• Nenhum resultado encontrado

3. Um Modelo Multissetorial Aberto

3.3. Simulações

3.3.2 Simulação com Recessão

Numa trajetória de recessão, as encomendas efetivas que recebem os setores (26R) estão se contraindo, impactando as vendas previstas (1R) e a produção programada (2R), que seguem a mesma tendência. Num processo de interação seqüencial, a queda na decisão de produção leva à queda na demanda por bens intermediários (6R). As encomendas de bens de consumo diminuem progressivamente na fase de queda da trajetória (16R), acompanhando o movimento do nível de atividade da economia (33R), que se reflete em redução dos lucros e salários, logo da renda das classes (67R). Os recursos destinados ao consumo autônomo, função da variação da taxa de juros, aumentam continuamente, conforme os juros de referência são reduzidos (11R). As encomendas de bens de capital seguem o mesmo caminho de redução ao longo da maior parte da trajetória, com início de uma recuperação nos últimos períodos (23R). A variação da capacidade produtiva desejada começa a se recuperar nos últimos períodos (17R), depois de um longo período sem investimento e que implica grande redução da capacidade produtiva como resultado da depreciação (24R). O investimento autônomo desejado (18R), que segue o movimento da capacidade produtiva, reduz-se progressivamente ao longo da trajetória. A demanda efetiva por bens de capital resulta do confronto entre os bens desejados em função do investimento induzido mais o investimento autônomo e a disponibilidade de financiamento do setor (46R a 53R). Em geral, a queda no nível de atividade piora a restrição financeira, que começa a ser suavizada com o início da recuperação. Cabe ressaltar, contudo, que a restrição é aplicada primeiramente ao investimento autônomo, sendo o investimento induzido considerado prioritário. Neste sentido, pode ser observado que este último não sofreu limitações ao longo da trajetória (21R e 17R vs 20R).

A produção efetiva (25R) é exatamente igual à produção programada (2R), não havendo restrição de insumos ao longo de toda a trajetória (4R e 5R). O total vendido (27R), que inclui parte da produção corrente e estoques, é suficiente para atender às encomendas (26R) e, portanto, não há necessidade de importação extra de insumos (28R e 29R).

A evolução dos preços nacionais (30R) é fundamentalmente influenciada pelo comportamento da taxa de câmbio (95R). Os preços internacionais apresentam uma pequena inflação, porém a apreciação do câmbio é suficiente para baratear o custo dos insumos importados resultando em uma inflação em queda que chega a se transformar em uma deflação (104R). Como taxa de juros é determinada em função de metas de inflação, sua trajetória é descendente (105R), apesar da pressão inicial exercida pela necessidade de aumentar o nível de reservas (98R).

Com os lucros definidos por mark-up, o montante de lucros dos setores reduz-se ao longo do movimento de contração da economia, voltando a se recuperar ligeiramente com o início da retomada do crescimento (32R). O lucro total da economia segue o mesmo movimento do lucro dos setores, assim como os salários, que são fixos por unidade de produção, variando em função do nível de atividade, e os impostos indiretos cobrados sobre as vendas; a soma destes três componentes retrata o comportamento do PIB (33R).

O lucro retido dos setores, que é função do lucro e do saldo entre o retorno sobre as aplicações financeiras e o pagamento de juros sobre a dívida, também apresenta uma queda inicial até começar a se recuperar no final da trajetória (35R). Esta tendência resulta do próprio movimento do lucro (32R) e da redução tanto das aplicações financeiras (36R) como das dívidas (59R), em um contexto no qual a taxa de juros é decrescente. As aplicações financeiras são reduzidas (36R) devido à diminuição dos lucros retidos e da provisão para gasto com depreciação e à realização de pagamentos dos gastos com investimento e da amortização da dívida. Os gastos com investimento (54R), referentes aos recursos internos usados para financiar a aquisição de bens de capital, refletem as despesas iniciais com investimento autônomo decrescente (22R) e, no final da trajetória, tanto o pagamento do investimento autônomo como o início da retomada do investimento induzido (20R). A amortização da dívida (55R) e conseqüente redução do estoque de dívida total dos setores (59R), por outro lado, está sendo forçada pela redução do estoque de capital total dos setores (37R), resultado da redução da capacidade produtiva (24R) e das aplicações financeiras (36R), que acaba elevando o grau de endividamento dos setores acima do limite máximo aceitável (60R).

