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Perseguindo as marcas sígnicas e polêmicas da declaração à imprensa realizada por

Passemos a observar, pelas marcas enunciativas, os signos ideológicos e a polêmica entre o enunciador e os grupos contrários à continuação de Temer no poder, na construção do enunciado político. Selecionamos os trechos que constituem seu início e fim, bem como aqueles em que uma ou mais palavras apontam para a formação de uma FP e um projeto discursivo específico.

A delimitação do primeiro trecho por “T13” se dá justamente pelo fato de que a FP construída nesse discurso é uma continuação da FP constituída no primeiro enunciado analisado. Passamos a examinar como se inicia o segundo enunciado do corpus:

T13: Olha, ao cumprimentá-los, eu quero fazer uma declaração à imprensa brasileira e uma declaração ao País. E, desde logo, ressalto que só falo agora - os fatos (que) se deram ontem - porque eu tentei conhecer, primeiramente, o conteúdo de gravações

66 “Não renunciarei, diz Temer em pronunciamento”. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-39956084>. Acesso em 03 de março de 2018.

“Não renunciarei, diz Temer em pronunciamento após denúncias da JBS”. Disponível em:

<https://oglobo.globo.com/brasil/nao-renunciarei-diz-temer-em-pronunciamento-apos-denuncias-da-jbs-21358738> Acesso em 03 de abril de 2019.

“Temer diz que não renuncia e que não comprou silencio de ninguém”. Disponível em < https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,temer-diz-que-nao-renuncia-que-nao-precisa-de-foro-e-que-nao-comprou-silencio-de-ninguem,70001793284>. Acesso em 3 de abril de 2019.

“Como fica a economia após o não renunciarei de Temer”. Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/05/18/Como-fica-a-economia-após-o-‘eu-não-renunciarei’-de-Temer>. Acesso em 03 de março de 2019.

“Temer diz que não renunciará e que nada esconde após denúncias da JBS”. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/05/1885193-temer-diz-que-nao-renunciara-e-que-nao-tem-nada-a-esconder.shtml>. Acesso em 3 de abril de 2019.

que me citam. Solicitei, aliás, oficialmente, ao Supremo Tribunal Federal, acesso a esses documentos. Mas até o presente momento não o consegui.

Observamos que o enunciador se marca diversas vezes no enunciado, em primeira pessoa. A primeira ocorrência do pronome “eu”, seguido do verbo “quero”, diz respeito ao enunciador e é preenchido pela FP que representa, enquanto chefe de Estado. O enunciador também mostra atitudes decorrentes de um tempo passado, em “tentei”, “solicitei’ e “consegui”, referentes à tentativa do político de tomar conhecimento das “acusações”. Nesse discurso, percebemos que, no plano enunciativo, a elocução do pronome eu, em lugar de seu aparecimento oculto, seguido pelos verbos em primeira pessoa, possui valor importante para detectarmos os momentos em que o enunciador se marca.

Neste trecho, o “eu” que antecede a construção “tentei conhecer” atua, justamente, na construção de um argumento de defesa da representação sócio-política de Temer. Este havia sido julgado, no contexto histórico da época, pela opinião pública, a imprensa e setores políticos de oposição como infrator das leis constitucionais, ao ter aparecido na delação premiada de Joesley.

O enunciado é construído predominantemente em primeira pessoa, indicando que, por mais que haja uma associação ao fato de que quem estava sendo atacado era o governo e não a figura de Temer, é esta que assume voz através do enunciador político inscrito na atividade discursiva. Observamos que, ao mencionar verbos em primeira pessoa, o enunciador desloca a voz enunciativa “eu” para outra instância, “governo”, colocando ambos no centro da produção enunciativa.

