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Um cálculo simples de amostra probabilística

No documento Pesquisa em Mídias na Educação (páginas 124-155)

Uma fórmula relativamente simples para o cálculo de amostras probabi- lísticas para populações finitas, não excessivamente grandes, é infor- mada por Barbetta (2007), conforme se segue:

Onde:

n = tamanho da amostra N = tamanho da população n0 = primeira aproximação do

tamanho da amostra E0 = erro amostral tolerável Sendo que:

O “nível de confiança”, incorporado à fórmula é de 95%, ele é usual e significa que este percentual é o estimado para que a amostra esteja dentro do erro padrão do parâmetro. Por outro lado, o “erro amostral” (E0), isto é, o “para mais ou para menos” do resultado é estipulado pelo pesquisador. É comum que sejam utilizados valores entre 3% e 5%.

Abaixo, tem-se um uso da fórmula pela qual se calcula uma amostra (com erro de 5%) de uma população de mil professores, de modo a investigar, por exemplo, quantos deles utilizam mídias em suas aulas.

N = 1000 professores (população)

E0 = erro amostral tolerável = 5% (E0 = 0,05) n0 = 1/(0,05)2 = 400 n = 1000x400/(1000+400) = 286 professores (amostra)

1

E

0

n

0

=

n =

N.n

0

N+n

0

excluem-se as demais. E serão descartadas, do mesmo modo, notícias sobre a ciência entre todas as notícias.

É importante, ainda, ter flexibilidade e abertura analítica, desse modo, a leitura ou análise do material poderá evidenciar certa estratificação, útil aos objetivos da pesquisa, que valha a pena incor- porar como princípio de seleção do corpus, de maneira geral. A mon- tagem deste, assim, idealmente deve ser feita a partir de determinados princípios de análise do material; no entanto essa etapa pode refinar essas categorizações, sugerindo outras diversificações. Nesse caso, volta-se, de novo, ao material. Em suma, ocorre um processo cíclico, que em algum momento pode se considerar concluído ou saturado. (21) Os métodos ou procedimentos de coleta de dados são descritos A monografia não deve somente indicar, de maneira genérica, o tipo de delineamento adotado. A descrição mais detalhada é necessária, pois, sob cada termo que classifica ou define determinado plano de investigação, existem variedades internas – à própria abordagem – e especificidades que dizem respeito a cada pesquisa. Nesse caso, as questões e problemas que se desejem esclarecer explicam, idealmente, a adoção de variantes ou estratégias próprias. Questões mais práticas também podem influenciar as escolhas – o pesquisador gostaria de entrevistar membros de certa instituição, mas a autorização foi nega- da; determinado corpus documental que, conforme o planejamento inicial, pareceria fácil de obter ou analisar revela-se de acesso bastan- te complicado ou de análise complexa.

Também é importante que o relato do conjunto de ações que aca- bam sustentando determinada pesquisa, do ponto de vista metodo- lógico, seja feito de modo claro, por motivos de transparência. Laville e Dionne ressaltam que é sobre o “método que repousa grande parte da validade dos saberes construídos” (1999, 240). Assim, a avaliação do trabalho da pesquisa por qualquer receptor será mais lúcida se tais passos forem suficientemente expostos. A descrição bem feita cola- bora ainda com a própria reflexão autoral, o que se associa à ideia de rigor na investigação, a partir da noção de objetivação, isto é, o fato do pesquisador tornar-se consciente de suas ações.

Essa clareza encaminha uma descrição do que foi realizado, como um passo anterior à explicação e justificação dos procedimentos. Por que se optou por determinada abordagem? Por que a amostra foi

composta com os elementos X e Y? Por que foram realizadas entrevis- tas, observações ou qualquer outra técnica? Estas são algumas das questões que devem ter sido maturadas no projeto de pesquisa e con- solidadas – ou alteradas, flexibilizadas – no diálogo com a prática efetiva da pesquisa. Enfim, são descritas no relatório da monografia. É a partir de pontos de vista fundamentados que a lógica da pesqui- sa ganha força. À medida que ponderados com cuidado, os argumen- tos do pesquisador podem ser expostos com maior clareza aos leitores do trabalho. Assim, o valor científico do estudo torna-se mais eviden- te e dissocia-se do discurso do senso comum sobre o problema.

