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TEMA: COMPETÊNCIA ABSOLUTA E COMPETÊNCIA RELATIVA

No documento Processo Civil - Casos Práticos (páginas 39-46)

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TEMA: COMPETÊNCIA ABSOLUTA E COMPETÊNCIA RELATIVA

É necessário analisar os critérios de competência absoluta nesta fase, uma vez que quanto à competência relativa está só será analisada depois da primeira se encontrar verificada

Competência Absoluta (Internacional, Matéria e Hierarquia)

Competência Internacional

A competência internacional (dos tribunais portugueses) é a fracção do poder jurisdicional atribuída a estes tribunais portugueses, no seu conjunto, relativamente à fracção do poder jurisdicional atribuída, por leis nacionais estrangeiras ou tratados ou convenções internacionais, a tribunais estrangeiros sempre que o litígio seja transfronteiriço, isto é, quando apresente elementos de conexão com ordens jurídicas estrangeiras. Na ordem jurídica portuguesa, a competência internacional é determinada independentemente da lei material aplicável à apreciação do objecto do litígio ou mérito da causa: os tribunais portugueses podem ser internacionalmente competentes ainda quando a causa deva ser apreciada à luz de uma lei estrangeira;

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os tribunais portugueses podem julgar-se internacionalmente incompetentes mesmo que a acção deva ser apreciada pela lei portuguesa.

As regras da competência internacional (directa) que constam para os regulamentos comunitários valem tanto para os tribunais do foro (tribunais de um Estado Membro onde, em concreto a acção foi proposta) como para os tribunais de qualquer outro Estado Membro, como por exemplo, é o caso do Regulamento nº 44/2001.

Diferentemente, as regras que determinam a competência internacional dos tribunais portugueses consagradas no art. 65º e 65º-A do CPC são regras unilaterais, pois só fixam a competência (Internacional) dos tribunais portugueses; um tribunal estrangeiro nunca se pode sentir condicionado no exercício da sua jurisdição pela existência e validade daquelas regras.

Deste modo, face a cada caso concreto, é necessário conciliar o âmbito de aplicação das normas de competência internacional reguladas no CPC com o âmbito de aplicação das normas de competência internacional directa disciplinadas em qualquer regulamento comunitário.

O Regulamento (CE) nº 44/2001 visa facilitar o funcionamento do mercado interno, por via da unificação das regras de conflito de jurisdição e assegurar o rápido reconhecimento e execução das decisões em matéria civil e comercial. Este Regulamento vincula todos os Estados Membros da União Europeia, à excepção da Dinamarca, nos termos do seu art. 3º/1.

Nos termos do art. 1º, o âmbito de aplicação deste Regulamento restringe-se à matéria civil e comercial.

Da conjugação do art. 1º/1 com o objecto da acção, ou seja a acção de condenação no pagamento de uma indemnização que Ana pretende propor, conclui-se que este Regulamento é aplicado.

O critério geral da competência encontra-se consagrado no art. 2º, sendo que tal depende do domicilio ou sede do demandando: se é num dos Estados Membros ou fora da União Europeia.

Se o réu tiver domicílio num dos Estados Membros ele deve ser demandado independentemente da sua nacionalidade, nos tribunais do Estado do seu domicilio, nos termos do art. 2º/1. Nos termos do art. 3º/1, este réu somente pode ser demandando perante os tribunais de um outro Estado Membro se tal resultar da aplicação de uma competência especial prevista no art. 5º e ss do Regulamento ou se tiver sido celebrado um válido pacto de jurisdição.

Nos termos do art. 4º/1, se o réu não tiver domicilio em qualquer um dos Estados Membros (exemplo: Brasil ou Angola) a competência é regulada pela lei processual interna do Estado Membro onde a acção foi intentada, sem prejuízo da aplicação das regras sobre competências exclusivas, constantes no art. 22º, e por eventuais pactos de jurisdição válidos, nos termos do art. 23º.

