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PLANOS DE CONTRIBUIÇÃO DEFINIDA (CD)

CAPÍTULO VII – PLANOS DE BENEFÍCIOS

7.2 PLANOS DE CONTRIBUIÇÃO DEFINIDA (CD)

Os planos de contribuição definida são distintos dos planos de benefício definido uma vez que, no momento da adesão, é possível conhecer apenas o valor da contribuição, sendo indefinido o valor do benefício futuro, que somente poderá ser apurado no momento de sua concessão, quando da ocorrência do fato gerador.

Ensina Eliane Romeiro Costa225:

Os planos de Contribuições Definidas apresentam as taxas de contribuição pré-fixadas, mas não niveladas e uniformes, variando os benefícios conforme as contribuições feitas, com os rendimentos obtidos e com a idade em que o participante entrou ou saiu do plano. Nesses planos as contas são individualizadas, há o “saldo de conta” e não o benefício previamente definido. Portanto, no plano CD o segurado ignora o resultado final da sua renda mensal inicial, pois apenas tem conhecimento prévio da contribuição que vai aportar. Sendo assim, somente ao final do processo o segurado conhecerá o valor dos benefícios resultante de seu capital acumulado e desembolsado pelo empregador, mais a rentabilidade do sistema.

O valor dos aportes e o prazo de pagamento não são atrelados a nenhuma fórmula matemática ou atuarial predeterminada, gozando o participante de liberdade para estruturar suas reservas da forma que lhe for mais conveniente.

O regulamento indicará as formas de contribuição possíveis no plano, normalmente mensais ou esporádicas, consubstanciadas em percentual do salário

225 COSTA, Eliane Romeiro. Previdência Complementar

– tipos de planos. Revista de Previdência Social. São Paulo, ano XXVIII, n.º 285, ago. 2004, p.702.

ou da remuneração (nas entidades fechadas226), igual para todos os inscritos ou variando conforme a idade do participante, o tempo de vinculação ao patrocinador ou o nível salarial.

O regime financeiro utilizado é o de capitalização, ou seja, cada participante possui sua poupança individual, sendo diretamente responsável pelo benefício que garantirá seu bem-estar futuro. Independe, para os demais participantes individualmente considerados no plano, a frequência e o valor de contribuição de cada participante, bem como a forma e o momento de pagamento do benefício, pois nessa modalidade de plano não há reserva coletiva, inexistindo solidariedade e mutualismo. Não há nenhuma comunicação entre os patrimônios dos participantes individualmente considerados.

Mais uma vez, sob a ótica atuarial, cabe apontar as preleções de Marília Vieira Machado da Cunha Castro227:

Os planos concebidos no regime de contribuição definida têm o equilíbrio atuarial calcado no individuo. Nesse caso, prevalece a característica de poupança programada para o individuo, de propriedade da poupança, não havendo qualquer solidariedade entre os participantes do plano, mas tão-somente as vantagens decorrentes do grupamento.

Por esse motivo, a permanência ou não do participante no plano não interfere no seu equilíbrio, bem como o pagamento, em qualquer condição, do valor acumulado em seu nome não interfere no resultado do plano, devendo haver, entretanto, preocupação quanto à liquidez financeira.

Os planos de contribuição definida apresentam algumas vantagens em relação aos planos de benefício definido, já que eliminam os riscos de insolvência dos patrocinadores, na medida em que não exigem um valor predefinido de benefícios a serem pagos no futuro (com alto custo para os patrocinadores, como no caso dos planos de benefício definido), disponibilizam prêmios de baixo custo e possibilidade de aportes variáveis na fase de acumulação.

226 Nas entidades abertas de previdência privada normalmente o regulamento estabelece apenas o

valor mínimo da contribuição mensal, sendo possíveis ainda contribuições periódicas (podem existir planos que exigem um único aporte ao plano).

227 CASTRO, Marília Vieira Machado da Cunha. Alguns conceitos atuariais. REIS, Adacir (Org.).

Os participantes têm total interesse em fiscalizar os gestores dos planos, pois estes são responsáveis pelos investimentos, interferindo diretamente no valor final dos benefícios.

Por outro lado, não há garantia de valor futuro de benefício que suporte o padrão de vida almejado. O valor do benefício será definido com base no saldo acumulado pelo participante (e pelo patrocinador, se for o caso) até a data de recebimento do benefício, acrescido dos recursos obtidos com os investimentos efetuados na fase de acumulação, deduzidos os custos administrativos individualmente considerados.