O trecho configura o início do enunciado, iniciado pelo vocativo “olha”, similar ao “olhe” presente no discurso de posse. Utilizar esse tipo de chamamento, como observamos na análise do discurso anterior, atua como termo que atrai a atenção do interlocutor. Esse início do discurso também garante ao enunciado o caráter de informal, que não necessita de marcações explícitas dos interlocutores. Há a expressão de um desejo sobre os interlocutores (eu quero dizer), e uma marcação temporal referente à situação imediata (ressalto que só falo agora - os fatos se deram ontem), mostrando que o discurso versa sobre algo que ocorrera no contexto externo da produção do enunciado, localizando o tempo passado.

Sabemos que tais “fatos”, que depois aparecem expostos na grande mídia, referidos no dizer do parlamentar como “gravações”, referem-se às delações de Joesley Batista, empreiteiro da empresa JBS, que afirma o pagamento de verbas ilegais para outros parlamentares que apoiaram a deposição do governo de Dilma, a presidente eleita pela chapa juntamente com

Temer. Houve a suspeita de que Temer havia comprado o silêncio dos parlamentares sobre seu envolvimento nas articulações políticas daquele momento. Há um posicionamento do enunciador marcado por uma responsividade ativa aos setores que o denunciaram, às instâncias de poder, e uma referência ao “país”, que pode ser interpretado como o público amplo do discurso, bem como a representação de um todo coletivo dado, que alude à ideia de nação.

Primeiramente, ao entendermos como o sentido é tramado no enunciado, em comparação com os demais trechos analisados no discurso anterior, vemos que no início dessa declaração, que difere formalmente do discurso de posse como interino, devido às coerções sociais e à linguagem dos enunciados em diferentes momentos da história, há um direcionamento específico a um público: a imprensa. Há, no enunciado, um estilo próprio da atividade enunciativa, a declaração, e do enunciador que se expressa politicamente frente aos setores midiáticos. Enquanto no primeiro discurso houve comprimentos aos parlamentares que estavam presentes no local, mecanismo que faz parte não somente da retórica política, mas também do gênero discurso de posse presente em um contexto cerimonial, nesse discurso, para indicar uma entrada da fala do parlamentar frente aos interlocutores, há a sinalização de uma saudação curta, “cumprimentá-los”, o que se enquadra na forma composicional da declaração de um político frente à imprensa e ao público em geral.

Como no interior da prática de análise dialógica do discurso não cabe o pensamento de que o discurso é autônomo ou surge segundo suas próprias leis discursivas, entendemos que, nesse fragmento, conseguimos alcançar a forma composicional do gênero do discurso em foco, como discurso político textualmente apresentado como declaração. O enunciado se coloca no interior das coerções enunciativas, que reporta à esfera política, e, sobretudo, midiática. Como esse enunciado visa enfatizar um tema, não possui grande tamanho e longa duração, pois visa deixar explícito a reação do político em foco: a não renúncia de Michel Temer do cargo da presidência.

Há, no início do trecho, um enunciador marcado que direciona seus interlocutores no plano da expressão (eu quero fazer uma declaração à imprensa brasileira e uma declaração ao País). O enunciador coloca a imprensa, nome que figura o próprio título do texto na plataforma do Planalto online, que é, no aspecto discursivo, separada das outras instâncias que compõem os interlocutores do discurso (parlamentares, sociedade civil e grupos de interesse da gestão político-econômica do governo). Não é exposto claramente ao público alvo se a imprensa está inserida na acepção de País que é adotada nas falas do parlamentar. A palavra “país” se torna signo, pois indica um interlocutor do enunciado. Esse interlocutor, marcado em “país,” é

generalizado. Vemos que o enunciador se marca em primeira pessoa do discurso e, ao utilizar de tal recurso enunciativo, rememora a FP de Temer que se materializa no enunciado.

Em seguida, há uma preservação da face negativa do enunciador presente em uma justificativa do caráter temporal do pronunciamento, ao apresentar como não dito o fato de que tal discurso poderia ser proferido, imediatamente, ou mais próximo da divulgação das denúncias contra Temer (ressalto que só falo agora - os fatos se deram ontem). Há nesse fragmento do trecho, a exposição clara do caráter responsivo do enunciado. Os “fatos” se referem à delação de Joesley Batista e sua divulgação pela imprensa, que envolviam o nome de Michel Temer. O enunciado concreto, como eixo de linguagem, sempre responde a outros discursos e acontecimentos da história. Vemos que há uma resposta direta às denúncias proferidas contra a FP de Temer, seu lugar social e econômico, e também ocorre uma ameaça à sua confiabilidade.