No presente caso, e de acordo com o critério geral do art. 2º, é necessário analisar se o demandando possui domicílio ou sede no território de um Estado Membro da União Europeia. Para tal é necessário recorrer ao art. 59º e 60º. Nos termos do art. 59º, sendo a acção proposta em Portugal o tribunal português irá aplicar a lei portuguesa para determinar se a parte tem domicilio em Portugal. Nos termos do art. 60º/1 al. a) entende-se que uma sociedade tem domicilio no lugar em que tiver a sua sede social. No presente caso, o demandando, a sociedade Belavista, tem sede em Braga, pelo que da conjugação do art. 2º/1, do art. 59º e do art. 60º/1 al. a), se Ana instaurar a

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acção em Portugal, os tribunais portugueses serão internacionalmente competentes para conhecer da questão

Apesar de já se ter apurado que os tribunais portugueses são competentes internacionalmente para conhecer da questão em analise, podemos ainda abrir outras hipóteses.

 Nos termos do art. 22º consagra-se uma série de casos de competência exclusiva dos tribunais dos Estados Membros, as quais prevalecem sobre quaisquer critérios gerais ou específicos, impedindo, inclusivamente, a celebração de válidos pactos de jurisdição, quando estes respeitem às matérias previstas nestas competências exclusivas. Estas regras de competência exclusiva devem ser aplicadas mesmo que o demandando não tenha domicilio ou sede num dos Estados Membros. Analisando o art. 22º conclui-se que no caso em análise o objecto da acção (indemnização) não se insere em nenhum dos seus números pelo que nesta hipótese não existia competência exclusiva.

 Nos termos do art. 23º consagram-se os pactos de jurisdição. Os pactos de jurisdição atingem as regras de determinação da competência internacional dos tribunais portugueses, havendo que distinguir entre:

 Pactos Atributivos de Jurisdição: concede-se a competência internacional a um ou a vários tribunais portugueses, a qual pode ser exclusiva ou concorrente.

 Pactos Privativos de Jurisdição: as partes retiram a competência a um ou a vários tribunais portugueses e atribuem-na, em exclusivo ou concorrentemente, a um ou a vários tribunais estrangeiros (art. 99º/2 CPC). Para que a competência seja atribuída em exclusivo ao foro estrangeiro é preciso que as partes retirem a competência legal aos tribunais portugueses; se o não fizerem o caso poderá ser apreciado e julgado concorrentemente pelos tribunais portugueses.

No presente caso, nada nos é dito sobre a celebração de um pacto de jurisdição entre as partes pelo que considera-se que não existe nenhum.

 Nos termos do art. 5º consagra-se um conjunto de critérios especiais de atribuição da competência internacional, para os casos em que o reu tem domicilio num dos Estados Membros e o autor pretende que ele possa ser demandado perante os tribunais de um outro Estado Membro (art. 3º/1). Quando algum dos critérios especiais constantes do art. 5º se encontra presente, o autor dispõe da seguinte alternativa: (1) propõe a acção junto dos tribunais do Estado Membro do domicilio (ou sede) do réu; (2) ou, intenta a acção noutro tribunal de um outro Estado Membro, uma vez observadas as regras especiais de competência consignadas no art. 5º e ss.

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Quanto ao presente caso podemos equacionar duas possíveis soluções:

 Nos termos do art. 5º/3, quanto às matérias extracontratuais o réu pode ser demandando perante o tribunal do lugar onde ocorreu ou poderá verificar-se o facto danoso. A sede do Jornal situa-se em Braga mas se tal jornal for publicado noutros países (como sucede com o Jornal A Bola) o facto danoso irá ocorrer no local onde se tem conhecimento da notícia – a noticia seria realizada em Portugal mas seria publicada em França. Contudo, parte-se do princípio que os tribunais portuguesas são competentes internacionalmente.

 Nos termos do art. 5º/4, as acções de indemnização baseadas numa infracção penal são propostas e apreciadas no tribunal do Estado Membro onde foi intentada a acção pública, ou seja se a lei desse Estado permitir conhecer do pedido cível. Em Portugal tal é plausível uma vez que o art. 71º e ss. Código do Processo Penal estatui que o pedido indemnizatório deve ser apresentado na acção penal, na esteira do Princípio da Adesão, excepto nas situações previstas no art. 72º/2 do referido Código. Trata-se de pedidos de indemnização cíveis que foram feitos numa acção penal.

Em suma, quanto à competência absoluta internacional os Tribunais Portugueses seriam internacionalmente competentes para conhecer do mérito da questão.

