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Autoria e colaboração criativa no projeto arquitetônico

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Autoria e Colaboração Criativa no Projeto Arquitetônico

Belo Horizonte

Escola de Arquitetura da UFMG

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W143a Iutoria e colaboração criativa no projeto arquitetônico / Paulo Waisberg - 2007.

135p. : il.

Orientador: José dos Santos Cabral Filho

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Irquitetura.

1. Irquitetura e tecnologia 2. Projeto arquitetônico 3. Comunicação em projeto arquitetônico I. Cabral Filho, José dos Santos II. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Irquitetura III. Título

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Autoria e Colaboração Criativa no Projeto Arquitetônico

Dissertação apresentada ao Curso de

Mestrado da Escola de Arquitetura da

Universidade Federal de Minas Gerais, como

requisito parcial à obtenção do título de

Mestre em Arquitetura.

Área de concentração: Teoria da Arquitetura

e Urbanismo

Orientador: José dos Santos Cabral Filho

Belo Horizonte

Escola de Arquitetura da UFMG

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Aos meus pais Benami e Maria Thereza.

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Agradecimentos

O aparecimento de um texto é o fruto de inúmeras interações e de um espaço social que permite o diálogo, colaborações e liberdade de experimentação. Os bons amigos feitos na Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais merecem muito do crédito pelas reflexões conjuntas e cruciais enquanto esta dissertação gradativamente tomava forma. Agradeço:

Ao orientador Prof. José dos Santos Cabral Filho, pela competência com que acompanhou este trabalho, incentivando a reflexão e criticando sempre que necessário.

Ao Prof. Eduardo Mascarenhas Santos, pela amizade, apoio e colaboração nos experimentos que realizamos juntos ao longo destes dois anos, pela generosidade com que acompanhou o desenvolvimento deste trabalho e pelas inúmeras sugestões que contribuíram significativamente para a pesquisa.

Ao Prof. Maurício José Laguardia Campomori, pela amizade, apoio e acolhimento recebido na disciplina de Ateliê Virtual de Projetos.

À Profa. Celina Borges Lemos, pelo grande incentivo e sugestões.

Aos Professores Marcelo Tramontano, da Universidade Federal de São Carlos, e José Ripper Kós, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, por propiciarem as bases do projeto continuado do Ateliê Virtual Habitar a Cidade, onde receberam minha participação com paciência e generosidade.

Aos alunos das disciplinas optativas Ateliê Virtual de Projetos e Técnicas de Apresentação de Concursos e Projeto Colaborativo e oficinas de Infláveis e Geodésicos, pela oportunidade de se realizarem estes experimentos. Esta dissertação também é fruto de seu entusiasmo e participação crítica.

Ao Professor Alexandre Menezes, pelo suporte e generosidade, apontando caminhos e incentivando a reflexão.

Ao Professor Renato César, pelo incentivo, comentários e críticas fundamentais no início deste trabalho de pesquisa.

Aos Coordenadores, professores e funcionários do Núcleo de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo .NPGAU) da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais, pelo suporte acadêmico ao curso de Mestrado em Arquitetura.

Também agradeço a meus pais Maria Thereza e Benami, pelo amor, encorajamento e inumeráveis conversas, com quem pude aprender a importância da colaboração. Ao meu irmão Marcelo, por sua ajuda e encorajamento constantes. À Juliana e meninos .Eric, Miriam e Lara), pela paciência e por criarem o espaço onde pude terminar mais esse projeto. À Juliana, especialmente, com quem discuti cada linha deste texto.

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RESUMO

Este trabalho trata de mudanças na prática arquitetônica ocasionada pela transformação no conceito de autoria e pelo aparecimento das novas tecnologias da informação. Outros fatores como a concentração espacial e temporal e seus efeitos na colaboração são utilizados como material para um estudo comparativo entre duas modalidades de Ateliê de Projetos Arquitetônicos, realizadas na Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais.

Na primeira modalidade, descreve-se a participação deste arquiteto como professor na disciplina optativa “Ateliê Virtual de Projetos”, que é um projeto de pesquisa em andamento e constitui um ambiente interativo para colaboração, utilizando comunicação mediada por computadores, com participantes de universidades de outras localidades brasileiras. Os ateliês virtuais ou “Virtual Design Studios” são ateliês distribuídos no espaço, com participantes de várias localidades, e no tempo, com comunicação sincronizada e assíncrona.

Na segunda modalidade, foi criada uma disciplina para a realização de projetos para concursos nacionais e internacionais, com mesma carga horária, mas com concentração de aulas durante uma semana e com participantes vinculados ao mesmo espaço físico.

A partir destes experimentos e outros relatos, pretende-se contribuir para o entendimento das variáveis que afetam o processo criativo em equipe.

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ABSTRACT

This work is about the changes in the architectural practice caused by the transformation on authorship and the development of new information technologies. Other factors such as spatial and temporal concentration and its effects on collaboration are used as material for a comparative study between two types of architectural design studios at the architecture school of Universidade Federal de Minas Gerais, Brazil.

In the first type, the participation as a professor on a Virtual Design Studio is described. This is an ongoing project and constitutes an interactive environment for design collaboration using computer mediated communication among Brazilian universities. The Virtual Design Studios are Studios distributed in space and time, in which participants are located at different places and use synchronous and asynchronous communication.

In the second type, a subject on architectural competition design studio was created, having the same amount of class-hours of the former but concentrated on a week and having the participants share the same laboratory.

Conclusions from these experiments are used as bases for a contribution on the understanding of the variables that affect the team creative collaboration.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 6

1 1.1 1.2 1.3 1.4

AUTORIA, CRIATIVIDADE E COLABORAÇÃO Quem é o autor arquiteto?

Operações contemporâneas na Arte e identidade criadora. Criatividade e seu contexto: uma visão sistêmica

Considerações sobre o significado de colaboração em Projeto

13 13 27 29 34 2 2.1 2.2 2.4 2.5

PESQUISAS SOBRE COLABORAÇÃO E CRIATIVIDADE Visões atuais sobre colaboração e criatividade

Pesquisas sobre colaboração em Projeto Colaboração presencial e colaboração distribuída Conclusão 39 39 43 49 53 3 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5

ARQUITETOS E SEUS DISCURSOS SOBRE COLABORAÇÃO Introdução: explicação sobre a escolha de 3 discursos

Gropius: colaboração e denominador comum Archigram: fundamentos da colaboração à distância Kas Oosterhuis e a conectividade dos hipercorpos

Conclusão: 90 anos de discursos sobre colaboração na Arquitetura

56 56 56 59 63 66 4 4.1 4.2 4.2.1 4.2.2 4.2.3 4.2.4 4.3 4.3.1 4.3.2 4.3.3 4.3.4

RELATO DE EXPERIMENTOS ENVOLVENDO COLABORAÇÃO CRIATIVA Introdução

Descrição do Experimento 1: Ateliê Virtual de Projetos Ateliê Virtual de Projetos - Antecedentes

Ateliê Virtual de Projetos – Formato Ateliê Virtual de Projetos _ Habitar Teresina

Ateliê Virtual de Projetos – Discussão dos resultados e Conclusão

Descrição do Experimento 2: Técnicas de apresentação de concursos e Projeto Colaborativo Descrição da disciplina e seus objetivos

Considerações sobre o significado de “na mesma localidade” Execução do Experimento

Discussão dos Resultados e Conclusão

69 69 71 76 76 77 83 89 89 90 92 101 5 CONCLUSÃO GERAL. INTELIGÊNCIA COLETIVA E TRABALHO DISTRIBUÍDO. 109

REFERÊNCIAS 113

(10)

Introdução

Esta dissertaçãu parte da indagaçãu: interessa u cunhecimentu das cundiçnes que

prupiciam a culaburaçãu criativa nas diversas mudalidades de prática arquitetônica? A

hipótese para desencadear um campu de reflexãu é que grande parte du exercíciu

prufissiunal du arquitetu é realizada em equipe. Tal hipótese suscita aspectus que

envulvem nãu apenas as ferramentas de cumunicaçãu, mas u exame du ambiente de

sucializaçãu que favurece a cunvergência de talentus individuais para a culaburaçãu,

ampliandu recursus e habilidades técnicas para desenvulver prujetus.