O pesquisador, já ao desenvolver o delineamento da pesquisa, deve, como Moreira e Caleffe observam, “considerar e antecipar os tipos de argumentos que possam dar credibilidade aos dados. As razões para fazer a seleção do local ou dos participantes necessitam ser cuidado- samente articuladas e explicitadas” (2008, 180). Este procedimento deve ser conjugado a uma reflexão sobre possíveis críticas que pos- sam ser feitas ao trabalho, em relação a uma estratégia em particular, notam os mesmos autores. Esse processo poderá resultar em “respos- tas”, elaboradas pelo pesquisador, no próprio texto de seu trabalho, bem como no desenvolvimento de estratégias de investigação ou de argumentos mais consistentes. Todos esses processos colaboram com a objetivação da pesquisa, por parte de seu autor, e por isso com o aumento da transparência e qualidade da mesma.

As escolhas feitas pelos pesquisadores podem ser variadas, já que os fenômenos humanos podem ser apreendidos sob diferentes enfoques teóricos e estratégias de coleta e análise de dados, no entanto, é im- prescindível que elas “sejam claramente indicadas, de modo a permi- tir uma correta contextualização dos resultados” (LAPERRIERÈ, 2010, 414).

(22) Os métodos ou procedimentos de coleta de dados são apropriados e usados corretamente

Tem-se como pressuposto geral da discussão – mais destacado desde o tópico anterior – que o método, entendido como o conjunto de “op- ções e decisões” (LOPES, 2005) que o pesquisador toma no processo de construção de seu trabalho, não é uma camisa de força, muito menos um a priori que se aplique automaticamente a qualquer trabalho de investigação. Um método único, pronto, como um receituário, não

existe. “Praticamente há tantos métodos quantos forem os problemas analisados e os pesquisadores existentes”, nota Köche (1997, 68). Ao perceber o método como um caminho possível que o pesquisador constrói e desbrava, em determinado contexto, torna-se claro o papel desempenhado pela imaginação – entendida como a capacidade de realizar bons questionamentos e propor soluções para os problemas – e pela reflexividade .

A intuição e os eventuais insights – isto é, percepções elucidativas sobre determinada questão – que ocorram têm, assim, lugar na inves- tigação; no entanto geralmente só têm boas intuições os pesquisado- res que, metodicamente, refletem sobre o que pesquisam. E o fazem com suficiente rigor, de modo a evitar vieses e fragilidades em seu raciocínio. “A liberdade criadora quanto às regras do método não se obtém por via anárquica: ela se domestica na própria prática da pes- quisa” (PIRES, 2010a, 44).

Nesse sentido, o domínio dos métodos e técnicas de pesquisa é fundamental, ao favorecer uma prática consciente. Evita riscos e pre- juízos, como o da facilitação existente na “lei do instrumento”. Esta observação ou lei, como esclarecem Bauer e Gaskell (2002), diz res- peito à capacidade humana de definir e resolver os problemas a partir de habilidades e instrumentos já conhecidos. Representa, na vida co- tidiana, economia cognitiva. Porém, no caso da pesquisa, pode signi- ficar um fator inconsciente de erro ou simplificação. Um exemplo humorístico dessa lei é o da criança que só tem um martelo e vê em tudo um prego. Por vezes, os pesquisadores que dominam ou têm preferência por uma dada técnica (martelo) tendem a ver em cada problema de pesquisa um possível campo de aplicação da mesma (prego). Nem sempre isso gera bons resultados, independente do uso rigoroso do procedimento, pelas características intrínsecas aos méto- dos e técnicas, em sua relação com os problemas construídos.

Além disso, é necessário que haja coerência entre a base teórica e as técnicas e abordagens de pesquisa. Como observa Thiollent11, existi-

ria um conflito lógico numa pesquisa que adotasse teorias estruturais – que dão menos valor aos atores – e pretendesse ser desenvolvida no modelo da pesquisa-ação. De maneira mais geral, pode-se também notar, como já se observou , que se um pesquisador procura testar, provar uma hipótese, no sentido de testar relações entre variáveis,

11. O comentário foi feito numa palestra, cuja assistência é indicada, após a discussão sobre a pesquisa-ação.

Cf. o tópico 18. Ver o o tópico 5.

deve utilizar um delineamento experimental; já aquele que objetive explorar aspectos subjetivos e processuais da existência humana deve buscar um tipo de abordagem diferente da mencionada.

