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Situações de Visibilidade: resistências ao discurso hegemônico

As experiências erráticas das intervenções aqui analisadas apontam para a hipótese de que sempre existiu esse outro caminho, paralelo ao urbanismo hegemônico, de uma experiência desviante, atra- vés de práticas e táticas que desviam, alteram ou jogam com o mecanismo autoritário da disciplina, dos corpos automatizados, trazendo à luz conflitos antes invisíveis ao olhar cotidiano adormecido. (...) sempre existiu, desde o surgimento da própria disciplina urbanística, esse outro caminho, errante, paralelo – ou melhor, simultâneo – à história oficial do urbanismo erudito; e que se trata de um mesmo processo, cuja potência de resistência configura, a partir dessas diferentes instâncias, uma transmissão desviante da experiência urbana da alteridade através do errar pela cidade, e assim, uma crítica insistente ao urbanismo hegemônico. (JACQUES, 2014, p. 43)

Para tal tarefa de análise, serão apresentadas três intervenções como possibilidades de microrresis- tência e de visibilidade às problemáticas cotidianas.

Figura 28: Bloco do Pipa. Mapa Xilográfico, 2011.

Avenida São João (abaixo do Minhocão). Acervo do grupo.

A ação Bloco do Pipa, do Mapa Xilográfico e parceiros de outros coletivos, consistiu em criar um cortejo carnavalesco e percorrer a parte de baixo do Minhocão, na Avenida São João, entre o Metrô Marechal Deodoro e Santa Cecília. O objetivo da intervenção era dar visibilidade ao problema dos moradores de rua, já que na época ocorriam ações higienistas por parte da prefeitura. (atualmente foram retomadas na gestão do prefeito João Dória). Foram enviadas ordens de “limpeza” da área, utilizando um caminhão pipa com água de reuso, mas que se tratava, no entanto, de uma estratégia para retirar os moradores de rua do local, molhando seus pertences e eles próprios, impedindo a permanência dessa população naquele espaço.

O Mapa Xilográfico, então, conversou com os moradores de rua da região e, juntamente com ou- tros artistas, criou um bloco de carnaval e uma marchinha falando sobre a questão da expulsão e destrato com essa população. A ação fez frente direta ao caminhão pipa, tornando visível a prática higienista do poder público.

A intervenção teve como objetivo denunciar as medidas higienistas que a atual administração pública municipal tem tomado em relação à população de rua locada no centro de São Paulo. Verticalizando a proposta da lei Cidade Limpa, um caminhão pipa expulsa os moradores em situação de rua a jatos d’água enquanto um caminhão caçamba recolhe os precários pertences dos mesmos – o que, neste dia, não ocorreu diante da intervenção do Bloco do Pipa. Cami- nhando na fronteira entre a arte e o ativismo, esta ação aproxima-se do chamado Ativismo Lúdico Midiático. Esta espécie de artivismo procura, ao reconhecer a espetacularização como a linguagem da ideologia dominante, apropriar-se e, acima de tudo, transubstanciar as técnicas do capitalismo espetacular, a fim de transformá-las em ferramentas na luta pela transformação social. (MARQUES, 2011 apud COLETIVO PARABELO)

Figura 29: Bloco do Pipa. Mapa Xilográfico, 2011, Santa Cecília, São Paulo/SP.

Acervo do Coletivo Parabelo.

Percebe-se que a intervenção rompe com a invisibilidade dos moradores de rua, que se multiplicaram nos últimos anos na região central devido às problemáticas sociais, as constantes desapropriações de prédios e a proximidade com a Cracolândia, o território dos usuários de crack entre a Estação da Luz e a Avenida São João, com foco principal na Rua Helvétia. O que a ação artística desponta é a denuncia de um ato truculento e imediatista pelo poder público, colocando em debate quais políticas públicas são pensadas para essa parcela da população, que são como “fantasmas urbanos”.

