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Reflexões em torno das Cartas e Convenções sobre o património cultural

As políticas portuguesas em torno do património irão evoluir ao longo do século XX, pautadas pela instauração de novos procedimentos administrativos, mas sobretudo influenciadas pelo debate internacional e pelas Convenções e Cartas que serão lançadas e ratificadas pelos governos e que irão alargar o campo e os conceitos do património cultural. Importa, no entanto, lembrar que herdámos do século XIX a noção de “monumento histórico”, atribuída essencialmente ao monumento comemorativo e simbólico, aquele que nos traz à lembrança alguma coisa (Choay, 2000, p. 17). Os monumentos são comemorativos, simbólicos e esteticamente notáveis ou singulares e a sua noção não pode ser dissociada dos contextos eruditos e dos valores de cada época. Eles são fruto de uma seleção entre um grupo de edifícios convertidos em testemunho histórico que à partida não possuem um destino específico.

No século XX, a institucionalização a nível internacional do debate em torno da valorização do património e dos seus monumentos, materializa-se nos primeiros atos normativos internacionais dedicados ao património e, neles, salientam-se as problemáticas do restauro dos monumentos. Estes dois documentos internacionais são, respetivamente, a Carta de Restauro de Atenas elaborada pelo I Congresso dos Arquitectos e Técnicos de Monumentos Históricos de 1931 e o segundo, a Carta de Atenas do IV CIAM – Congresso de Arquitectura Moderna de 1933, cujo redator foi Le Courbusier (1887-1965) e que se centra em dois grandes temas: o urbanismo e a arquitetura moderna e, ainda, o património histórico das cidades.

As conclusões da Conferência Internacional de Atenas sobre o Restauro de Monumentos recomendavam a colaboração, em cada país, dos conservadores de monumentos e dos arquitetos com os representantes das ciências físicas, químicas e naturais para se conseguir alcançar os melhores procedimentos aplicáveis aos diferentes casos. Recomendava, ainda, a conservação escrupulosa das ruínas, bem como o respeito na construção dos edifícios atendendo ao carácter e à fisionomia das cidades, sobretudo, na vizinhança de monumentos antigos cuja envolvente devia ser objeto de cuidados particulares. Este é o primeiro documento internacional redigido por especialistas do restauro, com o propósito de estabelecer orientações e diretrizes gerais.18

A primeira carta de Atenas resultante dos trabalhos do IV CIAM19, pretendia discutir os rumos da cidade moderna e colocar em evidência a preocupação pelos valores da

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http://www.patrimoniocultural.pt/media/uploads/cc/CartadeAtenas.pdf 19

arquitetura e do urbanismo funcional. Nela eram expostas ideias fundamentais como a manutenção e conservação regulares das obras de arte e monumentos a reutilização dos edifícios e a manutenção do seu uso original. Considerava, ainda, aceitável a utilização de novos recursos técnicos e recomendava o estudo e a análise do edifício antes da intervenção e para esta tarefa propõe a constituiçãode uma equipa interdisciplinar (Lusa, Lourenço & Almeida, 2004, p. 40). Defendiam-se as ações de reintegração do novo com o antigo, procurando uma harmonia na leitura da cidade. Até aqui, a noção de património limitava-se ao edifício, ao “património arquitectónico” e só a partir do momento em que se desenvolve uma consciência sobre o “devir histórico”, sobre a perceção de continuidade do conjunto urbano como valor que deve ser preservado, é que toma forma a noção de “património urbano”. (Almeida, 2009, p. 45). Este conceito é intrínseco à necessidade de planear e organizar das cidades e com ele surge uma disciplina específica, o urbanismo.

