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5 ESTRATÉGIAS TRADUTÓRIAS EM ALÁ E AS CRIANÇAS-SOLDADOS

5.3 O TRATAMENTO DADO AOS ASPECTOS LINGUÍSTICOS E CULTURAIS

5.3.1 Vocabulário

À medida que Ahmadou Kourouma emprega um francês crioulizado, resultado da mistura da língua malinquê e da língua francesa, ele modifica e desfamiliariza essa segunda

língua, ao lançar mão da oralidade e dos elementos vinculados à cultura malinquê. Pôde-se contatar na sua narrativa, por exemplo, o uso de palavrões em língua malinquê que foram mantidos no texto traduzido com a grafia original: Faforo! Gnamokodé! Walahê! Essas palavras são mencionadas frequentemente ao longo da narrativa e são acompanhadas por palavrões que, embora estejam escritos em língua francesa, são construídos seguindo a sintaxe da língua malinquê: cul de mon papa! (caralho do meu pai!), bâtard de bâtardise (filho-da-puta da (filho-da-puta-que-pariu), cul de mon père (caralho do meu pai), putain de ma mère (puta-que-pariu), sexe de mon père (sexo do meu pai). Observa-se que todas as palavras Faforo!,

Gnamokodé! Walahê! permitiram ao leitor brasileiro entrar em contato com vocabulários malinquês que são proferidos pelo narrador Birahima em momentos de raiva, ou mesmo quando ele ironiza a posição hegemônica da língua francesa.

Ademais, no texto de partida, outras palavras em língua malinquê são seguidas de parênteses explicativos. No texto traduzido, essa mesma estrutura foi mantida. Palavras como

gbaka, maku, bangala e gnussu-gnussu, nababo, nyamans, Alá Kubaru e bissimilai, Chi Alá la ho, Bisi milai ramilaí, hadjis, el-kabir, moro-naba e almamy foram mantidas tal como no original e, logo em seguida, ganharam definições através da estrutura de parênteses explicativos.

A manutenção desses vocabulários em língua malinquê nos leva a afirmar que essa visibilidade voltada aos vocábulos estrangeiros vai de encontro com a tradução fluente, em que o leitor já está familiarizado tanto com o vocabulário, como com os próprios códigos e ideologias da cultura estrangeira.

Há também palavras, como, por exemplo, nyamans, oriunda do campo religioso, as quais não sofreram adaptação ao gosto do país de chegada, conferindo novamente à tradução brasileira um distanciamento em relação às traduções domesticadoras que apagam aspectos estrangeiros da obra, ao assimilar textos literários estrangeiros a diferentes valores dominantes locais (VENUTI, 2002).

Ainda nesse campo da religiosidade africana, foram também mantidos termos da religião mulçumana como Alá Kubaru e bissimilai. Nesse caso, foi alterado apenas a ortografia da palavra Koubarou por Kubaru, de forma a reproduzir o mesmo fonema original na língua portuguesa.

Outra oração muçulmana que foi mantida no texto traduzido foi Chi Alá la ho. As palavras hadjis e el-kabir também fazem parte do campo religioso que permaneceu no texto traduzido. A primeira com a grafia tal qual o texto de origem e a segunda el-kabeir foi traduzido por el-kabir, de forma a recuperar o som da palavra no original.

Esse artifício de transcrever as palavras tal qual o texto original, com pequenas modificações na grafia, de forma a guardar o som da palavra original no texto em português, foi utilizado ao longo de todo o texto, seja nas palavras em língua francesa como em língua malinquê.

Observou-se que essas mesmas alterações ortográficas e de acentuação foram também utilizadas em relação aos nomes de lugares e aos nomes próprios. Essas modificações dizem respeito à grafia "ou" que foi substituída por "u" e também algumas palavras acentuadas que ora o acento foi substituído por outro, ora a palavra perdeu o acento no texto traduzido. Em ambos os casos, as modificações serviram, para que o mesmo som da palavra no texto de partida permanecesse no texto de chegada.

Quadro 26: Tradução dos nomes próprios

Texto de partida Texto de chegada

Fatouma Fatuma

Mamadou Mamadu

Yacouba Yacuba

Tiécoura Tiecura

Sekou Doumbouya Seku Dumbuya

Moussokorom Mussokorom

Makou Maku

Kadhafi Kadafi

Sarah Sara

Bouaké Buakê

Jean Taï Jean Taí

Saïdou Joseph Momoh Saidu Joseph Momoh

Milton Mangaï Milton Mangai

Sosso Sossô

Sekou Ouechaogo Seku Ouechaogo

Boukari Bukari

Sourougou Surugu

Sogou Sogu

Saydou Touré Saydu Turê

Mamadou Dumbia Mamadu Dumbia

Lassana Conté Lansana Conté

Fonte: edição de bolso Seuil (2000) e edição brasileira (2003).

