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O peso dos escravos em relação ao montante dos bens inventariados em Campina Grande oscilou de acordo com cada conjuntura econômica e social, e em função da classe dos proprietários. De todo modo, a propriedade em escravos era uma componente estratégica no patrimônio senhorial. Para se ter uma idéia, o percentual médio da propriedade escrava em relação a todos os bens inventariados durante o período em estudo foi de 42,3%.291 Para tornar o quadro mais dinâmico, decompusemos esse item por década:

Quadro 24: PARTICIPAÇÃO DOS ESCRAVOS NO MONTANTE DE BENS INVENTARIADOS POR DÉCADAS EM CAMPINA GRANDE – 1785/1888

Período Percentual 1785 – 1799 32,9 1800 – 1810 25,6 1811 – 1820 38,9 1821 – 1830 38,5 1831 – 1840 45,2 1841 – 1850 41,5 1851 – 1860 60,3 1861 – 1870 46,9 1871 – 1880 33,3 1881 – 1888 17,6 FONTE: Inventários post-mortem – 1785/1888.

Se excetuarmos as décadas de 1800/1810 e a de 1841/1850, verificamos uma escala ascensional do peso dos escravos no patrimônio dos escravistas de Campina Grande, cujo ápice se dá no período compreendido entre os anos 1851/1860, para em seguida ir caindo muito lentamente até atingir o limite de 17,6% na década da abolição. Aqui é preciso lembrar que, em meados do século XVIII, a economia do município cada vez mais adquiria o seu perfil de centro diversificado, se transformando num celeiro no fornecimento de alimentos e serviços para o mercado interno e, em função da conjuntura internacional de guerras imperialistas e coloniais na América Inglesa e na Europa, também desenvolveu um setor

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A título de comparação, lembramos que o peso dos escravos na montagem de uma fazenda de café no Centro- sul oitocentista nunca foi inferior a 40% dos investimentos totais feitos pelos senhores. Ver FRAGOSO, João Luís e FLORENTINO, Manolo. “Marcelino, filho de Inocência crioula, neto de Joana Cabinda: um estudo sobre famílias escravas em Paraíba do sul (1835-1872)”. In. Estudos Econômicos. Nº 17: (2), maio/agosto. 1987, pp. 151/173.

ligado à exportação, especialmente a cultura algodoeira. Este conjunto de fatores certamente favoreceu a procura e a valorização de escravos, através de compra e, especialmente, através da reprodução natural. Durante o século, apesar de momentos de crise e retraimento, a mentalidade escravista dos proprietários foi cada vez mais se consolidando. O auge da época compreendida entre 1851 e 1860 (com reflexos ainda na seguinte) se explica por fatores tais como um aumento vertiginoso no preço dos escravos depois do fim do tráfico internacional e conseqüente valorização geral gerada pelo comércio interprovincial e pelo início de um novo boom algodoeiro, consolidado com a guerra civil norte-americana. O declínio relativo se inicia em meados do meio para o fim da década de 1870 e adentra os anos 1880, em função de novas oportunidades econômicas de investimentos e da conjuntura política de deslegitimação do cativeiro e seus reflexos locais.

Quanto ao patrimônio individual, o peso da propriedade escrava (além das conjunturas mais gerais) dependia do perfil dos plantéis. Grosso modo, o percentual dos cativos tendia a ser mais significativo no patrimônio geral dos pequenos e médios proprietários do que em relação aos grandes escravistas.

A discussão do peso da propriedade escrava em relação aos bens possuídos pelos inventariados está intrinsecamente ligada ao preço dos escravos. Como se sabe, na composição do preço dos escravos pesavam diversos fatores, indo desde variáveis mais ou menos objetivas como a idade, o sexo, a profissão e a aptidão, física até aspectos subjetivos ligados à personalidade do trabalhador. Assim, o cativo idealmente mais valorizado seria um homem, jovem, no auge da força física para o trabalho, especializado e “bem comportado”, de acordo com a lógica senhorial. No outro extremo estaria o exemplo de uma mulher, idosa, “achacada”, sem nenhuma especialização e com um passado de “insubordinação” ao cativeiro.292

