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4. PROPOSTA METODOLÓGICA

4.2. O Programa Mulheres Mil avaliado sobre o tripé: conteúdo, contexto e trajetória institucional.

4.2.3. Programa Mulheres Mil no IFCE: um lócus para a inclusão?

O Governo Federal ao institucionalizar o Programa Mulheres Mil em 2011, estabeleceu que o programa deveria ser ofertado pelas instituições de educação profissional e tecnológica, prioritariamente, pelas instituições públicas dos sistemas de ensino federais, estaduais e municipais (MEC, 2011).

Dessa forma, ao partir da realidade em que esta pesquisa se concentrará nos cursos ofertados pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE Campus de Limoeiro do Norte, faz-se necessária uma explanação aprofundada da trajetória institucional da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica (Rede Federal de EPT) a fim de identificar o significado social da implementação desta política nesta rede.

Figura 6 – IFCE Campus de Limoeiro do Norte

A história da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica tem início em 1909, quando o então Presidente da República, Nilo Peçanha, cria 19 escolas de Aprendizes Artífices a partir do Decreto nº 7.566, de 23 de setembro de 1909, que traz as seguintes considerações:

O Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brazil, em execução da lei n. 1.606, de 29 de dezembro de 1906:

Considerando:

que o augmento constante da população das cidades exige que se facilite às classes proletarias os meios de vencer as dificuldades sempre crescentes da lueta pela existencia:

que para isso se torna necessario, não só habilitar os filhos dos desfavorecidos da fortuna com o indispensavel preparo technico e intelectual, como faze-los adquirir habitos de trabalho proficuo, que os afastara da ociosidade ignorante, escola do vicio e do crime;

que é um dos primeiros deveres do Governo da Republica formar codadões uteis à Nação:[...] (BRASIL, 1909)

Resta claro, pelo trecho citado acima, que as raízes dessas Escolas de Aprendizes que, posteriormente, deram origem aos Centros Federais de Educação Profissional e Tecnológica (Cefets), alimentam-se do límpido objetivo de acolher os desafortunados.

E, a partir de 2008, com a promulgação da Lei nº 11.892 de 29/12/2008, no governo do então Presidente da República, Luíz Inácio Lula da Silva, acontecerá a maior expansão da Rede, quando 31 Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets), 75 unidades descentralizadas de ensino (Uneds), 39 escolas Agrotécnicas, 7 escolas Técnicas Federais e 8 escolas vinculadas a universidades deixaram de existir para formar os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (MEC, 2019). Estas instituições passam a existir com um novo viés, a partir de uma forte atuação nas áreas de pesquisa e de extensão.

Figura 7 – Evolução IFCE em datas

Fonte: Site oficial do IFCE

Desde então, a Rede Federal tem vivenciado a maior expansão de sua história. Ao considerarmos que foram construídas 140 escolas técnicas no país, entre os anos de 1909 e 2002, e que foram entregues mais de 500 novas unidades de institutos federais entre os anos de 2003 e 2016. Assim, o Ministério da Educação contabiliza haver 644 campi em funcionamento no país (MEC, 2019).

Figura 8 – Distribuição dos campi do IFCE

Cabe ressaltar que a Rede Federal que, ainda em 1909, foi inicialmente instituída como uma política voltada a atender às “classes desprovidas”, atualmente vivencia a época de maior expansão e interiorização da educação profissional, científica e tecnológica federal. Indo além dos muros de ação dos Cefets, os Institutos Federais oferecem ensino médio integrado ao técnico, cursos técnicos subsequentes e concomitantes, cursos tecnológicos, bacharelados, licenciaturas e de pós- graduação, entre outros. Além de desenvolver atividades nas áreas de pesquisa e extensão. Existe ainda o desenvolvimento de políticas de assistência aos estudantes, que tem demonstrado que, ainda hoje, esta instituição atua para prover oportunidades às classes que, por muitos anos, tiveram negados e/ou limitados o seu direito à educação.

No âmbito do Ministério da Educação, a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (Setec/MEC) é apresentada como a coordenadora nacional da política de educação profissional e tecnológica (EPT) no país. Tem, entre suas atribuições, o dever de formular, implementar, monitorar, avaliar e induzir políticas, programas e ações de EPT, sendo necessária sua atuação em regime de colaboração com os demais sistemas de ensino e os diversos agentes sociais envolvidos na área. (MEC,2019)

Desta forma, no Programa Mulheres Mil, a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (Setec/MEC) configura-se como responsável pela proposição de ações, visando a concepção e atualização das diretrizes nacionais para a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica alinhadas às demandas sociais e aos arranjos produtivos locais.

