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3 O CAMINHO METODOLÓGICO DA PESQUISA

3.2 PROFESSORES TUTORES: SUJEITOS DA PESQUISA

O OBECiM foi uma experiência no campo da educação que contou com uma estrutura e metodologia didático-pedagógica que procurou evidenciar a prática pedagógica dos professores de Ciências e Matemática a partir de sua atuação e aliada à fundamentação teórico-científica como processo de formação continuada. É importante destacar que o processo de formação dos tutores não foi intencional e planejado. As análises desta pesquisa se fundamentam na ação prática, reflexão crítica e aprendizagem desses sujeitos.

O pré-requisito para a seleção e atuação dos professores tutores, sujeitos desta pesquisa, foi ser aluno ou ex-aluno do Programa de Mestrado Profissional do EDUCIMAT. Em algumas circunstâncias especiais foram admitidos 3 (três) tutores que não eram do Programa e moravam próximos aos campi de Nova Venécia, Venda Nova do Imigrante e Linhares. Estes campi ficavam distantes da Grande Vitória e havia dificuldades em deslocar tutores para ministrar aulas presenciais neles.

Os tutores sujeitos desta pesquisa apresentam formação inicial diversa. Assim, o foco será direcionado para as análises da formação nos professores tutores de Ciências e Matemática, com ênfase nas ciências. Ainda de acordo com a formação inicial dos sujeitos, para atuação, eles eram encaminhados para as turmas

relacionadas à área de conhecimento que correspondia a sua formação inicial. Portanto, tivemos 17 tutores da matemática e 16 das ciências.

Em relação à titulação, dos 33 tutores que atuaram no curso de Aperfeiçoamento, 17 eram mestres, 14 especialistas, 2 graduados. Ainda dos 33 tutores, 15 eram mestrandos do EDUCIMAT. Os tutores têm tempos variados de experiência na educação básica, que será explicitado no gráfico 1.

Os gráficos1 e 2 referentes à caracterização dos tutores quanto ao tempo de experiência na Educação Básica e na formação docente, foram elaborados com base nas respostas do questionário aplicado aos professores tutores e nos arquivos do OBECiM.

Para elaborar o gráfico 1, referente ao tempo de experiência na educação básica apresentado abaixo, os tempos foram divididos em intervalos de 1 a 5 anos. O gráfico demonstra o que se afirmou anteriormente, ou seja, os tutores são professores com experiência na docência, antes de qualquer nomenclatura ou titulação que venha a ser atribuída a esses profissionais no contexto desta pesquisa e de sua atuação no curso.

Gráfico 1 - Tempo de experiência dos tutores na Educação Básica

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

O gráfico 2 demonstra que a maioria dos tutores nunca atuou com a formação de professores, o que justifica o tema central das análises deste trabalho, a aprendizagem em situação prática, aprender-fazendo.

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1 a 5 anos 5 a 10 anos 10 a 15 anos 15 a 20 anos 20 a 25 anos acima de 25 anos

Gráfico 2 - Tempo de experiência com formação docente

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Apesar de a maioria dos professores tutores não apresentar experiência com formação docente como demonstrado no gráfico 2, eles não receberam uma formação prévia e específica para lecionar no curso de Aperfeiçoamento. O suporte para o planejamento e acompanhamento das aulas presenciais e a distância vieram dos professores especialistas, que também são docentes das disciplinas do mestrado EDUCIMAT.

É importante destacar que, no âmbito do processo formativo dos professores tutores de Ciências e Matemática, esses profissionais foram a ponte entre a universidade e a escola por meio de suas interações presenciais e virtuais com os cursistas e com os professores especialistas. Foi por meio dessas ações recíprocas que se realizou a formação dos tutores, na condição da ação prática, do aprender fazendo, sujeitos e tema centrais das análises deste trabalho.