Com a redução do estoque de capital total a um ritmo mais rápido que a redução da dívida e com a conseqüente elevação do grau de endividamento, os setores acabam deixando de poder contar com os recursos de terceiros, portanto não há endividamento efetivo ao longo

da maior parte da trajetória (56R e 38R a 45R). Os recursos do IDE, por hipótese, estão sempre disponíveis, iguais a 30% do valor do investimento desejado (38R a 45R). A disponibilidade de recursos internos diminui nos primeiros períodos conforme diminui o estoque de aplicações financeiras dos setores (36R), mas começa a se recuperar com a redução da necessidade de amortização das dívidas (55R e 38R a 45R). Neste contexto, aumenta a participação do investimento estrangeiro nos setores (100R).

Apesar da elevação inicial do spread dos setores com a elevação do grau de endividamento (61R), que depois se estabiliza, a taxa de juros paga sobre a dívida interna reduz-se progressivamente (62R) acompanhando o movimento da taxa de juros básica (105R). A taxa paga sobre a dívida externa segue o movimento apresentado pela taxa de risco (103R), cobrada adicionalmente à taxa de juros internacional (que é mantida constante), e, portanto, apresenta uma elevação inicial seguida por uma queda (63R). O pagamento de juros dos setores reduz-se continuamente (66R) com a redução dos juros e do volume de dívida (59R).

A renda recebida pelas classes A, B, C e D é decrescente (67R), acompanhando o movimento dos lucros e dos salários. Como há uma deflação na maior parte da trajetória (68R), então a renda real das classes acaba sendo um pouco superior à renda nominal (69R). A aplicação financeira das classes é crescente principalmente em função do saldo da diferença entre o recebimento do retorno sobre as aplicações e o pagamento de juros sobre a dívida. Apesar de os juros declinarem, o montante de aplicações financeiras (70R) é muito superior ao de dívida (71R), justificando o saldo entre o retorno e o pagamento de juros das classes. O grau de endividamento das classes, à exceção da classe D, é declinante (73R) com a progressiva estabilização do nível das dívidas (71R) e aumento do total das aplicações financeiras (70R). A classe D, que alterna entre o limite do endividamento e o sobreendividamento (73R), é obrigada a amortizar parte de sua dívida intermitentemente ao longo de toda a trajetória (72R) e tem seu consumo autônomo restringido, porém não totalmente (74R). O spread, dada sua determinação, segue o mesmo padrão que o grau de endividamento das classes (75R). A taxa de juros paga pela classe sobre sua dívida reflete o comportamento da taxa de juros de referência mais o spread (76R). O montante de juros pago (77R) é resultante do movimento do acúmulo de dívidas e da taxa de juros paga pelo setor.

Quanto ao comportamento do setor público neste movimento de contração econômica, os gastos do governo seguem a mesma tendência (78R), refletindo uma redução da arrecadação de impostos maior que a redução do superávit alvo. A meta de superávit é

crescente devido à elevação da relação entre a dívida pública e o PIB. Como resultado de uma contração dos gastos maior que a redução dos impostos, há geração crescente de superávit (79R). Apesar do resultado primário, no entanto, o governo acaba incorrendo em um déficit público (81R), que segue uma trajetória decrescente em função do superávit primário crescente (79R) e de um pagamento de juros inicialmente decrescente e que passa a crescer a um ritmo mais lento que o da geração de superávit até voltar a cair (80R). A redução inicial do pagamento de juros se deve ao crescimento da dívida pública (82R) a um ritmo mais lento que a redução da taxa de juros (105R); já o crescimento posterior resulta da diminuição do ritmo de queda da taxa de juros e do crescimento contínuo da dívida pública em função do acúmulo dos déficits ao longo dos períodos. Com a dívida externa quase toda amortizada, a dívida pública interna é igual à dívida pública total (82R).