Rua Apa

Rua das Palmeiras

Av. São João

Rua General Osório

Legenda

Pontos de migração

Mapa da Cracolândia

Figura 32: Ação da Policia no Território da Cracolândia para desocupação da região. São Paulo, maio de 2017. Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/01/1850736-pm-entra-em-confronto-com-usuarios-de-

droga-na-cracolandia-em-sp.shtml

Figura 30: Mapa da Cracolândia Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/sp/policia-militar-

volta-a-dispersar-:populacao-da-cracolandia/n1597573475183.html

Figura 31: Moradores em situação de rua. Minhocão como teto para essa população. São Paulo, 2013 Fonte: https://oglobo.globo.com/brasil/sao-paulo-tem-pelo-menos-13-mil-pessoas-morandonas-ruas-3037118

Durante o bloco do Pipa na Santa Cecília, quando montamos um agrupamento carnava- lesco a fim de enfrentar os equipamentos da prefeitura que operavam a varredura urbana higienista disfarçada de limpeza das ruas, tivemos a presença de um morador em situação de rua, que visualizou a ação, imediatamente compreendeu a proposta sem dialogar com nenhum integrante do grupo e prontamente começou a atuar com o bloco não só agindo em total harmonia com a proposição quanto colaborando na execução das ações ao longo do trajeto. A intervenção pareceu criar uma atmosfera de múltiplos significados, desde um lugar de acolhimento e proteção diante das violações de direitos básicos, até mesmo um espaço de reação. (VALENTIR, entrevista para pesquisa, 2017).

Outro aspecto relevante da intervenção é a inserção do corpo nessa dimensão dialógica do corjeto carnavalesco. O corpo é convocada a se manifestar, o canto, a batida, a dança apontam para experiência estética enraizada na corporeidade. A imagem se consolida para o transeunte vendo os corpos fora do padrão esperado para aquele contexto. Além disso, conforme relato dos artistas, os moradores de rua também embarcavam nesse jogo. O corpo aqui é instrumento de luta, ferramenta de oposição. A corporeidade proposta na ação rompe com o corpo estéril, indiferente ou amedrontado que cruza com os moradores que ocupam o Minhocão. Caso a intervenção usasse qualquer outro suporte que não o próprio corpo dos participantes, ela seria esmagada, levada pelos caminhões de água. No entanto, o grande corpo do cortejo não pode ser destruído e assim se instaura o confronto.

As intervenções urbanas para além de atuarem no espaço propõem que as questões sejam vivenciadas, para além de debates, teorias ou virtualidades. Acreditamos que esse é o grande potencial de uma proposição que tem como característica a criação de outras possibilidades de ser-estar no espaço, pois ela possibilita que as percepções, desejos e elaborações sobre o presente sejam elaboradas na sua totalidade corporificante o que, em nossa opinião, é o que de fato provoca mudanças ou força das conexões coletivas. (VALENTIR, entrevista para pesquisa, 2017).

Tangenciando a mesma questão dos moradores em situação de rua que fazem seus abrigos tempo- rários em baixo do Minhocão, temos as imagens da fotógrafa Raquel Brust. Uma série de 20 retratos de grandes dimensões de moradores da região do Elevado Costa e Silva, foram colados nos pilares da construção em 2013 durante o festival de fotografia PhotoEspaña, que na ocasião utilizou a ar- quitetura da cidade como suporte para exposição.

Figura 33: As imagens com 6 metros de altura fazem parte do

projeto ‘Giganto’ iniciado pela artista em 2008. São Paulo, 2013.

Foto: Danilo Verpa/Folhapress Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/10/moradores-

do-centro-de-sp-tem-retrato-gigante-exposto-no-minhocao.html

Outra intervenção do Mapa Xilográfico é Gatunos S.A: um grupo de pessoas vestidas de preto, reme- tendo a malandragem dos gatos que circulam pelos cantos da cidade, carregam placas de sinalização em referência s utilizadas para propaganda de empreendimentos imobiliários. Mas, as placas têm dizeres que alertam sobre os processos de gentrificação e privilégios. O coletivo faz a intervenção em bairros que receberam grandes construções imobiliárias.