Em função disso, o preço dos escravos em Campina Grande variou ao longo do tempo, de acordo com as diferentes conjunturas ao longo do período em estudo, indo de alguns mil réis até chegar próximo de 2.000$000.293 Nesse sentido, o cativo inventariado que atingiu a maior valorização no município foi Raimundo, de cor fula, com 35 anos, avaliado em

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Para o processo de formação dos preços dos escravos no Brasil, ver MATTOSO, Kátia de Queirós. Ser escravo no Brasil. 3ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1990, pp. 68/96; ANDRADE, Maria José de Souza. A mão-de- obra escrava em Salvador. São Paulo: Corrupio, 1988.

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Em sua pesquisa sobre a história agrária de Campina Grande, a historiadora Marly Viana chegou a fazer uma interessante comparação, mostrando que o preço médio dos escravos do município era mais ou menos equivalente aos de mercados regionais como o Recife, porém abaixo dos praticados em municípios localizadas nas províncias do Centro-sul cafeeiro, a exemplo de Rio Claro-SP, aonde durante o boom cafeeiro da segunda metade do século XIX um trabalhador escravizado adulto chegou a valer em média 2.3000$000. Ver VIANNA, Marly de Almeida Gomes. Op. cit. pp. 62/63.

1.800$000 no ano de 1870.294 O preço médio de escravos do sexo masculino e sexo feminino, com idade entre 15 e 30 anos, ficou em, respectivamente, 459$000 e 447$000. A diferença de preços entre homens e mulheres cativas era pequena, com uma variação em favor dos escravos de 2,6%. Porém, essa realidade mudou muito, especialmente entre o primeiro e o segundo período da pesquisa. Assim, se levarmos em consideração apenas o interstício de 1785 a 1850, verificamos que um escravo e uma escrava na mesma faixa etária acima apontada valiam, respectivamente, 239$000 e 233$000, uma diferença praticamente igual, ou seja, 2,5% em favor dos escravos homens. Já na fase entre 1851 e 1888 o preço médio correspondeu a 774$000 para os escravos e 636$000 para as escravas. Desta vez a diferença aumentou para 18% em favor dos cativos homens. Essa diferença substancial entre o preço dos escravos por sexo em favor dos homens se deve a várias razões, dentre elas destacamos duas. A primeira se refere ao impacto que o tráfico interprovincial gerou no preço dos escravos. Como a preferência dos senhores do Centro-sul recaia sobre escravos jovens e robustos (justamente na faixa etária entre 15 e 30 anos) para trabalharem na dura rotina das fazendas de café, seria natural que houvesse uma explosão no preço dos cativos justamente nesse segmento do mercado de trabalho, com uma conseqüente desvalorização do trabalho feminino. Por outro lado, há uma outra razão ligada às características da demografia da população escrava local que reforça essa hipótese. Conforme mostramos ao longo deste capítulo, o escravismo campinense tinha na reprodução endógena um dos seus traços mais marcantes, fazendo com que as mulheres escravas, pelo seu potencial de procriar, fossem tão ou até mais valorizada do que os homens. Com pequenas alterações conjunturais esse quadro se manteve até meados do século XIX. Contudo, mudanças tais como o fim do tráfico negreiro internacional, a intensificação do comércio interprovincial e o boom algodoeiro vivido pelas economias regiões alteraram irreversivelmente o cenário. Esse processo se completou com a aprovação da Lei 2.040 de 28 de setembro de 1871. Ao tornar o fruto do ventre da escrava livre, a principal fonte de reprodução do escravismo local, a mencionada lei

