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QUADRO 2: UI – AGRUPAMENTO DAS “RECOMENDAÇÕES” EM FUNÇÃO DO DESTINATÁRIO

A Discussão do Novo Modelo de Avaliação de Desempenho Docente na Esfera Pública (2007-2009)

QUADRO 2: UI – AGRUPAMENTO DAS “RECOMENDAÇÕES” EM FUNÇÃO DO DESTINATÁRIO

Recomendações

Destinatário

Governo ou os governantes Sindicatos

Partidos políticos ou Políticos Professores

Cidadão comum

As recomendações que os OM dirigiram aos respectivos destinatários acrescentará informação sobre a sua posição quer relativamente às tácticas utilizadas pelos governantes ou pelos parceiros sociais nos processos de negociação do modelo e das respectivas alterações quer, ainda por exemplo, em relação ao caminho a percorrer ou o modelo idealizado, que nos permitirão conhecer compreender os esquemas argumentativos em jogo.

Finalizado o processo de recorte de cada ficha temática em UI e de classificação de cada unidade, foi efectuado o tratamento dos dados com recurso a uma folha de cálculo. Partindo do geral para o particular, determinámos os valores dos índices de parcialidade, de orientação e de tendência-impacto do conjunto total de UI. Determinámos o valor dos índices de visibilidade e de peso-tendência (em relação ao conjunto) bem como os índices de parcialidade e de orientação por temas e por categorias de conteúdo, de acordo com o método indicial proposto por Lise Chartier (2003).

O que significam estes índices e que informação adicional nos puderam trazer? O índice de tendência-

impacto, determinado, em percentagem, pelo quociente da diferença do número de unidades

classificadas com tom positivo e com tom negativo e a sua soma , com sinal determinado pelo tom predominante, mede a impressão global que permanece na opinião pública ou que esta retém, de determinado assunto apresentado pelos media. Em certa medida é, na nossa opinião, uma forma de quantificar a eficácia da luta de opiniões nos jornais, como sendo uma luta por uma opinião do público, isto é, por indivíduos que abraçarão a opinião publicada como a sua e que a

apresentarão como sendo a “sua” opinião. (Tönnies, citado por Silveirinha, 2004). Este índice de

tendência-impacto, ao utilizar apenas as UI parciais (+ ou -) ignorando as neutras, detém-se sobre a

opinião parcial, ou seja sobre aquela em que o autor manifesta o seu compromisso com o assunto. Na opinião de Chartier (2003), a imprensa, na selecção dos assuntos e na sua forma de apresentação, esforça-se por responder aos gostos e às necessidades do auditório para que lhe permaneçam fiéis. Ao fazê-lo, revela, por uma espécie de simbiose, o estado de espírito da opinião pública. Quanto mais afastado do zero está o índice de tendência-impacto mais a imagem do acontecimento se embeleza ou se deteriora; quanto mais se aproxima do lado negativo tanto mais a impressão negativa do discurso deixa marca ou resíduo desfavorável na opinião pública.

O índice de peso-tendência, ou seja a tendência-impacto aplicada aos temas ou às categorias permite visualizar o peso de certo tema ou categoria relativamente à tendência-impacto. A comparação dos

pesos-tendência entre si permite-nos saber onde é feita a maior aposta na opinião, ou onde está o

problema. A comparação dos índices de visibilidade e de peso-tendência, mostra-nos que alguns grupos de unidades têm um impacto mais determinante que outros mesmo se apresentam uma presença menor (Chartier, 2003). O valor do índice peso-tendência de um tema enquadrador ou categoria, em percentagem, obtém-se fazendo o quociente entre a diferença do número de UI positivas com o número de UI negativas do tema enquadrador ou da categoria em análise, pela soma do número de unidades parciais totais.

O índice de parcialidade, determinado, em percentagem, pelo quociente entre a soma do número de UI positivas com o número de UI negativas e número total de unidades ⁄   , em oposição à neutralidade, indica a parcialidade média da opinião emitida sobre o assunto. Este índice mede o interesse, o fervor com que a imprensa cobre um determinado assunto, a paixão com que fala do mesmo, seja utilizando um tom favorável (+) ou desfavorável (-).

O índice de orientação, determinado, em percentagem, pelo quociente entre a diferença do número de UI positivas com o número de UI negativas e número total de unidades ⁄   , com sinal dado pelo sinal do tom predominante, diz-nos em que medida o artigo ou conjunto de artigos apresentam aspectos favoráveis ou desfavoráveis ao tema em estudo, isto é, quantifica a convicção com que o(s) autor(es) tratam um assunto.

Quanto maior for a parcialidade e elevada a orientação de uma categoria de conteúdo tanto maior poderá ser o seu peso-tendência e por consequentemente maior o seu impacto na opinião pública. O índice de visibilidade ou de presença mostra-nos a frequência, em percentagem, com que aparece um tema ou categoria em relação aos restantes, independentemente da sua orientação ou parcialidade. Na análise de uma tabela de índices, consideramos os temas ou categorias de conteúdo

mais importantes, os que possuírem um índice de visibilidade superior à média ponderada. O(s) tema(s) ou categoria(s) com visibilidade superior a 50%, 33,3%, 25%, 12,5%, … consoante o número de temas ou categorias seja 2, 3, 4, 5, ou mais, são considerados os mais importantes.

Utilizando os índices referidos, trabalhámos a análise das fichas temáticas por grupo profissional- institucional de OM e, separadamente, em três espaços temporais; um momento anterior à assinatura do Memorando de Entendimento, um segundo período que se situa entre esta primeira alteração e a seguinte, publicada no início de Janeiro de 2009, e um último e terceiro período que corresponde ao ano civil 2009. São períodos com características diferentes, marcados os dois primeiros por grandes manifestações públicas de professores e grande envolvimento dos media na mediatização do processo de avaliação. O terceiro período, após uma simplificação do modelo de avaliação caracterizou-se, como já referimos, por uma grande tensão no clima organizacional das escolas e pela proximidade de um processo eleitoral que em si mesmo, motivou ao debate e a análise das políticas públicas e dos processos políticos.

Utilizando a metodologia que descrevemos procurámos descobrir os discursos que foram construídos, mobilizados cruzados na voz dos OM em torno do NMA e perceber até que ponto os posicionamentos adoptados evidenciaram os campos de filiação institucional e respectivos interesses. Analisámos o que foi dito, quem disse, porque disse, como disse e quando disse, ou seja, procurámos resposta para as seguintes questões: (a) Como se reflectiu o processo de avaliação de professores na agenda dos OM? (b) Quais os agentes que no espaço público argumentaram acerca do modelo de avaliação; (c) Qual o fervor e o interesse com o que o assunto foi debatido? (d) Qual o tom em que foram emitidas as suas opiniões? (e) Quais foram os temas enquadradores do discurso sobre a avaliação? (f) Quais os recursos argumentativos mobilizados? (g) Quais as principais críticas assinaladas ao NMA (h) Em que medida as suas vozes reproduziram o campo institucional ou profissional dos agentes? (i) Que repercussão tiveram as estratégias e tácticas dos OM no processo de negociação da avaliação de docentes? (j) Em que medida a opinião destes actores se repercutiu nas alterações introduzidas ao processo de avaliação implementado no segundo ciclo de avaliação?

     

Capítulo 2: Apresentação e Análise dos Dados - Os Agentes, os Temas,