Como já demonstrado anteriormente, a relação entre o Programa Mulheres Mil e a Rede Federal EPT inicia no ano de 2003, com a parceria firmada entre o Niágara Colleges e o ainda CEFET do Rio Grande do Norte. Mas que devido ao sucesso e desenvolvimento focado realmente no desenvolvimento e mobilidade social que os Colleges Canadenses perceberam na Rede Federal, passam a expandir esta parceria a outros CEFETs das Regiões Norte e Nordeste, principalmente pelo histórico de descaso e atraso com essas regiões em relação ao restante do país.

O nascedouro do programa nas regiões Norte e Nordeste sofre influência do professor Sérgio França, do CEFET- RN, e das ações conjuntas da REDNET, rede

criada com o objetivo de unir forças para lutar contra essas situações de desigualdades secularmente pertencentes a essas regiões e que não eram tratadas de perto pelos governos.

Para tanto, a articulação do GESTOR 1, do IFCE, foi essencial, pois este participou das primeiras reuniões que implantaram o projeto piloto, visto que atuava como intérprete. O que traz grande destaque à região do Nordeste e ao IFCE, pois este programa veio a ser um marco nas relações internacionais da Rede Federal EPT, “é um ícone, ela é um marco que dali nascem essas relações, criam-se as parceiras entre CEFETs, na época, e as faculdades comunitárias canadenses” (GESTOR 1)

Fato que chamou atenção é que não se esperava que um país desenvolvido como o Canadá tivesse necessidade de desenvolver ferramentas para atender populações excluídas, não se imaginava que ainda fosse preciso trabalhar questões como as de empoderamento, num país em que se julga que já esteja tudo ponderado. Então, quanto a isso, houve um choque por não imaginar guardar singularidades com o Brasil.(GESTOR 1). Contudo, mesmo com essas semelhanças, as formas de intervenção ocorrem de forma diversa no Brasil, até mesmo na execução do programa, pois, por exemplo,

[...] lá o reconhecimento, ele acontece para homens e mulheres, é uma coisa que é habitual nos Colleges, eles fazerem esta avaliação e acreditação dos conhecimentos, reconhecimento dos saberes. (GESTOR 2)

Com esta mesma finalidade é criada, no Brasil, em 2009, a Rede Nacional de Certificação Profissional e Formação Inicial e Continuada – Rede CERTIFIC, a fim de fornecer reconhecimento formal dos saberes adquiridos na sua trajetória de vida e trabalho. Contudo, na prática, não é tão operante na Rede Federal.

Embora o Programa Mulheres Mil tenha em sua Metodologia de Acesso a definição da oferta dos cursos que aproveitem os saberes já inerentes às mulheres daquela comunidade, bem como as necessidades da região, além do objetivo de aumentar a escolaridade das mesmas, temos que, na maioria dos campi do IFCE a escolha do curso levou em conta a disponibilidade de docentes, principalmente porque no início a participação desses se dava de forma voluntária. Somente com a incorporação do Programa pelo PRONATEC que começam a oferecer Bolsa para atuar no programa. Em síntese, na realidade do IFCE, a escolha dos cursos não

passava diretamente pelo reconhecimento dos saberes já adquiridos pelas alunas, ou pela vocação da região, mas pela disponibilidade de pessoal e de estrutura do campus, além da disponibilidade do parceiro canadense, principalmente entre os anos de 2007 e 2011 (projeto piloto), porque tinha que haver compatibilidade entre as ofertas de capacitação e a expertise dos colleges canadenses, visto que eram realizadas visitas aos colleges a fim de atuarem em parceria. (GESTOR 2)

Da mesma maneira, além de ter a influência da disponibilidade dos docentes e da estrutura dos campi na definição dos cursos a serem ofertados, a parte da alfabetização, prevista no programa, também não foi trabalhada corretamente no IFCE.

