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3 OS DISCURSOS PELA REFUNDAMENTAÇÃO E VIGÊNCIA DA

3.1 UM BREVE RECORTE DO CENÁRIO DISCURSIVO ATUAL NA AMÉRICA

GÊNERO E ETNICORRACIAL

O continente latino-americano e caribenho possui uma história de resistência contra a colonização espanhola, portuguesa, francesa, inglesa e holandesa, a partir de seus nativos indígenas e, posteriormente, do povo negro, os quais lutaram contra a exploração e dominação expressa pelo dispositivo da escravidão e da tentativa de silenciamento e negação de suas culturas. Este continente é marcado pela exploração de suas riquezas naturais, que durante séculos enriqueceu a burguesia e a nobreza europeias, o imperialismo da Igreja Católica e o Estado metropolitano, à custa da vida de muitos seres humanos. A imposição de uma cultura que desejava ser hegemônica e silenciadora das culturas locais indígenas e das importadas do continente africano marcou negativamente sua história.

Positivamente, ao longo deste percurso histórico, a miscigenação dos povos da América Latina, as lutas/revoluções contra a imposição imperialista de seus exploradores, lideradas, entre outros, por: Guevara, Fidel Castro, Chico Mendes, Movimento Social Negro pela Luta da Igualdade Racial, e, recentemente, a ascensão das mulheres ao poder máximo de seus países49, de figuras de ascendência indígena50, de esquerdas contra partidos de direita, que, tradicionalmente vinham comandando a política de seus países51, como também de deposição de presidentes por atos de corrupção52, têm marcado a história atual do povo da América do Sul, América Central e Caribe.

Atualmente, a América Latina e o Caribe são compostos por 41 (quarenta e um) países e territórios onde são faladas cerca de 600 línguas, com realidades muito diferentes em todos os sentidos (UNESCO, 2009). Tal região possui uma população estimada de 575 milhões e 492 mil habitantes53. Do ponto de vista econômico-social, os discursos sobre a América Latina e o Caribe têm procurado destacar sua difícil e fragilizada situação financeira, muitas vezes atingida pelas crises mundiais, além de sua própria estrutura social. Em virtude de sua economia dependente do capital externo, as crises econômicas internacionais que lhes

49

Na Argentina, Cristina Kirchner, em 2007. No Chile, Michelle Bachelet, de 2006 a 2010. Brasil, Dilma Rousseff (2011-2014).

50

O caso de Evo Morales, em 2006, na Bolívia. 51

No Brasil – Lula, primeiro presidente brasileiro de origem popular, sem formação superior, metalúrgico e sindicalista (2003-2010), e, no Paraguai, Fernando Lugo, em 2008, cuja vitória destronou seis décadas de hegemonia do Partido Colorado.

52

No Haiti – Jean-Bertrand Aristide, em 2004, e, no Brasil, Fernando Collor de Melo, em 1992. 53

Conforme informações da ONU/CEPAL, Anuario estadístico de América Latina y el Caribe, 2008. Las cifras corresponden a la proyección recomendada, que implica adoptar una hipótesis media de fecundidad.

atingiram têm causado desequilíbrio e provocado efeitos drásticos à população em geral, como é possível observar no seguinte discurso:

En los últimos años hemos estado viviendo en América Latina y el Caribe una crisis económica agobiante, caracterizada por profundos desequilibrios en la distribución de la riqueza, el peso de la deuda exterior, la reducción del gasto público en los sectores sociales, el aumento significativo del desempleo y el incremento desmesurado del sector informal de la economia, entre otras cuestiones (JIMÉNES, 1992, p. 25).

Estas questões reforçam a existência da pobreza e injustiças sociais, como revelam os dados divulgados, em 2009, pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), em seu documento informativo, o qual apresenta um panorama social da América Latina, constatando que

Em 2008, a incidência da pobreza alcançou 33% da população latino- americana, incluindo 12,9% que viviam em condições de pobreza extrema ou indigência. Estas cifras correspondem a 180 milhões de pessoas pobres e 71 milhões de indigentes, respectivamente (ONU/CEPAL, 2009, p. 8).