A Gatunos S.A. “Expulsando o passado e concretando o futuro” é a mais nova construtora incorporado de sucesso atrelada ao Coletivo Mapa Xilográfico; uma empresa promissora, que atua em um dos ramos de negócio mais lucrativo da atualidade.

Nossas táticas de negócio giram em torno do financiamento de campanhas eleitorais, para receber as barganhas da incrível “Parceria público-privada”, que nos garante formas amplas de atuação no espaço urbano e muita lucratividade. A palavra de ordem é revitalizar ou renovar! Dar vida às cidades é nossa missão. Vida de quem intere$$a, é claro! Nossas metodologias atuam ao redor da “acupuntura urbana”,da “cultura hipster” e do “photoshop social”. (Trecho extraído do site do Coletivo: https://gatunossa.wordpress.com/. Acessado em abril de 2017).

A intervenção já percorreu diversos contextos. Em 2013 foi realizada no terreno da construção do Jardim das Perdizes, um condomínio de alto padrão, na região entre Barra Funda e Água Branca. Em 2014 foi levado aos estádios da Copa e em 2015 na região da Cracolândia, com as mudanças da operação urbana Nova Luz.

A Gatunos S.A. atuou em uma das maiores aberrações arquitetônicas da cidade de São Paulo nos últimos tempos. O condomínio Jardim das Perdizes localizado no bairro da Barra Funda, ocupa um terreno de 250 mil m² e está ligada à Operação Urbana Água Branca. São essas operações que preveem as “famosas” parcerias público privada, que delegam a empresas de construção o planejamento urbano e, por consequência, as manobras que privilegiem a elitização dos espaços da cidade.

A Prefeitura deu aval em 2013, para a construção do condomínio com 91 mil m² acima do permitido pela lei, em “contrapartida” a construtora responsável pagará o valor recorde de R$121,90 milhões para a Operação Urbana Água Branca que, nesse caso, irá investir o dinheiro na própria área do empreendimento, ou seja, a suposta “compensação pública” das irregularidades que o próprio poder público consente, são uma maneira de alocação de recursos para a valorização do próprio lançamento imobiliário, uma vez que o Estado promove melhorias na infraestrutura na região do empreendimento. (Trecho extraído do site do Mapa Xilográfico. https://mapaxilo.milharal.org/. Acessado em abril de 2017).

Figura 34: Gatunos S.A, São Paulo, 2013. Fonte: https://mapaxilo.milharal.org/

O jogo de Gatunos S. A está em inverter a lógica usual, a placa habitual que faz propaganda e sina- liza o empreendimento surpreende o observador ao trazer palavras que denunciam os problemas acarretados pelo alto poder do mercado imobiliário nas decisões sobre a cidade e as áreas públi- cas. Na entrevista concedida à pesquisa, os integrantes do Mapa Xilográfico dizem da potência da intervenção artística para fomentar uso do espaço público, se opondo as forças que atuam para capitalizar os lugares e relações.

O próprio conceito de público está sob ataque, uma vez que a subjetividade capitalística de perspectiva neoliberal atropela a ideia de que o PÚBLICO deve estar fora dos interesses de mercado, ao contrário, trabalha para que o público transforme-se em serviço prestado e, consequentemente, caracterize-se como algo a ser consumido e com potencial de lucro. Esvazia-se a percepção de cidadania e amplifica-se a percepção de consumidor dos lugares, ideias, imagens, relações, ou seja, mercantilizando todas as relações sociais – fomentando uma sociabilidade espetacularizada.

Neste contexto, ocupar a rua, a praça, os espaços comuns, é uma forma de exercício do PÚBLICO, reafirmando sua importância e praticando um conceito de sociabilidade que está sob ataque. A ocupação e o uso do espaço público significa tensionar esses campos de for- ça e afirmar a rua como espaço de celebração máxima da ideia de público, de liberdade de expressão e atuação do comum. (RIOS, VALENTIR entrevista para pesquisa, 2017).