O GESTOR 1 relata que a implantação do projeto piloto no CEFET-CE foi uma ousadia, houve enfrentamentos locais, internos, a comunidade questionou:

[...] Se nós somos instituições de excelência, só nos chegam os melhores por meio de exames ou vestibular, como receber pessoas que estavam sem acesso à educação? E a pontuação era exatamente no sentido inverso das escalas: quanto menos sabia, mais pontos fazia. Então, isso foi muito inovador para todos nós, as pessoas não admitiam. Eu lembro muito bem que eu trago a proposta, vou a uma reunião em Brasília e trago a proposta, foi criado realmente um programa, o nascedouro do programa, quando eu chego na casa, era um dia após a decretação de uma greve, tinha sido decretado a greve no dia anterior, e tivemos uma reunião interna no departamento quando eu apresento a proposta, e todos se entreolham. Lembrando que era voluntário, era um trabalho voluntário, não remunerado, então era abraçar a causa[...] (GESTOR 1)

Consideração complementada pelo GESTOR 2 quando relata que, após definidos os servidores que atuariam nesse projeto, neste momento, apenas no CEFET-CE de Fortaleza, estes foram participar de formação com os canadenses na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, e, ao presenciar a explanação do funcionamento da politica a todo momento se questionava: “[...]não tem nem perigo disso acontecer no CEFET. Como é que a gente tem um exame de seleção super competitivo e como é que a gente vai chegar e dizer que essas mulheres vão entrar de uma hora pra outra?[...].”(GESTOR 2) Para este, o ponto chave para a aceitação e sucesso do programa foi a SETEC ter colocado que iriam fazer e que teriam seu apoio, veio mesmo de cima para baixo, o que facilitou ao trazer ao campus a situação. Posicionamento que o GESTOR 1 pontua como essencial e diferencial para o sucesso da política:

Naquele momento a SETEC passa a ter gestores da Rede[...] porque, muitos anos, nós tivemos gestores provenientes das universidades, que não entendem a Rede, a dimensão da Rede. (GESTOR 1)

Desta forma, para que o projeto fosse implementado no CEFET, primeiramente no campus de Fortaleza, foi preciso empenho voluntariado de professores, técnicos-administrativos e até alunos monitores, que mesmo depois que terminava o período das bolsas faziam questão de continuar atuando no programa. (GESTOR 2)

Para escolha do local e busca pelas alunas, durante o projeto com o Canadá, a principal parceria foi firmada com o EMAÚS70, onde as 3 primeiras turmas da parceria Canadá-CEFET-CE são do bairro Pirambu, em Fortaleza, visto que o EMAÚS já atuava dentro desse bairro, conhecia as mulheres e deu credibilidade ao projeto quando este é apresentado à comunidade. (GESTOR 2)

Quanto à formatação dos cursos, embora a Portaria que vai instituir nacionalmente o programa exija um curso de no mínimo 160h, a verdade é que mesmo com oferta de cursos com duração de 430h, como foi o caso do CEFET-CE em Fortaleza, os gestores informam que foi difícil atingir todos os objetivos que a política buscava. (GESTOR 2)

Em resposta às exigências do Canadá, em Fortaleza foi implantado um Escritório de Acesso, com muita luta e dificuldade, em grande parte por sempre ter tido o apoio da direção do campus. Este escritório até hoje existe, mas não está em uso, é mantido na esperança de conseguir voltar a oferecer o programa assim que os investimentos orçamentários permitirem, pois ainda reconhece-se a importância desse programa não apenas para as egressas, mas para os servidores e para a instituição, sendo extremamente empoderador para todos. (GESTOR 2)

Embora estivesse entre os objetivos do programa o acompanhamento das egressas, a instituição não conseguiu executar esta ação por falta de recursos humanos e materiais. Outro ponto que não foi possível dar continuidade e que era um ponto forte e bem executado pelos Colleges era a questão do cooperativismo, as

70 Organização não governamental sem fins lucrativos, que faz parte do Movimento Emaús Internacional e tem sede no bairro Pirambu (Cristo Redentor). Disponível em: < https://www.movemaus.com.br/sobre/identidade>. Acesso em: 29/11/2019, às 08h16.

egressas não demonstraram interesse, principalmente pela falta de capital para investimento e de articulação entre elas. E, até houve movimentação da parte da instituição, por exemplo, no campus de Fortaleza, em busca de firmar parcerias com bancos, como o BNDES, mas não houve avanços. (GESTOR 2)