Estes dados revelam um enunciado de mais de 45% da população latino- americana e caribenha vivendo em condições injustas e, muitas vezes, desumanas, como demonstra este discurso, na década de 1980:

[…] América Latina fue la región del mundo que tuvo mayor aumento en el volumen y intensidad de la pobreza junto con África Sub-Sahara y el Medio Oriente y Norte de África. Así lo afirma el Banco Mundial. En 1992, la Comisión Económica para América Latina y el Caribe, CEPAL, estimó que en 1990 el 45.9% de la población del subcontinente era pobre. Por su lado, el Proyecto Regional para la Superación de la Pobreza del Programa de las Naciones Unidas para el Desarrollo, PNUD, calculó para el mismo año (1990) una cifra de incidencia mucho más alta: el 61.8%. En los ochenta, la pobreza se generalizó e intensificó hasta convertirse en un problema masivo y de alcance regional (EZCURRA, 1996, p. 50).

Na década de 1990, o processo de proliferação da pobreza no continente Latino- americano e Caribenho continuou, apesar da melhora nos índices sociais de alguns países, conforme o seguinte discurso:

En los noventa, el proceso continuó. Es cierto que en algunos países – como Chile y Perú- se lograron ciertas reducciones en el volumen de pobres. Sin embargo, la CEPAL reconoce (1995) que durante el primer quinquenio de los noventa, los progresos en materia de reducción de la pobreza fueron

"muy moderados". Aún más, admite que desde 1994 se registran importantes retrocesos, con incrementos significativos en los niveles de pobreza y indigencia en países como Argentina y México.

La pobreza no fue ni es el único campo en el que ocurre una evolución negativa. Además en los ochenta y noventa se produjo un aumento considerable de la desigualdad en la distribución del ingreso, hasta alcanzar un nivel que el Banco Mundial cataloga como "excepcionalmente alto" el más inequitativo a escala mundial al punto que, según el propio Banco, en algunos países el 10% más rico de la población tiene 84 veces los recursos del 10% más pobre. Además, el Banco admite que la pobreza en la región deviene, en buena medida, de dicha inequidad. En suma, desde los ochenta, la desigualdad está en franco aumento – tendencia que deriva de procesos persistentes y severos de concentración del ingreso, que continúan hasta el presente (EZCURRA, ibidem).

As crises provindas das nações de grande poderio econômico atingem os países do continente e, consequentemente, a maioria do seu povo, provocando o fenômeno do desemprego e a proliferação da economia informal, entre outros fatos. Em 2008, por exemplo, a crise no mercado imobiliário norte-americano atingiu a maioria dos países da América Latina e do Caribe,

[...] mas em menor medida que as crises anteriores. [Esta crise prevê] uma queda do PIB por habitante na maioria das economias e não se espera que nenhuma delas tenha um crescimento significativo. Além disso, o desemprego cresceu em vários países e se espera que alcance 8,5% em média no fim de 2009 (ONU/CEPAL, 2009, p. 16).

Tecendo a teia da regularidade enunciativa sobre esta questão, Singer (2009), ao se referir a crise financeira norte-americana que abalou o continente em 2008, atingindo muitos países pequenos, em especial o Caribe, revela que os países latino-americanos e caribenhos

[...] dependem muito mais de produtos importados, pagos pela receita de exportação de um número limitado de produtos primários e especialmente do turismo e da remessa por emigrantes de dinheiro a familiares que residem no país. Costa Rica exporta ao Primeiro Mundo 19,5% do PIB, e Honduras, 12,5%. A receita de turismo representa 40% do PIB de Santa Lucia, 30% do das Bahamas, 28% do de Barbados, e 25% do de St. Keats e Nevis. Para o Caribe como um todo, o turismo contribui com um quinto do PIB (SINGER, 2009, p. 93).

Este discurso dá a ideia de como os países latino-americanos e caribenhos possuem economias frágeis e dependentes do capital externo, muitos possuindo, além disso, políticas públicas ineficazes para a melhoria da qualidade de vida de seus cidadãos. Em

muitos países, há uma legislação que disciplina as questões sociais, garantem direitos etc., mas, na prática, as populações pobres ou menos esclarecidas ficam à margem deles, sendo beneficiadas as pessoas com maior prestígio econômico ou classe social privilegiada. Este fato é bastante denunciado nos discursos de ativistas dos direitos humanos, como se evidencia no discurso a seguir:

A mesma Justiça brasileira determinou que o Estado deveria pagar indenização de R$ 9 mil para a família de um jovem morto dentro de uma unidade da Fundação Estadual do Bem-Estar Menor (Febem) e que uma modelo famosa recebesse R$ 100 mil por ter uma foto não-autorizada publicada numa revista. Esse é o exemplo lembrado pelo presidente da organização não-governamental Connectas, que luta contra a violação dos direitos humanos no Brasil, Oscar Vilhena, para mostrar que o Judiciário brasileiro não trata os cidadãos da mesma maneira (FÓRUM DE ENTIDADES..., 2006).