NOTA1: o âmbito de aplicação do Regulamento nº44/2001 é definido pelo art. 1º/1 e

não pelo nº2. Primeiro é necessário ver se a situação em concreto se refere a matéria civil ou comercial e posteriormente há-de verificar-se se tal situação não se enquadra em nenhum dos casos de exclusão constantes do nº2.

NOTA2: o Regulamento nº 44/2001 entrou em vigor no dia 1-03-2002, nos termos do art.

76º, pelo que as suas disposições aplicam-se às acções instauradas após essa data, nos termos do art. 66º/1. Quando os casos práticos nada digam em contrário presume- se que são posteriores à data de entrada em vigor do Regulamento, mais concretamente, situam-se no presente (exemplo: ano 2012)

NOTA3: o art. 5º/4 do Regulamento não exclui o art. 5º/3 do mesmo.

Competência em Razão da Matéria (art. 66º e ss CPC)

De acordo com a natureza das matérias que são objecto dos conflitos de interesses, assim o poder jurisdicional é atribuído a distintos tribunais. Nos termos do art. 66º CPC consagra-se que a competência dos tribunais judiciais é residual no confronto com as restantes ordens jurídicas de jurisdição permanente (art. 209º e ss. CRP – Tribunal Constitucional, Tribunal de Contas, Tribunais Administrativos, Tribunais Fiscais e Tribunais Militares).

Deste modo, a competência em razão da matéria distingue os tribunais judiciais relativamente aos tribunais de outras ordens de jurisdição em função da especialização das matérias em causa. Nos termos do art. 26º/1 da LOFTJ 2008 as causas que não sejam da competência de outra ordem de jurisdição são da competência dos tribunais judiciários.

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No presente caso, considerando o art. 209º da CRP, as inerentes leis de organização das diferentes ordens dos tribunais, o art. 66º do CPC e o art. 26º da LOFTJ 2008 estamos face a uma acção de condenação proposta por Ana contra a sociedade Belavista pelo que a competência pertence aos Tribunais Judiciais.

Dentro da ordem de jurisdição dos tribunais judiciais, a lei distingue diferentes tribunais, no tocante à competência em razão da matéria. Deste modo, e de acordo com o art. 73º/2 da LOFTJ, os tribunais judiciais podem ser de:

 Competência Genérica (art. 110º LOFTJ 2008): se o autor invoca factos que permitem várias qualificações jurídicas, o tribunal que tenha sido provocado é materialmente competente se no seu âmbito de competência couber, pelo menos, uma das qualificações jurídicas. O tribunal embora competente, somente pode analisar o caso à luz da qualificação para que seja materialmente competente.

 Competência Especializada (art. 111º e ss LOFTJ 2008): quando os factos alegados pelo autor apenas autorizam uma determinada qualificação jurídica, com exclusão de outras qualificações, o tribunal em que ele deduziu a acção é competente, se e quando essa qualificação for subsumida no âmbito de competência material desse tribunal.

No presente caso, a acção de condenação ao pagamento de uma indemnização não se insere em nenhum dos casos de competência especializada previstos no art. 74º/2, com ressalva da al. i), ou seja no tocante à instância civil.

Deste modo, ou o tribunal competente será de competência genérica ou será de competência especializada de instância civil, desde que tal exista na comarca em causa.

Competência em Razão da Hierarquia

A ordem de jurisdição constituída pelos tribunais judiciais é dotada de uma hierarquia de tribunais, qual pirâmide judiciária: os tribunais judiciais de 1ª Instância, os Tribunais da Relação (tribunais judiciais de 2ª Instância) e o Supremo Tribunal de Justiça.

Nos termos do art. 27º da LOFTJ 2008 os tribunais judiciais encontram-se hierarquizados para efeitos de recurso das suas decisões, não sendo como tal uma hierarquia do ponto de vista administrativo (dar instruções aos tribunais inferiores).

Na LOFTJ 2008 a competência dos tribunais judiciais encontra-se consagrada, quanto ao Supremo Tribunal de Justiça no art. 41º e ss, quanto ao Tribunal da Relação no art. 65º e ss e quanto aos Tribunais de Comarca no art. 73º e ss.

Por exclusão de partes, ou seja por nem ser nem da competência do Tribunal da Relação nos termos do art. 65º e ss LOFTJ 2008, nem da competência do Supremo Tribunal de Justiça nos termos do art. 41º e ss LOFTJ 2008, o pedido de acção de condenação ao pagamento de uma indeminização será da competência do Tribunal de 1ª Instância.