O IFCE por ser uma instituição de características essencialmente tecnicista em seu corpo docente, também encontrou dificuldades em abordar o eixo de cidadania, direitos e saúde da mulher, eixo essencial à conquista do empoderamento dessas mulheres. Para sanar estas situações foram firmadas parcerias com advogados, delegacias, e, em Fortaleza, até chegou a acontecer uma palestra com a Maria da Penha. Foram as formas encontradas para atender ao escopo do programa. (GESTOR 2)

Sobre as ferramentas apontadas na Metodologia de Acesso, Permanência e Êxito: o Mapa da Vida e o Portfólio. Foi esclarecido que o Portfólio não foi muito bem abordado, como previsto na política, ou como executado no Canadá, credita-se que tenha sido em decorrência de não haver no Brasil a cultura de utilizar portfólios, exceto para trabalhos mais ligados à área artística. Então, não foi abordado com grande importância. No entanto, ao Mapa da Vida foi dada uma atenção até maior do que a prevista pelo programa, de forma que se tornou o momento de inflexão em todos os cursos ofertados. Era um momento de fortes e profundas reflexões o que se percebeu a posterior que só poderia ser executado por assistentes sociais e/ou psicólogos por trazer à tona situações vivenciadas por essas mulheres que somente esses profissionais poderiam atuar para ajuda-las. (GESTOR 2)

Após a fase de participação do projeto piloto e depois da transformação do CEFET – CE em IFCE há alguns levantamentos oficiais do andamento das turmas implantadas no IFCE pelo Programa Mulheres Mil.

Fizeram adesão ao Programa Nacional Mulheres Mil os campi de Crateús, Fortaleza e Limoeiro do Norte a partir da Chamada Pública de 2011. Em avaliação realizada pela SETECE em junho de 2012, foram constatados avanços significativos no IFCE, dentre os quais destacam-se o empenho e compromisso das equipes gestoras na condução de questões e atendimentos de demandas geradas pelo público alvo e a elaboração de propostas educacionais que levaram em conta as necessidades e potencialidades das alunas. Tais fatores refletiam no baixo índice de desistência, visto que, em relação à evasão, os campi apresentaram percentual de 0

a 3%, o que demonstra que a estratégia de permanência tem funcionado. (SETEC- MEC, 2012).

Em relação ao Escritório de Acesso, os campi de Fortaleza e Crateús já haviam implantado e o de Limoeiro estava em processo de organização. No que se refere à inserção no mundo do trabalho, o campus de Fortaleza articulou importantes parcerias com empresas para a realização de estágios das alunas, possibilitando oportunidades de inserção no mercado de trabalho. Apesar das dificuldades inerentes aos novos campi (Crateús e Limoeiro do Norte), que ainda se encontravam em fase de estruturação, o programa estava funcionando de acordo com os objetivos. (SETEC-MEC, 2012)

A SETEC deu ciência das dificuldades encontradas pelos gestores dos campi para a implantação do programa, bem como as dificuldades para a formação da equipe multidisciplinar, estabelecimento de parcerias, entre outros. Todavia, para o êxito do programa, frisou ser importante considerar os seguintes aspectos: Gestão Institucional, nos campi do IFCE foi constatada a necessidade de acompanhamento do processo de implantação e implementação do Programa pelo gestor institucional; a gestão financeira do Programa precisa de uma atenção especial dos profissionais e procedimentos responsáveis pelo pagamento das bolsas das alunas, compra de equipamentos, utensílios e materiais de consumo para os cursos. A dificuldades de licitação de material foi apontada por todos os campi que estavam implantando o programa; meta anual, no que se refere ao campus de Limoeiro do Norte, o mesmo enfrentou dificuldades para iniciar as atividades, e estava com turma de 50 alunas, no entanto, a meta estabelecida pelo programa é que cada campus beneficiasse 100 mulheres por ano. A sugestão foi que o campus, com o apoio da gestão institucional, programasse o atendimento das 100 alunas de 2012 e mais 50 alunas da meta de 2011, que deveriam ser matriculadas no SISTEC71 até 31 de dezembro daquele ano.(SETEC-MEC, 2012)

Já em 2013, o programa passou a ser desenvolvido em sete dos seus vinte e três campi à época: Canindé, Crateús, Fortaleza, Iguatu, Jaguaribe, Limoeiro do Norte, Quixadá e Morada Nova participando desta empreitada. As áreas de realização das capacitações eram: Corte e Costura, Culinária básica e inclusão digital,

71 É um sistema de registro, divulgação de dados e de validação de diplomas de cursos de nível médio da educação profissional e tecnológica. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/sistec-inicial/>. Acesso em: 29/11/2019, às 08h18.

