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Trecho I Avaliador 18 Avaliador 21 Avaliador 24 Manutenção de

3.12 Participante L: Lindembergue – Grupo Controle/Piano

com frequência. Aprendeu a ler música com oito anos de idade com uma professora de música particular, que lhe lecionou piano até seus dez anos. Com ela aprendeu a ler música, mas não recorda como se desenvolveram estas aulas: “foi uma coisa que quando eu vi, eu estava sabendo”, informou. Interrompeu seus estudos de música com dez anos e retomou-os aos treze, tendo aulas de teclado. Nestas aulas intercalava “tocar de ouvido” e ler partitura, mas mantinha o interesse na leitura musical, desenvolvendo-se de forma autodidata: “eu fui buscando, assim, lendo por conta”.

Considera que nas suas práticas musicais não seja requisitada a habilidade de ler à primeira vista, nem na construção de repertório solo tampouco em práticas de música de câmara:

Bom, hoje eu não me utilizo da leitura à primeira vista até porque eu tenho consciência que eu não sei fazer isso. Então, tendo essa consciência que eu tenho minha leitura, assim, como uma coisa, assim, vergonhosa, então eu pego as partituras e não me coloco numa situação em que eu vou estar com uma partitura que eu nunca vi […]. Não tenho uma ocasião que eu precise disso (Entrevista com Participante Lindembergue).

Seus momentos de estudo em LMPV foram principalmente às vésperas da preparação para a prova específica do vestibular de ingresso para o curso de graduação. Lindembergue disse que naquele período se dedicou a compreender como se dá o processo de aquisição de uma LMPV satisfatória. Relatou ter sido um

período angustiante e de reflexão referente à prática, sentindo-se frustrado com suas dificuldades na execução da tarefa. Seu pensamento na época, conforme em entrevista era: “Nossa, eu não sei ler, que coisa ridícula!”. Neste período estabeleceu hábito de pegar peças bem simples para praticar a leitura, desenvolvendo uma rotina prática para melhorar a habilidade. Esta temática de estudo lhe chama a atenção. Considera sua LMPV ruim, todavia, demonstrou ter muito interesse em ler bem à primeira.

Referente à avaliação de sua interpretação nos trechos da pesquisa, não considerou satisfatórias as suas execuções: “[...] a interpretação foi quase zero. Eu fui procurando as notas […] e não consegui interpretar quase nada”. As cadências suspensivas geraram estranhamento a Lindembergue, que esperava encontrar cadências conclusivas no trecho. Seu desempenho, conforme sua autoavaliação foi crescente, ou seja, melhorou a interpretação de trecho a trecho, atribuindo às notas um, dois e três para os Trechos I, II e III, respectivamente.

Suas observações ao longo do período de leitura visual foram principalmente no ritmo, tentando interiorizar alguns pontos de figuração rítmica que lhe chamaram a atenção. Achou dificultoso o andamento ser tão rápido (semínima igual a 120), portanto, decidiu tocar mais devagar. Realizou o Trecho I mais movido, porém nos demais escolheu interpretá-los cada vez mais lentos, visto que em sua opinião ao longo da sessão de pesquisa estava deixando de tocar muitas notas e realizando notas erradas porque estava tocando em um andamento mais rápido do que seria exequível em circunstância de LMPV. Escolheu, portanto, tocar os dois trechos subsequentes em andamentos mais lentos concluindo que desta forma conseguiria executar mais notas, sem omitir notas da partitura.

Na leitura visual dos dois últimos trechos conseguiu observar questões de dedilhado também. Lindembergue considera como o ponto mais dificultoso da tarefa de ler à primeira vista conciliar diferentes materiais, como as duas mãos ou variadas vozes do discurso musical. Acredita que seria mais expressivo se pudesse tocar somente a mão direita ou a mão esquerda separadamente. Para Lindembergue, é difícil também executar os fraseados musicais conciliando as duas mãos em uma prática à primeira vista.

3.12.1 As interpretações de Lindembergue

A média de andamento na interpretação de Lindembergue no Trecho I foi de semínima igual a 92. Referente à melodia, no c.5, o participante repetiu as duas primeiras notas do compasso (lá e sol) e seguiu adiante. Antes de tocar a primeira nota do c.6, titubeou um pouco no ritmo, realizando uma pequena pausa antes da execução da nota. Apesar de erros nas outras vozes, toca corretamente todas as alturas da melodia, provavelmente no intuito de manter o fluxo rítmico-melódico da música, apesar dos equívocos e ausências nas outras vozes. No início do c.11, esbarrou rapidamente na nota réb antes de tocar dó, equívoco quase imperceptível no áudio da interpretação. Atrasou um pouco a rítmica na nota sol do terceiro tempo do c.11. Ademais, executou corretamente as demais alturas.