Por ocasião do Congresso de Atenas, trinta e três cidades foram analisadas, pelos grupos nacionais dos Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna: Amesterdão, Atenas, Barcelona, Madrid, Paris, Detroit, Frankfurt, Genéve, Los Angeles, Londres, Roma Roterdão, Varsóvia. Todas testemunharam o mesmo fenómeno, a desordem instituída pelo crescimento demográfico e pela industrialização que alteram a relativa harmonia do tecido urbano. O diagnóstico sobre o crescimento urbano defendia então, por um lado, a necessidade de regular diretamente sobre a disposição do solo e, por outro, que a sua utilização se subordinasse às necessidades coletivas, contudo, esta reivindicação alertava para a necessidade de um plano conjunto. No âmbito do diagnóstico realizado foi feita uma profunda reflexão sobre a formação das cidades, sobre o papel da geografia na definição das fronteiras, sobre a harmonia entre o indivíduo e o coletivo (Carta de Atenas).20

Lançada num contexto de mudança na Europa, após a crise de 1929-30, esta Carta confronta dois segmentos distintos no seio da arquitetura. De um lado, congrega os arquitetos voltados especificamente para a ação de conservação do património arquitetónico e urbano e, por outro lado, os setores defensores das propostas de inovação - o denominado Movimento Moderno –, no âmbito da arquitetura e do urbanismo. Este é o primeiro confronto entre duas posições que se afirmaram: dando uma atenção particular à paisagem da cidade pré-industrial e à modernização da cidade.

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“Não basta que a necessidade do Estatuto do Solo e de certos princípios da construção seja admitida é necessário um plano de conjunto da cidade com parte das obras imediatas e de outras relegadas para datas indeterminadas”. Carta de Veneza. Consultado em 29 de setembro de 2014. Disponível em

O período entre as duas Guerras Mundiais corresponde ao momento de ascensão do Movimento Moderno, que virá a refletir-se na exploração por parte dos arquitetos de novos materiais, tecnologias e no delinear de respostas às necessidades da população. As metrópoles industriais confrontam-se com a carência habitacional e com problemas sociais de variada ordem e, para muitos arquitetos a solução passava por políticas urbanas que permitissem desenvolver novas urbanizações (Almeida, 2010).

Após a segunda Guerra Mundial, o impacto da destruição de grandes áreas urbanas obrigou a rever as noções de património. As cidades exigiram uma reavaliação das políticas de intervenção arquitetónicas e urbanísticas com maior objetividade e assentes no valor artístico e histórico.

A década de 1960 foi de mudança e de debate em torno do conceito de “património”, para o qual muito contribuiu o II Congresso Internacional de Arquitetos e Técnicos de Monumentos Históricos, em Veneza de 25 a 31 de maio de 1964, de onde saiu a Carta de Veneza. Nela foi, pela primeira vez, adotada uma noção de património ampliada, que incluiu, não só os edifícios de valor histórico, mas também a preservação dos edifícios mais modestos, a arquitetura vernacular, e ainda os conjuntos urbanos e rurais e a paisagem rural.21

Esta visão mais alargada abandona a visão centrada no “monumento” para olhar para cidade como um todo. Esta nova noção vem alterar a relação entre o “bem cultural” e o espaço físico, conferindo-lhe, agora, uma relação entre o edifício de interesse histórico e estético e o ambiente que o circunda. Paralelamente, a tipologia do património histórico expande-se, incluindo, também o “(…) mundo de edifícios modestos, nem memoráveis, nem prestigiosos, reconhecidos e valorizados por novas disciplinas, como a etnologia rural e urbana, a história das técnicas e a arqueologia medieval, foram integradas no corpus patrimonial” (Choay, 2000, p. 184). Este é um momento de assunção de novas áreas de estudo e outras tipologias espaciais, muito especialmente, aquelas que nos interessa estudar nesta tese: ao património móvel técnico-industrial, composto por acervos de maquinaria ferramentas, peças de reposição, instrumentos de preciso, catálogos, manuais, revistas técnicas especializadas (Paula, Mendonça, Romanello, 2012, p. 82). A este facto, não foi alheio os movimentos em torno da Arqueologia Industrial em Inglaterra e na França, na década de 1960, e que abordaremos com maior profundidade no ponto seguinte.