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Ver Inventário de João Correia de Araújo-1870. ADJFACCG. Ao que tudo indica, também em Campina Grande o preço dos escravos, em inventários, era avaliado abaixo de seu preço real de mercado, numa possível estratégia utilizada pelos herdeiros para pagarem menos impostos ao governo. Analisando os livros de escritura de compra, venda e troca de escravos (quando efetivamente o preço se realizava) chegamos a localizar pelo menos dois casos em que o valor do cativo ultrapassava a casa de 1.800$000, o preço máximo encontrado para escravos inventariados no município. Em 1867, João Lourenço Porto vendeu por 1.900$000 Alfredo Wolf, o escravo Maximiano, crioulo com 17 anos de idade. Por igual valor Antonio Jacinto de Medeiros Galvão adquiriu junto a Manoel Gonzaga de Araújo o escravo de nome Lázaro, crioulo de 22 anos, o que dá uma diferença de pouco mais de 5%. Quando os escravos eram vendidos em “hasta pública”, ou seja, leiloados, a diferença tendia a aumentar. Foi o que ocorreu com a mulata Izabel, avaliada no inventário por 200$000 e arrematada por 340$000 em 1836. Aqui temos uma significativa diferença de 58,8%. Ver Livros de Nota para escritura de compra, venda e troca de escravos-1867/1870. ACNPOCG; Documentos avulsos-1836. ADJFACCG.

só fez consolidar e aumentar a diferença de preço entre gêneros em favor dos homens e em detrimento das mulheres cativas.295

O quadro abaixo detalha melhor a evolução dos preços dos escravos, levando em consideração os itens sexo e faixa-etária, dois dos mais importantes componentes da valorização da escravaria:

Quadro 25: PREÇO MÉDIO DOS ESCRAVOS EM CAMPINA GRANDE POR SEXO NA FAIXA-ETÁRIA ENTRE 15 E 30 ANOS – 1785/1888

Valor Período Masculino Feminino 1785 – 1799 80$500 90$000 1800 – 1820 123$158 132$374 1821 – 1830 161$381 157$027 1831 – 1840 312$174 270$233 1841 – 1850 390$967 372$372 1851 – 1860 703$817 680$746 1861 – 1870 1.026$195 822$083 1871 – 1880 803$889 543$651 1881 – 1888 705$556 380$357

FONTE: Inventários post-mortem – 1785/1888.

Interpretando os dados, podemos observar que houve uma paulatina tendência de alta no preço dos escravos entre o final do século XVIII e as primeiras décadas do seguinte. Entre 1831 e 1850, o ritmo de valorização da escravaria aumentou numa escala maior, se intensificando entre 1851 a 1860 para atingir o pico no período entre 1861 e 1870, sofrendo uma pequena baixa entre 1871 e 1880 e chegando à década final da escravidão em patamares razoáveis, mas com crescente queda ano a ano. Por seu turno, o detalhamento por década confirma o que afirmamos há pouco em relação à diferença de preços entre escravos e escravas. Inicialmente as escravas eram até um pouco mais valorizas, pelo menos até a década de 1820, período esse crucial do processo de consolidação da crioulização da escravaria local. Em 1831, o quadro começou a se alterar favor dos escravos. Entre essa última data e 1860, a diferença ainda é mínima e se mantém mais ou menos estável. A partir de 1861, o ritmo da mudança se acelera e assim se mantém até o fim do cativeiro, chegando ao ápice no período

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De certa maneira, as escrituras de compra e venda de escravos do período confirmam a tendência apontada pelos dados compilados nos inventários, no que diz respeito à crescente diferença no preço entre escravos e escravas, especialmente depois da década de 1870. Dentre as várias transações envolvendo escravos em Campina Grande, em 1878, destacamos duas delas. Na primeira delas Joaquim José de Souza vendeu a escrava de nome Eugênia, 22 anos, a Francisco Cavalcante de Albuquerque, ao passo que na segunda delas José Vicente Nogueira Paz vendeu o escravo Bernardino, pardo, 22 anos, a Pedro Celestino de Araújo. Enquanto Eugênia custou 450$000, Bernardino foi adquirido por 900$000, ou seja, uma diferença de 50% em favor deste último. Ver Livro de nota para escritura de compra, venda e troca de escravos-1878. ACPONCG.

de 1881 a 1888, quando o preço de uma escrava em média valia um pouco menos da metade de um escravo, em função das razões já expostas.

