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Segundo bloco “descendentes mais velhos”

No documento MESTRADO EM PSICOLOGIA SOCIAL (páginas 147-171)

S. natural de São Paulo, 60 anos, bisneta de alemães e filha de um austríaco “(...) me defino como uma pessoa que viveu o seu tempo, entendeu? Eu acho isso. Eu vivi adolescência, vivi infância, vivi na época da ditadura, vivi aventura, entendeu, eu tô sempre mais ou menos né, vendo as coisas acontecendo e fazendo parte, hoje já não faço parte mais das organizações lá, mas você vê, você tá lendo, você tá escrevendo, então eu vejo assim, sou uma pessoa que sempre to envolvida com os

73 Especula-se a existência de uma tendência crescente (diferente do que fora a emigração dos anos 80

para o Japão, por exemplo, devido à instabilidade da economia brasileira) do desejo de saída do país por jovens, contudo, não se encontraram números que apontem sua saída atualmente (2013), mas sim dados do censo do IBGE (2010) que referem que a faixa de brasileiros entre 20 a 34 anos de idade corresponde a 60% de brasileiros no exterior. Segundo esta fonte, a principal motivação para o deslocamento de brasileiros foi a busca de emprego de forma individual, sem o acompanhamento de outros membros da família. (mais informações em:

http://www.brasileirosnomundo.itamaraty.gov.br/noticias/censo-ibge-estima-brasileiros-no-exterior- em-cerca-de-500-mil).

Outro dado que desperta curiosidade sobre a possibilidade de tal tendência, consta em uma reportagem do ano de 2013, que aponta ser a viagem internacional o sonho de consumo de jovens de 18 a 30 anos, diferindo do que fora tempos atrás, quando o sonho era a aquisição de um carro, por exemplo. (fonte:

148 acontecimentos, com a transformação, com a mudança e que eu vivi mesmo o meu tempo, entendeu, eu

vivi mesmo, coisas boas, ruins, sabe?”

S. nos foi apresentada por uma pessoa que havia sido sua professora. O interesse em conhecer sua história surgiu, pois, para além de sua descendência alemã (objeto de nosso estudo), S. interessava-se por estudar fatos relacionados à colonização alemã no Brasil, vindo a iniciar um doutorado sobre o assunto.

S. recebeu-nos em seu apartamento, muito aberta para compartilhar sua história. Seu relato durou cerca de 5 horas, entre conversa e um passeio por sua residência, onde mostrou-nos suas lembranças (livros, quadros e o esboço em nanquim da Catedral da Sé feito por seu avô, bem como, a vasta biblioteca composta dentre outros, por muitos livros sobre a imigração alemã para o Brasil).

S. preocupou-se em relatar sua história de modo didático, trazendo exemplos e datas cronologicamente. Disto, pôde-se observar que além de seu ofício-professora e historiadora S. demonstrou com a organização de seu relato em datas e aspectos históricos, o cuidado em transmitir-nos informações sobre a história da imigração alemã no Brasil perpassada por sua família, ao mesmo tempo em que nos mostrou o quanto isto, de certa forma, a influenciou no que veio a se tornar: professora- historiadora- militante.

Nossa colaboradora descende de uma geração de colonos alemães que fundaram a cidade de Blumenau em Santa Catarina. Inicia seu relato ressaltando aspectos históricos da imigração tanto de seu pai- austríaco como de sua mãe, terceira geração de descendentes de imigrantes alemães fundadores da cidade de Blumenau-SC.

Seu avô austríaco veio para o Brasil em meados de 1909. Estabeleceu-se em São Paulo onde conseguiu um emprego na Catedral que estava sendo construída (Catedral da Sé). Ele fez muitas plantas de construções famosas da cidade, tendo S. inclusive uma destas guardada em sua casa- o esboço original em papel e nanquim da Catedral da Sé. Esta é uma amostra de como a história da imigração de sua família é presente em sua vida. S. possui materializadas em sua casa algumas destas lembranças, como documentos, quadros, livros e fotos.

