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CAPÍTULO II: A MOEDA NO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL E INTERNACIONAL

2. O SISTEMA FINANCEIRO BRASILEIRO

A estrutura atual do sistema financeiro brasileiro, que se dedica a propiciar condições satisfatórias para a manutenção do fluxo de recursos entre poupadores e investidores, está calcada em dois subsistemas: o normativo (Banco Central do Brasil, Conselho Monetário Nacional, Comissão de Valores Mobiliários, Superintendência de Seguros Privados e Secretaria da Previdência Complementar) e o de intermediação (Banco do Brasil, Banco

Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e demais instituições financeiras bancárias, não-bancárias e auxiliares).

Na lição da doutrina,

“... os órgãos participantes do subsistema normativo regulam, fiscalizam e controlam as instituições do sistema de intermediação. (...) Por sua vez, o sistema operativo realiza a intermediação financeira, que é o objetivo principal do sistema financeiro.

O subsistema operativo, mais conhecido como sistema de intermediação, abrange um conjunto de instituições financeiras e não-financeiras que busca transferir recursos dos poupadores para os tomadores dentro de atribuições específicas e com funções bem definidas.” 47

O Sistema Financeiro Nacional vigente foi estruturado a partir de 1964, com base nas leis editadas para regular seu funcionamento, dentre as quais cabe destacar a Lei nº 4.595/64, que criou o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil; a Lei nº 4.357/64, a chamada Lei da Correção Monetária; a Lei nº 4.380/64, que criou o Banco Nacional da Habitação; a Lei nº 6.835/76, que criou a Comissão de Valores Mobiliários; a Lei nº 4.728/65, que tratou do mercado de capitais; e a Lei nº 6.404/76, a Lei das Sociedades Anônimas. 48

Compete ao Conselho Monetário Nacional, em síntese, autorizar as emissões de papel-moeda; aprovar o orçamento monetário elaborado pelo Banco Central do Brasil; fixar as diretrizes e normas de política cambial; disciplinar o crédito em todas as suas modalidades e as formas de operações creditícias; estabelecer limites para a remuneração das operações e serviços bancários ou financeiros; determinar as taxas do recolhimento compulsório das instituições financeiras; regulamentar as operações de redesconto de liquidez; regular as operações de câmbio; estabelecer normas para as operações do Banco Central do Brasil com títulos públicos; e regular a constituição, o funcionamento e a fiscalização de todas as instituições financeiras que operam no país.

O Banco Central do Brasil é o órgão que cumpre e faz cumprir as disposições que lhe são atribuídas pela legislação em vigor e as normas expedidas pelo Conselho Monetário Nacional. O Banco Central do Brasil exerce várias funções que acabam por atribuir-lhe o perfil de banco dos bancos; gestor do sistema financeiro nacional; executor da política monetária; banco emissor da moeda; e banqueiro do governo.

A Comissão de Valores Mobiliários, por sua vez, tem a incumbência de desenvolver, disciplinar e fiscalizar o mercado de capitais.

A Superintendência de Seguros Privados é autarquia federal vinculada ao Ministério da Fazenda, responsável pelo controle e fiscalização do mercado de seguros, previdência privada aberta e capitalização.

A Secretaria da Previdência Complementar é órgão do Ministério da Previdência e Assistência Social, responsável pela fiscalização e controle dos planos e benefícios das entidades de previdência privada fechada.

O Banco do Brasil é banco comercial que opera também como agente financeiro do governo. É o principal executor da política de crédito rural e industrial; administra o comércio exterior do País; controla a Câmara de Compensação de cheques e outros papéis; e executa serviços ligados ao orçamento geral da União.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social é responsável pela política de longo prazo do governo e se dedica a impulsionar o desenvolvimento econômico e social do país; fortalecer o setor empresarial; atenuar desequilíbrios regionais; promover o desenvolvimento integrado das atividades agrícolas, industriais e de serviços; e estimular o crescimento e a diversificação das exportações.