As informações dos inventários são monos precisas no que diz respeito à ocupação ou às profissões desempenhadas pelos escravos de Campina Grande:

Quadro 26: OCUPAÇÃO DOS ESCRAVOS DE CAMPINA GRANDE – 1785/1888

Ocupação Quantidade Percentual

Agricultura 27 0,9 Serviço doméstico 15 0,5 Pecuária 2 0,06 Artesão 2 0,06 Sem registro 3.034 98,5 Total 3.080 100,0

FONTE: Inventários post-mortem – 1785/1888.

Como se pode observar pelo quadro acima, os responsáveis pela confecção dos inventários foram bastante negligentes em relação a esse item, pois para mais de 98% dos casos não temos nenhum registro. Como explicar essa omissão? Talvez essa distorção seja explicável, pelo menos em parte, pelas próprias características das estruturas sócio- econômicas predominantes no município. Desde o primeiro capítulo estamos chamando a atenção para o fato de que a estrutura sócio-econômica de Campina Grande era bastante diversificada, indo desde um setor de produção de subsistência até unidades cuja produção estava ligada a mercados regionais e internacionais. Nesse contexto, é possível pensar que os escravos empregados nos diversos setores econômicos não tivessem um grau de especialização muito definido, em comparação, por exemplo, com as grandes plantations agrícolas e as zonas de mineração de outras regiões do Brasil. Assim, um mesmo cativo poderia estar empregado parte do ano nas lides agrícolas, em outro momento poderia se dedicar ao trabalho doméstico e em outra ocasião ele mesmo poderia ser encarregado de fazer pequenos reparos nas ferramentas e instalações da propriedade, atividade essa que em tese deveria ser executada por um artesão habilitado para tal.296

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Essa certa flexibilidade aparece também nas listas de matrícula, um documento mais minucioso em relação à descrição da profissão da escravaria. O plantel de José Francisco da Costa Agra era constituído por 17 escravos. Destes, 13 estavam empregados na agricultura e os 4 restantes foram classificados como “criados”, a saber: Luzia, 7 anos, Martiniano, 6 anos, Bento, 5 anos e Barnabé, 2 anos, todos filhos da escrava Maria, 25 anos, trabalhadora agrícola. É possível que o serviço doméstico, por ser mais “leve” em comparação com outras atividades dispendiosas, funcionasse como uma espécie de escola de aprendizagem no mundo do trabalho escravo. Com o tempo eles passariam a desempenhar atividades no campo que exigiam maior esforço físico. É o que deve ter acontecido com Antonia, que quando criança deve ter sido doméstica e com o tempo foi transferida para trabalhar no plantio e beneficiamento do algodão da fazenda “Pau Ferro”, pertencente a seu patrão. Esse deve ter sido também o “destino” dos seus 4 filhos e muitos outros “escravinhos”. Por outro lado, não devemos esquecer que a mudança de ocupação também era uma estratégia de domínio senhorial para punir ou, ao

Isso não impedia, porém, que os escravos desempenhassem predominantemente uma atividade. Nesse sentido, apesar da pouca representatividade estatística do quadro montado acima, no geral os números aí expostos devem estar próximos do que se passava na realidade. Talvez o peso das ocupações seguisse aquela ordem, com a maior parte de escravos sendo utilizada nas múltiplas atividades agrícolas, vindo em seguida os empregados nas lides domésticas e por fim uma pequena parcela especializada em diversos ofícios artesanais, quer seja no interior das propriedades rurais, quer no núcleo urbano do município.

Uma análise detida da composição dos bens contidos nos próprios inventários aponta nesta direção. A existência de terras de plantar em quase todos os inventários, acompanhada de lavouras e safras de algodão, cana, milho, feijão, mandioca etc; a presença em grande escala de ferramentas de trabalhos, especialmente o tripé, a enxada, o machado e a foice. As descrições de equipamentos tais como alambiques, máquinas de descaroçar e prensar algodão e aviamentos para o fabrico de farinha são indícios seguros de que a maioria dos escravos campinenses estava empregada em ocupações agrícolas, quer seja numa grande propriedade ao lado de vários parceiros ou numa pequena gleba ao lado do senhor e de seus familiares. Por outro lado, a freqüência com que aparecem os rebanhos de animais graúdos e miúdos (especialmente de gado vacum e cavalar), os currais e cercados, as marcas de ferrar, as cangalhas, as esporas e as selas nos faz concluir que a pecuária também era um importante setor a empregar escravos em suas lides cotidianas.