A Carta de Veneza vem, não só, ampliar o universo do património cultural, como impor a necessidade de novos e diferentes usos para as construções antigas, abandonadas e

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com um programa de uso obsoleto. Conhecida como a Carta que delineou um novo conceito de edifício histórico, apresenta um conjunto de princípios para a proteção e o restauro do património arquitetónico e dos respetivos sítios22 (Ahmad, 2006, p. 293). A partir daqui, o “monumento histórico” entrou numa fase de consagração, inaugurando-se, nesta década de 1960, uma nova fronteira simbólica do seu significado. A nova Carta veio nortear as intervenções patrimoniais, nos aspetos específicos da conservação e do restauro. A estas novas posturas, não são alheios, os contextos de mudança pautados pelos avanços técnicos construtivos e arquitetónicos, que permitiram nas décadas de 1960/70 a introdução de novos processos e materiais em estruturas existentes e antigas. (Fernandes, 2010, p. 239).

Em Portugal, a nova visão virá a repercutir-se na atuação da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), até aí imbuída dos critérios inspirados nos

Monuments Nationaux franceses, que se norteavam nas práticas de “reposição” ou

“restituição” de Viollet-le-Duc e que rapidamente se modificaram para assumir os novos critérios de intervenção e ensaiarem novas práticas e modernas atuações (Fernandes, 2010, p. 239).

A partir da década de 1960 a UNESCO e o ICOMOS23 assumem-se como organismos que postulam as novas noções de património. Estes norteiam agora o debate e constituem as organizações internacionais com maior relevância na salvaguarda do património construído.24 Este movimento propaga-se aos mais diversos setores da sociedade repercutindo-se nas práticas patrimoniais que sofreram um processo de mundialização dos valores e das referências ocidentais (Choay. 2000). Este processo que ocorre, em especial, a partir da Convenção para a Protecção do Património Mundial Cultural e Natural, adotada em 1972 pela Conferência Geral da Unesco e que foi denominada de “Convenção do Património Mundial”25. Nela a definição de património engloba, não só monumentos, sítios e conjunto de edifícios, mas também, o “património natural”, ou seja as formações biológicas, físicas, geológicas, formações que constituem um Habitat. Aqui “o cultural” e o “natural” ligam-se

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Tradução da autora a partir do texto original “The charter helped to boarder the concept of historic buildings, the application of modern technology in conservation works, international cooperation and most of all, has provided a set of principles for the protection of architectural heritage and sites”. (Ahmand, 2003, p. 293)

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O ICOMUS foi fundado em 1965, na cidade de Varsóvia, na sequência do II Congresso de Arquitetos e Técnicos de Monumentos Nacionais durante o qual foi elaborada a Carta Internacional sobre a Conservação e Restauro de Monumentos e Sítios. Este organismo é o principal consultor em matéria de património da UNESCO. http://www.icomos.org/fr/

24 “Em 1968, reunida a Assembleia Geral da UNESCO em Paris, durante a 15ª Sessão da Conferência Geral definiu-se que a expressão “bens culturais” englobaria os bens imóveis, como os sítios arqueológicos, edificações ou outros elementos de valor histórico científico, artístico ou arquitectónico, religioso e secular e, ainda, os bens móveis de importância cultural que se encontrem dentro dos bens imóveis ou enterrados ou possam vir a ser descobertos em sítios arqueológicos ou históricos (…)” [tradução da autora].(UNESCO,1968). Recomendações adotadas pela Records of the General Conference, 15th Session, Resolutions, Paris. Disponível em http://whc.unesco.org/en/conventiontext/

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para instalar o equilíbrio e a harmonia à escala mundial associando-lhe o conceito de desenvolvimento sustentável. Este texto proclamava a universalidade do sistema ocidental de pensamento e de valores em matéria de património. Para os países prestes a reconhecerem a sua validade, a Convenção criava um conjunto de obrigações relativas, “à identificação, protecção, conservação, valorização e transmissão às gerações futuras do património cultural”. Mas, sobretudo, ela fundava um sentimento de pertença comum, uma solidariedade planetária - incumbe à totalidade da colectividade internacional participar de [desse] património. (Choay, 2007, p. 183).