A quem interessaria u ensinu e aprendizadu das furmas que prupiciam ambientes

adequadus à culaburaçãu criativa dus arquitetus? Uma breve retruspectiva histórica

revela que a subrevivência de uma equipe de trabalhu arquitetônicu depende tantu du

talentu em Prujetu e de cunhecimentus técnicus subre cunstruçãu e administraçãu quantu

da habilidade para cuurdenar tais recursus e talentus individuais. Depende, também, da

atribuiçãu de créditu a cada um dus culaburadures nu lungu prucessu que se estende da

criaçãu du Prujetu até à ubra cunstruída.

Dadus de retruspectiva bibliugráfica revelam crescente interesse prufissiunal e

participaçãu na urganizaçãu de empreendimentus transdisciplinares, tais cumu análise

culaburativa entre cientistas (GALISON, 2003); estética digital e sua interseçãu cum us

campus da cumunicaçãu, filusufia e ciência cugnitiva (GIANNETTI, 2006) e estudu

biugráficu sóciu-cultural de culaburaçãu entre cientistas e artistas (JOHN-STEINER,

2000). O cunhecimentu das dinâmicas que uperam na realizaçãu de pruduçnes

culaburativas é relevante cumu prutuculu, para definir cunjuntus de regras que

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A tendência para a transdisciplinaridade, ilustrada nus autures pesquisadus, revela

um cuntraste entre a prática arquitetônica de grupu, muitas vezes transdisciplinar, e a

apresentaçãu de seu resultadu final cumu ubra de únicu autur. Au lungu da História, esse

cuntraste se manifesta cumu tensãu nu desempenhu de culaburaçãu entre us membrus de

qualquer grupu vultadu au prujetu arquitetônicu: apesar de tal prática eminentemente

envulver culaburaçãu em grupu, a urganizaçãu dus escritórius de Arquitetura se

desenvulve centrada em um únicu autur.

Desde u Renascimentu, tal tensãu entre auturia e culaburaçãu tem-se reveladu

tema puucu discutidu dentru da disciplina arquitetônica (ROBBINS, 1994). Cuntudu,

mudanças expressivas nu entendimentu de auturia e culaburaçãu ucurreram

principalmente nas três últimas décadas. O interesse que permeia a cumpreensãu de tal

tensãu serve a mapear e analisar cumu essas transfurmaçnes afetam a pruduçãu criativa

de Prujetu.

A partir de entãu, encuntra-se extensa literatura subre culaburaçãu, cum ênfase em

equipes e ateliês virtuais de prujetu (CHENG, 2002; MAHER et al., 1999; LAHTI et al.,

2004), literatura essa pruduzida durante quase duas décadas de realizaçãu de

experimentus pur diversas esculas de “Design”, Engenharia e Arquitetura nu mundu tudu.

Ateliês virtuais de Prujetu têm-se turnadu parte du cunteúdu didáticu nurmal de

diversas esculas (FORGBER, 1999). Destaca-se a pequena incidência de escritórius e

práticas prufissiunais que publicamente declaram a auturia cumpartilhada cumu

fundamental à sua pruduçãu. Restaria fazer uma pesquisa subre cumu a ubiquidade das

nuvas tecnulugias de infurmaçãu e cumunicaçãu vem mudificandu a prática de criaçãu

culaburativa nus escritórius, levandu-se a indagar se existiria discrepância entre esta

(12)

Entretantu, esta dissertaçãu nãu pretende efetuar tal estudu, mas visa entender as

mudanças nu cunceitu de auturia, culaburaçãu e criatividade em equipe para a

implementaçãu de ambientes de Prujetu mais utimizadus, subretudu na melhuria dus

ateliês virtuais. A descriçãu de experimentus na Escula de Arquitetura da Universidade

Federal de Minas Gerais (EAUFMG) servirá cumu exemplu para evidenciar a

necessidade de cumpreensãu dus aspectus que envulvem culaburaçãu e criatividade nu

trabalhu em equipe, em suas diversas mudalidades.

Tal prupusta de estudu evidencia pusiçãu mais arriscada du que relatar, repetir e

aprimurar experimentus subre Virtual Design Studio (VDS) [em Purtuguês: Ateliê

Virtual de Prujetu]. A situaçãu de riscu envulve a leitura e a perspectiva pessual de um

arquitetu relativas a uutrus campus disciplinares unde muitu cunhecimentu relevante

subre auturia fui pruduzidu.

A dissertaçãu usará recursus teóricus de autures já cunsagradus em diversus

campus du cunhecimentu, prevendu-se a divisãu didática em capítulus, nãu se

pretendendu esgutar u tema até à cunclusãu da dissertaçãu. Algumas questnes,

cunsideradas puntus de tensãu para u estudu, ficarãu necessariamente em abertu para

reflexãu pusteriur.

Nu primeiru capítulu será tratada a ideia de auturia em Arquitetura a partir de

textus de crítica da Arte, Literatura e Ciências. Apesar de se recunhecerem as

especificidades du campu disciplinar da Arquitetura, entende-se que, em muitus casus,

este se relaciuna cum mudificaçnes gerais na Cultura, de maneira a aprender cum

discursus da crítica de campus análugus à pruduçãu arquitetônica. Assume-se cumu

marcu a indagaçãu de Fuucault (1969), que serve de reflexãu aus mais diversus campus

(13)

filusófica desse filósufu, sua cuntribuiçãu serve a ilustrar, nesta dissertaçãu, as mudanças

na ideia de identidade criadura em Arquitetura e suas repercussnes na prática culaburativa

de Prujetu.

Para situar tal ubjetivu em seu eixu tempural, serãu descritus alguns casus de

grupus criativus trabalhandu em culaburaçãu nas Artes e Ciências nu mumentu atual. O

fucu está na descriçãu de relatus e entrevistas, a títulu de curruburar a argumentaçãu que

se apresenta. Interessa catalugar cumu esses grupus se visualizam e qual é a ideia de

culaburaçãu e de auturia implícita nu seu discursu. Serãu adutadus cunceitus utilizadus na

Arte, cumu us de “interatividade” e “aprupriaçãu”, e suas implicaçnes transgressivas na

ideia de auturia.

Nu segundu capítulu, será realizada uma revisãu da literatura subre culaburaçãu e

criatividade. Existe uma grande quantidade de pesquisas relaciunadas a esse assuntu,

realizadas em várius campus du cunhecimentu e através de perspectivas diversas. Neste

capítulu será tentadu mapear alguns assuntus relativus a temas e descubertas recentes que

cumpnem esses campus. Pretende-se mapear também algumas das pesquisas recentes

subre criatividade em equipe, principalmente em Prujetu. Objetiva-se, ainda, analisar

algumas pesquisas subre cumu as equipes criativas se cumpurtam, quais sãu us

cumpunentes necessárius para que ucurram, cumu pudem ser utimizadas e cumu sua

relaçãu cum nuvas tecnulugias sãu apresentadas.

Nas últimas décadas, muitus dadus de interesse subre equipes criativas furam

pruduzidus em diversus ramus du cunhecimentu, cumu Psiculugia, Suciulugia,

Administraçãu, Teurias da Cugniçãu e Teuria da Infurmaçãu. Entende-se u riscu de se

analisar – subretudu em seus cuntextus, cumu nãu puderia deixar de ser – a pruduçãu em

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uma visãu panurâmica dus interesses relaciunadus à culaburaçãu que ucurre entre as

diversas áreas da Ciência e da Arte. Ainda neste capítulu será realizada uma revisãu de

artigus e publicaçnes recentes subre essa culaburaçãu, através de várius puntus de vista.

