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O projeto de extensão universitária: “Novas tecnologias e educação matemática na formação continuada de professores de matemática”

A FORMAÇÃO CONTINUADA COMO CONTEXTO PARA A PESQUISA E A OPÇÃO METODOLÓGICA PARA A COLETA DE DADOS

3.1 O projeto de extensão universitária: “Novas tecnologias e educação matemática na formação continuada de professores de matemática”

Em meados de 2004, nós, integrantes do GEPEMNT, demos início a um projeto de extensão universitária com o objetivo de prestar assessoria e consultoria de forma continuada a professores de Matemática que têm por objetivo introduzir o uso das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs) em sua prática docente.

Este projeto foi implementado como parte do Programa de Extensão para Professores e Alunos de Matemática da Escola Básica, de responsabilidade do DMat/ICEx/UFMG. Esta foi uma forma que encontramos para atuar de maneira mais sistemática junto a grupos de professores dos ensinos Fundamental e Médio da Grande Belo Horizonte. Nosso projeto de extensão universitária, “Novas tecnologias e educação matemática na formação continuada de professores de matemática”, foi coordenado nos três primeiros anos pela professora Jussara de Loiola Araújo (Jussara) e, no ano de 2007, pela professora Márcia Maria Fusaro Pinto (Márcia).

Desde o início das atividades de formação, o grupo de formadores é constituído por ambas as professoras, por mim, por uma aluno(a) bolsista e, por inúmeras vezes, contamos com a colaboração de voluntários, integrantes do GEPEMNT. As atividades do projeto são desenvolvidas em nosso laboratório de informática – o ProTem – e em salas de aula do DMat, nas dependências do ICEx/UFMG.

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As atividades desta Formação acontecem ao longo do ano letivo e de forma contínua através dos anos. A participação dos professores é voluntária e não há certificação institucional. Estes se unem ao grupo a qualquer momento, apesar de haver uma concentração maior de entradas no início de cada ano letivo. Na participação simultânea entre professores-participantes veteranos e professores-participantes novatos110, nossa expectativa é de que professores-participantes veteranos assumam o papel de multiplicadores desse processo.

Como formadores, temos a expectativa de que, em sala de aula, professores-participantes sejam capazes de utilizar recursos computacionais de forma crítica, dialogando com teorias que tratam do tema para refletir sobre suas experiências.

Para atingir tais metas, esta formação continuada propõe: (i) introduzir o professor a ambientes de aprendizagem computacionais; (ii) discutir e refletir teorias que tratam das implicações da inserção de novas tecnologias na prática do docente; (iii) dar suporte ao professor na utilização de alguns softwares matemáticos e no planejamento de atividades didáticas utilizando computadores; (iv) acompanhar o professor em sala de aula nas atividades iniciais programadas para a inserção de novas tecnologias em sua prática docente. Ao mesmo tempo, no que diz respeito à formação de bolsista(s) – em geral, aluno da graduação da licenciatura de Matemática – e alunos-voluntários que se unem ao projeto, esta formação propõe: (v) cooperar também para a formação desses monitores, futuros professores de Matemática, como profissionais atuantes e lideranças no que diz respeito ao uso de NTIC’s nas escolas em que trabalharão futuramente (ARAÚJO, 2004).

A metodologia de trabalho prevê a formação de grupo de estudos e trabalho colaborativo, inspirada em relatos de trabalhos colaborativos bem sucedidos, como os mencionados em capítulos anteriores, e em nossa própria experiência no GEPEMNT. As atividades desta formação foram desenhadas buscando aliar prática a estudos teóricos; a execução das atividades foi, neste design, projetada e dividida em três momentos.

O primeiro momento prevê atividades quinzenais, nas dependências do DMat/ICEx/UFMG, quando propomos leituras teóricas para o conhecimento de estudos realizados na área; oficinas práticas para promover o contato com recursos computacionais;

110 Chamarei de participante veterano o professor que vem participando da Formação Continuada de forma

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e debates para refletirmos sobre implicações do uso de novas tecnologias no contexto em que atua o professor de matemática. Ao longo desse processo, prevemos também o planejamento coletivo de atividades práticas que incorporem recursos computacionais e que propomos ser implementadas em sala de aula dos professores-participantes. Dessa forma, buscamos sempre levar em conta a realidade do professor, de seus alunos e da escola em que esse professor leciona.