Ainda nessa linha de raciocínio, lembramos que as casas e os objetos que compunham a sua decoração interna eram descriminados com todo esmero nos inventários pesquisados; isto devido à importância das mesmas não só como lugar de morada, mas também como espaço de produção, variando em luxo e diversidade de acordo com as posses do proprietário, indo desde modestos casebres de pau-a-pique até suntuosos sobrados de pedra e cal. Numa sociedade em que o trabalho manual era depreciado, não é de estranhar que os proprietários fizessem de tudo para manter o seu ócio mediante o emprego de escravos nas lides mais comezinhas do cotidiano. Nesse sentido, a presença de escravos domésticos, especialmente os do sexo feminino, era algo onipresente nos lares da antiga Campina Grande. Aí eles desempenhavam tarefas tais como a preparação dos alimentos, o cuidado com as crias do patrão, a manutenção da casa asseada, o levar recados para a vizinhança e tantas outras mais.

Alguns escravos, seja por imposição de seus senhores ou mesmo por iniciativa própria, dominaram ofícios artesanais de pedreiros, sapateiros, carpinteiros, ferreiros, oleiros, contrário, premiar escravos, conforme veremos no último capítulo. Ver Lista Nº 166 dos escravos pertencentes a José Francisco da Costa Agra-1872. Documento avulso. SEDHIR/UFCG.

especialmente com as novas oportunidades que surgiam com o desenvolvimento do município ao longo do século XIX.

O quadro de ocupações da escravaria campinense traçado acima, a partir de uma leitura dos inventários post-mortem, de certa maneira se confirma quando contrastamos com os dados do censo de 1872 e da matrícula. Dos 840 trabalhadores escravos considerados aptos para o trabalho pelo recenseador, excluídos os muitos velhos e as crianças, 509 estavam ocupados em atividades agropecuárias, ou seja, 60,5%. Como empregados domésticos foram classificados 329 trabalhadores, o que traduzindo em percentual dá significativos 39,3%. Por fim, foram encontrados 2 escravos artesãos urbanos, apenas 0,2% do total.297

Finalmente, num levantamento parcial em 49 matrículas, abrangendo um total de 260 escravos, constatamos que 72,3% foram descritos como trabalhadores empregados na agricultura, 26,8% em trabalhos domésticos e 0,9% eram vaqueiros, não se tendo o registro de nenhum artesão ou trabalhador urbano.298

Traçado o quadro histórico, demográfico e econômico da escravidão em Campina Grande, nos perguntamos: em que medida essas condições, por assim dizer materiais, interferiram no padrão de sociabilidade estabelecido entre senhores e escravos? É o que desenvolveremos no capítulo seguinte, discutindo o trabalho, a vida cotidiana e a importância da familiar e da rede de parentesco na formação de uma comunidade escrava na Campina Grande oitocentista.

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Ver Recenseamento...Op. cit. 1872. Convém lembrar que o recenseador juntou os escravos agrícolas e os empregados na pecuária na rubrica de “trabalhadores do campo”. Por outro, é possível que os artesãos estejam aí sub-representados, pois nesse rol foram incluídos apenas os que desempenhavam suas funções na cidade, quando sabemos que havia escravos que desempenhavam seus ofícios nas propriedades rurais. A título de exemplo, podemos citar o caso de José Gonçalves de Oliveira. Entre seus bens constavam terras de plantar e criar, benfeitorias, animais, casas e “uma tenda de ferreiro velha arruinada”. Além de dar conta de todo o trabalho da casa e do campo, é possível que algum dos 5 escravos do plantel fizesse o serviços artesanal extra de reparos corriqueiros nos bens da propriedade, como o conserto de ferramentas, no interior de tal tenda. Ver Inventário de José Gonçalves de Oliveira-1838. ADJFACCG.

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Ver Lista de matrículas de escravos do município de Campina Grande-1872. Documentação avulsa. SEDHIR/UFCG.

CAPÍTULO III

TRABALHO, SOCIABILIDADE, FAMÍLIA E PARENTESCO