Alguns termos que dizem respeito às diferentes etnias africanas sofreram também alterações ortográficas e/ou mudanças de acentuação, como, por exemplo: mendésmendes,

horodougou-horodugu, dioulas-diúlas, sénoufos-senufos, yacous-yacus, guérés-guerês, malinkés-malinquês e konaté-Konatê.

Acredita-se que, embora as adaptações para o texto de chegada sejam apreendidas como um mecanismo de domesticação, esses dois casos de mudança de grafia permitiram ao leitor ter acesso à pronúncia original das palavras do texto de partida. Logo, manter tais nomes no texto de chegada, sejam eles próprios e/ou topônimos, é levar em consideração o texto estrangeiro e seus elementos subjacentes, respeitando a diferença e a alteridade do texto de partida e, consequentemente, permitindo ao leitor brasileiro perceber a estrangeiridade do texto traduzido.

Como pode ser visto nas passagens abaixo, no texto de partida, boa parte dos vocabulários oriundos da cultura malinquê têm seus significados explicados entre parênteses. No texto de chegada, essa mesma estrutura foi mantida, e isso significa dizer que tanto os vocabulários como a estrutura textual do texto original foram mantidos no texto traduzido.

A escolha em manter tais palavras e adicionar parênteses explicativos sobre sua origem e/ou definição nos revela como a tradução pode ser usada em prol de uma abertura ao Outro (BERMAN, 1984), à medida que a manutenção desses termos reproduz o aspecto identitário e o sentido simbólico subjacente à escrita de Ahmadou Kourouma. Por essa razão, as escolhas tradutológicas devem ser entendidas como uma decisão linguística e também política: "A legitimação das línguas que têm raízes, sobretudo, nas línguas africanas, exerce papel primordial para a luta contra o racismo, empoderamento da comunidade negra e enriquecimento cultural da sociedade como um todo" (REIS, 2017, p. 114).

Por ter sido conservada no texto traduzido essa dimensão linguística africana, a tradução da obra de Ahmadou Kourouma nos parece estar inserida na conjuntura do discurso heterogêneo inerente à tradução minorizante (VENUTI, 2002).

Quadro 27 -Tradução dos vocabulários pertencentes à cultura malinquê

Vocabulários Texto de chegada Texto de partida

Faforo! Gnamokodé!

Walahê!

Eu não falo que nem os outros pretos negros africanos nativos engravatados: merda! Puta-que-pariu! Filho-da-puta! Eu uso as palavras da língua malinquê que nem faforo!

(Faforo! significa caralho do

meu pai ou do pai do teu pai).

Je dis pas comme les nègres noirs africains indigènes bien cravatés: merde! putain! salaud! J'emploie les mots malinkés comme faforo! (Faforo! signifie sexe de mon père ou du père ou de ton père.) Comme

Que nem gnamokodê!

(Gnamokodê! significa

filho-da-puta ou puta-que-pariu). Que nem Walahê! (Walahê! significa Em nome de Alá). (p. 10-11, Grifos nossos).

signifie bâtard ou bâtardise.) Comme Walahé! (Walahé! signifie au nom d'Allah.) (p. 8, Grifos nossos).

Gnamas

Eu não sou arrumadinho e bonitinho porque sou perseguido pelos gnamas de várias pessoas (Gnamas é um palavrão preto negro africano nativo que tem que ser explicado aos franceses brancos. Ele significa, segundo o Inventário das particularidades lexicais do francês da África negra, a sombra que sobra depois da morte de um indivíduo. A sombra que se torna uma força imanente má que segue aquele que matou uma pessoa inocente). (p. 12, Grifos nossos).

Suis pas chic et mignon parce que suis poursuivi par les

gnamas de plusieurs personnes.

(Gnama est un gros mot nègre

noir africain indigène qu’il faut expliquer aux Français blancs. Il signifie, d’après Inventaire des particularités lexicales du français en Afrique noire, l’ombre qui reste après le décès d’un individu. L’ombre qui devient une force immanente mauvaise qui suit l’auteur de celui qui a tué une personne innocente.) (p. 10, Grifos nossos).

