exílios;

 Formação do autor na França;

 Obras e prêmios literários que lhes foram atribuídos.

Continuando a análise dos paratextos e dos espaços a eles associados, destaca-se a presença da dedicatória no romance Allah n’est pas obligé, que tem, por função pragmática, segundo Genette (1987), servir como um tipo de patronagem, à medida que ela pode ser tida como algo que estabelece uma relação de participação entre o autor e uma outra pessoa (GENETTE, 1987). Tal qual o texto de partida, o texto de chegada manteve a dedicatória feita pelo escritor Ahmadou Kourouma às crianças de Djibuti e à sua esposa.

Quadro 20 - Dedicatória da versão francesa e da versão brasileira

Texto de partida Texto de chegada

Aux enfants de Djibouti : c’est à votre demande que ce livre a été écrit. Et à mon épouse, pour sa patience.

Às crianças de Djibuti: foi a pedido de vocês que este livro foi escrito. E à minha esposa, por sua paciência.

Fonte: edição de bolso Seuil (2000) e edição brasileira (2003).

Quanto ao posfácio, na versão original, foi elencado o nome de toda sua produção acompanhado do gênero literário correspondente, dos prêmios literários concedidos às obras, do nome da editora francesa e do ano de primeira edição da obra.

Quadro 21 - Posfácio da edição francesa Les Soleils des indépendances

roman prix de la Francité

prix de la Tour-Landry de l’Académie française prix de l’Académie royale de Belgique

Seuil, 1970 et « Points », n° P166

Monnè, outrage et défis

roman

prix des Nouveaux Droits de l’homme prix CIRTEF

Grand Prix de l’Afrique noire Seuil, 1990

et « Points », n° P556

Em attendant le vote des bêtes sauvages

roman prix Tropiques

Grand Prix de la Société des gens de lettres prix du Livre Inter

Seuil, 1998 et « Points », n° P762

Le Diseur de vérité

Théâtre Acoria, 1998

Yacouba, chasseur africain

roman

Gallimard Jeunesse, 1998 (illustration de Claude et Denise Millet)

« Folio Junior », n° 1408, 2006 Seuil Jeunesse, 2007

Le Chasseur, héros africain

Grandir, 1999

Le Griot, homme de paroles

Grandir, 1999

Quand on refuse on dit non

roman Seuil, 2004 et « Points », n° P1377

Les Soleils des indépendances Monnè, outrages et défis En attendant le vote des bêtes sauvages

Allah n’est pas obligé Quand on refuse on dit non

Le Diseur de vérité

Seuil, « Opus », 2010

Já na versão brasileira, logo após o término do romance e depois de uma folha em branco, encontra-se uma matéria informativa sobre a coleção Latitude, em que se lê:

Quadro 22 - Posfácio da edição brasileira

A coleção Latitude é uma seleção do que há de melhor na ficção contemporânea dos países e regiões de língua francesa. Ela é fruto da colaboração entre a Editora Estação Liberdade e os serviços culturais franceses, suíços e canadenses. O objetivo é abrir uma janela para a literatura dos diversos países e regiões que contribuíram para o florescimento desta importante língua literária, assim como dar espaço para autores, obras e editoras nem sempre contempladas pela lógica do mercado.

Fonte: Edição Estação Liberdade (2003).

Abaixo desse parágrafo sobre a coleção Latitude, há ainda a menção às outras obras que já foram publicadas por essa coleção, seguidas dos seus respectivos escritores e suas origens geográficas: O convidado desconhecido, de Olivier Cadiot (França), As formigas da estação de Berna e outras ficções suíças, de Bernard Comment (Suíça) e o próprio romance aqui analisado Alá e as crianças-soldados, de Ahmadou Kourouma (Costa do Marfim).

Para além das obras já lançadas, menciona-se igualmente os próximos lançamentos: A questão humana, de François Emmanuel (Bélgica), Vidas minúsculas, de Pierre Michon (França), Comédia Clássica, de Marie NDiaye (Senegal) e Palavras de baixo calão, de Réjean Ducharme (Canadá).

Vale destacar que a autoria dos elementos paratextuais apresentados até aqui foram todos elaborados pelo editor da Estação Liberdade, Angel Bojadsen99.

Por fim, chega-se à conclusão de que a análise sobre as notas editoriais realizadas pela editora Estação Liberdade procurou ora evidenciar o caráter estrangeiro da obra mencionando a coleção responsável pela edição do romance, ora deixou de dar visibilidade, de forma mais explícita, ao nome da tradutora. Um exemplo dessa invisibilidade das notas editoriais em relação ao trabalho de tradução diz respeito às duas orelhas do livro, as quais foram bastante informativas trazendo elementos sobre a notoriedade do autor e alguns aspectos linguísticos e temáticos da obra, mas se omitiu, por completo, sobre questões relacionadas às escolhas tradutológicas realizadas por Flávia Nascimento.

5.2.2 Notas de rodapé da tradutora