Notamos que não há uma negação explícita, neste primeiro momento, do conteúdo das denúncias que envolvem a FP do presidente, na época, mas apenas uma contextualização do tema. A denúncia será rebatida pelo enunciador em outros momentos do discurso. A preservação da face negativa de Temer, juntamente com a responsividade mostrada (porque eu tentei conhecer, primeiramente, o conteúdo de gravações que me citam), aparece na argumentação inicial desenvolvida e na escolha do termo “gravações”. O uso desse termo indica um tipo de mídia que pode servir nos autos de qualquer processo judicial investigativo e favorece uma perspectiva material do processo com o qual o enunciador trava um diálogo polêmico.

O enunciado se pauta na ideia de que, no plano enunciativo, a tentativa do enunciador de conhecer as gravações é indicada como uma resposta ao discurso oposto. No plano discursivo, o signo “gravações” aparece no interior de uma polêmica aberta entre o enunciador e os interlocutores que fazem oposição a ele no campo político, pois as “gravações” compõem o discurso refutável do outro, atuando como base para o discurso dos que acusavam Temer na época. Nesse momento, no entanto, ainda não há juízo de valor sobre tais “gravações”. Diferentemente do discurso de posse como interino no qual a polêmica velada é predominante, em T13, evidencia-se uma polêmica aberta, pois o enunciador utiliza do próprio discurso do outro para criticá-lo.

No primeiro discurso, vimos que o enunciador se referia à confiança para endossar seu projeto discursivo e travar uma polêmica velada com o governo Dilma, criticando indiretamente a gestão da ex-presidente. Na declaração à imprensa, não há menções a outro assunto para

criticar os discursos opostos ao do parlamentar, mas justamente o uso do que é veiculado no discurso do outro, as “gravações” e “documentos”.

Duas vozes falam nesse enunciado: a voz dos que apoiam o enunciador, que julga as gravações como inverídicas, e a voz dos opositores ao enunciador, que creem na veracidade das gravações. Por esse motivo as “gravações” se refere ao objeto do discurso de oposição ao enunciador, não valorizado no enunciado. Isso se dá para validar o projeto discursivo desse enunciado: mostrar a figura de Temer como inocentada das acusações e como aquela que realiza uma gestão positiva para o país.

No restante do trecho, a face negativa de Temer, enquanto enunciador, é preservada quando há um afastamento de uma não responsabilidade do governante com questões judiciais que envolvem seu nome (Solicitei, aliás, oficialmente, ao Supremo Tribunal Federal, acesso a esses documentos. Mas até o presente momento não o consegui). O diálogo com outra instância do poder posto, no plano discursivo, além de reforçar a imagem de governo confiável, salvador, reformista e que busca a justiça, deixa entrever uma tensão entre o governo e o Judiciário. Segundo a lógica liberal da tríade de poderes que imperam na alta cúpula das instâncias políticas e jurídicas brasileiras (Legislativo, Executivo, Judiciário)67, todos os setores devem estar em harmonia para o funcionamento das relações políticas no parlamento.

A demonstração de uma tentativa do enunciador de contatar o STF é utilizada para afirmar a ideia de que o enunciador cumpriu com as obrigações de um parlamentar envolvido em investigações, realizando a solicitação do “acesso aos documentos”. O enunciado mostra, desse modo, uma ameaça à cristalização do poder político liberal. Isso indica uma contradição posta entre dois eixos: a não unicidade do diálogo entre os poderes e a imagem de um governo que possui credibilidade e responsabilidade, o que consiste no propósito do projeto discursivo nesse momento.