149 Sua história de vida é entrelaçada por fatos como a participação de alguns de seus ancestrais na fundação de Blumenau (estes vieram junto à comitiva do Dr. Blumenau74 para o Brasil) e posteriormente, também do desenvolvimento de alguns negócios de destaque no ramo da construção e gastronomia, bem como, a fundação de uma escola em Santo Amaro o colégio Humboldt75 existente até os dias atuais.

A partir do envolvimento com a escola, S. relata-nos algo ocorrido na política brasileira da época:

“(...) na década de 40, o colégio sofreu a questão do Getúlio e então ele era lá do colégio alemão de Santo Amaro e que chamava-se assim, puseram o nome de Humboldt por causa da guerra por um nome que é alemão, mas mesmo assim, é um alemão que veio pro Brasil, é um cientista.”

Este dado retrata a participação de sua família e da escola, imbricadas ao momento político do Brasil, bem como, traz um exemplo da mudança do nome do colégio ligada ao projeto de nacionalização, vigente à época.

Sua mãe migrou para São Paulo, partindo de Blumenau ainda criança, durante a crise de 1929. Seu avô era confeiteiro e perdeu seus negócios no Sul. Em São Paulo fundou uma fábrica de mostardas, muito apreciada em Santo Amaro.

Ao contar sobre sua mãe, S. recorda algo interessante:

“(...) minha mãe então, de origem lá das colônias do Sul né, ela é descendente do Fritz Mueller76, ele foi um chamado príncipe da observação assim, era um

cientista veio pro Brasil por questões políticas filosóficas e na colônia, era auxiliar do Dr. Blumenau, então eu sou descendente dessa pessoa. Essa pessoa é importante porque ele era um correspondente do Darwin, o Darwin o cita muito e eles mandavam suas pesquisas para o Darwin, então, ele está envolvido na

74 Dr. Hermann Bruno Otto Blumenau, farmacêutico e filósofo, partiu do porto de Hamburgo em 1846

com destino ao Brasil. Seu intuito era fazer uma viagem de reconhecimento e exploração e encantado com Santa Catarina, decidiu comprar terras para a formação de uma colônia própria na região. Para mais informações consultar: http://www.arquivodeblumenau.com.br/museufamcolonial_3a.html

75

Hoje o colégio fica em Interlagos, São Paulo.

76 Para maiores informações sobre Fritz Mueller ver FONTES, L.R; HAGEN, S. Para Darwin- fuer Darwin, 1864 por Fritz Mueller. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2009.

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formação do evolucionismo do Darwin, ele (...) era considerado um cientista e acabou saindo da colônia, foi pra Florianópolis e aí ele tinha um cargo do Museu Nacional, Fundado por Dom Pedro II (...) no Rio de Janeiro, ele tinha um cargo e tal de professor e pesquisador desse museu e tem sua importância por ter sido correspondente do Darwin.”

Ao falar de si e de sua mãe, S. retrata o movimento emigratório de sua família e ressalta um ascendente que considera ilustre. Este, um cientista, assim como S. envolvido com as questões do saber.

“Então eu também tenho essa origem assim, bonita (...) minha mãe vem assim de

origem mesmo, lá da fundação de Blumenau, os parentes dela chegaram juntos com o Dr. Blumenau. Então, já que toda família tem o seu herói, eu tenho aí um cientista darwiniano (risos). Então eu acho interessante esse movimento das pessoas e assim quanto à identidade dessa geração, eu já sou, sei lá, neta por um lado e por outro lado, já acabaram né, a raiz é 1850 né, eu acho assim que a identidade fica assim como um elemento né, assim, eu tenho um passado diferente do meu vizinho e do outro entendeu? Então eu sou lá de Blumenau, eu sou lá do pessoal que fundou a colônia de Santo Amaro, então eu sou, eu fui importante, então se tem sempre essa ideia de pessoa que tem um passado importante.”

Nossa interlocutora ao falar sobre a própria identidade retrata sua origem e um personagem “famoso” que é parte de sua família e assim parte dela. Retrata isto como um ponto relevante, de um passado que a diferencia de outras famílias. Aqui cabe a observação a algo que Ciampa (2001) já ressaltara, acerca da relação existente entre História e identidade. Ambas imbricam-se, necessariamente. Destarte, parte significativa da constituição identitária de S. é permeada pela participação de sua família na História do Brasil.

