ANEXO V. R ESPOSTAS DAS A VALIAÇÕES DO M ODELO 234
PRINCIPAIS ETAPAS DESCRIÇÃO
Briefing Coleta de dados e definição da programação
Análises Quebradesempenho, do problema em partes, formulação das especificações de identificação de restrições. Sínteses Geração de ideias, união das partes de um novo modo, desenvolvimento do
projeto.
Avaliação Verificação do desempenho das especificações e restrições, teste para descoberta das consequências de colocar o novo arranjo em prática
24Broadbent, G. Design method in architecture. The Architects’ Journal, 144(11), 1966, p. 679–685. 25Jones, J. C. Design methods: Seeds of human futures. London: John Wiley, 1970.
Evbuonwan, Sivaloganathan e Jebb (1996) apresentam diversos modelos prescritivos e concluem que a maioria deles baseiam seus procedimentos em atividades de projeto, que se resumem em análise, síntese, avaliação, decisão, etc., enquanto outros se baseiam em fases de projeto – projeto conceitual, desenvolvimento e projeto detalhado. Mallory‐Hill (2004) descreve a passagem do projetista por uma “cascata” de estágios sequenciais, iniciando o processo pelo briefing, até o detalhamento do projeto, construção e, por fim, ocupação (Figura 6).
Figura 6. Modelo de Processo de Projeto Tradicional. Fonte: Mallory‐Hill (2004).
Nelson (199626 apud MALLORY‐HILL, 2004) apresenta um modelo em ‘roda de
retroalimentação’ (figura 7), por acreditar que, com melhores mecanismos de retroalimentação do que o modelo tradicional linear, as condições de riscos entre as etapas ou a equipe de projeto, como escolha inapropriada de materiais ou um briefing inadequado, podem ser controladas com maior rigor. 26Nelson, C. E. TQM and ISO 9000 for Architects and Designers. New York: McGraw‐Hill, 1996. BRI EFI NG FUNC IO NAL BRI EFI NG DE PROJETO PLANEJAMENTO DO PROJETO PROJETO DOC U MENTAÇ ÃO LICITA ÇÃ O CON STRUÇÃ O OC UPAÇ ÃO
Figura 7. Modelo de Processo de Projeto Tradicional, com Ciclos de Retroalimentação. Fonte: Nelson, (1996 apud MALLORY‐HILL, 2004). Roozenburg e Cross (1991) acreditam que, no início da década de 1970 na área de arquitetura, as críticas e reformulações dos esquemas lineares, sequenciais ou de análise‐síntese‐avaliação se basearam na rejeição geral destes tipos de modelo.
Hillier, Musgrove e O’Sullivan (1984) propõem um novo modelo, chamado conjectura‐análise (C/A), que se baseia em pré‐estruturas que originam os conceitos de solução, buscando o refinamento do entendimento do problema e da solução por um ciclo de conjectura‐análise. Na área de metodologia em arquitetura, Bamford (2002) acredita que os modelos de processo de projeto mais importante sejam A/S e C/A, mas que o C/A é o que melhor se encaixa no contexto. No entanto, apesar de diversos estudos existentes na literatura apresentarem vários modelos de processo de projeto, nenhum deles foi aceito universalmente (ROOZENBURG; CROSS, 1991; KORKMAZ et al., 2010).
Alguns modelos mais detalhados do processo de projeto são apresentados a seguir, para servirem de base para o presente trabalho. O primeiro deles é o desenvolvido por Romano (2006), denominado Modelo de Referência para o Gerenciamento do Processo de
Projeto Integrado de Edificações. Além da representação gráfica das fases do processo de projeto de edificações, apresentada na Figura 8, o modelo conta com uma representação descritiva, composta por de oito planilhas. Cada planilha representa uma fase do processo, detalhado por meio de sete elementos: entradas, atividades, tarefas, domínios, mecanismos, controles e saídas.
Figura 8. Modelo de Referência para o Gerenciamento do Processo de Projeto Integrado de Edificações. Fonte: Romano (2006).
Outro modelo, denominado Protocolo Genérico do Processo de Projeto e Construção – GDCPP, em inglês – foi desenvolvido considerando alguns princípios‐chave, baseados na literatura e em estudos sobre os requisitos da indústria da construção civil (KAGIOGLOU et al., 2000). Estes princípios foram: Visão holística do projeto, para considerar o processo durante todo o ciclo de vida da edificação; Consistência no processo, para reduzir ambiguidades e facilitar a melhoria contínua do projeto e da construção; Coordenação efetiva, ao longo das atividades de cada fase do processo;
Correção progressiva do projeto, por revisões de fases que permitem avaliar o trabalho realizado, aprovar resultados e planejar as fases seguintes;
Envolvimento dos stakeholders e da equipe de projeto, que deverá ser multidisciplinar, para provimento das informações certas no momento adequado; Retroalimentação, através das revisões de fases, para viabilizar o aprendizado e o
Baseado nestes princípios, o GDCPP subdivide‐se em fases conforme a Figura 9. O modelo completo, com a proposição das revisões de fases e das atividades de cada fase consta no trabalho de Kagioglou et al. (2000). Figura 9. Fases do Protocolo Genérico do Processo de Projeto e Construção – GDCPP. Fonte: Kagioglou et al. (2000). Em relação aos edifícios de assistência à saúde, especificamente, Dickerman e Barach (2008) descrevem o modelo tradicional do processo de projeto destes edifícios da seguinte forma: 1. O arquiteto recebe os objetivos da edificação, em termos de função e programa; 2. Traduz estes objetivos em requisitos de ambientes (programa espacial) 3. Determina as adjacências de setores; 4. Determina as adjacências de ambientes; 5. Desenvolve o projeto detalhado de cada ambiente; 6. Converte estes projetos em projetos para construção, representando o funcionamento da edificação em conjunto com os equipamentos, tecnologia e equipe.
