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Trecho I Avaliador 15 Avaliador 19 Avaliador 24 Manutenção de

3.13 Participante M: Mariza – Grupo Experimental/Piano

Pianista, doutoranda Práticas Interpretativas, aluna do terceiro semestre, Mariza toca seu instrumento há 16 anos, sendo 15 deles tendo estudado com professor. Considera sua LMPV regular e não tem frequência na utilização desta habilidade. Nunca praticou LMPV com professor e de vez em quando seleciona algumas sonatas para ler como forma de estudo.

Considerou a sua interpretação mediana, argumentando que não contemplou muitos aspectos no momento da leitura visual, incluindo repetições de padrões, gestos musicais e ritmo. Numa escala de 1 a 5, atribuiu os conceitos 2 para o Trecho I, 4 para o Trecho II e 3 para o último.

Quanto à leitura visual no primeiro trecho (aquele onde não ocorreu interferência no momento da leitura prévia), a participante atentou à harmonia, principalmente nos acordes: “Eu fixei nos blocos de acorde e não prestei atenção no que as linhas estavam fazendo, né? Eu acho que isso me deixou um pouco desconfortável” (Entrevista com Participante Mariza). Ademais, observou a posição de mão e planejou as possíveis mudanças e movimentos que teria que realizar com a mão para executar o excerto, dando um enfoque na mecânica, no formato da posição dos dedos.

Segundo Mariza, no Trecho II conseguiu ter mais consciência da estrutura da obra, embora não tenha considerado plenamente satisfatória a sua interpretação:

Com a tua interferência e prestando atenção, ali, em camadas, né, na questão estrutural, que para mim é muito importante, na repetição das figuras e tudo, eu já colocaria um 4 [na minha avaliação]. Eu gostei de, mesmo tendo errado [ algumas notas, ter] consciência do que era o que, sabe, de para onde que estava indo, qual que era a correspondência de um com o outro, o fraseado (Entrevista com Participante Mariza).

Referente ao terceiro Trecho, Mariza considera que novamente deixou escapar observações importantes, incluindo figurações rítmicas e posições de acordes, como comentou na entrevista: “[...] depois que eu toquei eu pensei, poxa, era tão simples eu ter olhado e ter pensado de forma mais separada, tal como você me orientou ali, né, na parte que você interferiu [no Trecho II]”.

Para a participante os GPADEs auxiliaram na interpretação do segundo trecho, colaborando para que observasse o trecho de uma maneira diferente, auxiliando-a na visualização de blocos estruturais da música. Acrescentou também, referente aos GPADEs: “A gente fixa nessas particularidades, assim, de vozes

internas, no baixo. Eu acho que dá uma outra espécie de segurança, sabe? Parece que a música começa a ficar mais fácil de entrar na mão, assim, sabe? De absorver”

(Entrevista com Participante Mariza).

Quando consultada se havia utilizando algum aspecto dos GPADEs no momento da leitura visual do terceiro trecho, Mariza respondeu que levou alguma coisa no momento de leitura prévia à interpretação:

[…] principalmente na questão da rítmica, né, e na questão das vozes internas. Também teve um momento da leitura que eu passei o olho rapidamente pela melodia e sem considerar os blocos de acordes, considerando como linhas mesmo. Então, isso me deu uma abordagem diferente. Me deu um pouco mais de segurança em relação ao que eu estava executando, a prática mesmo (Entrevista com Participante Mariza).

De modo geral, as maiores dificuldade de Mariza na prática de LMPV, segundo seu relato, são a rítmica e a adaptabilidade rápida para a digitação, a construção de dedilhados:

[…] daí surge uma situação que eu tenho que fazer uma adaptação rápida de mão com dedilhado que daí eu me atrapalho e acabo perdendo as notas acidentadas, perco o ritmo, né? Desestrutura uma série de coisas […[. A questão rítmica é associada com essa questão de adaptação de dedilhado (Entrevista com Participante Mariza).

Mariza relatou que nunca teceu um estudo sistemático de LMPV ao longo de sua formação musical. Embora seus professores de instrumento incentivassem a prática, nunca ocorreu um estudo sistemático ou uma orientação direcionada por parte de seus docentes para a construção de um estudo deliberado ou sistematizado:

Nenhum professor sentava perto de mim e falava: “olha, vamos ler de fato, à primeira vista como eu faço, ou como seria bom que os alunos fizessem”.

Falavam apenas: “ah, tem que ler [à primeira vista]”. Então eu ia e começava a ler em casa […] e fazia uma leitura meio arbitrária […]. Ia lá na biblioteca da faculdade, pegava um livro qualquer de peças, assim, avulsas para piano, e colocava [na estante do piano] e começava a ler. E lia. Terminava e não tinha uma sensação de que eu aproveitei alguma coisa. Era uma leitura sem foco (Entrevista com Participante Mariza).

Atualmente, a participante, antes de tocar uma peça à primeira vista, observa aspectos que acredita ser necessário focar mais, que variam de obra para obra.