Essa discussão não implica hierarquizar as abordagens ou objetivos de uma investigação ou vê-las como estanques; de certo modo, ao contrário, “enfatiza a importância de um pluralismo metodológico para a pesquisa social” (BAUER e GASKELL, 2002, 504). Ressalta ainda, como notam Laville e Dionne, que “centralizar a pesquisa em um problema convida a conciliar abordagens preocupadas com a com- plexidade do real, sem perder o contato com os aportes anteriores” (1999, 43).

Ao mesmo tempo, o pluralismo não é sinônimo de ecletismo e exige o conhecimento das possibilidades e estratégias da pesquisa so- cial, bem como de suas possíveis combinações metodológicas coe- rentes. Isto é imprescindível para que a metodologia seja apropriada à pesquisa, assim como as técnicas e procedimentos de coleta de da- dos escolhidos. O termo “apropriado”, quanto aos métodos e procedi- mentos, pode, assim, ser definido em relação à capacidade de que, a partir do resultado da investigação, seja possível obter o conhecimen- to pretendido, cumprindo os objetivos propostos.

No contexto da pesquisa, dizer nem sempre é fazer. Declarações de intenção quanto a objetivos “colaborativos”, de “dar voz aos partici- pantes”, de “construção compartilhada de conhecimento” terão, por exemplo, efeito meramente retórico se a pesquisa utilizar como pro- cedimento único instrumentos quantitativos de coleta de dados. O inverso, às vezes, também se mostra verdadeiro – a ausência de predefinições num trabalho obriga o leitor a tomar o próprio texto como parâmetro da interpretação (ECO, 2004) – e, a partir do que se percebe, uma investigação pode muito bem mostrar-se “colaborativa”, comprometida com a “participação” e “crítica”, mesmo que, em ne- nhum momento, o autor a rotule como tal. Esta situação, no caso, é, sem dúvida, preferível à anterior. Mas melhor ainda seria acompa- nhar os passos do autor a partir de uma exposição mais desenvolvida e descrita adequadamente.

Em suma, as intenções se concretizam a partir de ações e práticas da pesquisa que devem ser descritas numa monografia. E o “método” de uma investigação nada mais é que esse conjunto de estratégias mobi- lizadas para expandir o conhecimento na direção almejada.

Operacionalizar conceitos para coletar os dados

É impossível medir, verificar ou observar o objeto científico construído em relação a determinado problema (por mais delimitado que este seja), na sua totalidade. Nesse sentido, são utilizadas estratégias – como a própria amostragem – que visam à produção de dados significativos sobre algumas dimensões do mesmo. É um processo de redução ou resumo do fenômeno as suas características essenciais – relacionadas com um problema. Para tanto, o pesquisador deve operacionalizar conceitos e variáveis considerados relevantes.

A “operacionalização” é um procedimento de raciocínio que busca tornar manipuláveis ou observáveis, em campo ou em condições con- troladas, os conceitos de que parte a pesquisa. Ela implica, antes de tudo, uma definição do conceito que seja capaz de “designar as mani- festações empíricas dos fenômenos (manifestações observações) atri- buíveis” a eles e, “assim, através da observação e análise desses refe- rentes observáveis testar as hipóteses” (KÖCHE, 1999, 117) ou verificar as questões de pesquisa.

Retomando a um exemplo já mencionado , conforme, a teoria adotada, a “aprendizagem” poderá ser operacionalizada como o resul- tado de provas/testes escolares; como a percepção sobre a capacidade de expressão (que a análise de uma redação mensuraria), ou como certo modo de raciocínio que uma entrevista pode tentar captar, entre outras possibilidades, cada uma delas representando um tipo de indi- cador que busca mensurar alguma dimensão do conceito. No entan- to, a decomposição deste em elementos empíricos observáveis e mensuráveis, geralmente, demanda a produção de mais de um indi- cador, devido à complexidade relacionada aos conceitos, de modo geral. De qualquer modo, implica desenvolver estratégias de coleta de dados, o que exige, como notam Lanshear e Knobel, tanto criatividade e imaginação quanto rigor. O pesquisador deve ser, nesse momento,

metódico e rigoroso, no sentido de tentar “traduzir” o conceito ou a teoria original em ferramentas que sejam consistentes com ele. Em outras palavras, um instrumento de coleta de dados deve ser uma interpretação fiel, prática ou aplicada do conceito, da crença ou da teoria original. (2008, 19)