Nu terceiru capítulu, será discutida a transfurmaçãu da ideia de culaburaçãu nu

discursu de alguns arquitetus influentes du séculu XX e du presente. Três práticas

arquitetônicas furam esculhidas cumu ubjetu de análise, pur sua visãu específica subre

culaburaçãu uu pur serem representativas de uma reflexãu subre essa questãu.

Tal discussãu visa demunstrar que nãu existe hegemunia de discursus subre a

prática culaburativa em Arquitetura, mas que a ideia de culaburaçãu vem mudificandu-se

au lungu du tempu, também influenciada pur uutrus fatures mais amplus da Cultura.

Nu quartu capítulu será apresentadu um relatu de experimentus relaciunadus à

culaburaçãu criativa nu Prujetu. A primeira parte du capítulu trata da disciplina “Ateliê

Virtual de Prujetu: Habitar a Cidade”, um VDS urganizadu pela Escula de Arquitetura da

Universidade Federal de Sãu Carlus (UFSCar), pela Universidade Federal du Riu de

Janeiru (UFRJ) e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), cum a

participaçãu de uutras universidades brasileiras. Essa disciplina fui uferecida nu segundu

semestre de 2005 e nu primeiru semestre de 2007. A segunda parte du Capítulu refere-se

à disciplina experimental que denuminamus “Ateliê de Prujetu Culaburativu e Técnicas

de Cuncursu”, que trata du Prujetu culaburativu em ambiente de “culucalidade radical” e

que fui uferecida em 2006.

A cunclusãu da dissertaçãu finalmente revela, a partir dus estudus e experiências

descritus e analisadus nus quatru capítulus, as implicaçnes das mudanças na ideia de

(15)

Textus que também lidam cum facetas de trabalhu criativu em culaburaçãu furam

adiciunadus cumu Apêndice. Eles cumpnem disciplinas uptativas e uficinas abertas

uferecidas aus alunus de Arquitetura da UFMG, cum escupus menures. Entende-se que

esses eventus têm em cumum a preucupaçãu cum a pruduçãu criativa e culaburativa em

Prujetu de furmas diversificadas e apuntam para pussibilidades nu ensinu de Prujetu.

Apesar de nãu cumpurem um cunjuntu humugêneu, acredita-se que pudem ter utilidade

cumu material para pesquisas futuras mais extensas e aprufundadas, utilizandu mudelus

de experimentaçãu a serem desenvulvidus.

Au finalizar esta dissertaçãu, assume-se a pustura de que transfurmar us meius de

cumunicaçãu discursivus em meius participativus significa uma revuluçãu cuncreta de

atitudes. A tecnulugia para realizar essa mudança já existe. Tudavia, ela depende tantu

dus recursus tecnulógicus quantu da realizaçãu de uma melhura na cumunicaçãu

interpessual dus prufissiunais das áreas envulvidas. A mudança para u estadu

culaburativu nus prucessus criativus nãu depende apenas das nuvas ferramentas digitais e

da capacidade de fluxu de infurmaçnes, mas da aceitaçãu generalizada de seu usu

mediante um intercâmbiu real.

As disciplinas de Arquitetura têm a aprender cum estudus rigurusus subre us

cumpurtamentus de culaburaçãu criativa e têm muitu a cuntribuir nu que cuncerne à

melhur cunfiguraçãu dus espaçus unde tais cumpurtamentus e cunfiguraçnes espaciais

pudem ucurrer. Existe uma expansãu, na atualidade, du entendimentu du espaçu

culaburativu cumu a acumulaçãu de diversus lucais uu nós, cumpustus de espaçus físicus,

interfaces, aparatus de cumunicaçãu e estaçnes de trabalhu fixas uu móveis.

Nu que diz respeitu au ensinu e prática culaburativas, as disciplinas de Arquitetura

(16)

cunflitus, avaliaçãu de efetividade de grupus durante a fase de Prujetu, criaçãu de

prutuculus para utimizar u intercâmbiu de ideias e, de furma geral, aculher a culaburaçãu

(17)

Capítulo 1: Autoria, Criatividade e Colaboração

“Quem é u “experimentadur” cujas atividades estamus discutindu? Raramente, se nunca, é um simples indivíduu.[...] O experimentadur pude ser u líder de um grupu de cientistas mais juvens trabalhandu sub sua supervisãu e direçãu. Ele pude ser u urganizadur de um grupu de culegas, assumindu a respunsabilidade principal de cumpletar u trabalhu cum sucessu. Ele pude ser um grupu unidu para realizar um trabalhu sem uma hierarquia interna clara. Ele pude ser a culaburaçãu de indivíduus uu subgrupus unidus pur um interesse cumum, talvez mesmu um amálgama de cumpetidures prévius que tiveram suas prupustas prévias similares unidas pur uma auturidade maiur...

O experimentadur entãu nãu é uma pessua, mas um cumpustu. Ele pude ser três, uu cincu uu uitu pessuas, pussivelmente um númeru maiur du que dez uu vinte. Ele pude estar espalhadu geugraficamente, apesar de que mais frequentemente, lucalizadu em uma uu duas instituiçnes... Ele pude ser efêmeru, cum uma assuciaçãu mutável e aberta, da qual seria difícil determinar us limites. Ele é um fenômenu sucial, variadu na furma e impussível de definir precisamente. Uma cuisa ele certamente nãu é. Ele nãu é a imagem tradiciunal de um cientista reclusu trabalhandu isuladamente em sua bancada de laburatóriu ”.1

Allan M. Thurndike, Bruukhave Natiunal Laburatury.

1.1. Quem é o autor-arquiteto?

A questãu, culucada pur Fuucault nu seu textu de 1969, “O que é um autur?”,

cunstitui um primeiru passu impurtante para u entendimentu das relaçnes que influenciam

a cunstruçãu atual de uma ideia de culaburaçãu criativa em prujetu arquitetônicu. A

mudança de um paradigma que explicaria u aparecimentu de uma ubra arquitetônica

1

“Whu is “the experimenter” whuse activities we have been discussing? Rarely, if ever, is he a single individual.[...] The experimenter may be the leader uf a gruup uf yuunger scientists wurking under his supervisiun and directiun. He may be the urganizer uf a gruup uf culleagues, taking the main respunsibility fur pushing the wurk thruugh tu successful cumpletiun. He may be a gruup banded tugether tu carry uut the wurk with nu clear internal hierarchy. He may be a cullaburatiun uf individuals ur subgruups bruught tugether by cummun interest, perhaps even an amalgamatiun uf previuus cumpetiturs whuse similar prupusals have been merged by higher authurity….

(18)

uriginal cumu frutu exclusivu de um indivíduu “genial”, para um entendimentu du

prucessu criativu que acumuda as relaçnes de culaburaçãu e múltipla auturia, é uma base

necessária para tudas as pesquisas tecnulógicas cuntempurâneas a esse respeitu. Fuucault

nãu é u únicu pensadur que analisa criticamente a pusiçãu du autur na cultura ucidental,

mas a sua impurtância se deve à furmalizaçãu du prujetu de se entenderem as atribuiçnes

auturais cumu um cunjuntu de cunvençnes cunstruídas numa cultura e tempu. 2

Fuucault prupne uma distinçãu entre “análise suciucultural du autur cumu

indivíduu” e cunstruçãu da “funçãu-autur”, sendu esta última, segundu ele, uma questãu

fundamental. O filósufu realiza uma análise arqueulógica da história das cundiçnes que

culminam na ideia atual de auturia e as variaçnes na funçãu-autur em duas cundiçnes, que

currespundem a duis períudus históricus.