Esta Carta criava três tipologias distintas de património cultural: Monumentos, Conjuntos de Edifícios e Sitos. Este último englobava “(…) as obras efectuadas pela mão do Homem ou obras combinadas do Homem e da natureza, incluindo sítios arqueológicos que sejam de valor universal incalculável do ponto de vista histórico, estético, etnológico ou antropológico.”26

A Convenção Geral para a Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural da UNESCO, em 1972, estabelecia os tipos de locais classificados como património Natural e Cultural que pudessem ser inscritos na lista de “Património Mundial” e criou o Fundo do Património Mundial e o seu próprio Comité. Estava, deste modo, institucionalizada a noção de “património mundial” e este será um passo decisivo para a proteção e conservação do património natural e cultural em conjunto.

A Convenção adotada em 1972 foi ratificada ou aceite por vinte e um países repartidos pelos cinco continentes e contava, em 1991, com cento e doze países signatários. Portugal adere à Convenção em 1979, conforme consta do Decreto nº 49/79 de 6 de julho.

Portugal adota a 30 de setembro de 1980 a Convenção da UNESCO para o “Património Mundial” e desde então inscreveu 15 sítios, 14 culturais e um natural na lista de bens culturais de “património mundial”, entre eles destacam-se: o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém inscrito em 1983, o Mosteiro da Batalha no mesmo ano; o Mosteiro de Alcobaça em 1989, o centro histórico de Évora em 1986, o Centro Histórico do Porto, em 1996, o Centro Histórico de Guimarães em 2001, o sítio de Arte Rupestre do Vale do Côa e Siega Verde em 1998-2010, a paisagem da cultura da vinha da Ilha do Pico – Açores, em 200427, entre outros.

As políticas de preservação privilegiam, cada vez mais, uma noção de “território” ou sítio (paisagem com um conjunto de estruturas e equipamentos) onde os seus elementos

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naturais e culturais criaram paisagens únicas, locais com características singulares, formatados pela morfologia do território e que marcaram as atividades e formas de vida dos seus habitantes ao longo do tempo.28

Reforçando as diretrizes enunciadas anteriormente, em 1985 assiste-se à promulgação da Convenção para Salvaguarda do Património Arquitectónico de Granada, onde no artigo 1.º define «património arquitectónico» como:

1) Os monumentos: todas as construções particularmente notaveis pelo seu interesse histórico, arqueológico, artístico, científico, social ou técnico, incluindo as instalações ou os elementos decorativos que fazem parte integrante de tais construções;

2) Os conjuntos arquitectónicos: agrupamentos homogéneos de construções urbanas ou rurais notáveis pelo seu interesse histórico, arqueológico, artístico, científico, social ou técnico, e suficientemente coerentes para serem objecto de uma delimitação topográfica;

3) Os sítios: obras combinadas do homem e da natureza, parcialmente construídas e constituindo espaços suficientemente característicos e homogéneos para serem objecto de uma delimitação topográfica, notáveis pelo seu interesse histórico, arqueológico, artístico, científico, social ou técnico.29

Nas décadas de 1970 e 1980 o enfoque dado pelas Cartas, Convenções e Recomendação internacionais teve como objetivo, então, a melhor adequação dos princípios enunciados aos contextos nacionais e regionais. Era, necessário que cada país os ratificasse e os aplicasse de acordo com o âmbito da sua própria cultura e tradição (Ahmad, 2006, p. 296). A produção destes documentos normativos foram, também, fonte de inspiração no domínio das políticas e práticas governamentais e motivou a redação da Carta Internacional sobre a Protecção e a Gestão do Património Arqueológico, em 199230, colocando em evidência os conceito de “cultura material” e os trabalhos arqueológicos, considerando que “o património arqueológico deverá incluir construções, grupos de edifícios, sítios, objectos

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Tal como é referido no artigo 5º da Convenção da Conferência das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura que teve lugar em Paris e 17 de outubro de 1972 “(…) a cada país, os Estados parte na presente Convenção esforçar-se-ão na medida do possível por: Adotar uma política geral que vise determinar uma função ao património cultural e natural na vida coletiva e integrar a proteção do referido património nos programas de planificação geral”. In Convenção Para A Proteção Do Património Mundial, Cultural e Natural Unesco. Disponível em http://whc.unesco.org/archive/convention-pt.pdf

