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149 Portugal foram publicados, tendo-se, deste modo, cumprido uma etapa fundamental do processo de

Filipa Carvalho Escola Superior de Educação de Lisboa

149 Portugal foram publicados, tendo-se, deste modo, cumprido uma etapa fundamental do processo de

profissionalização. (Costa 2010, Campos 2011). No Estatuto do animador sociocultural definem-se a estrutura e condições de acesso às carreiras profissionais respetivas (art.º 4) e o conteúdo funcional das mesmas3.

Das alterações anteriormente referidas, importa destacar a importância do exercício das funções dos profissionais da Animação Sociocultural, assim como dos domínios de competências necessárias para o desempenho de tais funções. A partir da leitura destes documentos, podem identificar-se como domínios centrais de competência profissional dos animadores socioculturais o trabalho com populações diversificadas (individual, em grupos ou comunidades) nos seguintes domínios: a) domínio da intervenção, sublinhando-se a capacidade de definição, implementação e avaliação de projeto; b) domínio relacional, assumindo centralidade a capacidade de estabelecer relações no campo profissional eticamente fundadas; c) domínio da coordenação, com responsabilidade de decisão sobre projeto e equipas de trabalho. O modo como tais competências são científica, curricular e metodologicamente operacionalizadas no processo de formação em ASC é o que se tenta analisar no ponto seguinte.

2. A organização curricular, científica e metodológica da formação em ASC na ESELx Os princípios fundadores e orientadores da conceção curricular e científica do curso permanecem, na generalidade, tal como Serra (2008) os enunciou anteriormente, e a atual equipa tem vindo a manter (Campos, Dias, e outros, 2010; Dias, Campos, Lima e Saraiva, 2011).

Desde a sua origem, o curso funda epistemologicamente o projeto de formação na articulação entre o que genericamente se pode referir como teoria e prática profissional (Gillet, 2004; Trilla, 2004; Lopes, 2006). Tal paradigma inscreve-se nos princípios organizadores da formação da ESELx, como se afirma no respetivo Projeto de Formação (2011). Organizacionalmente um dos alicerces para o desenvolvimento deste modelo de formação assenta na constituição de equipas pluridisciplinares de docentes que assumem a responsabilidade das unidades relativas à iniciação profissional.

Ainda no que diz particular respeito à organização curricular, metodológica e científica da licenciatura, o curso estrutura-se no sentido de as unidades curriculares operacionalizarem os diversos níveis de conhecimento enunciados por Trilla (2004)4. Assim, formativamente é forte a intencionalidade de iniciar os formandos nos quadros de referência sistemático-conceptuais das ciências sociais, com particular destaque para a história, geografia, sociologia, psicologia e antropologia. Noutras unidades curriculares procura-se que os formandos adquiram e desenvolvam conhecimentos específicos no domínio metodológico e técnico da ASC, e ainda em outros domínios fundamentais para a sua prática profissional como os das expressões artísticas, culturais e de divulgação científica (Trilla, 2004; Lopes, 2006; Canário, 2007; Ventosa, 2011). Complementarmente, discutem-se

3 Neste âmbito, e no que diz respeito ao exercício da atividade como Técnico Superior em Animação Sociocultural (artº 5º)

definem-se as seguintes funções: (1) Responsabilidade de “conceção e coordenação de processos de diagnóstico sociocultural”; (2) Responsabilidade do “planeamento, execução, gestão, acompanhamento e avaliação de projetos, programas e planos de Animação Sociocultural”; (3) Coordenação de “equipas de Assistentes Técnicos em Animação Sociocultural ou outros, definindo, implementando e avaliando estratégias para a sua intervenção através dos recursos possíveis”(Estatuto do/a Animador/a Sociocultural, 2010). No Código Ético e Deontológico do Animador Sociocultural, aprovado em igual circunstância à do estatuto da carreira, no capítulo relativo à definição dos seus objetivos, encontra-se a referência à relação entre os princípios éticos e deontológicos e a competência profissional. No ponto 7 afirma-se que “O Código consagra um conjunto de valores, princípios e padrões para orientar a tomada de decisões e conduta a adotar quando surjam questões de ordem deontológica.”