No que diz respeito ao setor externo, as exportações são crescentes (83R), acompanhando o movimento da renda externa mundial, apesar da pequena redução do coeficiente de exportação (84R) como resultado da combinação dos efeitos negativos vinculados à elasticidade-renda das exportações, do efeito do preço relativo resultante da apreciação do câmbio, da queda dos preços nacionais e da subida dos preços internacionais e do pequeno efeito da competitividade vinculado ao investimento autônomo. As importações (85R) acompanham o movimento do PIB. As importações de bens intermediários são contraídas na fase de recessão, quando há redução do nível de produção, e se elevam com a recuperação. As importações de bens de consumo diminuem com a contração da renda das classes e a importação de bens de capital também tem uma queda inicial e só se recupera com a retomada dos investimentos. Os coeficientes de importação aumentam (86R a 89R) principalmente em função do efeito da apreciação do câmbio (95R), que torna as importações mais baratas mesmo com a elevação dos preços internacionais e redução dos preços internos. O coeficiente de importação de bens de capital, especificamente, aumenta até atingir seu teto, quando então passa a permanecer constante. Neste contexto de aumento das exportações e redução das importações, que começam a se recuperar no final da trajetória, o saldo da balança comercial segue uma tendência crescente a taxa decrescente (90R).

O resultado do saldo de serviços de fatores (91R) acompanha o movimento do dividendo remetido, que segue a mesma trajetória do lucro, reduzindo-se inicialmente e depois voltando a se recuperar nos últimos períodos, e dos juros remetidos, cujo principal componente é a remessa de juros recebidos sobre o estoque de capital estrangeiro de curto prazo, que segue reduzindo-se (99R). O impacto do pagamento de juros do governo é

mínimo, devido à amortização da dívida externa pública, e o pagamento de juros dos setores também é muito pequeno, tendo em vista a redução da dívida externa privada (100R). O lucro remetido é igual, por hipótese, ao lucro reinvestido, e, portanto, a soma destes dois fatores não exerce nenhuma influência (91R).

O saldo em transações correntes, como resultado do balanço comercial progressivamente positivo e do saldo de serviço de fatores cada vez menos negativo, é crescente (92R). O saldo inicial da conta de capital (93R), antes de ser considerada a entrada de investimento externo de curto prazo, tem como principal componente a entrada de investimento direto estrangeiro, que acompanha o movimento do investimento dos setores, sendo decrescente ao longo da maior parte dos períodos e começando a apresentar uma melhora apenas nos últimos anos. O financiamento externo dos setores tem um peso muito pequeno e também segue esta mesma trajetória. A amortização da dívida externa é igual à soma do pagamento da dívida externa pública e da amortização da dívida externa dos setores. O resultado do saldo de transações correntes, que se torna positivo e segue uma tendência crescente a taxa decrescente, mais o saldo inicial da conta de capital, continuamente positivo e decrescente, exerce uma pressão pela apreciação do câmbio (95R). A cada período, a tendência à apreciação (95R), dadas a taxa de juros internacional, a taxa de juros nacional, o risco país e a taxa de câmbio esperada e a expectativa de desvalorização resultante, acaba induzindo à saída de capital de curto prazo (94R) até o nível de equilíbrio do balanço de pagamentos (96R), quando cessa a pressão no mercado de divisas. O saldo final da conta de capital, considerando o investimento externo em carteira (especulativo), contrabalança o saldo da conta de transações correntes (97R).

O estoque de investimento direto estrangeiro é o principal componente do estoque de passivo externo e segue uma trajetória crescente, dada a entrada constante, proporcional a sua participação em cada setor, associada ao investimento autônomo (ao longo de toda a trajetória) e induzido (nos últimos períodos); o estoque de investimento externo de curto prazo apresenta um aumento inicial e depois se torna declinante com a saída contínua deste capital (99R). As participações do estoque de empréstimos contraídos pelos setores e da dívida pública externa são decrescentes em função da amortização (100R). As reservas em moeda estrangeira aumentam com a remuneração recebida no exterior à taxa de juros internacional. As reservas em moeda nacional, no entanto, dada a apreciação do câmbio, permanecem relativamente estáveis. O passivo externo líquido, tendo em vista o comportamento das

reservas, acompanha o movimento do passivo total numa trajetória crescente a taxa decrescente (102R). O risco país (103R), neste contexto, apresenta uma elevação inicial, reflexo do crescimento do passivo externo, mas começa a ser reduzido, principalmente como conseqüência da diminuição do estoque de capital estrangeiro de curto prazo.