Uma contradição mais palpável aos olhos do observador mostra que o uso de conjunções, como “aliás” e “mas”, indica uma relação truncada entre as instâncias de poder demonstrada no interior do próprio discurso. Percebemos que o uso de aliás promove a face positiva do enunciador. O uso desse termo reporta à perspectiva de que o papel social do político em foco não necessitava dialogar com STF, e somente o fez para garantir uma suposta convivência entre os poderes, garantida, na realidade, pela Constituição Federal.

67 A herança jurídica, na constituição da designação do sistema de governo dividido em três poderes emana da teoria liberal. A esse respeito, ver Montesquieu (1996).

O uso de “mas” indica um distanciamento não somente entre a figura de Temer e o tribunal, mas entre o poder Executivo e o Judiciário, em um nível superestrutural, no que se refere aos interesses de grupos distintos que se expressam sobre os dois poderes de forma não conjunta. O termo adversativo mostra que não houve resposta do STF para a solicitação de Temer sobre a investigação, eximindo o enunciador da responsabilidade de responder positivamente ao tema da investigação. A exposição da negação de uma resposta do tribunal indica que os grupos de interesse ideológicos sobre os dois eixos do poder diferem na superestrutura econômico-política e na base material das forças produtivas que atuam no diálogo do chefe do Executivo e a mais alta cúpula do Judiciário brasileiro.

A utilização do termo “mas” denota a ideia de que o STF tem um dever jurídico de propiciar ao chefe do Executivo dados sobre investigações que o envolvam em algum grau. A perspectiva de que o discurso aponta para um diálogo histórico-social entre os membros dos poderes da tripartição democrática é evidenciada no enunciado. Notamos que o enunciado não possui construções muito formais, como observamos no outro discurso analisado, mas apresenta vozes que apresentam não ditos, como a ausência do sintagma povo brasileiro ou algum termo que remeta diretamente à instância do parlamento, fato este que também ocorre no primeiro discurso.

A construção enunciativa da linguagem utilizada no presente discurso político é centrada na construção de uma figura política que se encontra em decadência no plano do diálogo político (o diálogo entre as instâncias do parlamento), e no plano macrossocial (a acepção negativa da população e do público em geral sobre a gestão Temer). O enunciado, diferentemente do discurso de posse, visa manter uma polêmica aberta com o segmento do parlamento que defendia, na época, a ideia de que Temer havia cometido atos ilegais.

A seguir, apresentamos o trecho subsequente do enunciado, em que há uma narração da situação do governo:

T14:Quero deixar muito claro, dizendo que o meu governo viveu, nesta semana, seu melhor e seu pior momento. Os indicadores de queda da inflação, os números de retorno ao crescimento da economia e os dados de geração de empregos, criaram esperança de dias melhores. O otimismo retornava e as reformas avançavam, no Congresso Nacional. Ontem, contudo, a revelação de conversa gravada clandestinamente trouxe volta o fantasma de crise política de proporção ainda não dimensionada.

No presente trecho, que atua como continuação do pronunciamento de Temer destinado à imprensa, há, em um primeiro momento, uma apresentação de um contexto que perpassa a FP. Observamos que há, primeiramente, a apresentação de um conjunto de medidas tomadas

em meio à conjuntura brasileira e, em um segundo momento, a exposição de uma refutação aos setores que influenciaram uma investigação contra a FP de Temer, fato que é repudiado pela voz do enunciador.

O trecho acima foi escolhido para análise justamente por conter a palavra “clandestinamente”, caracterizando uma qualificação às “gravações”, fato ao qual o enunciador se opõe. Notamos que as “gravações” postulam o objeto que o enunciador utiliza para abrir uma polêmica aberta com os seus acusadores, buscando deslegitimar a voz dos setores contrários à sua gestão.