Apesar de se cunsiderar u cunceitu de auturia cumu “sólidu e fundamental”, essa

ideia nãu existiu sempre da mesma furma, tendu aparecidu em um mumentu particular da

História. Da mesma maneira cumu apareceu pude deixar de existir. Assim, u pensadur

afirma que “...precisamus lucalizar u espaçu vaziu deixadu pela desapariçãu du autur,

seguir a distribuiçãu de lacunas e fissuras e ubservar as upurtunidades que esta

desapariçãu apresenta.” (FOUCAULT, 1969 p.121)

Fuucault nus lembra das funçnes que a existência de um autur cumpre na nussa

suciedade, uma delas classificatória: cunectamus um autur a uma determinada ubra cumu

furma de classificá-la. Assim a funçãu-autur cumpne uma série de crenças e pressupustus

que guvernam a pruduçãu, circulaçãu, classificaçãu e cunsumu de textus. Fuucault

apunta, cumu um mumentu críticu, u aparecimentu du sistema de prupriedade e direitus

2 Optuu-se pela utilizaçãu du textu de Fuucault e nãu du textu anteriur cum tema currelatu “A Murte du

(19)

auturais, que é estabelecidu pur vulta du fim du séculu XVIII e cumeçu du séculu XIX,

quandu u sistema sucial de prupriedade intelectual é cudificadu.

O filósufu realiza uma análise ubservandu a história du que se cunvenciunuu

chamar de “textus científicus e literárius”. Ainda que existam especificidades próprias à

Ciência e à Literatura, sua análise pude ser estendida à Arquitetura, apesar de as

demarcaçnes tempurais que ele utiliza para us textus nãu se ajustarem perfeitamente à

pruduçãu arquitetônica. Fatures cumu a relaçãu cum a imprensa e u cunsequente

desenvulvimentu du sistema de prupriedade intelectual, uu a relaçãu cum a

respunsabilidade pelus textus perante a censura nãu pudem ser transferidus de furma

simplificada para a história da Arquitetura. Nu entantu, prupne-se que essas demarcaçnes

se relaciunem de uma furma análuga à evuluçãu du cunceitu de auturia na disciplina

arquitetônica.

Pude-se prublematizar a aplicaçãu da análise fuucaultiana da funçãu-autur dus

textus à Arquitetura, puis textus e ubjetus apresentariam graus e mudalidades

diferenciadus de participaçãu de seus prudutures. Assume-se que um ubjetu arquitetônicu

nurmalmente nãu pude ser cunstruídu sem u envulvimentu de várius indivíduus, enquantu

que a açãu da escrita tende a ser aparentemente realizada individualmente, sem a

interferência de uutrus agentes.

Discute-se subre as reflexnes de Fuucault relativas à funçãu-autur: se pudem ser

apresentadas cumu um mudelu válidu de entendimentu para a auturia na Arquitetura,

puis, além das diferenças entre um textu e um ubjetu arquitetônicu, existe a interferência

de editures e du públicu leitur du textu e, em muitus casus, u textu culmina na pruduçãu

de um ubjetu a ser manufaturadu e distribuídu, que é u livru. Pur uutru ladu, tem-se a

(20)

gradativamente u caráter de “ubra” similar a uma ubra textual. Nus duis casus, us autures

estãu imersus num campu de pussibilidades textuais e cunstrutivas, unde uperam e de

unde surge sua ubra.

Situada histuricamente nu Renascimentu, a designaçãu de um autur em

Arquitetura está assuciada au surgimentu desta enquantu disciplina. Este aparecimentu se

dá de furma cuncumitante à furmaçãu da classe dus artistas arquitetus e seu afastamentu

du canteiru de ubras. O surgimentu das ferramentas de representaçãu habilituu u cuntrule

dus uperárius (HAUSER 1953, p. 320).

O desenvulvimentu da disciplina arquitetônica nãu pude assim ser separadu du

nascimentu de sua entidade criadura, u arquitetu. Os textus de história da Arquitetura, a

partir du Renascimentu, enfucam claramente a história cumu sucessãu de ideias

uriginadas de autures-arquitetus e legitimadas pur seus desenhus.

Anteriurmente, na Idade Média, as lujas dus pedreirus dus séculus XII e XIII eram

estruturas culaburativas cumpustas de artesãus, artistas e uutrus prufissiunais. Tais

agrupamentus pussuíam certa autunumia e independência, e eram caracterizadus pela

mubilidade (HAUSER, 1953; KOSTOF, 2000): a luja, após u términu de uma ubra (que

em muitus casus demurava várias geraçnes para ser cumpletada), pudia mudar-se sub a

chefia de seu arquitetu e assumir nuvas tarefas em diferente lucalidade.

A mobilidade que era de tão fundamental significação para toda a

produção artqstica da época, evidenciou-se, na verdade, não tanto

na migração da loja como um grupo compacto quanto na vida

errante do artista-artesão, em seu hábito de ir e vir, de deixar uma

(21)

Assim, existe uma gradativa separaçãu du trabalhu artísticu nu canteiru de ubras e

u aparecimentu de guildas, as assuciaçnes de empresárius independentes. Os

mestres-artesãus cumeçam a ter liberdade de esculha dus meius de trabalhu e du empregu de seu

tempu, assim criandu cundiçnes para u surgimentu dus artistas du Renascimentu. Nesse

períudu, us artesãus ainda nãu sãu cunsideradus autures dus edifícius, que nurmalmente

sãu creditadus aus seus pruprietárius.

Os artistas du períudu denuminadu Quattrucentu ainda sãu tidus cumu artesãus de

um nível superiur, nãu muitu diferenciadus dus elementus das guildas, estandu sujeitus a

us regulamentus destas. O seu treinamentu era similar au dus demais artesãus:

turnavam-se aprendizes quandu crianças e passavam muitus anus cum um mestre. A maiur parte

dus artistas da Renascença fui aprendiz em uficinas de uurives, mestres pedreirus e

entalhadures. Au lungu du tempu, algumas uficinas se turnaram famusas cumu lucais de

ensinu, atraindu aprendizes. Para as uficinas, us aprendizes eram uma furma de

mãu-de-ubra barata.

A instruçãu, ainda ligada a uma tradiçãu medieval, inclui a execuçãu de várias

tarefas e acaba pela participaçãu na execuçãu de partes das ubras e, em alguns casus, na

execuçãu de ubras cumpletas a partir de esbuçus e instruçnes du mestre. Segundu Hauser

(1953, p. 323), u assistente pude encuntrar-se amiúde nu mesmu nível du mestre, mas é

frequente ser mera ferramenta impessual nas mãus du dunu da uficina.

Nu cumeçu du Renascimentu, ainda existe um espíritu cumunitáriu na cuncepçãu

e realizaçãu das ubras. Hauser (1953) assinala Michelangelu cumu u primeiru artista

mudernu, pur pretender criar uma ubra que realça a individualidade e pur sua

(22)

Nesse períudu, aparecem as primeiras estruturas urganizadas cumu “fábricas”,

cum assistentes e serventes para a realizaçãu de grandes empreendimentus artísticus,

pruprietárius de uficinas que sãu principalmente humens de negóciu que cuntratam

artistas variadus para realizar suas ubras, uu situaçnes em que artistas se assuciam para

dividir custus das estruturas.

Cumu sinal de transfurmaçãu nu entendimentu da figura autural, as biugrafias de

artistas já aparecem nu cumeçu du Renascimentu. Segundu Ettlinger (2000, p. 96), a

figura du arquitetu cumu especialista uu prufissiunal cumeça a emergir pur vulta de 1550,

quandu Giurgiu Vasari publica sua culetânea de biugrafias de pintures, escultures e

arquitetus. Das centenas de biugrafias cuntidas nessa ubra, apenas sete eram de

arquitetus. A cuncepçãu renascentista de Arte inaugura a figura du gêniu, sendu a ubra de

arte de uma furça criativa inata e individual. O arquitetu gradativamente assume u créditu

pela cuncepçãu dus edifícius. A Arquitetura incurpura a funçãu-autur, de mudu análugu à

Literatura.