O que se deve ressaltar, ainda, é que a operacionalização dos concei- tos e variáveis serve para o teste/verificação empírica das hipóteses ou discussão das questões da pesquisa. Desse modo, voltando ao exem-

Cf. o tópico 7.

plo anterior, a “aprendizagem” poderia ser vista como a soma do atri- buto “capacidade de resolver problemas” (cujo indicador derivasse de teste) e da dimensão “domínio do vocabulário e expressão” (que uma entrevista avaliasse, em outro indicador). Haveria, nesse caso, dois indicadores que, uma vez sintetizados pelo pesquisador, poderiam compor um índice para expressar o conceito. E caso alguém pesqui- sasse, por exemplo, a hipótese que a utilização de vídeos aumenta a “aprendizagem” de determinado conteúdo poderia verificar essa conjectura. Os indicadores e a síntese destes em índices permitem ao pesquisador relacionar – de modo observável – as variáveis.

O exemplo didático, acima, de decomposição de um conceito, se- gue uma proposta clássica, elaborada por Lazarsfeld (1979), para a produção de índices empíricos. Esta tarefa compreende, assim, qua- tro etapas: (1) a definição do conceito, (2) a especificação de suas dimensões, (3) a escolha de indicadores observáveis e (4) a síntese dos indicadores, com a elaboração do índice.

Certos autores criticam nessa proposta a ideia de que a produção do conceito seja feita de forma puramente “lógica” (ALMEIDA e PINTO, 1975). O que eles buscam ressaltar é que essa operação aciona sempre algum tipo de teoria, implícita ou efetivamente referenciada. Desse modo, recomendam que a definição seja elaborada explicitamente a partir do marco teórico. Novamente o exemplo anterior é útil: conforme de- terminada teoria, a decomposição em indicadores empíricos do con- ceito de “aprendizagem” se fará a partir de certas dimensões ou carac- terísticas, e não outras. Caso haja inconsciência desse fato, os índices poderão ser produzidos sem um devido controle técnico e conceitual, resultando na produção de um indicador, possivelmente, envolto em preconceitos e prenoções. Este aspecto, é também destacado pela cita- ção feita antes de Lankshear e Knobel (2008).

Percebe-se, de acordo com essa discussão, que refletir sobre como os conceitos serão operacionalizados é uma tarefa importante, envol- vendo o planejamento metodológico da pesquisa. Uma reflexão coe- rente sobre como decompor os conceitos principais dos estudos em indicadores e índices observáveis pode estimular o diálogo entre a teoria/dados e eventuais medidas de variáveis. Como nota Bachelard: “É preciso refletir para medir, e não medir para refletir” (apud PIRES, 2010, 79). Além disso, o pesquisador irá obter informações no mun- do empírico conforme a lente teórica que escolheu para formular o

problema. É a partir das teorias, ainda, que o pesquisador poderá cons- truir hipóteses ou premissas não triviais que exerçam um papel me- diador entre a observação e a verificação/compreensão destas ou das questões da pesquisa.

O investigador está interessado em obter informações justamente para analisar esses pontos. Ele, então, irá “coletar dados”. Esta expres- são, consagrada no campo da pesquisa, é, porém, um tanto enganado- ra – os dados não existem simplesmente à espera do pesquisador. Eles devem ser produzidos, com o uso de determinada técnica e a partir de certa perspectiva teórica. Nota-se, assim, que dados muitos diferentes poderão ser elaborados por um ou outro pesquisador, a respeito do mesmo assunto ou, até, da mesma pessoa.

Essas observações ressaltam que, embora as etapas de escolha de técnicas, elaboração de instrumentos e coleta de dados sejam, de fato, importantes, situam-se num conjunto mais amplo, numa lógica in- tegral de busca de elementos para verificação que dá forma à pesqui- sa. Essa constatação merece destaque pelo fato de que muitos investi- gadores iniciantes tendem a perceber e identificar essa fase com a pesquisa. Ela é parte significativa desta, mas isso não justifica a pro- dução de dados descontextualizados de referenciais teóricos, nem que estes sejam “esquecidos” nas análises.

A fascinação pela atividade prática, e sem dúvida enriquecedora, de contato e investigação do real, com suas vivências concretas, ou a identificação da pesquisa científica com a manipulação de dados, podem conduzir o pesquisador ao empirismo. Ou seja, a que ele per- maneça no plano das experiências primeiras que, embora inescapá- veis, precisam ser vistas como um estágio menos denso de inteligi- bilidade. A interpretação científica demanda investimento reflexivo, desenvolvimento e articulação da teórica com as questões da pesqui- sa. É, por isso, igualmente negativo o teoricismo, que pode ser definido como um uso equivocado da teoria – negando o diálogo desta com determinado fenômeno social – na pesquisa científica.