4Trilla (2004) definiu os seguintes Níveis de conhecimento da ASC: metateórico; sistemático-conceptual, ideológico, ético e

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e aprofundam-se as questões de ordem ética e ideológica, mais concretamente no âmbito de uma unidade curricular relativa à Ética e Deontologia Profissional em ASC, e noutras, como a Introdução à Animação Sociocultural e Seminário de Questões Sociais e Contemporâneas. No projeto de formação há ainda a orientação no sentido das competências de reflexão e pesquisa, sobretudo em torno das práticas profissionais, serem desenvolvidas transversalmente (Guerra, 2000; Capul e Lemay, 2003; Trilla, 2004).

As experiências formativas de natureza experiencial, embora não constituam exclusivo da iniciação à prática profissional, ocorrem em grande medida nestas unidades curriculares. No documento de apresentação da licenciatura, Proposta de Criação de Ciclo de Estudos em Animação Sociocultural, ESELx, 2006, já se enunciava que o plano de formação visava “a aquisição e desenvolvimento de competências de intervenção em ASC. Para que se alcance tal objetivo procura-se desenvolver uma perspetiva de trabalho integrada, teórico-prática, profissionalizante e interdisciplinar.” Assumem assim centralidade os seguintes princípios de organização curricular: (1) a iniciação profissional como eixo agregador da formação e organização curricular do curso; (2) a iniciação profissional em contexto, entendida como espaço de intervenção, pesquisa e reflexão. Sucintamente, pode afirmar-se que o projeto de formação operacionaliza-se pelo desenvolvimento de estratégias que incidem particularmente sobre: (i) a articulação entre componentes de formação de natureza teórica e prática; (ii) a identificação de linhas de intervenção e investigação emergentes do contexto de iniciação profissional; (iii) a cooperação com entidades de acolhimento de estágio/cooperantes; e, ainda, (iv) a supervisão cooperada de carácter tutorial e de orientação assegurada por equipas multidisciplinares, como anteriormente se referiu.

Metodologicamente, tais objetivos e princípios operacionalizam-se concretamente nas unidades curriculares dedicadas à iniciação profissional designadas por PIIP – Projeto Interdisciplinar de Intervenção Profissional – que para cada ano do percurso definem um objetivo central. Assim, para o 1º ano, é objetivo central “caracterizar e compreender um contexto de intervenção”; no 2º ano, “acompanhar dispositivos de intervenção e aprofundar os seus fundamentos técnicos e científicos”; no 3º ano, “conceber, desenvolver e avaliar um projeto profissional em ASC” (Programas das Unidades Curriculares PIIP I, PIIP II e PIIP III; 2010/11).

A licenciatura em Animação Sociocultural propõe-se, assim, preparar profissionais para o exercício de funções de: elevada qualificação em contextos diversificados de intervenção social, cultural e educacional; de gestão e animação de projetos, de equipamentos, de territórios, de públicos, de modo exclusivo ou combinado. Genericamente, são consideradas como saídas profissionais as seguintes situações: animador/coordenador de projetos socioculturais, responsável de projetos ou serviços; coordenador de associações socioculturais locais; animador responsável pelo desenvolvimento de associações, podendo trabalhar com públicos infantil, juvenil, adulto ou idoso (Documento de apresentação de curso elaborado pela Comissão de Coordenação da Licenciatura em Animação Sociocultural da ESELx, 2010).

3. Dos contextos de iniciação profissional às condições de inserção profissional

Os contextos de iniciação profissional oferecidos aos formandos distribuem-se, genericamente, por diferentes âmbitos. (a) Contextos de intervenção social: centros de serviço social e equipamentos sociais da administração central e local; centros cívicos e comunitários ligados a diversas instituições como as misericórdias, associações ou fundações; (b) Contextos de intervenção cultural: casas e centros de promoção e divulgação cultural, museus, ludotecas e bibliotecas, equipamentos culturais da administração central e local; (c) Contextos de

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