Ainda, segundo dados da ONU/CEPAL, o fraco desempenho das economias nacionais para minimizar a pobreza e a indigência no continente, em 2008, não pode ser considerado negativo, uma vez que, nas duas décadas passadas, houve uma redução efetiva desta situação. O relatório aponta dados satisfatórios concernentes à evolução positiva da pobreza em relação a 2007. Destaca positivamente o Brasil, o Peru e o Uruguai (dados da área urbana), Costa Rica, Paraguai, Panamá, Venezuela e Colômbia. Chama a atenção para o México, como o único país que registrou aumento na situação de pobreza de 3,1 %, entre 2006 e 2008, refletindo os primeiros efeitos da crise econômica que começou a se manifestar no final do ano de 2008 (Cf. ONU/CEPAL, 2009, p. 9-10).

Assim, em 2008, a região da América Latina se encontrava bem encaminhada para cumprir a primeira meta do milênio, apesar da heterogeneidade entre distintas sub-regiões e países. A proporção de pessoas indigentes na região, 12,9%, está a menos de 2 pontos percentuais de distância da meta (11,3%), o que representa um avanço de 85%. O progresso para uma meta mais exigente, como a de reduzir a pobreza total à metade entre 1990 e 2015, é inferior (avanço real de 63% frente aos 72% esperados entre 1990 e 2008) (ONU/CEPAL, ibidem, p. 11).

No entanto, quando nos direcionamos ao caso específico do Brasil, constata-se que, nos últimos 13 anos, o país tem demonstrado, em sua política pública socioeconômica, avanços que têm contribuído para a diminuição da pobreza. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em todas as cinco regiões do Brasil, no período “entre 1995 e 2008, 12,8 milhões de pessoas saíram da condição de pobreza absoluta (rendimento

médio domiciliar per capita de até meio salário mínimo mensal), permitindo que a taxa nacional dessa categoria de pobreza caísse 33,6%, passando de 43,4% para 28,8%” (IPEA, 2010, p. 3). Estes mesmos dados apontam ainda para a “[...] possibilidade de o Brasil vir a superar a condição de pobreza extrema e reduzir sensivelmente a taxa de pobreza absoluta nos próximos anos” (IPEA, ibidem, p. 11).

No cenário discursivo atual da América Latina e Caribe, o relatório da ONU/CEPAL chama a atenção para a desigualdade entre homens e mulheres na região. O preconceito social entre gêneros ainda favorece o discurso machista e a luta pela igualdade social, política e econômica entre homens e mulheres. De acordo com as informações da ONU/CEPAL (2009, p. 15),

A exposição à pobreza das mulheres é mais alta que a dos homens em todos os países da região. As maiores diferenças por gênero ocorrem na Argentina, Chile, Costa Rica, Panamá, República Bolivariana da Venezuela, República Dominicana e Uruguai, onde a taxa de pobreza entre as mulheres equivale a 1,15 vez ou mais a dos homens. Além disso, vários países sofreram um agravamento destas diferenças, destacando-se entre eles Chile e Uruguai. Deve-se ter presente que estas diferenças não refletem toda a magnitude do problema, posto que o método utilizado para medir a pobreza não leva em consideração a alocação de recursos dentro da família, que é precisamente um dos âmbitos onde se apresentam as maiores disparidades de gênero.

Novamente, no caso brasileiro, a questão de gênero também reflete esta realidade. Por exemplo, os dados do IPEA (2008) revelam que as mulheres, nos últimos anos, conseguiram avançar no processo de escolarização, no campo do trabalho, na chefia familiar etc. No entanto, as mulheres ainda continuam em desvantagem salarial. Em 2006, por exemplo, elas percebiam ao mês, em média R$ 577,0, enquanto os homens, R$ 885,6. Estes e outros indicadores sociais revelam o quanto, no Brasil e no restante da América Latina e Caribe, as mulheres continuam lutando pela equidade entre homens e mulheres na sociedade.

No discurso referente às questões etnicorraciais na América Latina e Caribe, o relatório da UNO/CEPAL enuncia uma realidade ainda a ser superada no que tange à desigualdade entre brancos, afrodescendentes e indígenas.