CONCLUSÃO

Ao longo deste trabalho, o crescimento foi tratado como um fenômeno de curto prazo, vinculado à variação da renda sem alteração da estrutura produtiva. O desenvolvimento, por outro lado, foi visto como um fenômeno de longo prazo, conduzido por alteração estrutural endógena e impulsionado por condições de demanda e concorrência que suportam um processo de crescimento, diversificação e elevação da produtividade. Os países desenvolvidos seriam aqueles cuja dinâmica de crescimento da renda e alteração estrutural evolui de forma sustentada, sem ser interrompida sistematicamente por gargalos internos ou restrições externas. Já os países em desenvolvimento seriam aqueles em vias de construção de tais bases, isto é, aqueles cuja trajetória não é sustentada, porém os períodos de crescimento podem ser orientados para engendrar uma transformação estrutural de forma que ao longo do tempo sejam capazes de superar seus gargalos. Os países subdesenvolvidos não têm uma dinâmica interna capaz de sustentar nem mesmo períodos representativos de crescimento da renda.

Como foi visto, no caso dos países em desenvolvimento, um dos principais problemas que acaba tornando insustentável sua trajetória de crescimento é o desequilíbrio estrutural do balanço de pagamentos. A balança comercial deficitária, como foi reiteradamente argumentado, reflete a disparidade entre coeficientes e entre elasticidades-renda e -preço de importação e exportação – parâmetros que revelam características da estrutura produtiva e o grau de desenvolvimento do país (nível de industrialização, taxa de modernização, nível de competitividade das exportações). A conta de capital é usada, então, para compensar a balança comercial negativa, com a desvantagem de que seus componentes, diferentemente de uma elevação das exportações ou de uma redução das importações, geram compromisso futuro de remessa de divisas em função do estoque de passivo externo que vai sendo acumulado.

A vulnerabilidade externa dos países que apresentam dinâmicas como acima descritas reflete-se em indicadores como risco de insolvência, ligado à disposição dos credores internacionais continuarem refinanciando suas dívidas, e risco de iliquidez, ligado ao movimento dos capitais de curto prazo, cuja saída abrupta poderia comprometer o nível de reservas. A elevação dos riscos de insolvência e iliquidez aumenta o custo de atração do capital estrangeiro, fazendo com que o governo tenha que manter elevada taxa de juros e alto nível de reservas para evitar instabilidades. Neste contexto, é forte a influência da liquidez

internacional e das expectativas dos agentes sobre as condições propícias ao crescimento com estabilidade.

O crescimento de um país com restrição estrutural do balanço de pagamentos não tem, por si mesmo, como se auto-sustentar. As políticas adotadas estão voltadas para controlar os efeitos desfavoráveis gerados pelo crescimento com restrição estrutural externa, mas não são direcionadas para viabilizar a superação das causas deste tipo de trajetória, originadas fundamentalmente em uma estrutura produtiva desatualizada e pouco competitiva. O desenvolvimento é construído por uma dinâmica de longo prazo, porém não é um processo inexorável; ao contrário, são necessários grandes esforços de política. Para que países em desenvolvimento de fato se insiram no rumo da construção das bases de uma trajetória virtuosa sustentada é preciso adotar políticas macroeconômicas que alonguem os períodos de crescimento e políticas industriais e de investimento em infra-estrutura que contribuam para acelerar a transformação estrutural na direção da superação dos gargalos existentes e do fortalecimento da dinâmica de concorrência e modernização.