Figura 35: Gatunos S.A, São Paulo, 2014. Fonte: https://mapaxilo.milharal.org/

Por fim, outro aspecto relevante é que a intervenção artística é um jogo aberto, deriva no espaço. A ação se opõe a discurso hegemônico, predominante nas mídias, evidencia as falhas das grandes estratégias. Dessa forma, se configura como uma tática de guerrilha abre brechas para reflexões e trocas, contaminações. A atuação do coletivo Mapa Xilográfico constituiu-se como um tabuleiro no qual é possível criar diversas formas de jogar, sempre em busca de estabelecer uma relação com o outro e com a cidade: trocas, contaminações, agrupamentos, reflexões e práticas coletivas, no intuito de criar uma poética e um espírito de levante e reinvenção durante as trajetórias, sem relações de causa/ efeito, nem mesmo de certa eficiência que tal projeto possa garantir em seu percurso. Mas o que se alimenta nessa troca é qualquer chama de invenção, participação e subversão que cada um pode ter dentro de si. As frestas que abrimos juntos talvez virem janelas e portas ou vãos livres, depende do construtor. (UGLIARA, 2013, p.101)

A terceira intervenção analisada é O retrato mais que óbvio daquilo que não vemos, um experimen- to urbano proposto pelo Coletivo PI, núcleo de pesquisa e criação em intervenção urbana e ações híbridas por meio de site specifc. O experimento, uma espécie de espetáculo itinerante, teve duas versões: a primeira (por ora analisada) em 2014, percorrendo as proximidades da Associação Casa das Caldeiras na Avenida Francisco Matarazzo; enquanto a segunda foi realizada em 2015, nas ruas do Baixo Centro de São Paulo, partindo da Rua Marquês de Itu.

O projeto parte do contexto do bairro para discutir o conceito de “vida em segurança” nas metrópoles, tão presente nos apelos midiáticos, a partir dos estudos de Michel Foucault sobre biopolítica. O experimento torna a realidade apresentada em ficção, propondo ao público (um grupo de 20 pessoas) uma itinerância pelas ruas do bairro e pelos espaços residuais, que são ressignificados com imagens, cenas e instalações.

Figura 36: O retrato mais que óbvio daquilo que não vemos.

Na gênese do experimento, tudo começa com o público sendo recepcionado por supostos correto- res de imóveis, que tratam a todos como compradores em potencial e iniciam um tour pela região, apresentando um novo conceito em moradia – um Complexo Imobiliário ousado e inovador. Diante desse jogo de cena, o público percorre as ruas da região e se depara com instalações, vídeos e células dramáticas que abordam as questões levantadas sobre o projeto de vida em segurança e as relações que se estabelecem entre o sujeito e o espaço urbano.

Neste panorama, a Associação Casa das Caldeiras, uma antiga fábrica da renomada família Matara- zzo, permanece como um espaço de resistência em meio à forte especulação imobiliária da região, tornando-se uma ruína na paisagem verticalizada do bairro. O espaço se mantem por meio de duas frentes de trabalho: uma comercial, com locação para eventos e festas; e outra cultural, por meio da qual o Coletivo PI realizou sua residência artística entre 2013 e 2014, com a criação deste trabalho.

Figura 37: Casa das Caldeiras. São Paulo/SP, 2014. Foto: Eduardo Bernardino. Acervo do Coletivo PI.

Figura 38: O retrato mais que óbvio daquilo que

não vemos. Coletivo PI, São Paulo/SP, 2014.

Foto: Eduardo Bernardino. Acervo do Coletivo PI.