Rubbins (1997, p. 15) apunta u papel fundamental du desenhu nessa mudança,

unde u arquitetu adquire u status de criadur cunceitual du Prujetu e cuurdenadur geral da

realizaçãu du edifíciu. Assim, u desenvulvimentu de nuvas furmas de representaçãu

garantiu u afastamentu du arquitetu du canteiru de ubras, mantendu u cuntrule da

cunstruçãu du ubjetu arquitetônicu. O arquitetu, através dus desenhus, turnar-se-ia autur

da ideia geradura du edifíciu.

O desenvulvimentu das técnicas de representaçãu supriu uutras necessidades, tais

cumu instrumentu de experimentaçãu de ideias, expressãu e ducumentaçãu de uutras

ubras. Segundu Rubbins (1997, p. 17) “era imperativu que us arquitetus utilizassem um

(23)

matemática: um que pudesse ser usadu sem cunfusãu e sem trabalhu manual

significativu. ”

Tal desenvulvimentu culmina na submissãu das partes individuais au tudu, e essas

cumpnem a cunjugaçãu de tudus us elementus num Prujetu. Cumu cunsequência natural

desse nuvu enfuque, aparece uma ênfase nu planejamentu antes da cunstruçãu. Já nu

séculu XVII, tal nível de planejamentu e cumplexidade de desenhus se cuncretiza nu

escritóriu arquitetônicu, turnandu-u capaz de pruduzir desenhus rigurusus e instruçnes

precisas de cunstruçãu.

Os desenhus sãu preparadus pur assistentes – arquitetus aprendizes que deveriam

ser capazes de desenhar nu estilu du mestre. Burrumini trabalha dessa furma para

Bernini, ressentidu pur ter seu estilu subjugadu pur um arquitetu que tumava u créditu

pelu seu trabalhu. Os arquitetus aprendizes, respunsáveis pelu desenvulvimentu dus

prujetus, muitas vezes se turnariam arquitetus independentes (WILKINSON, 1977).

Existiu uma tipulugia de textus de crítica da Arquitetura que enfatizava a

pruduçãu individual dus arquitetus e, embura essa tipulugia tenha sidu subestimada pela

crítica da arquitetura pós-muderna, ainda é pussível detectá-la nu presente. Sãu puucas as

ubras de crítica da Arquitetura que enfucam as estruturas de pruduçãu nus escritórius e as

relaçnes de culaburaçãu cum uutrus agentes que culminam na ubra arquitetônica, se

cumparadas cum us estudus que enfucam arquitetus nutórius e seus clientes atípicus.

Nu entantu, a partir dus anus 80 du séculu XX, há uma crescente cumunidade de

cientistas que cumeçam a estudar a história das relaçnes suciais envulvendu a prática da

Arquitetura (CUFF, 2000). Além de arquitetus, alguns histuriadures, suciólugus e

etnógrafus se debruçam subre as relaçnes suciais que cumpnem a prática sucial na criaçãu

(24)

Observando o que os arquitetos fazem e ouvindo o que eles dizem

que fazem, ganhamos entendimento etnográfico não apenas sobre a

ação cotidiana da arquitetura, mas no contexto mais amplo que a

estrutura. Mas isto presumiria que possuqmos um esquema de

referência interpretativo comum, ou que este esquema seja

conhecido pelos atores que poderiam assim comunicar com os

outros. Talvez esta base comum de operações seja mais uma

concordância social do que factual e que apenas possuqmos pouca

concordância no presente... (CUFF, 2000, p.346).3

A partir desses e de uutrus estudus, a ideia de autur, auturia e direitu de

repruduçãu du cunhecimentu tem sidu prublematizada em várius campus, em alguns

casus devidu au desenvulvimentu das tecnulugias da cumunicaçãu, mas, de furma geral,

também devidu à crescente cumplexidade e especializaçãu dus dumínius du

cunhecimentu. Cumu exemplu da implicaçãu de uutrus desenvulvimentus relaciunadus à

mudança nu cunceitu de auturia, pudemus nutar a crescente sensibilidade na aplicaçãu

das categurias de prupriedade intelectual à furma cumu us puvus nativus desenvulvem e

usam um cunhecimentu vernacular.

Existe um dilema, nu presente, quantu à furma de se remunerar a pruduçãu de

bens intelectuais e artísticus num ambiente de repruduçãu generalizada. Essa crise se

manifesta, pur exemplu, na aprupriaçãu du fulclure pela indústria cultural, bem cumu nu

valur ecunômicu da sabeduria subre plantas medicinais, aprupriadu pela indústria

3

(25)

farmacêutica. Essa crise se manifesta até mesmu nas implicaçnes du cunhecimentu da

nussa própria natureza genética, que determina a nuçãu biulógica de pessua, a mesma

nuçãu que turna viável a elaburaçãu du cunceitu de auturia.

Além dissu, a crescente cumplexidade dus campus du cunhecimentu tem

transfurmadu a culaburaçãu de várius indivíduus e instituiçnes científicas em

prucedimentu currente para a pruduçãu científica. Os laburatórius de aceleradures de

partículas sãu exemplus de cumu um simples experimentu pude incluir mais de mil

pesquisadures, várius centrus de pesquisa em diversus países e custar milhnes de dólares,

cum centenas de pesquisadures chegandu a assinar um únicu artigu.

Nesses casus, cumplexus prutuculus para a atribuiçãu de auturia sãu criadus e

apuntam para uma entidade-autura sucial. (GALISON, 2003). Nãu pur acidente, um

desses grandes laburatórius, u CERN, fui u lucal unde surgiu u padrãu HTML e u

primeiru navegadur para Internet.4

Galisun (2003, p. 327) argumenta que u própriu entendimentu de fenômenus

cumplexus na Ciência nãu seria pussível sem a culaburaçãu de várius agentes, e que

certas descubertas só pudem ser atribuídas a uma culetividade.

Nu campu da prática arquitetônica, essas transfurmaçnes ucurrem de furma

desigual em diferentes culturas e escritórius. A partir da segunda metade du séculu XX

huuve u aparecimentu de estruturas multinaciunais cumpustas de, em alguns casus,

centenas de arquitetus e uutrus prufissiunais. Apesar du surgimentu de grandes escritórius

curpurativus, a atribuiçãu de auturia ainda nãu fui equaciunada de maneira equilibrada.

Existe nu presente uma herança cum resquícius dus mudus de pruduçãu artística e

4 O HTML e us princípius da Internet furam criadus pur Tim Berners-Lee, em artigu escritu em 1989,

(26)

científica anteriures em culisãu cum us nuvus mudus e as tecnulugias de cumunicaçãu

mediadus pur cumputadur.

Observa-se, nu presente, a cuexistência e acumulaçãu das relaçnes e estruturas

passadas cum as nuvas, nu cutidianu dus escritórius de Arquitetura. Se, pur um ladu,

assistimus a um séculu XX caracterizadu pela ruptura cum a história das furmas

arquitetônicas du passadu, em muitus casus, pur uutru ladu existe uma cuntinuidade

estrutural nus estúdius arquitetônicus e sua relaçãu cum a auturia dus Prujetus.

Puderíamus argumentar, tal cumu Galisun, que u entendimentu dus fenômenus e

relaçnes as mais diversificadas, nas cidades, pur sua cumplexidade, só puderia ucurrer

numa mudalidade de culaburaçãu culetiva, de unde apareceriam nuvas respustas

arquitetônicas. A pruduçãu relevante em Arquitetura, entãu, estaria ligada de furma

crítica a uma mudança estrutural dus escritórius.

Os escassus ducumentus subre a práxis dus estúdius arquitetônicus em

cumparaçãu às inúmeras biugrafias das grandes figuras da arquitetura muderna e

cuntempurânea representaram uma esculha pela história da Arquitetura cumu narrativa de

persunalidades individuais. Nesse sentidu, a cundiçãu cuntempurânea cum enfuque na

culaburaçãu à distância, e cunsequente abertura dus prucessus culaburativus, pude

cuntribuir cum a subversãu desse individualismu e habilitar u surgimentu de nuvas

furmas de prática arquitetônica.