Não cometeu erros nas vozes internas na primeira seção do trecho, todavia, realizou a repetição supracitada no c.5. No c.10, executou as notas corretamente, mas adicionou mi natural, nota não solicitada na partitura. Tocou corretamente as demais alturas das vozes internas.

Errou ou omitiu todas as notas dos compassos 3 e 4, realizando nas notas da mão esquerda do c.3 a repetição do que foi tocado no c.2. No c.4 não executa nenhuma nota na voz do baixo. Após a repetição ocorrida no c.5 (citada anteriormente), seguiu este compasso sem cometer erros. Dos compassos 9 ao 11, não tocou nenhuma nota no baixo. Ademais, omitiu as colcheias láb e sib do c.13 e a semínima mib do c.14. Tocou um ré no segundo tempo do c.14, nota não assinalada na partitura, e encerrou os compassos 15 e 16 com notas corretas.

Lindembergue interpretou o Trecho II com andamento em média de semínima igual a 75. Houve menos oscilação de andamento neste trecho, se comparado com o anterior. No final do trecho realizou um rallentando acentuado.

Na primeira seção da peça o participante não apresentou erros de leitura na melodia. Todavia, na segunda seção, interrompeu o fluxo musical cometendo um erro no c.10, tocando lá no lugar da colcheia sol do terceiro tempo. Tentando corrigir o erro tocou sib e láb duas vezes. Em seguida, consegue realizar corretamente as notas da partitura, mas comete um equívoco no baixo no primeiro tempo do c.16.

Este erro faz com que repita a nota sol da melodia e interrompa brevemente o discurso musical. No c.14, esbarrou quase que imperceptivelmente na nota láb.

Conclui o trecho sem cometer outros erros.

O único erro evidenciado nas vozes internas foi no c.11, momento de interrupção do discurso musical, onde Lindembergue esbarrou na nota ré, entretanto corrigindo rapidamente o equívoco.

Não cometeu erros na voz do baixo na primeira seção da peça. Na segunda seção interrompeu a execução das notas no baixo no c.11, em função dos erros anteriormente citados na melodia. Retomou a voz do baixo no terceiro tempo do c.11 e errou a primeira nota do c.12, executando sib no lugar de mib. Em função deste erro interrompeu o discurso musical nas demais vozes e tentou buscar a nota correta, tocando no contorno de mib (executou rapidamente as notas mib, réb e ré natural), até alcançar a nota correta, mib. No c.13, omitiu as notas sib, láb e ré, mantendo a primeira nota (láb) ao longo de todo o compasso.

O Trecho III foi o com menos oscilações de andamento, tendo Lindembergue interpretado com a média de semínima igual a 77. Referente à melodia, no c.4 o participante tocou a nota mib na melodia, ao invés de dó. Há um pequeno atraso no início do c.6, tendo segurado a nota lá ao longo de dois tempos de semínima e tocando as duas notas restantes na figuração de colcheias, ao invés de semínimas.

No c.13, Lindembergue executou corretamente as notas do primeiro tempo do compasso, contudo atrapalhou-se na execução e repete as mesmas notas duas vezes. Seguiu até o final do trecho sem cometer erros.

No c.4, ao invés de executar fá e láb, o partícipe tocou lá e dó. Ademais, não houve erros nas vozes internas. No baixo, compassos 5 e 6, Lindembergue não executou as vozes do baixo especificadas na partitura, tocando sib e lá natural no c.5, ao invés de mib e sol, e nenhuma nota no c.6. No c.13, como citado na melodia anteriormente, ocorreu uma interrupção no fluxo musical, todavia, o participante executou a nota do baixo corretamente. As demais notas foram corretamente interpretadas.

3.12.2 Avaliações de juízes externos para as interpretações de Lindembergue.

Lindembergue foi avaliado pelos Avaliadores 15, 18 e 23. Na página 118 é possível conferir os quadros com as notas atribuídas às execuções do participante nas peças da pesquisa.

Quadro 49. Notas atribuídas pelos juízes externos ao participante Lindembergue referente ao Trecho I

Trecho I Avaliador 15 Avaliador 19 Avaliador 24