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BALANCED SCORECARD

4 MUDANÇA ORGANIZACIONAL

5.7 PLANO DE ANÁLISE E TRATAMENTO DOS DADOS

A fase de análise e tratamento dos dados recolhidos no campo utilizou a técnica da análise de conteúdo. Conforme Bardin (1994), a análise de conteúdo tem o seguinte significado:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

Esclarecendo melhor esse significado, Bardin (1994) informa que devem ser consideradas como análise de conteúdo todas as iniciativas que proporcionem a explicitação e sistematização do conteúdo das mensagens e da expressão desse conteúdo. Essas iniciativas técnicas, mesmo cada uma delas dando contribuições parciais passíveis ou não de quantificação, são consideradas válidas pelo caráter de complementaridade que integram entre si .

De acordo com Minayo (1996), o fator comum presente nessas múltiplas técnicas é uma hermenêutica28 fundamentada na dedução, a inferência.

Bardin (1994) defende a utilização da técnica de análise de conteúdo argumentando que os fatos sociais podem gerar uma sensação equivocada de compreensão espontânea, que ela titula de a ilusão da transparência. Ela reforça essa idéia indicando que é preciso ter desconfiança da validade dos pressupostos e atentar para os riscos presentes nas evidências do saber subjetivo.

Para Bardin (1994), existe uma sociologia ingênua que imagina apreender intuitivamente as significações, mas que alcança apenas a exibição de seu caráter subjetivo. Segundo a autora, é preciso ultrapassar a incerteza do significado atribuído à mensagem por um leitor, no sentido de que outras pessoas possam ter a

28 Ramo da filosofia que se debate com a compreensão humana e a interpretação de textos

mesma interpretação. Uma significação além do perceptível em uma leitura simples requer o emprego de técnicas que proporcionem a descoberta de conteúdos e de estruturas e dêem uma significação mais profunda à mensagem. Tal resultado pode ser proporcionado pelo emprego da análise de conteúdo.

Bardin (1994) relata a existência de três fases na análise de conteúdo: I. a pré-análise

II. a exploração do material

III. o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação.

I. A Pré-Análise

A pré-análise visa organizar, planejar as ações iniciais de modo que estejam sistematizadas e, a partir daí, permitam a operacionalização de ações necessárias para dar curso à pesquisa. Para isso, a pré-análise pode se utilizar de um plano de análise e de um programa que deve ter o propósito de disciplinar o desenvolvimento da pesquisa. Por outro lado, embora a concepção da pré-análise objetive dar um direcionamento ao trabalho, é também aberta a novas proposições que poderão ser aproveitadas no decurso da análise. Esta etapa é composta de três missões. A primeira delas é a seleção de documentos que serão submetidos à análise. A seguinte é a formulação de hipóteses e dos objetivos. A última é a construção de indicadores que sirvam de base para a interpretação final.

Bardin (1994) explica que após a demarcação do universo, representado pelo gênero de documentos que poderão ser utilizados na análise, em muitos casos é útil providenciar a constituição de um corpus. O corpus é o conjunto de documentos que serão submetidos à análise de conteúdo. Na presente pesquisa, isso inclui as entrevistas transcritas, documentos internos da organização pesquisada, artigos e matérias publicadas na imprensa, que fazem referência ao Hospital HGX. Esse processo de escolha por meio da constituição do corpus visa à classificação das unidades de registro em categorias e deve obedecer aos seguintes critérios ou regras de validação: exaustividade, cobrindo a totalidade da comunicação, sem omissões; representatividade, a amostra deve representar o universo; homogeneidade, os dados devem estar ligados ao mesmo assunto, obtidos por técnicas iguais e por pessoas semelhantes; pertinência, a seleção dos documentos deve atender à necessidade da análise da pesquisa..

II. A Exploração do material

Bardin (1994) considera a fase de exploração do material longa e cansativa. Compreende as operações de codificação, desconto ou enumeração, de acordo com regras antecipadamente elaboradas.

As operações de codificação correspondem ao tratamento do material. Esse tratamento gera um processo de transformação que segue regras precisas. Bardin (1994, p.117) assim designou a categorização:

A categorização é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo o gênero (analogia), com os critérios previamente definidos. As categorias são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos (unidades de registro, no caso da análise de conteúdo) sob um título genérico, agrupamento esse efectuado em razão dos caracteres comuns destes elementos.

Os critérios de categorização, para Bardin (1994), podem ser semânticos, congregando categorias temáticas; sintáticos, congregando verbos e adjetivos; léxico, classificando as palavras de acordo com o seu sentido, aproximando os sinônimos e os sentidos próximos e expressivos, que visam congregar expressões associadas à emoção.

No caso de uma análise quantitativa e categorial, a organização da codificação, segundo Bardin (1994), é composta de três escolhas: o recorte, que representa o processo de escolha das unidades de registro; a enumeração, correspondendo à escolha das regras de contagem; e a classificação e a agregação, que compreendem a escolha das categorias.

A unidade de registro é a unidade de significado. Para proceder à codificação de um estudo quantitativo e categorial, uma das escolhas necessárias seria recortar o texto extraindo dele as unidades de registro. Bardin (1994) considera que a unidade de registro pode ser de natureza e de tamanho que não segue um padrão específico. Deste modo ela exemplifica dizendo que a unidade de registro pode ser escolhida via agrupamento semântico, por meio do tema, ou mesmo via agrupamento linguístico, por meio da palavra ou da frase. Bardin (1994) também alerta ser necessário, em muitos casos, fazer referência ao contexto próximo ou distante da unidade a registrar. Para ela, citar o contexto é muito valioso para a análise avaliativa e para a análise de contingência, pois a intensidade e extensão de

uma unidade de registro podem emergir de modo relativamente marcante, em conformidade com o tamanho da unidade de contexto escolhida.