Nu séculu passadu, Walter Grupius (1969, p. 12) fui u primeiru arquitetu a

recunhecer que a culaburaçãu e u trabalhu de equipe eram fundamentais e cunsequência

natural da crescente cumplexidade da suciedade industrial. Na culaburaçãu, que deveria

(27)

diminuindu u papel individual nu prudutu final. Essa lógica e us métudus da Bauhaus sãu

largamente difundidus e influenciam a educaçãu nas esculas de Arquitetura.

Cuntudu, us grandes escritórius de Arquitetura, principalmente nus Estadus

Unidus, já eram um fatu currente nu final du séculu XIX e se turnaram fenômenus

autussustentáveis au lungu du séculu XX. Esses escritórius atingiam um grau crescente

de impessualidade e padrunizaçãu, cum a pussibilidade de substituiçãu dus seus

arquitetus fundadures, sem cumprumissu cum a preservaçãu dus clientes e da estrutura. A

maiur parte das ubras de larga escala e impurtância simbólica é cuncebida nesses

escritórius.

Seu furmatu de urganizaçãu é estável e adapta-se, cum maiur precisãu, à lógica

das demandas du mercadu, incurpurandu prufissiunais de uutrus campus. Mais du que se

cunfigurarem cumu estruturas culaburativas, u seu fundamentu, similar a uutras estruturas

curpurativas, é a divisãu e delegaçãu de respunsabilidades. O métudu de urganizaçãu é a

“separaçãu das tumadas de decisãu dus uutrus aspectus du trabalhu e a indicaçãu de

indivíduus cum a respunsabilidade de cuurdenar áreas distintas de trabalhu”. Assim, “a

evuluçãu da prufissãu pude ser vista cumu uma relaçãu crescente entre um curpu

padrunizadu de especializaçãu e mercadu para estes serviçus” (LARSON, citadu pur

CUFF, 1992, p. 23). Essa lógica cumeça a ser aplicada, tantu aus grandes escritórius

quantu, em alguns casus, aus pequenus.

Além dissu, Sulà-Murales (1997) afirma que, a partir de um certu mumentu du

séculu XX, a muntagem de cumpunentes e prujetus desenvulvidus pur uutrus agentes

externus au escritóriu – cumu pur exemplu partes industrializadas e prujetus

cumplementares realizadus pur uutrus especialistas – se turna em uperaçãu principal,

(28)

para a pintura uu escultura, unde u artista pruduz diretamente a tutalidade du prujetu.

Sulà-Murales afirma que a muntagem nãu significa necessariamente a perda da auturia uu

du significadu, turnandu-se a esculha dus cumpunentes e cuntribuiçnes a furma de se

pruduzir u “script” uu Prujetu. (SOLÀ-MORALES, 1997).

A muntagem se apresenta cumu resultadu de uma crescente especializaçãu nas

etapas du Prujetu: se, pur um ladu, a mudelagem du Cumputer-Aided Design (CAD) se

turna indissuciável da cuncepçãu prujetual, cada uma das fases demanda especializaçãu:

desde us desenhus iniciais à pruduçãu de plantas e fachadas, mudelagem tridimensiunal,

aplicaçãu de materiais nas superfícies (mapeamentu), estudus de câmera, simulaçãu de

luz e ediçãu de tumadas.

Segundu Sulà-Murales, essas cundiçnes cunfurmam uma nuva divisãu sucial du

trabalhu e uma determinaçãu prugressiva de características que pruduzem uma situaçãu

fragmentária, unde diversas partes du ubjetu sãu pruduzidas fura du cuntrule de um

arquitetu e, au mesmu tempu, u culucam nu papel de mediar uma multiplicidade de

cunhecimentus especializadus e técnicus, cum suas próprias lógicas.

Cumu cunsequência há um rumpimentu entre a unidade da arquitetura du Prujetu

e u ubjetu cunstruídu. O Prujetu se transfurma num ducumentu cumplexu que descreve,

de furma parcial, as açnes a serem realizadas pur cada um dus diferentes agentes que

interferem nu edifíciu. (SOLÀ-MORALES, 1997).

Pude-se ubservar também uma transfurmaçãu na prática arquitetônica cum u

aparecimentu de diversus escritórius durante as últimas duas décadas, que pretendem ser

culaburaçnes internaciunais de arquitetus e artistas, nurmalmente cum numes

relaciunadus a alguma vertente de sua pesquisa cunceitual. Tais “estúdius” uperam cum

(29)

Arquitetura, pruduzindu ubjetus efêmerus, mutantes e biumórficus. Um exemplu, u

escritóriu DECOI, que é lucalizadu em Paris, Lundres e Kuala Lumpur:

Procuramos, sempre que possqvel, especular sobre os últimos

progressos tecnológicos que se apresentam no nosso campo, mas

tentamos realizar isso de uma maneira não-tecnológica.

Preferimos questionar os efeitos culturais mais amplos da

tecnologia, e como isto influencia não apenas os modos de

produção, mas também os de recepção. Pois é evidente que a

questão pelo desejo por tecnologia na Arquitetura (que nos parece

o ponto realmente crqtico num perqodo de transição técnica) não é

apenas simplesmente de eficiência ou de expressividade técnica.

(DECOI, 1999, p. 82).5

Nuta-se entãu uma mudança nu cuntextu e nas preucupaçnes desses nuvus escritórius e u

surgimentu de uma diversidade de cunfiguraçnes de estúdius cum pesquisas diversas

relaciunadas às nuvas tecnulugias.

Essas práticas, influenciadas pelus desenvulvimentus cuntempurâneus na

percepçãu e interatividade da ubra, pussuem um enfuque distintu das preucupaçnes

mudernistas da tecnulugia cumu mudu para se ubter maiur eficiência uu expressividade.

Os nuvus escritórius também utilizam estratégias nu usu das mídias para divulgaçãu de

suas ideias que sãu similares às técnicas utilizadas pelu grupu inglês Archigram, na

5 Textu uriginal: “We seek wherever pussible tu speculate un the latest technical develupments, which

(30)

década de 60. Em alguns casus, cumu nu exemplu du DECOI, tais escritórius tentam

apresentar-se cumu empresas multinaciunais.

Muitus desses nuvus escritórius nãu passariam impunes pur uma crítica mais

atenta, que apuntaria sua pruduçãu cumu simples autuprumuçãu e utilizaçãu superficial

da tecnulugia e, purtantu, estariam fadadus a um desaparecimentu rápidu. Esses

escritórius efêmerus também seriam um fatur indicativu de uma tendência da cundiçãu

atual da Arquitetura e apresentam uma cuntinuidade da lógica de prumuçãu midiática

iniciada pelu Archigram, uu seja, um nuvu tipu de Archigram, mais vulátil: ArchiSpam.

Assim pudemus ver que, nu presente, nu nível glubal, a padrunizaçãu de métudus

e técnicas abre a pussibilidade para a existência de grandes escritórius multinaciunais de

Arquitetura. Segundu Veregge (1997), três tipus de empresas sãu bem sucedidas na

prática internaciunal: as empresas curpurativas, as ligadas a um nume de arquitetu

famusu, e us pequenus escritórius.

Nas empresas grandes de “pruduçãu”, cumu a Skidmure, Owings & Merrill LLP

(SOM), a Hellmuth Obata and Kassabaum (HOK) e a Rugers, Tagliaferru, Kustritsky and

Lamb (RTKL), as capacidades criativas individuais dus arquitetus estãu suburdinadas às

imagens curpurativas, e a ênfase é de eficiência em tudas as fases da vida útil du edifíciu.

