ANEXO V. R ESPOSTAS DAS A VALIAÇÕES DO M ODELO 234
REALIZAR LEVANTAMENTO
DO LOCAL Avaliar as questões envolvidas
1
INVESTIGAR POSSIBILIDADES COM O GRUPO Visitar o local, apresentar exemplos2
BRAINSTORM Listar os elementos possíveis e desenhá‐los em escala3
JOGO PRINCIPAL Mover as peças sobre o tabuleiro para criar o projeto4
TRANSFORMAR EM PROJETO O arquiteto desenha os resultados para discussão em grupo5
DETALHAR Desenvolver o projeto detalhado para construção6
caminho para preencher o fuzzy front end com as ideias, sonhos e insights das pessoas que serão servidas pelo projeto (SANDERS, 2006, p.6).
A utilização dos instrumentos generativos para co‐design pressupõe que os profissionais de projeto forneçam diversos materiais que os usuários utilizarão para se expressar. O quadro 25 elenca alguns destes instrumentos e fornece exemplos de aplicação.
Quadro 25. Instrumentos generativos e seus exemplos. Fonte: Sanders (2000) e Steen et al. (2007).
FUNÇÃO EXEMPLO
Instrumentos para lembrar Imagensuma situação. Por exemplo, “Como são geralmente suas noites e textos através dos quais os usuários poderão representar
durante a semana?”
Instrumentos para pensar Diagramas“Como você espera que seu trabalho seja no futuro?” que permitam esboçar um ciclo para responder à questão:
Instrumentos para mapear
Diagramas que permitam criar soluções. “Crie uma loja de animais de estimação que atenda suas necessidades como dono de cão (gato, etc.)”. Instrumentos para imaginar Ajudam a imaginar e expressar como uma situação futura poderá ser. “Qual a sensação de seu ambiente de trabalho no futuro?” Instrumentos para sentir
Ajudam os usuários a expressar suas emoções. “Utilize figuras e palavras para mostrar uma experiência relacionada à saúde em seu passado”.
Para ilustrar, temos exemplos em Sanders (2009), que apresenta um conjunto de instrumentos para imaginar, através do qual um grupo de enfermeiras estrutura o futuro fluxo ideal de informação, materiais e pessoas no pavimento dos pacientes. A autora ressalta que o importante é que as enfermeiras pensem sobre os fluxos e a experiência neste espaço futuro, e não tentem projetar as salas ou o pavimento. O papel do arquiteto/pesquisador, neste caso, é orientar os usuários a se deterem no que realmente é importante (Figura 26).
Figura 26. Co‐design com enfermeiras. Instrumentos para imaginar ao redor da mesa, para auxiliá‐las a pensar em fluxo e não em ambientes. Fonte: Sanders e Stappers (2008) e
Sanders (2009).
São também utilizados modelos 3D para dar suporte ao co‐design (SANDERS, 2009), com diversas configurações possíveis, como os apresentados nas figuras 27, 28 e 29. Dentre elas está o Velcro Modelling (figura 29), que possui peças com fixadores que permitem que a equipe de projeto teste diversas configurações diferentes sobre uma base dada (HANINGTON, 2003; SANDERS, 2009). Figura 27. Modelo 3D em co‐design: enfermeiras na equipe de projeto de uma sala de pacientes ideal. Fonte: Sanders (2009). Figura 28. Modelo 3D com paredes transparentes. Fonte: Sanders (2009). Figura 29. Velcro Modelling. Fonte: Sanders (2009).
4.3
DISCUSSÃO E SÍNTESE CONCLUSIVA
Neste capítulo foi apresentada a revisão sobre participação dos usuários em processos de projeto, fazendo um recorte para o co‐design, que é entendido como o nível de envolvimento efetivo dos usuários no processo, tidos como parceiros dos profissionais de projeto. O intuito foi constituir um corpo teórico com a síntese dos principais benefícios e desafios desta abordagem, bem como sua metodologia. Este capítulo serve de base para orientar as pesquisas de campo e a elaboração do modelo proposto, bem como as análises dos dados que serão levantados.
A visão geral sobre as origens do envolvimento dos usuários em diversas áreas permite identificar que as razões que motivaram esta prática estavam relacionadas à promoção de democracia e à qualidade do produto final.
A revisão bibliográfica mostrou que ainda falta uma definição clara sobre a participação dos usuários em projetos, pois a expressão aparece na literatura com significados amplos e genéricos. Com o intuito de elucidar a expressão, foram investigados os níveis de envolvimento em projetos de edifícios. Para tanto, foram primeiramente apresentados alguns modelos em forma de ‘escada de participação’. Apesar de amplamente difundidos, estes modelos foram criticados por, por exemplo, só considerar o poder de tomar decisões como medida de nível de participação; ter o controle das decisões como único objetivo da participação (TRITTER; McCALLUM, 2006), e ter sua utilidade limitada, levando ao entendimento de que os degraus mais altos, que indicam mais participação, sejam melhores que os níveis inferiores (SINCLAIR, 2004). Segundo Lightfoot e Sloper (200139 apud
SFANDYARIFARD, 2013), estes modelos de Arnstein e Hart deixam de considerar tipos de usuários, métodos e resultados, que são fatores chave no envolvimento de usuários.
Posteriormente, foram apresentadas outras propostas de classificação de níveis de envolvimento dos usuários, utilizadas em diversas áreas, e por fim definições específicas da área de arquitetura e urbanismo. Estas classificações foram organizadas no quadro 18, com o intuito de comparar as diversas proposições e estabelecer um padrão de níveis para este trabalho. Dado o objetivo central do presente trabalho, esta análise permitiu definir o co‐ design como foco em termos de nível de envolvimento.
A classificação geral dos diversos níveis de envolvimento mostrou‐se complexa, com várias propostas distintas. Com base na revisão e com o intuito de sistematizar os termos
39 Lightfoot, J. Sloper, P. “Involving Children and Young People With a Chronic Illness or Physical Disability”. In Local Decisions About Health Services Development. Phase One: Report on National Survey of Health Authorities and NHS Trusts. University of York, York, 2001.
utilizados neste trabalho, adotam‐se os níveis de envolvimento dos usuários conforme o Quadro 26. Ressalta‐se que só forma considerados os níveis em que existe algum envolvimento tanto dos usuários como dos projetistas, ou seja, os que se enquadrariam entre as linhas 1 e 2 do Quadro 18, apresentado na seção 4.1.1. Quadro 26. Níveis de envolvimento adotados neste trabalho. Fonte: Elaborado pela autora. NÍVEL DE ENVOLVIMENTO DESCRIÇÃO FONTE
Informativo Usuários fornecem e/ou recebe informações Damodaran(1996) Consultivo Usuáriosde componentes comentam um serviço pré‐definido ou conjunto
Participativo Usuários influenciam decisões relativas a todo o sistema
Co‐Design Usuáriospapel importante no desenvolvimento do conhecimento. são tidos como parceiros, e desenvolvem um SandersStappers (2008) e
Diversos benefícios que justificam a abordagem de co‐design foram identificados na literatura, sendo alguns específicos do co‐design e outros comuns também ao projeto participativo. O quadro 27 resume os principais. Defende‐se, na presente pesquisa, com base na revisão bibliográfica, que o co‐design permite adaptar o edifício de saúde à realidade local, para o contexto dos usuários.
Quadro 27. Principais benefícios do co‐design, segundo os autores citados. Fonte: Elaborado pela autora.
FONTE BENEFÍCIOS COMUNS AO