Num segundo momento, professores-participantes implementarão em sala de aula as atividades planejadas. É previsto que integrantes do grupo – aqui, refiro-me ao GEPEMNT111 – acompanhem as atividades a serem realizadas na escola a fim de, dentro do possível, amparar teórica e tecnicamente os professores e alunos. Também, convidamos os demais professores do grupo de formação para que estes acompanhem, uns aos ouros, durante as aulas em que as atividades acontecem.

O terceiro momento constitui-se no momento da avaliação. Nele, professores e integrantes do grupo farão relatos sobre como foi desenvolvida a atividade.

É dessa maneira que, acreditamos, teremos a chance de observar, discutir, pensar e repensar as implicações, de fato, do uso de novas tecnologias em salas de aula, num contexto próximo da realidade em que vivem professores que participam desse projeto.

3.1.1 Uma nota sobre a natureza da proposta de formação continuada112 e a

pesquisa

Como mencionado no Capítulo 1, nossa proposta de Formação Continuada (FC) 113 decorreu naturalmente de nossas atividades como grupo de estudo e pesquisa (atividades do GEPEMNT): as oficinas que realizávamos com computadores, os minicursos ofertados

111 Neste texto ‘o grupo’, constantemente, refere-se a um dos dois grupos: (i) o GEPEMNT (Grupo de

estudos e Pesquisa em Educação Matemática e Novas Tecnologias) que é composto por estudantes (em todos os níveis) e professores (da UFMG) e desenvolve estudos e investigação sobre as tecnologias computacionais no âmbito da Educação Matemática; e (ii) o grupo da FC que integra professores-participantes da Formação Continuada (FC) e alguns integrantes do GEPEMNT.

112 A professora Ana Cristina Ferreira, integrante da banca de qualificação desta aluna, chamou a minha

atenção para a denominação que aqui utilizamos ‘Formação Continuada’. No seu modo de ver, a concepção do processo de formação aqui descrito seria mais próxima à noção de desenvolvimento profissional como descrito por Fiorentini e Nacarato (2005, p.8). Apesar de concordar com o seu ponto de vista, optei por continuar adotando o termo Formação Continuada, pelo simples fato desta denominação constar ‘oficialmente’ no título de nosso projeto de extensão universitária, “Novas Tecnologias e Educação Matemática na Formação Continuada de Professores de Matemática”.

113 Para simplificar, a partir deste momento, passo a referir-me às atividades do Projeto de Extensão “Novas

Tecnologias e Educação Matemática na Formação Continuada de Professores de Matemática” como atividades da FC.

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em encontros da área, a experiência por nós vivenciada na produção coletiva do software Pizza seguida de uma atividade de investigação, utilizando o software, em sala de aula. Em nosso projeto, buscou-se a formação de um professor que refletisse em sua prática, dialogando com estudos teóricos propostos, sobre as prováveis mudanças que a implementação do uso do computador traria em sua sala de aula.

Devo esclarecer que, pela pouca informação que tínhamos, nossa proposta não se inspirou diretamente nos pensamentos de Donald Schön sobre o profissional reflexivo e nos estudos de Hargreaves (1998) sobre o trabalho colaborativo. Entretanto, baseamo-nos fortemente em pesquisas realizadas a partir dos anos 90 em contexto de práticas colaborativas (CANCIAN, 2001; COSTA, 2004; PONTE, 2002) que, por sua vez, tiveram como inspiração nas idéias desses autores.

Os momentos descritos na seção anterior são os momentos previstos pelo projeto. Eles não são e, de fato, não foram estanques. Leituras, oficinas e debates são retomados em qualquer momento de nossas atividades se sentirmos necessidade.