A origem étnica da população é uma condição altamente correlacionada com a possibilidade de ser pobre. Nos sete países com informações disponíveis, a taxa de pobreza dos grupos indígenas ou afrodescendentes pode exceder entre 1,2 e 3,4 vezes a do resto da população. Além disso, a brecha entre ambos os grupos aumentou em todos os países analisados, exceto no Brasil (ONU/CEPAL, ibidem, grifo nosso).

Reforçando este fato, a ONU divulgou, em janeiro de 2010, a situação dos povos indígenas no mundo, constatando que eles vivem em extrema pobreza, sendo o acesso, aos direitos básicos, de péssima qualidade, a exemplo da saúde, educação, acesso ao emprego, à terra e aos recursos para se manter nela etc. Vejamos os enunciados abaixo (ONU, 2010, p. 13):

Los índices de pobreza entre los indígenas son mucho más altos que entre el resto de la población en varios países de América Latina: Paraguay, 7,9 veces; Panamá, 5,9 veces; México, 3,3 veces; y Guatemala, 2,8 veces. Los ingresos de los trabajadores indígenas promedian sólo la mitad de los de trabajadores no indígenas, debido en gran parte a factores como la discriminación y la calidad de la enseñanza. La mayor diferencia en los ingresos por cada año adicional de escolarización entre la población indígena y la no indígena en América Latina se registra en Bolivia.

La mortalidad infantil sigue siendo 70% superior entre las comunidades indígenas, a pesar de las mejoras logradas en América Latina en los últimos 40 años.

Hay una notable diferencia entre el número de años que estudian los niños no indígenas y los indígenas. Esa diferencia con los niños no indígenas del Perú significa que estos niños reciben instrucción durante 2,3 años más que los indígenas, cifra que en Bolivia alcanza los cuatro años.

Sobre a situação dos indígenas no continente em foco, há o discurso que atribui este fato a uma história de opressão e exploração de sua cultura por parte da cultura dominante. Segundo Schmelkes (2001, p. 2),

Las culturas indígenas, de una historia de opresión y explotación, a una realidad de mestizaje en la que existen situaciones de segregación y de abandono y olvido por parte de la cultura dominante respecto de las culturas indígenas. Eso es seguido por intentos muy serios de asimilación, acompañados también por opresión, explotación, segregación y olvido.

Assim sendo, na América Latina e Caribe a superação da segregação entre brancos e demais etnias ainda é um desafio presente, e enuncia um continente que ainda distingue socialmente sua população segundo a origem etnicorracial ou segundo a herança do branco europeu colonizador. As injustiças sofridas pelas vítimas de discriminização racial e outras formas correlatas de intolerância são bem conhecidas em nossa sociedade, como: possibilidades limitadas de acesso ao emprego, segregação e pobreza. No Brasil, por exemplo, apesar de todo o avanço na legislação em favor da população negra contra crime de racismo

(Cf. Art. 5º, XLII, da Constituição Federal de 1988), o negro brasileiro vive situações de desigualdade social em diversos setores e, muitas vezes, tais desigualdades são extremas.

Segundo os dados do IBGE (2007), a população negra, em relação à branca, vive em situação de desigualdade social em todos os setores da sociedade, como é possível observar na Tabela 2, cujos dados reforçam a importância das iniciativas em favor de políticas afirmativas, adotadas pelo governo brasileiro, para a promoção e valorização da população negra do país, como elencam os estudos de Rocha (2006):

 a obrigatoriedade do ensino da História da África e da Cultura Afro- brasileira nos currículos das escolas da educação básica (destaque para as áreas de Educação Artística, Literatura e História Brasileira - inclusos os indígenas e as suas contribuições, conforme a Lei 11.645/2008);

 a criação e instalação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção de Igualdade Racial, 21 de março de 2003;

a instituição da Política Nacional da Consciência Negra em 20/11/2003, objetivando reduzir as desigualdades raciais no Brasil, com ênfase na população negra;

 o aperfeiçoamento da legislação, o apoio às comunidades remanescentes de quilombos, o incentivo à adoção de políticas de cotas nas universidades e no mercado de trabalho, o incentivo à adoção de programas de diversidade racial nas empresas;

 o apoio aos projetos de saúde da população negra;

 a capacitação de professores para atuar na promoção da igualdade racial;

 a ênfase à população negra nos programas de urbanização e moradia;

 a realização da 1º Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (em 2005);

 a concessão de bolsas de estudos para alunos pobres, negros e indígenas pelo PROUNI;

e, recentemente, a sanção presidencial para o Estatuto da Igualdade Racial (20/07/2010).

