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Resposta Humoral

No documento Imunologia-SEBENTA.pdf (páginas 163-166)

A cinetica e outras caracteristicas da resposta humoral diferem consideravelmente dependendo se a resposta humoral resulta de uma activação de células B naive (resposta primária) ou de células B de memória (resposta secundária). Em ambos os casos, a activação leva à produção de anticorpos

O primeiro contacto de um antigénio exógeno com um individuo gera uma resposta humoral primária, caracterizada pela produção de plasmócitos secretores de anticorpos e de células B de memória. A cinética desta resposta depende de:

 Natureza do antigénio;

 Via de administração do antigénio;

 Presença ou ausência de adjuvantes;

 Espécies ou estirpes a serem imunizadas.

Em todos os casos, contudo, uma resposta primária é caracterizada por:

 Uma fase lag, durante a qual células B naive sofrem selecção clonal, subsequente expansão clonal e diferenciação em células de memória ou plasmócitos;

 Um aumento logaritmico dos niveis séricos de anticorpos, a seguir à fase lag, que atinge um pico, estabiliza por algum tempo e depois cai.

A duração da fase lag varia com a natureza do antigénio:

 A imunização de ratinhos com um antigénio como eritrócitos de carneiro (SRBCs) tipicamente resulta numa fase lag de 3-4 dias. Oito ou nove divisões celulares sucessivas de células B activadas durante 4-5 dias geram depois plasmócitos e células de memória. O pico dos niveis de plasmócitos é alcançado aos dias 4-5 enquanto o pico de anticorpos séricos é alcançado por volta dos dias 7-10;

 Para antigénios soluveis, a fase lag é um pouco mais longa, normalmente durando cerca de uma semana. O pico nos niveis de plasmócitos é alcançado aos dias 9-10 e o pico de anticorpos séricos é alcançado ao dia 14.

Durante a resposta humoral primária, IgM é secretada inicialmente, normalmente seguida por um switch de modo a aumentar a proporção de IgG. Dependendo da persistência do antigénio, a resposta primária pode durar vários periodos, variando de alguns dia a várias semanas.

As células de memória formadas durante a resposta primária param de se dividir e entram na fase G0 do

ciclo celular. Estas células têm tempos de vida variáveis, com algumas persistindo durante toda a vida do individuo. A capacidade de desenvolver uma resposta humoral secundária depende da existência desta população de células B de memória tal como de células T de memória. A activaçãode células de memória resulta numa resposta de anticorpos secundária que pode ser distinguida da primária de vários modos:

 Tem um periodo lag inferior, antige maior magnitude, dura menos tempo;

 Caracterizada pela secreção de anticorpos com elevada afinidade para o antigénio, e isotipos diferentes de IgM predominam.

Propriedade Resposta primária Resposta secundária

Células B que respondem Células B naive Células B de memória

Periodo Lag aseguir à

administração do antigénio Geralmente 4-7 dias Geralmente 1-3 dias

Tempo do pico de resposta 7-10 dias 3-5 dias

Magnitude do pico de resposta Varia dependendo do antigénio Geralmente 100-1000 vezes

superior que a resposta primária

Isotipo produzido IgM predomina primariamente na

resposta IgG predomina

Antigénios Dependento do timo e

independente do timo Dependente do timo

Afinidade dos anticorpos Inferior Superior

Um grande factor na resposta mais rápida e na maior magnitude das resposta secundárias é o facto de populações de células B de memória especificas para um determinado antigénio serem maiores que as populações correspondentes de céluls B naives e também o facto das células de memória serem mais faceis de activar do que as células B naive. O processo de afinidade da maturação e o class switching são responsáveis pela maior afinidade e diferentes isotipos ixibidos numa resposta secundária. Os maiores niveis de anticorpos acoplados com a maior afinidade geral fornece uma defesa do hospedeir eficiente contra a re-infecção. A alteração nos isotipos fornece anticorpos cujas funções efectoras são particularmente moldadas a um determinado anitgénio.

A existência de células B de memória de grande longevidade conta para a existência de um fenómeno designado “original antigenic sin”, que foi inicialmente observado quando a resposta de anticorpos a vacinas da gripe foi monitorizada em adultos:

 A monitorização revelou que a imunização com uma vacina de uma estirpe da gripe elicitava uma resposta de anticorpos responsáveis para essa estirpe mas também elicitava, paradoxalmente, uma resposta de anticorpos de grande magnitude para outras estirpes de gripe às quais o individuo tinha sido exposto na infância. Parecia assim que a primeira exposição ao antigénio tivesse deixado uma impressão longa no sistema imunitário;

 Este fenómeno pode ser explicado pela presença de uma população de células de memória, elicitada pela estirpe de gripe encontrada na infância, que é activada por epitopos reactivos na vacina da estirpe encontrada mais tarde;

 Este processo gera uma resposta secundária, caracterizada por anticorpos com maior afinidade para a primeira estirpe viral.

Papel das Células TH na Resposta Humoral a Haptenos

Quando animais são imunizados com pequenos compostos orgânicos (haptenos) conjugados com grandes proteinas (carregaoras), o conjugado induz uma resposta imune humoral consistindo em anticorpos tanto para os epitopos hapteno e para os epitopos inalterados da proteina carregadora. Vérios estudos demonstraram que a geração da resposta humoral requer o reconhecimento do antigénio tanto pelas células TH como pelas células B, cada uma reconhecendo diferentes epitopos no

Isto é conhecido como o efeito hapteno e é caracterizado por:

 O hapteno tem de estar quimicamente acoplado a uma molécula carregadora maior para induzir uma resposta humoral ao hapteno. Se um animal for imunizado com o hapteno e o carregador em separado, muito poucos ou nenhuns anticorpos são gerados;

 De modo a gerar uma resposta humoral secundária a um hapteno, o animal tem ser imunizado de novo com o mesmo conjugado usado na primeira imunização. Se a segunda imunização for feita com o mesmo hapteno mas o conjugado for diferente não existe resposta secundária.

Vários estudos demonstraram que as células imunizadas contra o haptenos e as células imunizadas contra o carregador constituem populações distinctas. Estas experiências demosntraram que a resposta de células B condicionadas a haptenos a conjugados carregadores de haptenos requer a presença de células TH CD4+ condicionadas a carregador especificas para epitopos do carregador.

As experiências com conjugados carregadores de haptenos revelaram que tanto as células TH como as B

têm de ser capazes de reconhecer determinantes antigénicos na mesma molécula para que ocorra a activação das células B. Esta propriedade da interacção das células T com as B na resposta humoral é designada reconhecimento associativo.

No documento Imunologia-SEBENTA.pdf (páginas 163-166)