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Trecho I Avaliador 13 Avaliador 20 Avaliador 22 Manutenção de

3.19 Participante S: Sofia – Grupo Controle/órgão

Sofia iniciou seus estudos musicais há 23 anos, sendo treze destes anos estudando com professor. Seu instrumento principal, o órgão, estuda há dezenove anos. Cursando o primeiro semestre do curso de doutorado em órgão, considera sua LMPV regular. Não costuma ler à primeira vista com frequência e trabalhou LMPV circunstância de performance. Segundo informou, os primeiros momentos geralmente são mais tensos, tendendo a diminuir a tensão depois de um período inicial ou, como comentou, passada a fase de “quebrar o gelo”. Por outro lado, quando realiza uma LMPV em circunstâncias em que está sendo observada, tende a ter mais cuidado na execução musical: “Eu perco por um lado, porque eu fico mais nervosa, mas ganho na minha atenção. Eu procuro ter um pouco mais de foco” homofônica, eu toco bastante em igreja e pra mim geralmente eu leio mais fácil. Melodia acompanhada também. Eu tenho uma boa visão de pegar as formas de mão, de acordes. As vezes eu procuro ver a partitura como um gráfico (…), o desenho mesmo, né, o layout. Já pego os acordes e isso me ajuda um pouco também. Mas isso funciona, é claro, em coisas mais corais, homofônicas. Quando vai pro contrapontístico não (Entrevista com Participante Sofia).

Sofia tem prática em tocar música litúrgica e ao longo de sua trajetória acompanhou muitos alunos de canto, principalmente quando estudava piano em conservatório, onde realizou trabalho de correpetição ao longo de dois anos, antes de ingressar no curso superior de música. Essa prática de correpetição, segundo a participante, beneficiou-a no seu desenvolvimento em LMPV. Entretanto, no momento atual, considera que sua LMPV está sendo prejudicada em função de uma

abordagem distinta em seus estudos, visto que sua leitura está direcionada essencialmente à construção de repertório de concerto para performance:

Atualmente minha leitura à primeira vista está um pouco prejudicada porque eu vim construindo muito nos últimos seis ou sete anos uma leitura de performance, que em certo ponto eu vejo que é um pouco o oposto, aquela coisa meticulosa. Agora eu estou tocando coisas mais exigentes. Tem dias que eu pego e foco num compasso e resolvo todos os problemas daquele compasso. Então, eu acredito que isso não seja um bom exercício, que vá na contramão da leitura à primeira vista (Entrevista com Participante Sofia).

A entrevistada acredita que a LMPV é como uma língua e quando o músico se distancia da prática de ler à primeira vista, assim como de um outro idioma, perde a constância no desenvolvimento da habilidade.

Autoavaliou a sua prática com nota 7 (de 0 a 10), julgando todos os trechos similares na sua interpretação, embora tenha informado na entrevista que ia se sentindo mais confortável para tocar a cada novo trecho. Sofia considerou semelhantes também os níveis de dificuldade e conteúdos musicais dos trechos, embora com conduções de vozes diferentes.

Referente ao primeiro trecho, Sofia relatou que no momento da leitura visual observou primeiramente a textura, constatando tratar-se de uma melodia acompanhada. Posteriormente solfejou as notas e tentou compreender o pulso da música. Esqueceu-se, todavia, de observar que o pedal de expressão do órgão primeiros compassos, desnecessárias, porque eu estava tentando descobrir o que tinha feito de errado. Mas acho que teve duas notas erradas, se não me engano (Entrevista com Participante Sofia).

Informou na entrevista que não atentou à indicação de andamento do início do Trecho I, reparando neste aspecto apenas no segundo trecho. Todavia, acredita ter mantido o mesmo andamento em todos os trechos.

Outro aspecto citado por Sofia como fator de distração ao longo da interpretação dos trechos foi que havia um vazamento de som na sala durante o momento de realização do teste, sendo que um pianista em uma sala próxima estava estudando uma peça que a participante já havia tocado anteriormente, atrapalhando a sua atenção ao longo das leituras visuais e execução dos trechos.

De modo geral, nas práticas de LMPV, Sofia relatou que observa primordialmente a armadura de clave, visto que é algo que a participante não lembrou de observar em muitas práticas anteriores ao longo de sua trajetória musical. Destarte, em uma primeira análise de partitura, observa com atenção a armadura e os acidentes ocorrentes. Posteriormente, atenta ao tom e aos caminhos harmônicos da obra, assim como a possíveis modulações para outros tons. Outro aspecto que observa é o tipo de escrita, se é homofônica ou contrapontística, e realiza uma breve análise estrutural, atendo-se aos pontos de apoio do material a ser tocado (finais de frase e de seções). Por fim, analisa a melodia e o baixo da peça.

3.19.1 As interpretações de Sofia

A média de andamento de Sofia no Trecho I foi de semínima igual a 67.

Concernente à melodia, a participante demorou-se para atacar a primeira nota do c.5. A última colcheia do c.12 foi tocada com a figuração de semínima pontuada, tornando o compasso quaternário, ao invés de ternário. Na primeira nota do c.14, Sofia esbarrou em solb muito rapidamente, retornando à nota correta em seguida.

Referente às vozes internas, manteve ligadas as notas dos compassos 2 e 3, assim como o mib da voz do tenor entre os compassos 5 e 6 e dos compassos 11 a 14. Da mesma forma manteve ligadas as notas nos compassos 15 e 16. Não foram evidenciados equívocos no pedal.

No Trecho II a média de andamento constatada foi de semínima igual a 75.

No c.4 mudou a figuração das notas da melodia, tocando mínima e semínima, ao invés de semínima e mínima. No c.15, tocou láb no lugar do sol do primeiro tempo e no segundo tempo do mesmo compasso executou sib e seguiu com as notas corretas até o final do trecho. A figuração do c.15 sofreu uma pequena alteração. Ao invés da figuração semínima pontuada, colcheia e semínima, Sofia executou semínima com duplo ponto, semicolcheia e semínima.

Nas vozes internas, a participante manteve ligado o mib do tenor entre os compassos 2 e 3. No c.5, ao invés de tocar sol e sib, executou mib e sol, mantendo o mib ligado na voz do tenor até o término do c.7. O mib novamente apareceu ligado na voz do tenor do c.11 até o final do penúltimo compasso do trecho. Do mesmo

modo, o sol foi executado ligado nos compassos 14 e 15. Todas as notas do pedal foram corretamente realizadas.

Evidenciou-se que a média de andamento no Trecho III foi de semínima igual a 83. Observou-se uma demora no ataque da primeira nota do c.15, não obstante, as demais notas da melodia foram corretamente executadas.

Nas vozes internas, Sofia manteve as notas ligadas das vozes de contralto e tenor entre os compassos 5 e 6. No c.7, ao invés de tocar mib, ré e mib, realizou um movimento escalar descendente, executando sol, fá e mib. A participante manteve também o mib do tenor ligado dos compassos 11 até o final do penúltimo compasso da peça (c.15). Todas as notas do pedal foram corretamente realizadas.

3.19.2 Avaliações de juízes externos para as interpretações de Sofia

Sofia teve suas interpretações analisadas pelos Avaliadores 06, 11 e 19. As notas atribuídas às suas execuções podem ser observadas nos Quadros 77, 78 e 79 (abaixo e página 154).

Quadro 77. Notas atribuídas pelos juízes externos à participante Sofia referente ao Trecho I

Trecho I Avaliador 06 Avaliador 11 Avaliador 19