Bilakoro

Antes de desembarcar na Libéria, eu era um menino sem eira nem beira. Eu dormia em qualquer lugar, roubava qualquer coisa em qualquer lugar para comer. Minha avó me procurava dias e dias: isso é o que a gente chama de menino de rua. Antes de ser um menino de rua, eu ia na escola. Antes disso, eu era um

bilakoro da aldeia de

Togobala. (Bilakoro significa, segundo o Inventário das particularidades lexicais, menino circuncidado.) (p. 13, Grifos nossos).

Avant de débarquer au Liberia, j’étais un enfant sans peur ni reproche. Je dormais partout, chapardais tout et partout pour manger. Grand-mère me cherchait des jours et des jours : c’est ce qu’on appelle un enfant de la rue. J’étais à l’école. Avant ça, j’étais un bilakoro au village de Togobala. (Bilakoro

signifie, d’après l’Inventaire des particularités lexicales, garçon non circoncis.) (p. 11, Grifos nossos).

Donson ba

Era um sujeito bacana, formidável. Conhecia tudo quanto é país, tudo quanto é coisa. Alá tinha dado a ele cem outras chances, qualidades e possibilidades incríveis. Era um alforriado, é assim que a gente chama um antigo escravo liberto, segundo o Larousse. Era um

donson ba, é assim que a

gente chama um chefe de caça que já matou um selvagem preto e um espítito malfeitor,

C’était un type chic, formidable. Ça connaissait trop de pays et de choses. Allah lui avait donné cent autres chances, qualités et possibilités incroyables. C’était un affranchi, c’est comme ça on appelle un ancien esclave libéré, d’après Larousse. C’était un

donson ba, c’est comme ça on

appelle un maître chasseur qui a déjà tué un fauve noir et un génie malfaisant, d’après Iventaire des particularités lexicales. (p. 14, Grifo nosso).

segundo o Inventário das particularidades lexicais. (p. 16, Grifo nosso).

Bambara

Balla era o único bambara da aldeia (bambara significa aquele que recusou), o único cafre da aldeia. Todo mundo tinha medo dele. Ele tinha o pescoço, os braços, os cabelos e os bolsos cheinhos de grigris. (p. 16, Grifos nossos).

Balla était le seul Bambara

(Bambara signifie celui qui a

refusé), le seul cafre du village. Tout le monde le craignait. Il avait le cou, les bras, les cheveux et les poches tout plein de grigris (p. 14, Grifos nossos).

Korotê e Djibo

Eles lançaram contra a perna direita de minha mamãe um feitiço ruim, um korotê

(significa, segundo o Inventário das particularidades lexicais, veneno que age a distância sobre uma pessoa visada), um djibo (significa feitiço de influência maléfica) muito forte, muito poderoso. (p. 23-24, Grifos nossos).

Ils ont lancé contre la jambe droite de ma maman un mauvais sort, un koroté (signifie, d’après l’Inventaire des particularités lexicales, poison opérant à distance sur la personne visée),

un djibo (signifie fétiche à

influence maléfique) trop fort, trop puissant. (p. 21-22,. Grifos nossos).

Tubab

No hospital tinha um doutor branco, um tubab que usava três galões nos ombros, um médico africano que não usava galão nenhum, um enfermeiro-chefe, uma parteira e muitos outros pretos que usavam todos aventais brancos. (p. 24, Grifo nosso).

Dans l’hôpital, il y avait un docteur blanc, un toubab avec trois galons sur les épaules, un médecin africain qui n’avait pas de galon, un infirmier major, une sage-femme et beaucoup d’autres noirs qui portaient tous des blouses blanches. (p. 22, Grifo nosso).

Bubus

Mas acontece que, de manhã bem cendinho, para surpresa geral, viram chegar três velhos da aldeia da mulher que fazia excisão. Eram três verdadeiros velhos feiticeiros, não muçulmanos. Os bubus deles eram nojentos, eles eram feios e sujos que nem o cu da hiena. (p. 26, Grifo nosso).

Mais voilà que, très tôt le matin, à la surprise générale, on a vu arriver trois vieux du village de l’exciseuse . C’étaient des vrais vieillards féticheurs, non musulmans. Leurs boubous

étaient dégoûtants, ils étaient vilains et sales comme l’anus de l’hyène. (p. 24, Grifo nosso).

Imame

Houve discussão e leitura do Corão. Para acabar de uma vez por todas com a longa discussão foram ver o imame. Assim, é chamado o velho de barba branca que reza diante de todo mundo na sexta-feira, nos dias de festa e até cinco vezes por dia. (p. 30, Grifo nosso).