S., ao contar quem é, retrata ainda um dado sobre seu nome. S. tem dois nomes (nome composto) um considerado brasileiro “pras pessoas falarem” e o outro, alemão.

Isto se deu, também com seus irmãos e em casa todos eram chamados pelos nomes alemães, na escola, pelo nome “brasileiro”. É possível que esta tenha sido uma

estratégia adotada pela família para que seus filhos não sofressem preconceito na escola por possuírem nomes alemães, bem como, para “abrasileirá-los” frente ao momento político vivido no Brasil: o Estado-Novo.

A narrativa de S., permeada por aspectos históricos da constituição de sua família revelou detalhes da formação de Santo Amaro, sobre como sua família

151 participou da constituição desta região (seu avô tem inclusive seu nome em uma rua) e de como as transformações da paisagem, devido às mudanças da sociedade marcaram S. Suas memórias de outrora, já não mais condizem com aspectos atuais de Santo Amaro e arredores. Mudanças e o crescimento da cidade fizeram com que Santo Amaro se integrasse a São Paulo, transformando a dinâmica de seu funcionamento77 e o seu espaço. Assim, foi possível perceber a relação existente entre o valor histórico das propriedades da família e da cidade como materialidade da história e identidade de S.

Questões envolvendo o pioneirismo e o empreendedorismo de sua família são constantes em sua narrativa, bem como a forma como a mesma se estabeleceu no Brasil. S. acrescenta algumas considerações relacionadas à língua alemã (falavam o idioma em casa) e tradições, como frequentar a igreja luterana, participar de atividades em clubes e associações recreativas alemães, contudo, a presença de tradições alemãs nunca se deu em detrimento das origens brasileiras. S. foi socializada em meio às tradições alemãs, sem que isto impedisse ou negasse a existência de outros elementos culturais.

“(...) vejo isso tudo como dados, sabe história, diferenciação, mas não acho nada excepcional. Todo mundo que é imigrante, vem com aquelas histórias assim de ah, não sei quem, porque meu avô era não sei o que lá e eu acho para! Ninguém veio rico pra cá, entendeu? (risos). Podiam até ter estudado, mas tavam falidos, não é?

Possivelmente a vivência da guerra por seu pai (durante a infância viveu na Europa durante a Primeira Guerra) e o fato de sua família ter tido participação na constituição tanto de Blumenau, como de Santo Amaro, possam ter agregado valor ao pertencimento de S. no Brasil, bem como as condições dos imigrantes que saíram da Alemanha na era de Bismark78. S. considera ainda, que sua formação teve um “cunho

politizado”.

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Sobre a Santo Amaro de outrora ver mais informações no capítulo 1.

78Otto von Bismarck foi o estadista mais importante da Alemanha do século 19. Coube a ele lançar as

bases do Segundo Império, ou 2º Reich (1871-1918), que levou os países germânicos a conhecer pela primeira vez na sua história a existência de um Estado nacional único. Para formar a unidade alemã, Bismarck desprezou os recursos do liberalismo político, preferindo a política da força. (fonte: http://educacao.uol.com.br/biografias/otto-von-bismarck.jhtm)

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“(...) o meu lugar, o lugar daqueles de origem alemã, daqueles de origem alemã mais de 1850 pegou, porque eles não, eles se sentiam numa cultura, na língua, numa coisa, mas num país que já não existia mais, a Alemanha que eles gostavam não existia, era a Alemanha do Bismark, talvez até antes né, aliás nem era Alemanha, eram os estados germânicos né então você vê assim, aí os caras devem ter sofrido uma dificuldade muito grande(...). Até hoje os mais velhos falam disso (...)”

Este comentário demonstra que devido às condições desfavoráveis que os alemães viviam no final do século XIX sua emigração para o Brasil teve um sentido de reconstrução tanto da própria vida, como de uma nação, um lugar para se viver. Daí o pertencimento que S. demonstra sentir - este fora por sua família construído objetivamente, expressos nos exemplos que traz sobre as condições de vida à época da emigração de seus familiares e posteriormente, nos significados atribuídos pór S. aos movimentos da família no Brasil e, ao mesmo tempo, de si mesma.