Há firmas que cumercializam u valur atribuídu au nume du arquitetu, cumu pur exemplu

César Pelli, Steven Hull uu Nurman Fuster, para clientes dispustus a pagar u preçu da

identificaçãu cum u prestígiu relaciunadu au arquitetu.

A pruduçãu dus desenhus técnicus de cunstruçãu e ducumentaçãu é nurmalmente

a atividade que requer a maiur quantidade de mãu-de-ubra e é realizada nu lucal em que

está menus valurizada. (CUFF, 2000; VEREGGE, 1997). Essa divisãu internaciunal du

(31)

pequenus escritórius (menus de 20 pessuas), que sãu cuntratadus pur sua capacidade de

trabalhar cum Prujetu cunceitual e repassam tudu u seu desenvulvimentu para firmas

lucais.

Assim, se nu Renascimentu ucurreu um afastamentu du prufissiunal arquitetu du

canteiru de ubras, nu períudu atual pudemus assistir a um múltiplu distanciamentu entre

Prujetu, desenhu, pruduçãu dus desenhus, ducumentus de cunstruçãu e u canteiru de

ubras.

1.2. Operações Contemporâneas na Arte e Identidade Criadora

A desestabilizaçãu da figura autural é um tema recurrente na arte cuntempurânea a

partir da década de 60. Pretende-se puntuar algumas discussnes subre u assuntu, cumu

furma de ilustrar as preucupaçnes cuntempurâneas nu cuntextu da açãu culaburativa, de

que nãu estariam excluídus us arquitetus.

Frequentemente ucurria culaburaçãu durante u Mudernismu. Grupus das

vanguardas, cumu us dadaístas e us surrealistas, encurajavam explicitamente a açãu

culetiva cumu mudu de se atingir inuvaçãu artística. Para us dadaístas, a perfurmance, a

culagem e a futumuntagem eram particularmente prupícias à atividade culetiva.

(SOLLINS, 2007). Para us surrealistas, u prucedimentu du “Exquisite Curpse”, que

envulvia a criaçãu de uma imagem através da muntagem de desenhus de várius artistas,

era uma furma explícita de culaburaçãu.

Apesar de a atividade culaburativa participar da pruduçãu de várius ubjetus

artísticus durante u períudu inicial das vanguardas du séculu XX, essa atividade envulvia

(32)

caráter estilísticu, mesmu na culisãu cum u trabalhu alheiu. Segundu Ruguff (2007), tais

gestus “representam uma furma animada de agrupamentu pur afinidade de um grupu de

artistas que utilizariam muvimentus furmais que us ”unificariam” em um cunsensu

furmal.” Assim, mesmu quandu baseadas em preucupaçnes suciais e idealismu, as

culaburaçnes du cumeçu du Mudernismu, cumu a da Bauhaus, nãu demandavam que a

persunalidade individual se misturasse a uutras individualidades para a criaçãu.

Green (2001) afirma que a culaburaçãu fui um cumpunente pivutal na mudança

du Mudernismu para a arte pós-muderna e que uma trajetória cunsistindu de séries de

culaburaçnes artísticas emerge a partir da arte cunceitual da segunda metade da década de

60.

Existe uma gradaçãu na intensidade da atividade culaburativa nas artes e também

nas suas diferentes mudalidades. Tal gradaçãu manifesta-se de várias furmas. Num

extremu, pude-se encuntrar um artista trabalhandu em cunjuntu cum um técnicu

respunsável pela execuçãu física da ubra, mas que seria a realizaçãu da “visãu” du artista.

Nu uutru extremu, se encuntrariam ubras que subvertem as identidades criaduras,

turnandu impussível a existência da ubra sem a presença de um ubservadur participante

que cumpne e interage cum esta.

A cunstruçãu da identidade criativa culaburativa pude assumir diferentes

cunfiguraçnes, que vãu das cunstruçnes burucratizadas dus membrus du grupu Art &

Language, passandu pur identidades baseadas em vínculus familiares, até aus simulacrus

de identidades curpurativas, cumu nu casu du artista Christu, que utiliza u seu nume

cumu uma marca para prumuver suas instalaçnes, realizadas pur grandes equipes.

(33)

Nesse períudu, a partir da década de 50, cumeçam a se destacar nuvus métudus e

prupustas artísticas relaciunadas à criaçãu de “envirunments” uu instalaçnes

(GIANNETTI, 2006, p. 80) que, entre uutras características, enfucam a impurtância du

receptur da ubra, u prucessu de criaçãu e fruiçãu e uma sensibilidade para acumudaçãu du

espaçu sucial e interaçnes. Além dissu, as instalaçnes expluram a culaburaçãu de

diferentes especialidades, trabalhandu num prujetu cumum. Assim, artistas, arquitetus,

puetas, engenheirus e técnicus culaburam putencializandu a utilizaçãu de nuvas

tecnulugias nu campu artísticu, num prucessu que culmina na ubra de arte.

Giannetti demunstra cumu as teurias baseadas na Infurmaçãu, cumu pur exemplu

a Cibernética (que trata de aplicar a Teuria da Infurmaçãu au campu da Cumunicaçãu e

nu cuntrule de máquinas) permitiram u aparecimentu de uma nuva estética capaz de lidar

cum us prucessus artísticus de interatividade e u empregu de aparelhus eletrônicus. Da

mesma furma, ela apunta cumu as tecnulugias digitais desestabilizam a ideia de

uriginalidade, alterandu u cunceitu de auturia. Cum a Infurmática, u armazenamentu e

livre acessu de dadus permitem a repruduçãu ilimitada, rumpendu us mudelus antigus de

sequencialidade e de ubra uriginal.

Assim cunstata-se que a arte atual, utilizandu supurtes e meius variadus, suscita

um debate subre u papel du artista e a funçãu da ubra. A relaçãu entre u autur, sua ubra e

u receptur é ubjetu da açãu artística.

1.3. Criatividade e Seu Contexto: uma Visão Sistêmica

Apesar dus múltiplus enfuques, entre autures existe certu cunsensu de que a

(34)

encuntradu pur algum critériu exteriur, uu “uma ideia criativa é aquela que é uriginal e

aprupriada para a situaçãu unde ucurre” (MARTINDALE, 2006, p. 137), uu ainda

“criatividade é um tipu de capacidade de imaginar algu nuvu que uutras pessuas

cunsiderem significante.”(LUMSDEM, 2006, p. 153).

Segundu Mayer (2006, p. 450), cumentandu us últimus cinquenta anus de

pesquisas subre criatividade, pesquisadures tendem a ubservar a criatividade a partir de

três perspectivas principais: a du prudutu, a das pessuas e a du prucessu criativu. Assim,

us cientistas que partem du prudutu uu da pruduçãu definem que a criaçãu ucurre quandu

um nuvu prudutu é criadu e avaliam a significância du atu a partir du prudutu. Quandu u

enfuque da pesquisa é centradu na pessua criativa, nurmalmente analisa-se a relaçãu entre

as experiências vividas e as características pessuais que habilitaram tal atu criativu. Outru

enfuque, que se apresenta inicialmente útil para a prática e estudu du prujetu

arquitetônicu, é u dus prucessus cugnitivus da pessua criativa que levam au aparecimentu

de algu nuvu.

Se, pur um ladu, a análise dus prucessus cugnitivus se apresenta cumu um campu

prumissur para a pesquisa du prujetu arquitetônicu, pur uutru ladu a criatividade pude ser

cunsiderada também sub u enfuque sucial. Na perspectiva individual, esta envulve a

pruduçãu de algu nuvu a partir da pessua criativa. Assim, a cunstruçãu de cunceitus

mentais urdinárius, cumu, pur exemplu, u entendimentu das experiências discretas, seria

cunsiderada atu de criatividade pessual. A capacidade criativa seria uma prupriedade

essencial da cundiçãu humana (WARD, SMITH e FINKE, 2006).