Il y a eu palabres et lecture du Coran. Pour couper court aux longues palabres on est allés voir l’imam. C’est ainsi on appelle le vieillard à la barbe blanche qui prie devant tout le monde le vendredi, les jours de fête et même cinq fois par jour. (p. 28, Grifo nosso).

Gbaka

É para ter grandes lucros que os comerciantes e as comerciantes se juntam como

C’est pour faire gros bénéfices que les commerçants et les commerçantes ça grouille

um formigueiro em volta dos

gbakas de saída para a Libéria,

em N’Zerekorê. (Gbaka é uma palavra negra preta africana nativa que a gente encontra no Inventário das particularidades lexicais do francês da África negra. Ela significa ônibus, automóvel.) (p. 52, Grifos nossos)

autour des gbakas en partance pour le Liberia à N’Zérékoré.

(Gbaka est un mot nègrenoir

africain indigène qu’on trouve dans l’Inventaire des particularités lexicales du français en Afrique noire. Il signifie car, automobile.) (p. 50, Grifos nossos)

Maku

E quando eles mandaram ele para a floresta ele voltou de lá ainda gritando “grigriman, feiticeiro”. Maku”, ordenaram as crianças-soldados apontando a kalach para a bunda dele. (Maku

encontra-se no Inventário das particularidades lexicais do francês da África negra. Quer dizer silêncio.) (p. 58, Grifos nossos).

Et lorsqu’ils l’envoyèrent dans la fôret il en revint en criant toujours « grigriman, féticheur

». « Makou», lui

commandèrent les enfants-soldats en pointant le kalach dans son cul. (Makou se trouve dans Inventaire des particularités lexicales du français d’Afrique noire. Ça veut dire silence.) (p. 55, Grifos nossos).

Bangala e gnussu-gnussu

O passageiro totalmente nu, quando era um homem, tentava esconder com a mão desengonçada o bangala ao vento, se era uma mulher, escondia o gnussu-gnussu.

(Bangala e gnussu-gnussu são

os nomes das partes vergonhosas segundo o Inventário das particularidades lexicais na África negra.) (p. 57, Grifos nossos).

Les passager totalement nu essayait s’il était un homme de mettre la main maladroitement sur son bangala en l’air, si c’était une femme sur son

gnoussou-gnoussou. (Bangala

et gnoussou-gnoussou sont les

noms des parties honteuses d’après Inventaire des particularités lexicales en Afrique noire.) (p. 55, Grifos nossos).

Djoko

Depois, ele anunciou o que ia fazer. Walahê ! Procurar o bruxo comedor de almas. O comedor de almas que tinha comido o soldado-criança, o capitão Kid, djoko-djoko

(Djoko-djoko significa de

qualquer maneira, segundo o

Inventário das

particularidades.) (p. 65, Grifos nossos).

Après, il annonça ce que ça allait entreprendre. Walahê ! Rechercher le sorcier mangeur d’âmes. Le mangeur d’âmes qui avait bouffé le soldat-enfant, le capitaine Kid, djoko-djoko.

(Djoko-djoko signifie de toute

manière d’après Inventaire des particularités.) (p. 62, Grifos nossos).

Doni-doni

Faforo (bangala do pai)! A gente estava agora, no momento, longe de Zorzor, longe da fortaleza do coronel Papai bonzinho. O sol tinha trepado no céu que nem um gafanhoto e continuava a subir

doni-doni. (Doni-doni

significa pouco a pouco segundo o Inventário das

Faforo (bangala du père) ! Nous étions maintenant, nous étions à présent loin de Zorzor, loin de la forteresse du colonel Papa le bon. Le soleil avait bondi comme une sauterelle et commençait à monter

doni-doni. (Doni-doni signifie petit à

petit d’après l’Inventaire des particularités lexicales du

particularidades lexicais do francês na África negra.) (p. 84, Grifos nossos).

français en Afrique noire.) (p. 81-82, Grifos nossos).

Dare-dare

Nós acabamos levando a melhor. Aí então a gente saqueou tudo, quebrou e botou fogo em tudo. E logo depois pusemos o pé na estrada.

Dare-dare, rápido rápido. (p.

85, Grifo nosso).

Nous avons fini par triompher. Alors là nous avons tout pillé, tout casse et incendié. Et avons pris aussitôt après pied la route.

Dare-dare, vite, vite. (p. 83,

Grifo nosso).

Gnona-gnona

Depois da besteira do assassinato das duas crianças inocentes, a gente não podia mais ficar na aldeia. A gente tinha que ir embora depressa, ir embora gnona-gnona. (O que significa, segundo o Inventário, dare-dare, depressa-depressa.) (p. 96-97, Grifo nosso).