A incorporação mais detalhada do setor externo, do setor financeiro e das políticas econômicas no modelo de simulação apresentado no terceiro capítulo teve, justamente, como objetivo permitir o estudo das interações entre o desequilíbrio comercial, a fragilidade financeira em uma economia com abertura comercial e financeira e a trajetória de crescimento. Este trabalho faz parte de um programa de pesquisa que tem sua linha teórica, conforme definida no primeiro capítulo, baseada em Keynes, Kalecki e Schumpeter, e que utiliza como principal instrumento de análise os modelos de simulação. A relevância do modelo apresentado nesta tese está no fato de ser um instrumental que permite captar a interação no tempo entre diversas variáveis que determinam a evolução da demanda, do crescimento, do resultado do balanço de pagamentos e das regras de política econômica, que, por sua vez, afetam a própria demanda. Apesar de a dinâmica de transformação estrutural não ter sido endogeneizada nesta versão do modelo com base em processos de concorrência das firmas, ela está sendo retratada de maneira simplificada através do investimento autônomo em modernização. Assim, também é possível tirar conclusões sobre as interações entre a evolução da demanda, do crescimento, de alterações na capacidade produtiva e a transformação estrutural associada; e sobre a importância de políticas que contribuem para viabilizar a construção de um caminho de mudança estrutural.

A condução da política econômica suposta no modelo apresentado, seguindo, grosso modo, as orientações do Consenso de Washington, é de abertura comercial e financeira, regime de câmbio com flutuação suja, política monetária regida por metas de inflação e política fiscal, por alvos de superávit primário. Dadas estas regras, quando um país com restrição estrutural do balanço de pagamentos está crescendo, como pôde ser visto nas simulações, o câmbio tende a desvalorizar, a inflação aumenta, levando a uma política monetária restritiva, com elevação dos juros, também impulsionada pela necessidade de atrair capital estrangeiro e compor reservas; e os gastos do governo são controlados para aumentar o superávit primário em função do aumento da relação dívida/PIB, agravada pela elevação do pagamento de juros sobre a dívida. A elevação dos juros e a desvalorização do câmbio acabam influenciando a demanda.

Contudo, ainda são necessários ajustes no modelo que o permitam captar de forma mais adequada particularmente o impacto da variação da taxa de juros sobre a demanda, evitando, por exemplo, que uma trajetória de crescimento com deterioração dos resultados do setor externo permaneça sustentada. Neste sentido, em primeiro lugar, deve ser aprimorada a calibragem das condições iniciais, especialmente a composição entre os ativos e os passivos dos diversos agentes da economia (setores, classes e governo). Em segundo lugar, deve ser avaliada a possibilidade de introdução de um mecanismo de análise de portfólio por parte dos agentes, de forma que a taxa de juros figure como custo de oportunidade para o investimento produtivo. Por último, é preciso reestruturar as condições de endividamento do governo, incluindo alguma restrição sobre sua possibilidade de contração de empréstimos no exterior.

Apesar da necessidade de desenvolvimentos futuros, já em seu estágio atual, o modelo permite a realização de algumas simulações, sugeridas a seguir, que, a meu ver, podem contribuir de forma relevante para o estudo da dinâmica de um país em desenvolvimento.

Uma primeira possibilidade é a variação dos parâmetros que refletem a condição de um país em desenvolvimento com desequilíbrio na balança comercial. As principais alterações seriam nos valores iniciais dos coeficientes de importação e exportação e nos parâmetros relacionados à sensibilidade dos coeficientes frente a mudanças no nível de atividade, nos preços relativos e na influência do investimento autônomo sobre a produtividade dos setores e, logo, sobre a competitividade.

Da mesma forma, sobre o setor externo, poderiam ser avaliadas diferentes situações em termos de ritmo de crescimento da economia mundial e, logo, das exportações e de evolução dos termos de troca.

Outra alternativa a ser testada diz respeito à condição de liquidez internacional, parâmetro conjuntural que influencia a restrição externa ao crescimento de um país em desenvolvimento pelo lado financeiro e que é captada no valor da sensibilidade do risco-país à variação nos indicadores de insolvência e iliquidez.

Alterações nas condições iniciais também podem gerar resultados relevantes focando, por exemplo, diferentes níveis e composições de endividamento (interno e externo) do setor público e do setor privado, maior ou menor participação do IDE na economia, disponibilidade de reservas.

Ainda, seria importante considerar mudanças nos parâmetros relacionados à política econômica, vinculados, principalmente, às regras de política monetária, fiscal e cambial.