O surgimento de co-ocorrência é diretamente proporcional ao tamanho das unidades de contexto. Em passagem curtas de texto, como um parágrafo, e em gravações curtas de poucos minutos, é incomum constatar a existência de temas comuns, mas essa realidade pode mudar em textos de várias páginas ou gravações longas, de uma hora ou mais. É de se destacar que quanto maior for a unidade de contexto, mais as atitudes ou valores se consolidam em uma análise avaliativa.

Conforme Bardin (1994), as regras de enumeração em uma análise quantitativa e categorial referem-se ao modo de contagem do que será medido, que são as unidades de registro. Uma enumeração bem constituída deve seguir algumas indicações, como presença, ausência, freqüência, intensidade, direção, ordem de aparição e a co-ocorrência. A presença de unidades de registro pode ser um indicador de significado. Por outro lado a ausência de unidades pode, em alguns casos, expressar um sentido. O aumento de freqüência de aparição de uma unidade de registro, em alguns casos, segue o postulado que afirma ser essa situação diretamente proporcional à importância da unidade de registro. Se as aparições observadas em uma medida frequencial tiverem o mesmo peso, todas as unidades de registro terão igual importância. Assim, a regularidade quantitativa de aparições é que irá determinar a importância contextual de cada unidade de registro na análise. Há de se considerar também a possibilidade de uma unidade de registro ter maior importância que outra. Neste caso recorre-se à freqüência ponderada, estabelecendo-se pesos variados para unidades de registro de acordo com a importância de cada uma delas. A intensidade é imprescindível na análise de valores, que podem ser de ordem ideológica e medir tendências e atitudes. Para essa medição, os tempos verbais poderão prestar apoio, assim como os advérbios de modo, adjetivos e atributos qualificativos. A freqüência da direção está associada a um aspecto qualitativo da análise e pode ser representada pelas indicações de favorável, desfavorável ou neutra. A ambivalência é possível acontecer, embora não regularmente. Os pólos direcionais podem representar extremos antagônicos, como exemplo bonito/feio (critério estético) e pequeno/grande (tamanho), e podem ser avaliados junto com a intensidade. A co-ocorrência significa a presença concomitante de duas ou mais unidades de registro em uma unidade de contexto.

Encerrando esse tópico, Bardin (1994) recomenda que a escolha das dimensões da unidade de contexto deve estar subordinada ao custo e à pertinência, embora não aprofunde o sentido desejado a esses dois pontos. Mesmo assim, acredita-se que a autora quis fazer referência à importância do bom senso na definição das unidades de contexto, sobretudo quando ela afirma que existe uma dimensão ótima em nível de sentido e que unidades de contextos sub ou super dimensionadas não são adaptáveis ao propósito estabelecido pela análise de conteúdo.

De acordo com Bardin (1994), a escolha de categorias é a última etapa da codificação de uma análise quantitativa e categorial. Há de se considerar também que um número significativo de procedimentos de análise qualitativa utiliza a técnica de categorização. Para efetuar esse agrupamento, é preciso realizar uma investigação para elucidar o que há em comum entre as unidades de registro.A categorização é um processo estruturalista e composto de duas etapas. A primeira etapa é o inventário, que consiste em isolar as unidades de registro. A segunda etapa é a classificação, que consiste na distribuição das unidades de registro com pontos em comum em seus respectivos grupos. Com a classificação, tem-se acesso a uma simplificação dos dados brutos, que antes estavam pouco perceptíveis de significação por estarem desagregados.

Bardin (1994) afirma que existem boas e más categorias. Para se construir boas categorias, a autora utiliza a expressão qualidades das boas categorias, que serão designadas aqui como princípios norteadores de categorias.

O primeiro princípio norteador de categorias é a exclusão mútua. Em geral, cada unidade de registro deve pertencer a apenas uma categoria. Exceções são aceitas, mas com reservas. Em análise de conteúdo, diz Bardin (1994, p.118), “a mensagem pode ser submetida a uma ou várias dimensões de análise, desde que a codificação seja adaptada de modo a não permitir a existência de incertezas quando se efetuarem cálculos”.

O segundo princípio norteador de categorias é a homogeneidade. Defende que para cada categoria deve ser estabelecida apenas uma dimensão de análise. Se existirem diferentes níveis de análise, eles devem ser agrupados em diferentes categorias.

O terceiro princípio norteador de categorias é a pertinência. Ele é atingido quando se consegue construir uma alocação ótima das categorias, no sentido de fazê-las refletir sobre o propósito da investigação.

O quarto princípio norteador de categorias é a objetividade e a fidelidade. Esse princípio defende que as categorias devem ser bem edificadas, e assim deve- se evitar a subjetividade dos codificadores e a variação dos juízos. As unidades de registro precisam ser guiadas adequadamente por índices que estabelecerão a entrada dessas em suas correspondentes categorias.

O quinto princípio norteador de categorias é a produtividade, alcançada quando se verifica que o resultado gerado por um conjunto de categorias é rico em índices de inferência, em hipóteses novas e em dados exatos.

5.8 O TRATAMENTO DOS RESULTADOS, A INFERÊNCIA E A