Todas estas medidas/políticas em favor da população preta/parda brasileira visam derrotar ações preconceituosas de racismo, ainda presentes na prática social do país, herdada e velada historicamente, em decorrência da negativa do passado escravista. Todo este discurso etnicorracial na América Latina e Caribe, especialmente no Brasil, irá encontrar sua

regularidade enunciativa no campo discursivo dos “Direitos Humanos” em todas as suas dimensões expressas, tendo o movimento negro como grande articulador e propulsor desta discussão.

TABELA 2 – Indicadores sociais relativos às populações negras e brancas no Brasil, Ano – 2006.

INDICADORES PRETOS PARDOS BRANCOS

Quantitativo populacional por grupos raciais (%) 6,9 42,6 49,7 EDUCAÇÃO Analfabetismo (15 anos ou mais de idade) – % 14,1 14,7 6,5 Analfabetismo funcional (15 anos ou mais de idade) – % 27,5 28,6 16,4 Anos de Estudos (15 anos ou mais de idade) –

por anos 6,4 6,2 8,1

Ensino Fundamental (estudantes de 18 a 25 anos ou mais idade) – %

22,8 8,8

Ensino Médio (estudantes de 18 a 25 anos ou mais idade) – %

50,0 29,7

Educação Superior (estudantes de 18 a 25

anos ou mais idade) – % 22,0 56,0

Graduação concluída (em 2006) – % 3,3 16,5 78,0 PARTICIPAÇÃO ECONÔMICA Média de anos de estudos e Rendimento Médio mensal

1,8 salários mínimos para 6,6 anos

de estudos 3,4 salários mínimos para 8,8 anos de estudos 10% Mais pobres (rendimento mensal familiar per capita das

pessoas de 10 anos ou mais de idade, com rendimento de trabalho,

entre os 10% mais

pobres e o 1% mais rico) 73,2 26,1

1% Mais rico

(rendimento mensal familiar per capita das

pessoas de 10 anos ou mais de idade, com rendimento de trabalho,

entre os 10% mais

pobres e o 1% mais rico) 12,4 85,7

Ainda concernente à pobreza e à indigência no continente latino-americano e caribenho, a CEPAL, em 2007, com base em estudos sobre 19 economias54, constatou que 34,1% da população deste continente sobrevivia em regime de pobreza e, 12,6%, na condição social de indigentes. Os dados sociais revelam uma realidade que ainda precisa ser superada no continente, que é a questão da divisão injusta de toda a riqueza produzida. Observa-se, portanto, que o cenário da América Latina e Caribe possui obstáculos sociais, políticos, econômicos e educacionais que precisam ser ainda superados para poder garantir aos seus cidadãos (indígenas, negros, brancos e demais etnias) qualidade de vida.

O compromisso governamental com o combate à fome e à pobreza passa pela estabilidade da moeda, pelo crescimento econômico e pela redistribuição da renda nacional. Passa também pela prioridade conferida às áreas de saúde e educação, como políticas essenciais para a promoção da cidadania e inclusão social. Passa igualmente pela política de assistência social voltada para a garantia dos mínimos sociais, para o atendimento das necessidades básicas, em especial dos segmentos mais vulneráveis da população [...] (PELIANO, RESENDE, BEGHIN, 1995, p.20).

Ainda é grande a pobreza no continente e a dependência do capital externo entre muitos países. Outro fato, que poderia contribuir com a melhoraria da qualidade de vida dos latino-americanos e caribenhos, seria acabar com a corrupção, cujos índices são maiores neste continente do que no resto do mundo. Segundo pesquisa da agência “Transparency International55”, divulgada em dezembro de 2009, 73%, de 180 países pesquisados, está abaixo dos 5 pontos em uma escala de zero a dez. Entre os 30 países menos corruptos, apenas Chile e Uruguai, ambos na vigésima quinta posição, representando a América Latina e Barbados, Santa Lúcia e Porto Rico, em vigésimo, vigésimo segundo e trigésimo quinto, respectivamente, representam o Caribe no rol dos melhores índices de países menos corruptos do mundo. Os demais países encontram-se da quadragésima posição em diante. O Haiti, por exemplo, encontra-se na 168° posição.

Este discurso reforça o enunciado de que a América Latina e o Caribe precisam melhorar qualitativamente a vida do seu povo, rever sua estrutura ética e política, tratando o