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Relevância dos indicadores económicos e financeiros recolhidos

3. ESTUDO EMPÍRICO

3.5 Relevância dos indicadores económicos e financeiros recolhidos

Para a realização do estudo foram recolhidos dados relativos a indicadores de atividade (PMP, PMR, PMI e CCC), de liquidez (TL), da gestão do FM (NFM/VN), de rendibilidade (EBITDA/A, ROA e RCP) e de capacidade e estrutura financeira (autonomia financeira, Financiamentos obtidos/EBITDA, e custo dos financiamentos obtidos) para um período de seis anos compreendidos de 2010 a 2015.

Como exposto na revisão da literatura são diversos os investigadores que elegeram ao longo dos anos nos seus estudos, os indicadores de exploração como medida ideal da gestão eficiente do FM. A grande maioria dos estudos documentaram um impacto direto da gestão do FM sobre a rendibilidade e a liquidez (Aktas et al. 2014; Baños-Caballero et al. 2013b; Deloof, 2003; Enqvist et al. 2014; Mota, 2013; Pais, 2014), associando a diminuição do CCC e dos seus componentes (PMR e PMI) com a prossecução de melhores índices de rendibilidade.

Pires e Rodrigues (2004) no seu estudo sobre a informação financeira relevante no saneamento financeiro das empresas, também elegeram os rácios de eficiência do ativo, nomeadamente o PMR e o PMI, como integrante de um leque de indicadores que podem suportar a análise das situações de declínio financeiro e de insolvência.

Para medir o índice médio de liquidez de cada setor utilizamos a TL. Este indicador quando comparada com outros indicadores de liquidez (LG e LR nomeadamente) é um indicador mais fiável e completo, demonstrando que o equilíbrio financeiro resulta da coerência das políticas estratégicas e políticas operacionais das empresas. Deste modo são vários os autores que reconhecem a TL (por relacionar o nível de FM com as NFM) como o indicador que quantifica e carateriza de uma forma mais rigorosa a definição de equilíbrio financeiro (Menezes, 2008; Neves, 2012; Breia et al. 2014).

Uma das questões de investigação descritas no ponto 3.1 fala sobre as políticas de gestão do FM, relacionando-as com outros fatores como a dimensão e a conjuntura económica de crise. De forma a definir a política de gestão do FM das empresas e a avaliar o seu

59 comportamento nos últimos anos utilizamos o rácio NFM/VN, propondo que quanto menor for o valor do rácio, mais agressiva são as empresas na gestão do seu FM. A utilização deste rácio vem em seguimento dos estudos de Hill et al. (2009), que utilizam este rácio como medida das políticas de FM no seu estudo sobre as determinantes do comportamento das NFM operacionais.

Para a análise da evolução do recurso ao crédito comercial durante o horizonte temporal em estudo, foram utilizadas as médias anuais do rácio Contas a pagar de curto prazo/Total do ativo. A construção deste rácio para a análise do crédito comercial recebido vem em seguimento dos estudos de Garcia-Teruel e Martinez-Solano (2010) e de Santos (2013) que utilizam o mesmo indicador nos seus estudos sobre as determinantes do crédito comercial. No que respeita à performance em termos de geração de retornos, foi avaliada a partir dos rácios de rendibilidade (ROA e RCP), dado que são indicadores extensamente divulgados pela literatura, pela sua capacidade de exprimir a aptidão na geração de retornos pelas empresas a partir do investimento em ativos, e a partir da utilização dos capitais próprios respetivamente.

Como indicador de rendibilidade utilizamos também o rácio EBITDA/Ativos, na perspetiva de poder encontrar sinas que sugiram uma possível associação entre a diminuição dos prazos de atividade (CCC particularmente) e o aumento do desempenho operacional dado pelo rácio em questão. A utilização deste rácio vem em seguimento do trabalho de Mota (2013), que utiliza o rácio como indicador de rendibilidade no seu estudo sobre o impacto da gestão financeira de curto prazo sobre a performance operacional. Na perspetiva de analisar as condições de exploração corrente dos diferentes setores, recolhemos os dados relativos ao custo de financiamento médio de cada setor de atividade. O custo dos financiamentos obtidos elucida o custo médio a partir do qual as empresas financiam-se no mercado, permitindo em comparação com a rendibilidade do ativo, perceber se existem ou não condições de equilíbrio de exploração corrente nas empresas dos setores a analisar. De acordo com Pires e Rodrigues (2004), na análise da situação financeira das empresas, principalmente quando estas se encontram em situações de declínio financeiro e de risco de insolvência, um dos procedimentos mais frequentes é a comparação entre a capacidade do conjunto dos ativos em gerar retornos e o custo de financiamento suportado pelas empresas para assegurar a estrutura de funcionamento assente nesses ativos. Esta apreciação biunívoca entre a rendibilidade do ativo e o custo do

60 capital permite ter uma referência muito importante sobre a existência, ou não, da viabilidade financeira empresarial.

Por último, e por forma a avaliar a capacidade e estrutura financeira das empresas escolheu-se dois indicadores: a autonomia financeira, e o rácio Financiamentos obtidos/EBITDA.

A autonomia financeira é um indicador amplamente divulgado pela literatura, pela sua capacidade em demonstrar por um lado o grau de dependência face a capitais alheios, e por outro lado a capacidade de financiamento dos ativos com recurso aos capitais próprios. A sua utilização tem o objetivo principal de avaliar o nível de endividamento dos diferentes setores e das diversas classes dimensionais, de modo a proceder a uma análise comparativa.

O rácio Financiamentos obtidos/EBITDA por sua vez é um indicador de alavancagem financeira que permite conhecer em que condições (prazo) as empresas podem satisfazer os seus compromissos financeiros. Permite aquando do plano de viabilização, definir qual o tempo necessário (aproximado) para a satisfação dos compromissos financeiros assumidos em face das condições de geração do cash flow. Este indicador da capacidade financeira é frequentemente utilizado nas análises setoriais das SNF portuguesas do BdP.

Espera-se que a análise dos indicadores económico-financeiros acima mencionados nos forneça informações suficientes de forma a poder responder a todas as questões de investigação mencionadas no ponto 3.1.