29 Consultar a Convenção para Salvaguarda do Património Arquitectónico de Granada http://www.patrimoniocultural.pt/media/uploads/cc/granada.pdf

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Artigo n.º 1 dedicado à “Definição e Introdução” é referido que “O património arqueológico” é a parte do nosso património material, para a qual os métodos da arqueologia fornecem os conhecimentos base. Engloba todos os vestígios da existência humana. Este conceito aplica-se aos locais onde foram exercidas quaisquer atividades humanas, às estruturas abandonadas e aos vestígios de toda a espécie, no subsolo ou submersos, bem como a todos os objetos culturais móveis que lhe estejam associados” (ICOMUS, 1992, p. 2).

móveis, monumentos de qualquer outro tipo, assim como o seu contexto, estivessem estes situados na terra ou no mar.” (ICOMUS, 1992, p. 2).

O Conselho da Europa Neste mesmo ano, a 13 de setembro de 1990, através do seu Comité de Ministros, adotou a Recomendação nº R (90) 20 dedicada à Protecção e Conservação do Património Técnico, Industrial e Obras de Arte (Engenharia) na Europa, referindo,

(…) o património técnico, industrial e de Obras de Arte fazem parte integrante do património histórico da Europa e (…) considerando que, para atingir estes objetivos, a promoção do conhecimento científico do património técnico, industrial e das Obra de Arte (engenharia) deve ser alvo de uma atenção por parte dos estados membros.31

Neste documento recomendava-se, ainda, a implementação de medidas que permitiam a identificação, estudo e análise científica deste património técnico, industrial e de engenharia civil.

Esta “Recomendação” procura salientar as consequências decorrentes da transformação da civilização industrial, dos impactos da crise económica e da recente explosão tecnológica, “(…) que tem um forte alcance em todos os sectores de atividade industrial, com a consequente mudança no território urbano e suburbano envolvendo, por vezes o desaparecimento total de edifícios, instalações ou vestígios da actividade industrial”32

. O documento produzido salienta, ainda, que a Europa, tem consciência do valor técnico, cultural e social do seu património, considerando-o uma importante parte da sua memória coletiva e da sua identidade europeia.33

Em 1998, o Conselho da Europa aprova a Recomendação No.R(98)4 destinada a promover uma conservação integrada dos complexos históricos compostos pela propriedade móvel e imóvel e no seu artigo considera:

- Considering Article 1 of the Convention for the Protection of the Architectural Heritage of Europe, which defines monuments as "all buildings and structures of conspicuous historical, archaeological, artistic, scientific, social or technical interest, including their fixtures and fittings";

- Considering that moveable cultural heritage constitutes an irreplaceable expression of the richness and diversity of Europe's cultural heritage;

- Considering that more account should be taken of the protection and conservation of moveable

31 Recomendação n.º R (90) 20. Consultado em de junho 2014. Disponível em www.coe.int/t/ 32

cultural heritage in cultural heritage policies and practices in Europe;

- Considering that a complex of historical, archaeological, artistic, scientific, social, technical or cultural interest cannot be confined to buildings alone but also includes the moveable heritage which lies

inthose buildings;

- Considering that, where moveable heritage is an integrated part of the complex, its

dispersion would result in an irrecoverable loss and would deprive future generations of a part of their common European heritage;

- Considering that owners, whether public or private, are faced with specific problems in maintaining the unity of such complexes and ensuring their conservation, and that these problems require collaboration not only between owners but also with society as a whole;

E o documento produzido pelo Conselho da Europa pelo Comité de Ministros recomenda, - Recommends that the governments of the member states, as part of their general policies for the conservation of the built heritage, create conditions to ensure the protection of historic complexes composed of immoveable and moveable property in accordance with the guidelines set out

in the appendix to this recommendation”.(Conselho da Europa (17 de Março de 1998) Recomendação NoR (98)4). 34

No Apendix das Recomendações são apresentadas medidas para a proteção e conservação dos complexos históricos, bem como as obrigações para os seus proprietários. É, pois no interior do “complexo histórico” que o património móvel é valorizado, o que implica a definição de áreas protegidas e o lançamento de políticas efetivas de observação pemanente