Em O retrato mais que óbvio daquilo que não vemos, fruto da residência artística na Associação Cultural Casa das Caldeiras, localizada na zona oeste de São Paulo, buscou-se trabalhar com as dinâmicas físicas (arquitetura) e sociais do próprio bairro onde a Casa das Caldeiras está inserida, caracterizado por uma crescente especulação imobiliária, construção de grandes complexos habitacionais, comerciais e shoppings de alto padrão. Diante de um processo acelerado de obras e transformações da região, constatou-se que os espaços públicos estão sendo diluídos em um planejamento urbano que prima pelo privado em detrimento do coletivo, onde há, claramente, um direcionamento para projetos urbanos que privilegiam uma classe de maior poder aquisitivo e cria recursos para afastar/segregar outros grupos sociais. Há poucos espaços compartilhados no bairro e a concentração de pessoas fica por conta dos shoppings, que se tornam pontos de encontro, numa socialização destinada ao consumo. (KATO, CRUZ, VIANNA, 2015, p.99)

Em 2015, o experimento é retomado com a imersão na região do Baixo Centro, um território híbrido caracterizado por uma crescente especulação imobiliária que vende o discurso da cultura “sharing” (compartilhamento), seduzindo os compradores com a junção da potência urbana do velho centro com as transformações da nova cidade, mostrando que “revitalizar” é preciso (como se a vida ali presente fosse desqualificada). E assim, a gentrificação se expande, expulsando os moradores atuais do local devido aos altos valores dos imóveis. Nessa nova versão ainda há a discussão de qual o futuro para o Minhocão. E diante de todas as questões, pensamos o que queremos para a cidade? Como imaginamos nossa vida, tão urbana, daqui alguns anos? O que levamos dessa experiência? E o que podemos deixar?

Figuras 39 e 40: Retrato mais que óbvio daquilo

que não vemos, Centro de São Paulo, 2015.

Para nós, a escolha da rua é possibilitar a presença do imprevisível, do movimento da cidade e seus moradores, é trazer para dentro da obra, o ritmo, as imagens, o cheiro. É brincar com os símbolos, as convenções, as memórias daquele espaço e transformá-lo não apenas em cenário para uma representação, mas elemento fundamental da criação. (Coletivo PI, 2015 – extraído do programa do espetáculo)

Tanto as intervenções do Mapa Xilográfico como o experimento itinerante do Coletivo PI apontam para táticas que fogem ao uso habitual das regiões em que se inserem, trazendo uma proximidade dialógica com as pessoas e causando aos transeuntes uma sensação de estranhamento. São in- tervenções que discutem a lógica e as problemáticas do espaço urbano nas grandes metrópoles, principalmente os crescentes investimentos imobiliários e a segregação territorial que ocorre dentro dessa perspectiva, em que o espaço se torna privilégio de alguns.

Essas ações artísticas, ao instaurarem uma relação espaço-tempo dilatada nas áreas em que atuam, criam intervalos de jogo entre os participantes e, por meio de uma estética relacional e lúdica, esta- belecem um olhar aguçado e crítico ao discurso hegemônico imperativo nesses territórios. Assim, o cortejo carnavalesco dá visibilidade aos moradores de rua e à ação higienista (então praticada pelo poder público). Já o experimento do Coletivo PI, ao direcionar o olhar dos participantes durante o

tour pela região, insere uma espécie de lupa nas questões urbanísticas do território, destacando a nova lógica imobiliária do local, de segregação e privilégios.

O espaço em que apresentam suas obras é o da interação, o da abertura que inaugura todo e qualquer diálogo. O que elas produzem são espaços-tempo relacionais, experiências inter-huma- nas que tentam se libertar das restrições ideológicas da comunicação de massa; de certa maneira são lugares onde se elaboram sociabilidades alternativas, modelos críticos, momentos de convívio construído (...) A obra de arte apresenta-se como um interstício social no qual são possíveis essas experiências e novas “possibilidades de vida”: parece mais urgente inventar relações com os vizinhos de hoje do que entoar loas ao amanhã. (BOURRIAUD. 2009, p. 62 – grifo do autor)