Estes autores ressaltam que, geralmente, o planejamento de equipamentos, tecnologias, instalações, suas interfaces e impactos em relação ao fator humano ocorre nas últimas etapas do processo de projeto, e não em conjunto com a concepção da edificação.
Os diversos modelos de processo de projeto apresentados na literatura possuem pouca aplicação na prática, e muitas justificativas são encontradas na literatura para tanto. Acredita‐se, por exemplo, que uma das razões é que se subestima o potencial de um processo de projeto profissional (VAN AKEN, 2005). A revisão bibliográfica apresentada por Tzortzopoulos e Sexton (2007) destaca também a atenção insuficiente aos fatores humanos relacionados à gestão do processo e a falta de motivação para colocar modelos de processos
em prática, sem valorizar o conhecimento, os esforços e o tempo dispensados em sua elaboração.
Em pesquisa prévia – dissertação de mestrado de Caixeta (2011) – foi desenvolvido um modelo genérico para o processo de projeto de intervenções em edifícios de assistência à saúde. A Figura 10 apresenta macrofases deste modelo em relação às macrofases do PDP propostas por Rozenfeld et al. (2006). Figura 10. Processo de Projeto edifícios de assistência à saúde, dentro do contexto do PDP. Fonte: Caixeta (2011). Na sequência, são exploradas as características específicas do processo de projeto de acordo com as macrofases de pré‐desenvolvimento, desenvolvimento e pós‐desenvolvimento, mostradas na Figura 10. 3.3.1 Pré‐Desenvolvimento
O pré‐desenvolvimento engloba as ‘fases pré‐projeto’ que são relativas “às considerações estratégicas do empreendimento de qualquer projeto potencial que objetive atender às necessidades dos clientes” (KAGIOGLOU et al., 2000, p.148). Em alguns textos, são denominadas como front‐end estas fases preliminares, que antecedem o projeto e construção dos edifícios, quando se tem o gerenciamento dos requisitos do projeto (TZORTZOPOULOS et al., 2006).
Frequentemente, a natureza caótica e ambígua do front‐end leva os autores a chamá‐lo de fuzzy front‐end, como ilustrado na figura 11. Atualmente, o fuzzy front end tem recebido ênfase crescente no processo de projeto (SANDERS; STAPPERS, 2008).
Figura 11. Crescimento do front‐end com a aproximação entre projetistas e usuários. Fonte: Sanders e Stappers (2008).
Para Campobasso e Hosking (2004), os líderes de edifícios de assistência à saúde tendem a iniciar o processo de projeto diretamente focados na concepção e construção do espaço físico em si, geralmente com contatos de arquitetos com quem já se relacionam. Estes autores acreditam que o motivo para esta postura seja que o espaço físico “é o aspecto mais visível do futuro hospital” (CAMPOBASSO; HOSKING, 2004, p.222). Este procedimento não permite que o projeto seja orientado pelo serviço, e sim pela arquitetura. No entanto, os autores defendem que é necessário articular a visão geral do edifício de saúde, estabelecer os objetivos estratégicos, planejar os fundamentos da organização e alcançar um consenso antes de iniciar a concepção do espaço físico em si. Para Caixeta e Fabricio (2013), no processo de projeto de edifícios complexos como os de saúde, o projeto do espaço físico deve ser precedido pelo projeto e planejamento das atividades e serviços que serão realizados na edificação.
Na construção civil, utiliza‐se o termo briefing para designar os requisitos para o projeto dos edifícios. O briefing, que tem como objetivo garantir o alinhamento entre a estratégia de negócio e processo de trabalho (JENSEN, 2011), é considerado um dos mais importantes processos num projeto para construção, uma vez que, nesta etapa, as melhorias podem ampliar a satisfação dos clientes (JENSEN, 2006; AL ZAROONI; ABDOU; LEWIS, 2011; JENSEN, 2011).
A princípio, o briefing era considerado um documento estático, no entanto, acredita‐ se atualmente que a captura de requisitos é um processo contínuo ao longo do processo de desenvolvimento do produto (TZORTZOPOULOS et al., 2006; JENSEN, 2011). Assim, tem‐se como definições:
Visão tradicional de briefing (estático, documento): antecede o projeto e os documentos resultantes contêm os requisitos dos clientes para o projeto,
usualmente escrito por especialistas. A grande crítica é que as necessidades que surgem ao longo do processo de projeto não podem ser preditas em conferência (JENSEN, 2011).
Briefing dinâmico, inclusivo (processo e não documento): engloba “as necessidades de todos os clientes e usuários no desenvolvimento de um componente e é um processo contínuo com mudança de foco em diferentes fases” (JENSEN, 2011, p.32).
O quadro 8 compara o briefing tradicional com o briefing inclusivo.
Quadro 8. Briefing tradicional e inclusivo. Fonte: Jensen (2011).