Après la bêtise du meurtre de deux enfants innocents, nous ne pouvions plus rester dans le village. Il nous fallait partir vite, partir gnona-gnona. (Ce qui signifie, d’après Inventaire, dare-dare.) (p. 93-94, Grifo nosso).

Uya-uya

Depois de terminada a reunião eles o despacharam de volta por avião para Monróvia, sua capital. Que nem um uya-uya.

(Uya-uya significa um

pé-rapado, um brigão, segundo o Inventário das particularidades do francês da África negra.) (p. 101, Grifos nossos).

C’est après le sommet qu’ils l’expédièrent par son avion à Monrovia, dans sa capitale. Comme un ouya-ouya. ( Ouya-ouya signifie un va-nu-pieds, un teigneux, d’après Inventaire des particularités du français en Afrique noire.) (p. 99, Grifos nossos).

Nababo

Era preciso ver uma filha-da-mãe como Onika bancar a libertadora. Valia a pena ver! Ela estava sentada no centro, dos lados estavam seu filho e suas noras, e a mulher reinava que nem um nababo, que nem um patrão (p. 126, Grifo nosso).

Il fallait voir une salope comme Onika jouer à la libératrice. Ça valait le détour ! Elle s’était assise au centre, de chaque côté son fils et ses belles-filles, et ça trônait comme un nabab, un patron (p. 123, Grifo nosso).

Djogo-djogo

O cara se pôs a procurar outros meios para obter a proteção da plantação contra os bandidinhos de quinta categoria por meio de um acordo secreto. Esse acordo secreto, era preciso fazê-lo

djogo-djogo (djogo-djogo

significa custe o que custar). (p. 160, Grifos nossos).

Ça se mit à rechercher d’autres moyens pour obtenir la protection de la plantation contre les fretinsde bandits par un accord secret. Cet accord secret, il le fallait djogo-djogo

(djogo-djogo signifie coûte que

coûte). (p. 156, Grifos nossos).

Liriki

Quando o ditador detentor do poder tornava-se podre demais, rico demais, um militar o substituía, por meio de um golpe de Estado. Se ele não era assassinado, o substituído dava no pé que

Quand le dictateur détenteur du pouvoir devenait trop pourri, trop riche, um militaire par un coup d’État le remplaçait. S’il n’était pas assassiné, le remplacé sans demander son reste s’enfuyait comme un

nem um ladrão que foge com a bufunfa. Aquele que o substituía, por sua vez, tornava-se podre demais, rico demais, então outro, através de outro golpe de Estado, o substituía e, se ele não fosse assassinado, fugia com o liriki

(liriki significa grana). (p.

168, Grifos nossos).

voleur avec le pognon. Ce remplaçant devenait à son tour très pourri, trop riche, un autre par un coup d’État le remplaçait et, s’il n’était pas assassiné, il s’enfuyait avec le liriki (liriki

signifie fric). (p. 164, Grifos nossos).

Nyamans

Foi por isso que irmã Aminata teve funerais de mestre caçador, de grande mestre caçador. A partir do momento em que ela era considerada mestre caçador, ela supostamente devia possuir muitos nyamans. (Nyamans

significa almas vingativas dos homens e dos animais que alguém matou.) (p. 193, Grifos nossos).

C’est pourquoi œil Aminata a eu les funérailles de maître chasseur, de grand maître chasseur. Dès le moment où elle était considérée comme maître chasseur, elle était censée posséder beaucoup de nyamans.

(Nyamans signifie les âmes

vengeresses des hommes et des animaux qu’on a tués (p. 189, Grifos nossos).

Alá Kubaru e bissimilai

Houve discussão e leitura do Corão. Para acabar de uma vez por todas com a longa discussão foram ver o imame. Assim é chamado o velho de barba branca que reza diante de todo mundo na sexta-feira, nos dias de festa e até cinco vezes por dia. O imame pediu a Balla que dissesse várias vezes Alá Kubaru e

bissimilai”, e todo mundo

concordou com a aliança selada com noz-de-cola com Balla (p. 30, Grifo nosso).

Il y a eu palabres et lecture du Coran. Pour couper court aux langues palabres on est allés voir l’imam. C’est ainsi on appelle le vieillard à la barbe blanche qui prie devant tout le monde le vendredi, les jours de fête et même cinq fois par jour. L’imam a demandé à Balla de dire plusieurs fois « Allah

Koubarou et bissimilaï ». Et

Balla a dit une seule fois

« Allah Koubarou et