S. não frequentou a escola alemã, mas sim a escola pública “ não tinha a questão

de ir pra escola alemã. Não tinha mais isso porque tinham se tornado escolas caras.”

Este fato será importante na socialização de S.

“Eu vivi num colégio muito democrático que era a escola pública, era mesmo muito democrática, você tinha influências eu tive professores maravilhosos, assim, o Tragtenberg, Celso Antunes, Alcione Abrãao, tudo isso era professor lá, entendeu? Não era pouca porcaria, eles eram bons mesmo e a gente ia , sei lá,no meu colégio, vários foram pra esquerda e tal e eu tinha isso sempre claro, que eu tinha que ser uma pessoa assim (...).”

O mesmo avô que participara da fundação do colégio Humboldt, afastou-se do grupo fundador quando a escola começou a não conceder bolsas para filhos de imigrantes recém-chegados. “ele saiu fora, ele discutiu, disse que a escola tinha sido feita para que os filhos de alemães e austríacos tivessem uma escola e que estavam cobrando mensalidade e isso não podia, podia só de quem podia pagar e os novos não era pra fazer isso.”

O avô, figura importante presente na narrativa de S., ao romper relações com a escola que já não compartilhava dos mesmos valores de sua fundação, fez com que S. de certa forma seguisse seu exemplo:

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“Minhas filhas não estudaram em colégio alemão, porque eu não gosto, porque acho que é muito enquistamento e tal e nós vamos manter a tradição de não estudarmos em escolas alemãs (...).”

S. relata que seu pai não gostava do contato com os considerados “novos

alemães”. Estes vieram para o Brasil após a Segunda Guerra Mundial. Havia divergências entre eles e os teuto-brasileiros, já há gerações no Brasil que falavam o idioma misturado (alemão com português) e adquiriram outros hábitos e costumes:

“(...) não havia muita relação e um não gostava do outro, assim, os alemães antigos não falavam direito, erravam a língua e estavam às vezes muito abrasileirados e os outros se achavam importantes, porque vinham da Alemanha, então não combinava muito bem. Então eram os auslandsdeutsche (alemães do exterior) e os outros. Não havia muita colaboração entre esses dois grupos.”

Com relação à diferença entre estes dois grupos, S. sugere que os alemães antigos “têm uma outra perspectiva.”

“Nessas coisas que ainda implicam muito a origem, o colégio, por exemplo, poucos descendentes dos alemães antigos colocam seus filhos nos colégios alemães, ao passo que aqueles alemães da Alemanha mesmo, fazem questão de colocar nos colégios alemães. Às vezes um ou outro coloca, mas não por ser um colégio alemão, mas sim por ser um bom colégio, é uma outra perspectiva entendeu? Você não tem essa fixação, lembra das origens alemãs e tudo(...).”

A forma como S. era vista na escola não foi considerada por ela um problema. Assim como colocado acima, sua perspectiva era outra... Em sua fala se percebe não haver motivos para chatear-se com comentários jocosos acerca da sua origem. Provavelmente a origem, bem como estar no Brasil, não era motivo de conflito para S.

“(...) no colégio a gente encontrava muito alemão, assim, carinha loira e tal e inclusive, chamavam a gente de alemão batata essas coisas, tinha sardas, os loirinhos às vezes tinham alguma discriminação assim, mas a gente era criança e antigamente não tinha essa coisa, ninguém morreu por causa disso.”

S. sugere ter tido uma visão crítica para o que acontecia a sua volta e a forma democrática como foi educada, levou-a a tomar partido contra situações as quais não concordava. Desde muito jovem participou ativamente do movimento em oposição à ditadura no Brasil, algo que nos relata com visível comoção: “Então é assim né, a

história de vida, eu ainda muito jovem me envolvi com a esquerda, eu ah, militava em partido comunista, meu marido também e sofremos (...), sofremos a repressão e tal, eu

154 não fui presa, mas meu marido foi preso (...) e eu consegui ficar escondida (...).” A isto