Os Bancos Comerciais têm por objetivo principal proporcionar o suprimento oportuno e adequado dos recursos necessários para financiar, a curto e a médio prazo, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços e as pessoas físicas. Sua atividade básica é a captação de depósitos à vista.

As Caixas Econômicas integram o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo e o Sistema Financeiro da Habitação. Equiparam-se, de certa forma, aos bancos comerciais. Captam economias populares; concedem empréstimos e financiamentos de caráter assistencial; operam no setor de habitação como Sociedade de Crédito Imobiliário e principal agente do Sistema Financeiro de Habitação; e centralizam o recolhimento e aplicação dos recursos do FGTS.

Os Bancos de Desenvolvimento são instituição financeiras controladas por governos estaduais, que concedem crédito a médio e longo prazos às empresas localizadas nos Estados a que pertencem.

As Cooperativas de Crédito atuam basicamente no setor primário da economia. Têm por objetivo assegurar melhor comercialização de

produtos rurais e facilitar o escoamento das safras agrícolas para os centros consumidores.

Os Bancos de Investimento objetivam dotar o mercado financeiro de instituições mais poderosas, visando a operar com empréstimos e depósitos a prazos mais longos, fortalecendo o processo de capitalização das empresas via compra de máquinas e equipamentos e subscrição de debêntures e ações. Não podem manter conta corrente e captam recursos através da emissão de CDB e RDB ou da venda de cotas de fundos de investimento por eles administrados.

As Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento são especializadas na abertura de crédito para financiamento de bens e serviços aos consumidores ou usuários. Não podem manter contas correntes e captam recursos via colocação de letras de câmbio.

As Sociedades Corretoras (CCVM) atuam como intermediárias no mercado acionário, operando com compra, venda e distribuição de títulos e valores mobiliários por conta de terceiros. As Sociedades Distribuidoras (DTVM) operam em uma faixa mais restrita do que as Corretoras, já que não têm acesso às bolsas de valores e de mercadorias.

As Sociedades de Arrendamento Mercantil (Leasing) realizam operações que visam ao arrendamento de bens móveis e bens imóveis, para o que captam recursos por meio de emissão de debêntures.

O Sistema Financeiro da Habitação cria condições para a intermediação de recursos financeiros no setor da construção de habitações. O Banco Nacional da Habitação, banco de fomento do SFH, foi extinto, passando a Caixa Econômica Federal sucede-lo em direitos e obrigações.

As Associações de Poupança e Empréstimo são sociedades civis que têm por objetivo o financiamento da casa própria de seus associados, que com ela mantém vínculo via depósitos. Captam recursos das cadernetas de poupança dos associados, créditos especiais junto ao SFH e reservas acumuladas, oriundas de comissões, juros e correção monetária.

As Sociedades de Crédito Imobiliário integram do Sistema Financeiro de Habitação e objetivam financiar a construção ou aquisição de imóveis utilizando a caderneta de poupança como instrumento de captação.

Os Bancos Múltiplos são bancos que associam uma ou mais de uma das carteiras a seguir à carteira comercial ou à carteira de investimento:

carteira de crédito imobiliário, carteira de aceite, carteira de desenvolvimento e carteira de leasing.

Já os Bancos Cooperativos são bancos comerciais com participação exclusiva de cooperativas de crédito, com atuação restrita na Unidade de Federação de sua sede.

A Bolsa de Valores organiza e mantém em funcionamento o mercado de títulos e valores mobiliários, enquanto os Investidores

Institucionais agrupam-se em Fundos Mútuos de Investimento (condomínio

aberto que reúne recursos de poupança, destinados à aplicação em carteira diversificada de títulos e valores mobiliários), Entidades Fechadas de Previdência Privada (instituições restritas a determinado grupo de trabalhadores) e Seguradoras (que são financeiras).