Manipulação de Alimentos, Panificação, Serviços Domésticos, Tecnologia de Alimentos e Cosméticos. (IFCE, 2013a)

E, apresentou como dificuldades e limitadores desta atuação: a falta de incentivo aos profissionais, restrição orçamentária, cumprimento da meta de cem mulheres ao ano, equipe reduzida para atuar no Programa e nem todas as equipes dispor da equipe mínima necessária (pedagogo, assistente social e psicólogo), pouco espaço dentro da infraestrutura dos campi, dentre outros. (IFCE, 2013a)

Neste mesmo ano foram lançadas sugestões à SETEC a fim de mitigar as situações problemáticas identificadas, quais sejam: fazer o encontro com gestores institucionais; promover encontros regionais com gestores institucionais e locais; promover a articulação interministerial com vistas a oferta de ações e serviços de assistência para público alvo – creche, saúde da mulher, assistência social, bolsa família etc; implantar o sistema de gestão informatizado do programa; promover ações junto as demais secretarias do MEC para formação dos docentes em EJA72, diversidade, etnia, direitos humanos e gênero; desenvolver proposta de formação continuada para gestores e equipe multidisciplinar; elaborar proposta para esclarecimento de dúvidas sobre a criação e uso do portfólio; articular reuniões entre os gestores institucionais e locais para definição de atribuições para troca de experiências e construção de planos de ação.(IFCE, 2013b)

Novas dificuldades são apontadas, entre elas: dar conta de 100 mulheres ao mesmo tempo (não havia equipe e infraestrutura); muitos profissionais foram para PRONATEC; atender a todas as expectativas das mulheres; não ter todos os laboratórios necessários; pouca Comunicação nos campi; pouca sensibilização de alguns gestores; não ter salas de aulas suficientes; falta maior priorização ao programa. (IFCE, 2013b)

Lócus de nosso estudo, O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) chegou a Limoeiro do Norte para atender toda a Região Jaguaribana por meio da formação profissional gratuita e de qualidade. São onze cursos oferecidos semestralmente à comunidade. O Instituto substituiu o antigo CEFET/CE e é resultado do projeto de expansão da Rede Federal EPT. Está situado no Vale do Jaguaribe, especificamente no município de Limoeiro do Norte, distante

72 A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino, que perpassa todos os níveis da Educação Básica do país. Disponível em: < https://pronatec.blog.br/eja/>. Acesso em: 29/11/2019, às 13h10.

cerca de 200km da capital cearense. Possui área total de 12.000,00m2, sendo 6.692,46m2 de área construída, com infraestrutura dotada de: salas de aula, laboratórios básicos e específicos para os diversos cursos, sala de vídeo conferência, auditório, espaço de convivência, cantina, biblioteca com espaço para pesquisa e estudo, ginásio poliesportivo, dentre outros. É composto pela Unidade Sede localizada em Limoeiro do Norte, a Unidade da Cidade Alta, a Unidade Experimental de Pesquisa e Ensino (UEPE) e o campus avançado de Jaguaruana. (IFCE,2019)

O IFCE Campus de Limoeiro do Norte passa a integrar o Programa Mulheres Mil a partir da chamada pública realizada em 2011, e permaneceu até o período de descontinuidade da política no IFCE, em 2014. Durante este período, realizou dois ciclos de cursos. Nas primeiras turmas foi possível adquirir parceria com a Prefeitura Municipal de Limoeiro do Norte, mas infelizmente na segunda etapa a parceria não foi renovada. (IFCE, 2012)

De acordo com GESTOR 3, os cursos foram determinados de acordo com a informação da profissão indicada pelas mulheres no momento do cadastro, em que a maioria indicava ser “do lar” ou diaristas. O campus de Limoeiro do Norte disponibilizou o espaço e orçamento para aquisição de mobiliário a fim de montar o Escritório de Acesso, que se deu no final do ano de 2012.

O GESTOR 3 informa ainda que, após sua indicação pela Direção-Geral para coordenar o programa, houve capacitação em Brasília para todos os membros