Cabe ressaltar que o momento político brasileiro, no plano da conjuntura socioeconômica do ano de 2016 e início de 2017, parte da ideia da instabilidade das instituições, veiculada na imprensa, e da efervescência do jogo de interesses de grupos, partidos e lideranças sobre o poder, de acordo com as investigações que rondavam, nessa época, o panorama político do país. A crise política, citada no final do trecho como uma ameaça, é, na realidade, instaurada na realidade sociopolítica brasileira desde o período de maiores manifestações populares e participação política da população que se deu em 2013, e permeia, de algum modo, o lugar do qual parte o poder Executivo para mostrar suas deliberações. Estas são mostradas através de discursos e pronunciamentos, ou nas negociações políticas e administrativas próprias à tarefa institucional do cargo de presidente. Percebemos, em T14, que há um enunciador posicionado no interior de uma crise (a revelação de conversa gravada clandestinamente trouxe volta o fantasma de crise política). Com efeito, esse “fantasma” posto no enunciado pode ser atribuído ao período de crise política no decorrer do impeachment.

A palavra “clandestinamente” se torna signo nesse enunciado, pois aponta para fora: as investigações e gravações que eram objeto da acusação daqueles que queriam destituir Temer do poder. Além disso, esse signo endossa a polêmica aberta levantada entre o enunciador e os interlocutores de oposição, pois apresenta um julgamento explícito, uma crítica direta sobre o discurso que afirma que Temer não é inocente.

O enunciado político coloca como interlocutor imediato a imprensa e se desloca para as deliberações que podem ocorrer após o ex-presidente utilizar palavras de impacto sobre setores de influência. Ao observarmos esses dois lugares para os quais o enunciado se orienta, que não são somente históricos e temporais, mas que envolvem interesses de grupos diversos, recorremos à reflexão de Volóchinov (2017, p. 216) sobre a ideia de uma dupla orientação inerente a todo conjunto de signos. Para o autor, o enunciado é “[...] em sua completude um

produto da interação social, tanto a mais próxima, determinada pela situação da fala, quanto a mais distante, definida por todo o conjunto de condições dessa coletividade falante.”

O enunciador político fala para um público instruído e consciente das manifestações políticas do país. Não há um detalhamento das “reformas” apresentadas e do contexto da divulgação das “gravações”, o que poderia suscitar questionamentos de um interlocutor alheio ao que se passava na política brasileira no período. Há também, no enunciado, a priorização de nominalizações e menor presença de verbos, o que garante um caráter mais formal ao discurso, o que é típico do estilo do enunciador.

O discurso se assinala como enunciado concreto na medida em que traz uma avaliação da realidade política brasileira, rememorando o fato da crise política noticiado pela imprensa. Esta é inserida no enunciado, conforme observamos pelo seu título, “declaração à imprensa”, como interlocutor marcado. Por outro lado, há uma referência direta ao momento histórico de produção (nesta semana) e um ponto de vista sobre o governo (meu governo viveu). O enunciador busca mostrar aos interlocutores que seu governo estava sendo alvo de uma crise e, ao mesmo tempo, possuía bons índices econômicos. Tais assuntos são colocados em “seu pior e seu melhor momento”, no enunciado.

Quando o enunciador marcado em primeira pessoa do singular, referindo-se a dois momentos de governo (Quero deixar muito claro, dizendo que meu governo viveu, nesta semana, seu melhor e seu pior momento), se coloca em embate responsivo frente aos setores que são totalmente favoráveis à sua gestão e também aos setores contrários à gestão, ao afirmar que houve uma época proveitosa durante o governo.

Há a exposição de dois eixos opostos que são elencados na fala do então presidente: favorável e contrário à imagem de Temer e do governo, são constituídos no plano da infraestrutura econômica da gestão governista vigente. O “governo” é posto em relação de posse do enunciador (meu governo), evidenciando a ideia de que ambos (Temer e governo) estão no mesmo plano.

Percebemos que o uso do pronome possessivo “seu” (seu pior momento) indica uma gestão própria de Temer no cargo de presidente e exclui a memória discursiva, no plano da expressão, de que Temer fora eleito na chapa da presidente deposta do cargo, Dilma Rousseff. Os pronomes possessivos utilizados, também nos outros discursos analisados na presente