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Em rela¸c˜ao ao consumo de medicamentos, verifica-se que os medicamentos para os resfriados/gripe e para a febre/dores assumem valores significativos nas cri- an¸cas e nos adultos. Nas crian¸cas verifica-se, igualmente, um consumo relati- vamente elevado de antibi´oticos. A este n´ıvel importa referir que a maior parte destes medicamentos (antibi´oticos e dos medicamentos para a gripe e para a febre/dores) n˜ao s˜ao prescritos pelos m´edicos. No entanto, existem outros me- dicamentos que tamb´em n˜ao s˜ao prescritos pelos m´edicos mas s˜ao consumidos pelas comunidades ciganas, como por exemplo, o m´etodo contracetivo – a p´ılula, seguido de medicamentos para o colesterol e para os diabetes. Estamos, as- sim, perante um elevado autoconsumo de medicamentos – 55,8% da popula¸c˜ao adulta consome medicamentos sem prescri¸c˜ao m´edica face a 44,2% que s´o con- some medicamentos atrav´es de prescri¸c˜ao m´edica.

A popula¸c˜ao cigana vai regularmente `as consultas m´edicas. Essa frequˆencia ´e mais significativa no per´ıodo de mais 2 semanas e menos de um mˆes (43,8% para os menores e 48,6% para os adultos), logo seguida da visita anual ao m´edico – mais de um mˆes mas menos de um ano (25,5% no grupo dos menores e 26,4% no grupo dos adultos). As consultas ocorridas nas duas ´ultimas semanas tamb´em tˆem um valor significativo particularmente no grupo das crian¸cas (24,2%). Ape- sar da popula¸c˜ao cigana ocorrer na sua maioria aos Hospitais sempre que tem um problema de sa´ude, no caso das consultas m´edicas a tendˆencia ´e para estas decorrerem no Centro de Sa´ude, logo seguidas das consultas externas no Hospi- tal. A necessidade de ter um diagn´ostico e/ou fazer um tratamento constituem

as principais raz˜oes para a popula¸c˜ao cigana ir ao m´edico. Os valores s˜ao signi- ficativos quer para o grupo dos adultos (58,3%), quer para o grupo das crian¸cas (78,4%), assim como em termos de g´enero (66,7% homens e 69,6% mulheres). Os homens adultos recorreram mais ao m´edico para fazer chek up do que as mulheres adultas.

Se tivermos presente a popula¸c˜ao entrevistada, denota-se que as pessoas que foram ao dentista h´a um ano ou mais (45%), s˜ao na sua maioria adultos com idades entre os 30 e 44 anos. ´E igualmente significativa a percentagem de pes- soas ciganas que responderam que nunca foram ao dentista (36%). Deste grupo a maioria s˜ao menores dos 0 aos 15 anos. No entanto ´e tamb´em este grupo et´ario que mais foi ao dentista nos ´ultimos 3 meses (17%). Este facto pode estar rela- cionado com o desenvolvimento de programas de sa´ude oral estabelecidos entre o Minist´erio da Sa´ude e da Educa¸c˜ao, fundamentalmente, naqueles casos que ainda se encontram a frequentar o sistema de ensino. Ao contr´ario das visitas regulares ao m´edico que s˜ao realizadas no ˆambito do Sistema Nacional de Sa´ude, no caso dos Dentistas as consultas s˜ao realizadas em m´edicos privados (63%). Esta situa¸c˜ao explica o n˜ao acesso destas comunidades ao dentista, visto que estamos perante uma popula¸c˜ao com fracos recursos econ´omicos. Em termos de hospitaliza¸c˜ao, a maioria da popula¸c˜ao cigana internada no ´ultimo ano n˜ao passou mais de uma semana no hospital, sendo o tratamento m´edico sem ser necess´ario recorrer a cirurgia (66%) o motivo com maior incidˆencia. Esta percentagem foi elevada para as duas faixas et´arias, embora tenha sido mais relevante ao n´ıvel das crian¸cas. Nos ´ultimos 12 meses, cerca da 73% pessoas recorreram ao servi¸co de emergˆencia (Centro de Sa´ude e/ou Hospital). Dos 73% da popula¸c˜ao que utilizaram os servi¸cos de emergˆencia, uma significativa percentagem (33%) fˆe-lo duas vezes nos ´ultimos 12 meses e 29% apenas 1 vez. A percentagem de popula¸c˜ao que recorreu mais de 5 vezes a estes servi¸cos foi relativamente significativa (11%). Ao contr´ario do que verificamos nas consultas m´edicas, sempre que est´a em causa uma situa¸c˜ao de emergˆencia, a maioria da popula¸c˜ao cigana (90%) entrevistada afirma recorrer aos hospitais.

Em rela¸c˜ao `a maternidade, verifica-se que existe uma elevada percentagem de mulheres que j´a passaram por esta experiˆencia. Este facto ´e mais vis´ıvel junto das mulheres entre os 16 e os 29 anos, o que demonstra que a materni- dade decorre bastante cedo ao n´ıvel das comunidades ciganas, embora a situa¸c˜ao tamb´em esteja a mudar a este n´ıvel. Por outro lado, apesar da maternidade ser precoce nas comunidades ciganas, verifica-se que as mulheres n˜ao recorrem com frequˆencia a consultas especificas de ginecologia. Assim, 24% das mulhe- res entrevistadas referiram que nunca foram a uma consulta desta especialidade m´edica, sendo mais vis´ıvel junto da popula¸c˜ao com idades compreendidas entre os 16 e os 29 anos. Relativamente `as mulheres que recorreram a consultas gine- col´ogicas, verifica-se que o principal motivo deve-se `a existˆencia de uma gravidez. Ainda neste n´ıvel de an´alise, ´e pertinente referir que a maioria das mulheres em situa¸c˜ao de gravidez, s´o tiveram uma consulta durante todo o per´ıodo da gra- videz (43%) e apenas 22% afirmou ter tido consultas de 2 em 2 meses. No seguimento da an´alise anterior, ´e de salientar que 19% das mulheres consulta- ram o ginecologista por outras raz˜oes que n˜ao a gravidez, designadamente, planeamento familiar (43,8%), problema ginecol´ogico (31,3%) e para check-up de rotina (25%). Relativamente ao planeamento familiar, denota-se que s˜ao

essencialmente mulheres com idades entre os 16 e os 29 anos que recorrem a esta especialidade. Esta situa¸c˜ao demonstra que as camadas mais jovens est˜ao mais sensibilizadas para a necessidade de um planeamento familiar, enquanto que as mulheres com mais idade recorrem apenas por quest˜oes de problemas ginecol´ogicos e diagn´osticos de rotina. Este fato est´a associado, muitas vezes ao aparecimento de doen¸cas ginecol´ogicas e problemas associados `a menopausa. Neste sentido, verifica-se que existe uma ausˆencia de pr´aticas preventivas ao n´ıvel ginecol´ogico, sendo vis´ıvel que 76,8% das mulheres nunca realizaram uma mamografia e 87,1% nunca efetuaram o exame de Papanicolau.