NOTA: A competência dos Tribunais de 1º Instância é residual face à competência da

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Competência Relativa (Território, Valor da Causa e Forma de Processo)

Valor da Causa

Nos termos do art. 305º/1 CPC ‘’A toda a causa deve ser atribuído um valor certo (…)

o qual representa a utilidade económica imediata do pedido’’. A importância da

determinação do valor da causa, tal como é referido no nº2 do art. 305º CPC, assenta em através desta se determinar qual o tribunal competente, qual a forma de processo aplicável e a relação da causa com a alçada do tribunal.

Nos termos do art. 306º CPC consagram-se os critérios gerais para a fixação do valor, salvo se se aplicar um critério especial. No presente caso não existe nenhum critério especial pelo que se aplica o art. 306º CPC, ou seja ‘’Se pela acção se pretende obter

quantia certa em dinheiro, é esse o valor da causa’’.

Deste modo, sendo o valor da indemnização no montante de € 100. 000,00 será este o valor da causa nos termos do art. 306º CPC.

NOTA1: O Valor da Causa visa determinar que tipo de tribunal (singular ou colectivo)

irá apreciar o mérito da causa tal como determinar se intervém uma pequena, média ou grande instância (art. 127º LOFTJ 2008)

NOTA2: O art. 312º é utilizado em situações em que não esteja em causa a

materialidade do direito. Entende-se que são ‘’interesses imateriais’’, por exemplo, as acções populares em que estejam em causa a defesa ambiental, direitos humanos, etc.

Forma de Processo

Nos termos do art. 460º o processo pode ser comum ou especial. Nos termos do art. 461º e 462º o processo comum pode ser ordinário, sumário ou sumaríssimo. Partindo do princípio que não existe nenhum processo especial, é necessário determinar qual a forma de processo comum é que se encontra em causa.

Nos termos do art. 31º da LOFTJ 2008 a alçada do Tribunal da Relação é de € 30. 000, 00 e a alçada dos Tribunais de 1ª Instância de € 5. 000, 00. Ora, sendo o valor da causa €100. 000, 00 nos termos do art. 460º, 461º e 462º estamos face ao processo comum ordinário.

Analisada está questão do ponto de vista do processo comum, é necessário atender que ainda existe o Regime do Processo Civil Experimental, que é um processo especial.

Este Regime do Processo Civil Experimental foi consagrado em 2006 pelo legislador e aplica-se às acções declarativas civis comuns (ordinário, sumário e sumaríssimo) e às acções especiais (acções especiais para o cumprimento de obrigações pecuniárias emergentes dos contratos – DL 269/98, de 1 de Setembro).

Nos termos do art. 21º e 22º do Regime do Processo Civil Experimental consagra-se que este regime só se aplica aos Tribunais que forem determinados por Portaria, sendo que para o efeito existem duas Portarias a regular a sua aplicação no espaço: a Portaria 955/2006 consagra que este regime se aplica aos tribunais de Almada, Porto e Seixal; a Portaria 115-C/2001 consagra que este regime se aplica aos tribunais das comarcas do Barreiro e de Matosinhos e nas varas cíveis do Tribunal da Comarca do Porto.

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Deste modo, o Regime do Processo Civil Experimental só se aplica nos casos consagrados nas Portarias referidas, sendo que nos restantes casos aplica-se o Processo Civil Comum.

Em suma, tratando-se de uma acção declarativa comum segue-se o processo comum ordinário nos termos do art. 460º a 462º do CPC; se se tratasse de um tribunal abrangido pela área de incidência das portarias aplicar-se-ia o Regime do Processo Civil Experimental.

Analisada a forma de processo iremos agora determinar qual o tipo de tribunal que irá conhecer do mérito da causa, ou seja se é um tribunal singular ou um tribunal colectivo, sendo que para tal é necessário recorrer à LOFTJ 2008.

Nos termos do art. 135º e ss da LOFTJ 2008 consagram-se as normas que determinam a intervenção do Tribunal de Júri (art. 140º e ss), Singular (art. 135º) e Colectivo (art. 136º e ss).