S. acrescenta:

“Mas aí a gente se envolveu com esta questão e é por isso que eu não quero ser outra coisa, entendeu? Porque ser brasileira, naquele tempo, se eu tivesse uma identidade estrangeira era facílimo pra sair, mas a gente ficou aí, não foi pro exterior, aguentou a repressão etc., viu todo mundo e tal, então agora não interessa ter outra nacionalidade, entendeu? Não tenho absoluto interesse nisso. Eu tenho esse sentimento assim, realmente, nunca me passou pedir, meu irmão ainda fala ah, vai lá, eu não quero, não quero, as pessoas ficam assim, não, eu não quero! Aí levanta aí lá do seu avô materno e eu falei, não, eu não quero não me interessa! (S. se exalta) e então eu tenho isso, a gente se considera, eu, as pessoas pedem passaporte, pra entrar lá na fila dos outros mais fácil, mas é só isso não é? Vão passar pros seus filhos, mas eu nunca me interessei.”

S. demonstra ter ligações importantes com sua origem e também com a forma como foi socializada; Contudo, a educação que nomeou como “democrática” parece ter lhe empregado um diferencial. Diferencial este que a levou a lutar por questões consideradas injustas e que considera possuir tal característica como parte de sua criação. “eu acho que eu, eu tive uma, não sei por que, talvez personalidade, talvez

algumas coisas de criação, não é uma palavra que até não se usa mais né, criação é uma coisa muito específica né, como você é criado.”

O fato de ter tido experiências cujo entorno permitiu que fizesse suas escolhas, sobretudo pensando-se o modo democrático de ver o mundo, a levou a um pertencimento às causas que acreditava e não à busca por identificar-se com uma nacionalidade, por exemplo. S. transita entre as culturas que consigo carrega e demonstra seu pertencimento junto ao Brasil, pautado na luta, enquanto Alemanha e Áustria são igualmente partes de si advindos e construídos junto às suas relações familiares.

S. finaliza seu depoimento resgatando mais um exemplo de sua mãe, que exprime o caminho percorrido até chegar ao quem é .

“(...) eu lembro que se eu quisesse pegar uma vassoura pra eu varrer minha mãe falava: você vai ter a vida inteira pra fazer isso então não faça agora (imitando a voz da mãe) ela falava assim: você vai ter a vida inteira pra fazer isso, não faça agora! Então aquilo foi despertando em mim uma ideia de que não era pra eu me dirigir pra esse lado, entendeu, uma ideia assim de que eu tinha que ter profissão, tanto que sou a primeira mulher da família a ter diploma, um curso superior, a

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trabalhar fora, a primeira a separar né, então tem isso e eu acho que fui ficando assim.(...) não varre que você vai ter a vida inteira pra fazer isso eu já pensava não, não quero fazer isso a vida inteira, já imaginava, falava não, não quero, entendeu? Eu já meio assim, a minha mãe lá já me orientou. Então eu sempre tive uma vida bastante independente, (...) mas aí eu acho que eu me orientei pra estudar, trabalhar e tal, (...) não sei, me defino como uma pessoa que viveu o seu tempo, entendeu? Eu acho isso(...). Eu vivi essas coisas aí e tenho, exatamente por ter essa formação histórica, eu consigo ver minhas origens claramente, meus movimentos, os movimentos que a família fez, pra lá, pra cá (...)”

Pode-se dizer que S é uma mulher se seu tempo (assim como ela mesma se define), cujas metamorfoses ocasionadas por seus movimentos e pelo conhecimento dos movimentos de seus outros significativos permitiram-lhe enxergar os fenômenos para muito além das aparências.

A.58 anos, natural de São Paulo, filha de uma alemã e um belga

“Eu quero viver minha vida na essência, na alma, sabe, é isso que busco (...). Desencanada no sentido de talvez não me prender a estereótipos, tipo ah você é alemã. Bom eu posso ser e ser uma alemã tipo essa

que te falei (... )que eu fiquei impressionadíssima, pela delicadeza que ela tinha para lidar com as pessoas.”

Conhecemos A. em uma palestra promovida por um instituto de ensino da língua

No documento MESTRADO EM PSICOLOGIA SOCIAL (páginas 147-171)

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