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CAPÍTULO X – MIGRAÇÃO DOS PLANOS DE BENEFÍCIOS

10.4 SALDAMENTO

Não há de se confundir o processo de migração entre planos de benefícios com a figura do saldamento. Diferentemente do processo de migração, cuja adesão é facultativa ao participante, o saldamento tem por característica a universalidade de sua abrangência, ou seja, atingirá a todos os participantes ativos do plano de benefícios.

Na migração há a transferência de participantes e das respectivas reservas de um plano de benefícios para outro distinto. Já na situação de saldamento há o dimensionamento dos direitos proporcionais acumulados por cada participante do plano de benefícios, sendo certo que o processo é encerrado no mesmo plano, inexistindo transferência de direitos e obrigações de um plano de benefícios para outro.

O saldamento é um processo de transição que determina ao participante ativo a percepção futura de benefício equivalente ao direito proporcional acumulado no plano de benefícios. Por meio do saldamento, será garantido a cada participante ativo do plano, na data prevista para a concessão do seu benefício programado, um valor de benefício proporcional ao inicialmente previsto no regulamento.

Após o saldamento não haverá mais contribuições dos participantes e do patrocinador ao plano durante a fase de acumulação, ou seja, os participantes e o patrocinador param de verter suas respectivas contribuições a partir da data de saldamento. É importante destacar que o saldamento do plano de benefícios não gera reflexos nos benefícios percebidos pelos assistidos.

O saldamento é calculado considerando-se, para cada participante ativo320, o valor do benefício previdenciário privado a que teria direito caso já tivesse cumprido todos os requisitos exigidos para sua concessão. Sobre esse montante será aplicado um redutor proporcional ao tempo de contribuição que o participante detém. O novo valor do benefício, que é chamado de Benefício Proporcional Acumulado (BPA), será atualizado pelo índice estabelecido no regulamento até a data em que o participante se tornar elegível ao benefício previsto no plano.

Há a opção de o patrocinador criar outro plano de benefícios (denominaremos de plano B) concomitantemente ao saldamento do plano inicial (chamaremos de plano A), existindo a possibilidade de os participantes do plano saldado A ingressarem no plano B a fim de continuarem acumulando direitos para o percebimento de um valor melhor de benefício programado no futuro. O plano B também poderá garantir maior segurança aos seus participantes se assegurar a concessão de benefícios de risco.

Da mesma forma que ocorre para a concretização de um processo de migração entre planos de benefícios, para a implementação das regras de saldamento faz-se necessária a alteração das regras previstas no regulamento do plano, impondo sua validação pelos membros do Conselho Deliberativo321, a aprovação da PREVIC322 - Superintendência Nacional de Previdência

320 Entende-se por participante ativo aquele vinculado por meio de contrato de trabalho com o

patrocinador, o autopatrocinado ou o participante que optou pelo benefício proporcional diferido que ainda não implementaram as condições de elegibilidade para recebimento do benefício programado.

321 O conselho deliberativo da entidade fechada de previdência privada é órgão obrigatório na

estrutura operacional da entidade e deve garantir a representação dos participantes e dos assistidos em, no mínimo, um terço das vagas, conforme dispõe o artigo 35 e parágrafos da Lei Complementar n.º 109/01. No caso das entidades multipatrocinadas, a composição do conselho deliberativo deverá considerar o número de participantes vinculados a cada patrocinador, bem como os respectivos patrimônios.

Complementar, bem como a observância do direito acumulado (a que o participante ativo faz jus) e do direito adquirido (a que o assistido é titular), sendo válida para todos os participantes do plano323.

É garantida aos participantes que já completaram os requisitos de elegibilidade aos benefícios previdenciários previstos no plano a adoção do regulamento vigente na data em que se tornaram aptos a pleitear o benefício contratado324. Por tal razão, o saldamento não será aplicado aos aposentados e aos pensionistas existentes no plano na data do saldamento.

A partir do saldamento, considerando apenas os participantes ativos, temos que os benefícios previstos no plano saldado serão concedidos de acordo com os direitos acumulados individualmente.

Existindo a previsão de cobertura de benefícios de risco no plano saldado, durante toda a fase de diferimento (que abrange o período entre a data do saldamento e a data de início de recebimento do benefício saldado), as coberturas de invalidez e falecimento do participante ativo se darão em função do cálculo individual da reserva de poupança de cada participante. Ou seja, os benefícios programados serão pagos de forma proporcional, sendo calculados em função do direito proporcional acumulado pelo participante.

Percebe-se que o pagamento dos benefícios no plano saldado é diferente daquele ocorrido em situações de migração de planos, já que nesta situação o benefício poderá ser pago em seu valor originalmente contratado, com possíveis variações a maior ou a menor, conforme as contribuições vertidas pelo participante e/ou pelo patrocinador.

323

Vide artigo 17 da Lei Complementar n.º 109/01: “Artigo 17. As alterações processadas nos regulamentos dos planos aplicam-se a todos os participantes das entidades fechadas, a partir de sua aprovação pelo órgão regulador e fiscalizador, observado o direito acumulado de cada participante.”

324

Vide artigo 17 da Lei Complementar n.º 109/01: “Artigo 17. [...] Parágrafo único. Ao participante que tenha cumprido os requisitos para obtenção dos benefícios previstos no plano é assegurada a aplicação das disposições regulamentares vigentes na data em que se tornou elegível a um benefício de aposentadoria.”