O valor do benefício será definido no momento da sua concessão e também sopesará a expectativa de vida do participante naquela data – que, ressalte-se, pode não ser similar àquela considerada na simulação do benefício no momento de adesão do participante ao plano228.

O cálculo do benefício é feito individualmente, avaliando as particularidades de cada participante: saldo acumulado, expectativa de vida, risco protegido, forma de pagamento do benefício etc.

O valor dos benefícios varia conforme o nível e o tempo de contribuição, oscilando de acordo com a idade do participante. Quanto maior o tempo e o valor da contribuição, maior o valor do benefício futuro. A premissa inversa também é verdadeira. Dessa forma, participantes que não contribuem no início de suas carreiras, ou vertem baixas contribuições, constituirão baixa acumulação de recursos nas contas de aposentadoria.

Quando o fato gerador do benefício se concretizar (na forma prevista no regulamento do plano), será definido monetariamente o seu valor. No momento do requerimento do benefício, a entidade de previdência privada fará o cálculo e retirará o montante necessário para o pagamento da provisão matemática de benefícios a

228 Levando em conta que estamos tratando de contratos de longa duração (20 ou 30 anos, pelo

conceder229, transferindo-o para a conta do participante provisão matemática de benefícios concedidos230, se o benefício for pago na forma de renda continuada (vitalícia ou por prazo determinado), ou o entregando ao participante, se o benefício se revestir da forma de pagamento único.

No plano de contribuição definida os riscos são assumidos pelo participante, uma vez que, tecnicamente, não há de se falar em déficit ou superávit, mas apenas em saldo de conta (maior ou menor do que o esperado para a concessão do benefício que efetivamente garanta a qualidade de vida do participante no momento do seu usufruto).

Sobre o assunto, ensina Ivy Cassa231:

É comum, ainda, um modelo de plano CD misto, chamado também de “CB com target”, em que o participante define o valor de sua contribuição, mas sempre tomando por base um determinado patamar de benefício que pretende atingir. Também nessa modalidade não há mutualismo e a obrigação da entidade continua sendo de meio. O fim é uma obrigação do participante consigo mesmo, uma meta que ele estabelece para si mesmo, e não para a entidade.

Considerando que o valor do benefício somente será apurado no momento da concretização do fato gerador e de acordo com o fundo acumulado, devem ficar claras para o participante as regras de cálculo do benefício, de forma que lhe permita simular o valor do benefício a que faz jus em qualquer momento de vigência do contrato previdenciário232.

229 A provisão matemática de benefícios a conceder consiste em uma reserva constituída

mensalmente em cada plano de benefícios, com valor correspondente aos compromissos assumidos pela entidade em relação aos participantes inscritos em cada um. Nessa reserva, os valores são acumulados durante o tempo de contribuição.

230 A reserva matemática de benefícios concedidos é constituída mensalmente e corresponde ao

valor atual dos compromissos da entidade em relação aos participantes em gozo de benefício da aposentadoria. Quando essa reserva é constituída em relação a um participante, é cancelada a reserva matemática de benefícios a ser concedida a ele. Em princípio, essa reserva deve ser idêntica à reserva matemática de benefícios a conceder.

231 CASSA, Ivy. Contrato de previdência privada. São Paulo: MP Ed., 2009, p.159.

232 As regras devem ser definidas na data de adesão do participante ao plano de benefícios e constar

na proposta de inscrição, no certificado do participante e no regulamento do plano do plano de benefícios.

Essa modalidade de plano proporciona benefícios de risco programado e por prazo determinado. Considerando que os benefícios advêm do saldo acumulado233 da conta individual de cada participante, em regra, não oferece benefícios de risco.

No caso dos planos contributários, em que o patrocinador, os participantes e/ou os assistidos contribuem para o plano, caso haja a saída prematura do participante do programa, este terá direito à devolução integral, atualizada e imediata dos aportes que verteu para o seu custeio, por meio do exercício do resgate. Nessa situação (resgate), existindo contribuições do patrocinador, o regulamento deverá especificar as hipóteses em que o participante poderá ter direito a esses recursos ou sua destinação dentro do plano de benefícios.

Os recursos vertidos pelo patrocinador ao plano serão disponibilizados aos participantes no momento da opção pela portabilidade ou pelo benefício proporcional diferido. No caso de opção pelo autopatrocínio, o participante terá direito à utilização dos aportes efetuados pelo patrocinador no momento do cálculo do benefício previdenciário.