Além disso, os pressupostos metodológicos descritos no Projeto Pedagógico do curso e adotados pelos professores especialistas e pela coordenação geral no planejamento e desenvolvimento do curso se baseou na pesquisa, no trabalho colaborativo e no diálogo, contemplando a prática docente dos cursistas como ponto de partida para as discussões da dinâmica e da estruturação das disciplinas ofertadas, das atividades propostas no ambiente virtual e nas aulas presenciais. Como um projeto de investigação qualitativa, o OBECiM teve um modelo de estruturação complexa em perspectiva plurimetodológica, privilegiando a

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colaboração e o diálogo entre os professores. Para entender como funcionava essa organização colaborativa, é preciso especificar as funções e as atividades realizadas por todos os professores na estruturação do curso. São eles: professores especialistas, professores tutores, professores coordenadores e professores cursistas. Apresenta-se um resumo das quantificações e atribuições de cada um. Os Professores especialistas, 12 docentes, 2 para cada disciplina, um da área de ciências e outro da matemática, 10 são doutores em Educação, 2 são mestres, 10 são atuantes no mestrado EDUCIMAT e todos são servidores do IFES. A principal função deles oi organizar e discutir os conteúdos e ementas da disciplina com os professores tutores, definir e propor conjuntamente, em reuniões, as atividades, as leituras, as avaliações, as práticas, o planejamento e a dinâmica das aulas presenciais e a distância.

Os Professores Tutores, mestrandos e mestres, 17 da matemática e 16 das ciências, todos, exceto 3, foram alunos e ex-alunos do mestrado EDUCIMAT. Suas funções eram ministrar as aulas presenciais nos campi e acompanhar as dúvidas e correções na realização das atividades propostas da plataforma virtual de aprendizagem. Esses professores foram orientadores na elaboração dos relatos de experiências pelos professores cursistas.

Os Professores Coordenadores, 13 docentes, 1 graduado, 3 especialistas, 6 mestres e 3 doutores, 5 foram alunos do EDUCIMAT, todos servidores dos nove campi do IFES que ofertavam o curso. Tinham como principal atribuição organizar os espaços e disponibilizar os materiais de consumo para os tutores nas aulas presenciais. Foram responsáveis por providenciar os documentos e registros para o funcionamento do curso em cada campus e também orientaram os cursistas na escrita dos relatos de experiências.

Professores Cursistas, o público-alvo do curso de aperfeiçoamento, licenciados e

graduandos em Ciências e Matemática, que já atuavam ou pretendiam atuar na EJA, que trouxeram as experiências do chão das escolas para serem discutidas e transformadas no decorrer do curso. Produziram sequências didáticas, práticas experimentais investigativas, relatos de experiências e materiais didáticos para o ensino de Ciências e Matemática na EJA.

Os professores tutores de Ciências e Matemática que atuavam nos campi nas aulas presenciais traziam suas impressões a respeito dos professores cursistas para a reunião de planejamento e organização das atividades e da dinâmica das disciplinas com o professor especialista. As realidades eram diversas em cada um dos nove campi de oferta do curso, porém, mesmo diante dessas diferenças, os professores buscavam planejar a mesma dinâmica da aula presencial que era ministrada pelos tutores simultaneamente nos 9 campi e nas 12 turmas quinzenalmente aos sábados. Aconteciam adequações de tempo, materiais, metodologias e práticas por conta da diversidade de realidades apresentadas nas turmas.

Na construção colaborativa pretendida, sempre emergiam os embates e as divergências de ideias do grupo nas reuniões de planejamento das disciplinas. Porém, as discordâncias não nos afastavam das concepções e objetivos propostos pelo e realizou: trabalhar com metodologias participativas, investigativas e alternativas, realizar oficinas e discutir práticas pedagógicas que permitissem aos docentes vivenciar e atuar de modo teórico-prático, fazendo interagir as concepções da experiência pedagógica de cada professor cursista, que emergiram e foram ressignificadas no diálogo com o campo conceitual e prático.