Considera que evoluiu em sua LMPV ao longo dos anos: “está melhor do que era antes. Pelo menos agora quando eu vou tocar uma peça à primeira vista eu mais ou menos mapeio o que vai ser minha dificuldade. Isso antes eu não fazia. Eu não via os pontos de complicação” (Entrevista com Participante Mariza). No presente, a participante costuma observar a estrutura geral da peça antes de começar a tocar,

mas ainda tem dificuldades de atentar a padrões e à estrutura das peças, assim como às vozes internas:

Eu vejo que tipo de movimento constantemente [o compositor] está fazendo:

“Ah, é um Baixo de Alberti, ok”. Então, eu geralmente já programo os movimentos que eu vou fazer com a minha mão. O que eu sinto em relação a hoje e àquele meu início é que eu tenho menos sofrimento de leitura. Mas eu ainda tenho dificuldades de fazer, por exemplo, como foi lá naquele elemento de interferência que você colocou, né, de perceber as camadas e tudo (Entrevista com Participante Mariza).

Comenta também que em sua leitura à primeira vista observa o todo, “um pacote só”, e tende a não separar as partes e vozes das músicas, observando principalmente as movimentações do baixo e da melodia e negligenciando as vozes internas:

Quando a coisa é muito complicada, por exemplo, tem vozes extremas e no meio está fazendo alguma coisa, eu vou naquela leitura meio improvisatória.

Eu vejo mais ou menos as figuras para ter um feedback mais rápido do que eu estou lendo e do que eu estou fazendo (Entrevista com Participante Mariza).

A participante relatou ter muito interesse no aperfeiçoamento de sua habilidade de LMPV. Gostaria de trabalhar sistematicamente com alguma metodologia que a auxiliasse na aquisição de uma habilidade mais treinada, uma LMPV mais bem apurada.

3.13.1 As interpretações de Mariza

O andamento de Mariza na interpretação do Trecho I foi em média de semínima igual a 90. Realizou um pequeno acelerando na segunda seção da música, especialmente no c.11, e ao final do trecho um pequeno rallentando.

Referente à melodia, esbarrou brevemente na nota si natural ao tocar dó no terceiro tempo do c.3. Ademais, no c.5, em função de um erro cometido no baixo, repetiu a nota láb e realizou uma mínima no tempo três do compasso (tornando-o quaternário). No terceiro tempo do c.10, Mariza tocou a nota lá natural, ao invés de sol. No c.12, também no terceiro tempo, executou a altura correta, entretanto, com figuração rítmica diversa à escrita na partitura, tocando o sol como semínima, ao invés de colcheia. Atrapalhou-se também no c.14, esbarrando na nota lá natural antes de executar o sol. O restante das notas foi corretamente executado.

Todas as vozes internas foram corretamente realizadas. Confundiu as notas do baixo no terceiro tempo do c.4 e primeiro do c.5, executando láb e sol no lugar de sol e láb (inversão). Como citado referente à melodia, repetiu a nota láb do soprano, desta vez simultaneamente com a nota correta no baixo, láb. No terceiro tempo deste compasso (c.5), esbarrou na nota réb antes de tocar o ré natural, realizando as duas colcheias com a figuração de duas semínimas, tornando o compasso quaternário (como já citado referente à melodia). As demais notas foram corretamente executadas.

No Trecho II a média de andamento foi de semínima igual a 95. De modo geral, houve pouca variação de andamento e, assim como no primeiro trecho, a participante realizou um pequeno rallentando ao término da peça.

Observou-se uma pequena interrupção entre os compassos 10 e 11, sendo que Mariza interrompeu o fluxo musical em um tempo de colcheia, aproximadamente. No c.13, a participante transformou o compasso ternário em quaternário, tocando corretamente as alturas, mas ritmicamente realizando quatro semínimas, ao invés de duas colcheias e duas semínimas. As demais notas foram realizadas corretamente.

Somente no c.13 há um equívoco nas vozes internas, tendo a participante tocado mib e sol ao invés de mib e láb, ou seja, equivocou-se na voz de contralto.

Há também apenas um erro na voz do baixo. No c.13, momento onde Mariza se confundiu nas vozes internas e realizou um compasso quaternário (ao invés de ternário), há uma nota intrusa. Após o sib (segundo tempo) tocou rapidamente a nota si natural.

A média de andamento do Trecho III foi de semínima igual a 101. Mariza começou o trecho e logo interrompeu a interpretação. Executou apenas a anacruse da peça e o acorde do primeiro tempo do c.1. Retomou o trecho e seguiu-o mantendo constância de andamento. Foi perceptível através da análise MIDI um pequeno rallentando no c.9.

Após o recomeço da interpretação, Mariza cometeu apenas um erro na melodia, executando fá ao invés de sol no c.3. Depois de corrigir o equívoco retomou a execução até o final do trecho sem efetuar outros equívocos.

No segundo compasso, ao invés de tocar sol e dó nas vozes internas, executou mib e dó, entretanto este equívoco não comprometeu o sentido harmônico da passagem.

Esta mesma incorreção foi verificada no c.9. Outrossim, não cometeu outros erros nas vozes internas, nem na voz do baixo.

3.13.2 Avaliações de juízes externos para as interpretações de Mariza.

Avaliaram as interpretações de Mariza os Avaliadores 14, 19 e 24 e podem ser observadas nos Quadros 53, 54 e 55, abaixo.

Quadro 53.Notas atribuídas pelos juízes externos à participante Mariza referente ao Trecho I

Trecho I Avaliador 14 Avaliador 19 Avaliador 24