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6. Resultados da pesquisa

6.4. Quanto à Informação

A informação não apareceu espontaneamente nas respostas dos entrevistados, sobre conceitos transdisciplinares, mas foi investigada por meio de perguntas específicas sobre seu conceito, sua transversalidade e sobre formas de divulgação dos resultados do trabalho de pesquisa.

No que diz respeito à conceituação da informação, os entrevistados confirmaram a dificuldade em se definir o termo (GONZÁLEZ DE GÓMEZ, 1999; PINHEIRO, 1999), mas fizeram tentativas nessa direção:

Informação m física. Você pega um bit de computador, que m a maneira que você está codificando a informação, isso m física. Então, informação m passível de ser reduzida à física. Quando m que ela deixa de ser reduzida à física, nessa visão redu- cionista da ciência? Quando ela m transdisciplinar, quando ela adquire o conteúdo da justaposição de bits, para surgir como uma propriedade emergente. [...] Quando m que ela deixa de ser passível de ser reduzida e, portanto, entra no domínio da trans- disciplinaridade? Quando ela ganha texto, um texto literário, quando ela ganha um conteúdo a partir do texto, gerando essa propriedade emergente, uma poesia que você lê, qualquer coisa. [...] Então, informação m física, reducionisticamente, e ela adquire a dimensão transdisciplinar na forma da propriedade emergente que surge da justaposição desses bits que estão aí. Então, nada mais que uma propriedade emergente.

Entr. 3, IEAT Quando você fala o que m informação, no abstrato, eu penso em termos de informação como cânon, quer dizer, a definição de informação como sendo entropia

negativa, m quase uma visão termodinâmica. E eu penso assim, por quê? Porque minha formação leva a pensar nisso e ela m útil, porque dá um modelo para você pensar em degradação de informação, perda irreversível de informação.

Entr. 7, IEAT A informação m a base para eu formular as minhas hipóteses, as teorias, o conhecimento trabalha as informações. As informações são dados da pesquisa, da realidade social. A informação são dados trabalhados tambmm. As fontes primárias são informações. Eu tenho um pouco de dúvida sobre a diferença de dado e informação. Eu acho que a informação inclui os dados, inclui as experiências, as anotações, as fontes primárias, as coisas que são realizadas. Em cima disso aí, eu posso fazer um trabalho de pesquisa e ter essas informações como base para os meus trabalhos. [...] A informação m a base do trabalho de relacionamento social, de articulação social, de mobilização. A informação m a base da comunicação social, porque você precisa ter as informações, ter os dados.

Entr. 13, Projeto Manuelzão A transversalidade da informação, discutida na revisão de literatura com o apoio de Marteleto (2007) e de Capurro e Hjørland (2003), foi identificada nas falas de alguns dos entrevistados:

O tema da informação m um tema com potencial trans. Você pode pegar de vários lados, com vários ângulos, com múltiplas perspectivas. Eu acho que m um tema transversal, m um conceito transversal. E se m transversal, então m transdis- ciplinar. Ele aparece em várias áreas tecnológicas, aparece claramente nas tecno- logias com base na engenharia, tecnologia da informação, aparece fortemente na biologia, ao lidar com o Genoma, o DNA, e codificar/decodificar a informação.

Entr. 2, IEAT Eu acho que tem informação adjetivada, tem informação de alguma natu- reza, por exemplo, o que m informação de um determinado campo do conhecimento não o m em outro.

Entr. 19, Projeto Manuelzão Os participantes do Projeto Manuelzão têm muita clareza sobre a importância que a informação tem no trabalho que eles desenvolvem:

Para nós, pelo que eu entendo, para o meu setor, a gente trabalha com mobilização, principalmente, informação m uma ferramenta fundamental, m o que a gente mais trabalha, sem saber que trabalha.

A informação m a base do trabalho de relacionamento social, de articulação social, de mobilização. A informação m a base da comunicação social, porque você precisa ter as informações, ter os dados.

Entr. 13, Projeto Manuelzão Divulgar o resultado de um trabalho de pesquisa é informar, por isso as formas de divulgação utilizadas pelo entrevistado foram também objeto de investigação, uma vez que o avanço tecnológico abriu novas possibilidades nessa área (GUÉDON, 2003; KURAMOTO, 2008). O que se observou é que ainda predominam os meios tradicionais de divulgação (artigos, livros, conferências etc.), o que pode ser explicado por serem esses os itens pontuados nas avaliações do desempenho acadêmico, mas alguns dos entrevistados relatam a adoção de meios não convencionais para divulgação do seu trabalho como pesquisador:

Eu tenho uma participação na área mmdica, e a gente corre atrás de publi- cações, de preferência de publicações internacionais, em inglês, para ser mais impor- tante para o currículo da gente, mas m uma coisa que me satisfaz menos, hoje, por- que eu sinto que estou transmitindo uma mensagem para um público muito restrito. Eu me entusiasmo mais com essa atividade de divulgação científica para o leigo.

Entr. 18, Projeto Manuelzão Ainda pelos caminhos tradicionais. Congresso, Internet, a publicação. [...] Já fiz várias entrevistas pela Internet... Se você for olhar, por exemplo, houve um congresso em Los Angeles, que eles resolveram fazer uma lista de discussão na Internet, então você encontra as principais idmias, estão lá, está no ar atm agora, foi legal.

Entr. 4, IEAT

Eu tenho uma smria dificuldade com isso: por que m que eu tenho que gerar um artigo, por que m que eu tenho que escrever isso num livro, se a melhor maneira de eu falar sobre essas coisas, sobre transdisciplinaridade, sobre sistemas inteli- gentes, m mostrando um negócio desses, numa textualidade completamente dife- rente. O texto que eu gostaria de fazer m esse texto que o sujeito m capaz de apertar um botão, mexer e [interagir].

Eu sou meio eclmtico na divulgação do meu trabalho. Eu tenho um relacio- namento muito bom com a imprensa. Eu não acredito que a imprensa seja um fórum adequado para você informar sua descoberta, acho que tem que ser feito por vias convencionais, revistas, com julgamento por pares, corpo editorial etc. Publicar pela imprensa, não, mas m um lugar para você explicar. [...] Então, eu uso veículos de comunicação científicos, revistas de alto impacto, eu tenho publicado em revistas de bom impacto e isso m importante. Mas, ao mesmo tempo, de vez em quando você tem de usar certa criatividade nesse ponto, nessa coisa.

Entr. 7, IEAT Já o trabalho dos projetos é divulgado também por outros meios. Os dois projetos possuem sítios na Internet e procuram mantê-los atualizados. No caso do Projeto Manu- elzão, o principal veículo de comunicação é a Revista Manuelzão, distribuída em toda a região da bacia do Rio das Velhas, mas eles utilizam também boletim eletrônico, cartilhas, livros, programas de rádio, DVDs e releases para a imprensa, como pode ser observado no Apêndice 9, que relaciona a produção do projeto. Muitas de suas produções estão dispo- níveis no sítio Internet do projeto e trechos de vídeos sobre atividades que realizou estão postados no YouTube38. O IEAT, além de editar livros de temática transdisciplinar, também procura utilizar as novas tecnologias para divulgar seu trabalho, colocando disponíveis em seu sítio os vídeos das conferências e seminários que promove.