Como nota Stake: “Planejar até mesmo um pequeno instrumento de coleta de dados é uma grande tarefa, geralmente não realizada muito bem. Os índices representarão o que eles devem representar?” (2011, 106). Esta indagação é uma boa síntese da preocupação discu- tida aqui sobre a operacionalização dos conceitos. Como realizar bem essa tarefa?

Cf. o tópico 10.

Uma apresentação básica sobre algumas das técnicas de pesquisa – aspecto sintetizado no Quadro 4 (adiante) – que se siga a um estudo maior, por parte do professor pesquisador, com referência a sua inves- tigação concreta, é uma possibilidade. Esse conhecimento pode favo- recer o uso mais produtivo, respeitando às especificidades, caracterís- ticas e limitações de cada um dos tipos de técnica e sua pertinência na observação e produção de índices que a análise demandará. Como notam Gaskell e Bauer, a “indicação apropriada necessita a consciên- cia e a competência em empregar diferentes instrumentos metodoló- gicos” (2002, 474). Seja qual for a tendência predominante de abor- dagem, a questão sobre como estabelecer evidências que sustentem as exigências do problema é central. Por isso, a reflexão sobre o tipo de informação é um modo inicial de pensar sobre as técnicas que serão usadas. As técnicas decorrem, pois, do delineamento, da escolha dos dados que serão úteis para analisar o problema.

Assim, num estágio de planejamento metodológico, a já discutida questão da decomposição dos conceitos deve sugerir qual tipo de téc- nica (e dado correspondente) será mais adequada aos objetivos e ao problema da pesquisa. Indica, ainda, o próprio tipo de análise a que serem submetidos os dados. Com efeito, o término de um planeja- mento metodológico produz um modelo de análise, que vai do mais simples e concreto ao mais abstrato: dos indicadores empíricos esco- lhidos para captar dimensões dos conceitos, até a relação destes com as hipóteses e o próprio modelo (cf. QUIVY e CAMPENHOUDT, 1992).

Em verdade, as técnicas de pesquisa já devem ter sido escolhidas, nesse momento (e instrumentos, possivelmente elaborados), antes de uma fase de coleta de dados. No entanto, no próprio estágio de produzir os dados, poderão ser feitos testes, adaptações e a prática poderá indicar alterações ou ampliações no plano inicial de seu uso. De qualquer modo, em relação às técnicas de pesquisa, também serão sugeridas leituras – e também alguns materiais audiovisuais –, que podem ajudar a aprofundar o entendimento sobre as mesmas, em relação com as diferentes abordagens e teorias.

A Figura 9, adiante, segue a sugestão de Laville e Dionne (1999) quanto à divisão de uma etapa propriamente metodológica entre uma trajetória que envolve “dados criados” e outra, “dados existentes”, mas é necessário notar que pode haver hibridismo. Todavia, sendo a pers- pectiva dos “dados criados” mais voltada à mensuração quantitativa

Problema definido e questões/hipóteses de pesquisa estabelecidas

Descrever os dados

Análise descritiva dos dados. Organizar (selecionar/eliminar) dados para:

• Codificar; • Categorizar; • Elaborar tipologias;

• Produzir descrições textuais e tabelas numéricas.

Planejamento Metodológico do

Trabalho

Como responder à pergunta (problema) da investigação? Como testar hipóteses ou investigar as questões de pesquisa?

Qual a abordagem mais adequada? Qual será a população e a amostra? Como operacionalizar os conceitos (variáveis)?

Que tipo de informação será necessária?

Serão necessários recursos (materiais, financeiros, equipe) especiais? Como realizar atividades no tempo estipulado (fazer cronograma)?

Coletar os dados

Que técnica(s) usar? Escolha entre as técnicas tradicionais

das ciências sociais:

• Observação; • Questionário/Formulário: • Aplicação síncrona; • Aplicação assíncrona. • Entrevista: • Individual; • Grupo.

• Documentação / Material audiovisual.

Elaborar instrumentos/protocolos.

No documento Pesquisa em Mídias na Educação (páginas 124-155)