Nos termos do art. 135º/2 LOFTJ 2008 consagra-se que o Tribunal Singular irá julgar os processos que não devam ser julgados pelo Tribunal Colectivo ou do Júri. O Tribunal Singular é, deste modo, residual face ao Tribunal Colectivo e do Júri. Para saber se se o Tribunal Singular é competente então será necessário primeiro determinar a incompetência do Tribunal Colectivo e do Júri.

Nos termos do art. 140º e ss, quanto ao Tribunal de Júri, estes possuem uma competência residual nunca tendo aquela quando se esteja face a uma matéria civil (como é o caso). Deste modo, os Tribunais de Júri, no presente caso, encontram-se excluídos.

Nos termos do art. 136º e ss, quanto ao Tribunal Colectivo, estes são competentes devido ao disposto no art. 137º al. b) (‘’Compete ao Tribunal Colectivo julgar (…) as

questões de facto nas acções de valor superior à alçada dos Tribunais da Relação’’)

Conjugando o art. 137º al. b) da LOFTJ 2008 com o art. 128º/1 al. a) da LOFTJ 2008 (‘’Compete à Grande Instância Cível (…) A preparação e Julgamento das Acções

Declarativas Cíveis de valor superior à alçada do Tribunal da Relação’’) o Tribunal

Colectivo de Grande Instância Cível seria o tribunal competente para conhecer do mérito da questão.

NOTA1: O Juízo de Média Instância Cível (art. 130º LOFTJ 2008) tem competência

residual

NOTA2: Nos termos do art. 646º do CPC a intervenção do Tribunal Colectivo só

acontecerá quando: (1) existir acordo das partes quanto a tal – nº1; (2) Nas acções em que alguma das partes haja requerido a gravação da audiência final não será admissível a intervenção do Tribunal Colectivo, uma vez que a gravação da audiência já oferece a segurança necessária. Deste modo, normalmente intervirá o Tribunal Singular.

NOTA3: O CPC antigamente previa a intervenção do Tribunal Singular na Grande

Instância Cível em harmonia com o regime da LOFTJ. Contudo, o CPC foi alterado e a LOFTJ não. Deste modo, quando se propõe uma acção, embora se saiba que com toda a probabilidade o Tribunal Colectivo não irá intervir, não se deixa de se intentar na Grande Instância Cível.

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Território

A repartição do poder de julgar, nos tribunais judiciais, é efectuada em função do território onde cada um destes tribunais desfruta de poderes jurisdicionais. No domínio da LOFTJ 2008 o território nacional encontra-se dividido em distritos judiciais e comarcas, nos termos do art. 18º.

Deste modo, constatada a competência internacional dos tribunais portugueses, os conflitos localizam-se sempre em determinada área do território português. É a lei processual que fixa os elementos de conexão relevantes, os quais determinam, nos casos concretos, o tribunal territorialmente competente. Tais elementos de conexão encontram-se consagrados no art. 73º a 95º do CPC.

Nos termos do art. 86º CPC, uma vez que o réu é uma pessoa colectiva (sociedade Belavista) consagra-se o foro do réu, correspondendo tal a uma regra supletiva, à qual se recorre sempre que o caso não esteja previsto noutra norma, ou seja, sempre que não haja disposição especial em contrário, competente para a acção é o tribunal em cuja circunscrição o réu tenha o sede da administração principal.

Contudo, existe uma regra especial constante no art. 74º/2 CPC (‘’Se a acção se

destinar a efectivar a responsabilidade civil baseada em facto ilícito ou fundada no risco, o tribunal competente é o da correspondente ao lugar onde o facto ocorreu’’).

Deste modo, de acordo com o art. 74º/2 CPC é necessário determinar o local onde o facto danoso ocorreu. Como na hipótese só nos é dito que a sede do Jornal se situa em Braga, presume-se que foi ai que ocorreu o facto danoso, pelo que seria competente o Tribunal de Braga (Grande Instância Cível de Braga).

NOTA: A Competência Territorial encontra-se consagrada, no CPC, nos art. 73º a 95º. O

art. 85º consagra a regra geral das pessoas singulares; o art. 86º consagra a regra geral das pessoas colectivas e o art. 87º a regra geral da pluralidade de pedidos.

b. Imagine que a acção tinha sido proposta no Juízo de Média Instância Cível de Coimbra. Quid iuris?

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