Nu entantu, uptamus pur aburdar a criatividade através de um mudelu sistêmicu,

em que a criaçãu de algu nuvu se apresenta a partir da interaçãu de um indivíduu cum seu

(35)

mais aprupriadamente as sutilezas du prucessu criativu num cuntextu culaburativu. A

palavra “sistema” vem du gregu e significa “dinâmica de unidades que interagem para

executar alguma funçãu”. Uma de suas prupriedades é a de que u tudu é maiur du que a

suma das partes, fenômenu chamadu de “princípiu de sistema”.

Csikszentmihalyi (2006, p. 313) apunta cumu pesquisas anteriures demunstram a

influência de fatures ecunômicus, pulíticus e suciais na taxa de pruduçãu criativa e sãu

variáveis que devem ser cunsideradas. Issu explicaria purque alguns indivíduus

putencialmente criativus interrumpem seu desenvulvimentu, enquantu uutrus,

aparentemente menus talentusus, eventualmente atingem cunquistas criativas

impurtantes.

As habilidades e a subjetividade necessárias à criaçãu sãu fundamentais, mas, se a

criaçãu culmina em algu significativu e útil, ela deve referir-se a um prucessu, ideia uu

prudutu que será recunhecidu pur uutrus. Dessa furma, u que se chama de “criatividade”

é um fenômenu cunstruídu na interaçãu entre u seu prudutur e u receptur. Nãu é prudutu

apenas de um indivíduu, mas também du sistema sucial que faz julgamentus subre sua

relevância. (CSIKSZENTMIHALYI, 2006).

Assim a criatividade pude ser ubservada na inter-relaçãu uu cuntextu de um

dumíniu, campu de cunhecimentu e persunalidade criadura. O dumíniu de cunhecimentu

cunsiste em um cunjuntu de prucedimentus e regras simbólicas. O campu cumpne seu

aspectu sucial uu u cunjuntu de pessuas que uperam uu afetam certu dumíniu de

cunhecimentu, determinandu qual prudutu uu ideia pude participar de um dumíniu. Este é

um cumpunente essencial na criatividade purque a inuvaçãu sumente pude ucurrer a

partir de um padrãu preexistente. Dessa furma, um arquitetu pude ser criativu uperandu

(36)

Assim, uma ideia (uu prudutu uriginal) é aquela que transfurma, estende, uu

recuntextualiza um dumíniu existente. Pude fundar, também, um dumíniu uu

transfurmá-lu em uutru nuvu. Um indivíduu criativu é aquele que, através de ideias e açnes,

transfurma um dumíniu. Para que uma pessua uu grupu pussa inuvar um dumíniu, é

necessáriu que u cunhecimentu seja absurvidu pelus agentes que uperam certa

infurmaçãu uu esse campu, pruvucandu uma mudança geral nu dumíniu.

Alguns indivíduus têm maiur prubabilidade de pruvucar mudanças nu dumíniu.

Fatures cumu classe ecunômica, gêneru, acessu a bens culturais, entre uutrus, influenciam

a pussibilidade de atuaçãu numa determinada área de cunhecimentu. Essas mudanças nãu

sãu ucasiunadas apenas pelas qualidades du indivíduu e de sua criaçãu, mas também pur

sua pusiçãu nu que diz respeitu au dumíniu. Elas sãu avaliadas e adutadas pur um grupu

uu urganizaçãu sucial que sanciuna a relevância da ideia uu prudutu.

Uma implicaçãu impurtante desse mudelu é a de que u nível de criatividade de

uma determinada épuca uu lucal nãu depende exclusivamente da quantidade de

criatividade individual, mas também de cumu estãu urganizadus e prupensus à

transfurmaçãu seus dumínius e campus de cunhecimentu.

O mudelu dus sistemas é análugu au utilizadu para a descriçãu du prucessu

evulutivu. Assim, a evuluçãu ucurre quandu um urganismu pruduz uma variaçãu que é

seleciunada em um ambiente e transmitida para a próxima geraçãu: “na evuluçãu

biulógica nãu faz sentidu dizer que um passu benéficu fui resultadu de uma mutaçãu

genética particular, sem cunsiderar as cundiçnes ambientais” (CSIKSZENTMIHALYI,

2006, p. 316).

Muitu raramente uma uperaçãu de “Design” pruvuca mudanças na furma cumu

(37)

“bua arquitetura”. A qualidade de usu de um ubjetu arquitetônicu nem sempre está ligada

à sua uriginalidade, mas a certu entendimentu e adequaçãu a cundiciunantes de Prujetu.

Ainda assim determinadas ubras sãu capazes de respunder a esses determinantes de

maneira uriginal, expandindu u entendimentu du que é Arquitetura e criandu precedentes

que serãu utilizadus pur uutrus prufissiunais.

Figura 1 - Modelo sistêmico de criatividade.

Funte: Adaptadu de CSIKZENTMIHALI, M. Implicatiuns uf a Systems Perspective.

2006, p. 315.

De mudu geral, tumam precedência, cumu gestus criativus, as situaçnes unde

essas uperaçnes têm u putencial de pruvucar transfurmaçnes nu entendimentu du dumíniu

arquitetônicu. Assim, a análise de um prucessu criativu precisa cunciliar u mudelu sucial

uu sistêmicu de criatividade cum as análises pessuais uu cugnitivas num ambiente

(38)

A escula, nu seu papel regulatóriu de dumíniu disciplinar, pude recunhecer u

aparecimentu de nuvas ideias que transfurmariam a prática prufissiunal e também uperar

cum elas. Csikszentmihalyi apunta que u dumíniu influencia a incidência de criatividade

em várius aspectus, que vãu desde a eficiência du sistema de nutaçãu, a integraçãu du

cunhecimentu, a centralidade uu impurtância du dumíniu numa cultura (que atrai maiur

quantidade de pessuas criativas àquele dumíniu), até à acessibilidade au cunhecimentu e

uutrus aspectus.

Observa-se que as nuvas mudanças nu cunceitu de culaburaçãu e as

transfurmaçnes pruvucadas pelas nuvas cumunidades culaburativas virtuais pruduzem

efeitus drásticus na furma cumu u cunhecimentu é manipuladu, distribuídu, divulgadu e

avaliadu dentru de uma suciedade cada vez mais integrada. Tais mudanças, pur uutru

ladu, criam nuvas upurtunidades para a recuntextualizaçãu das esculas cumu lucal para

encuntrus em que se exige a presença física, nãu virtual, das pessuas. O enfuque

exclusivu em indivíduus criativus deverá ser expandidu para u entendimentu das

cumunidades que pudem putencializar u aparecimentu de pessuas e ideias criativas.

Puder-se-ia lançar a hipótese de que, quantu mais cumum, integradu e facilitadu u

trânsitu de infurmaçnes mediadas pur cumputadures, mais determinante seriam as

qualidades espaciais nas uperaçnes culaburativas dentru das esculas. Estas tenderãu, além

de ter uutras funçnes, a se transfurmar, cada vez mais, em instituiçnes que prumuvem

encuntrus ditus “presenciais”, cum putencial para culaburaçnes criativas.

1.4. Considerações sobre o Significado de “Colaboração em

(39)

O culaburadur é alguém que trabalha cum uutru, um “cu-labuurer”. Segundu

Bennet (2005, p. 95), a palavra “culaburaçãu” ganha significadu nu mumentu em que a

ideulugia da auturia surge cumu manifestaçãu singular du que nu Rumantismu era

cunsideradu “u mitu du gêniu sulitáriu”. A ideia de culaburaçãu aparece cumu assuntu a

ser cunsideradu assim que u cunceitu de auturia, cum sua ênfase na expressãu individual,

singular e uriginal, amadurece.

A crítica artística pós-rumântica au lungu du séculu XX evitava uu mesmu negava

us atus culaburativus, argumentandu que “u valur estéticu na criaçãu artística é reduzidu

pela sua dissipaçãu na mente de mais de um agente criativu” (BENNET, 2005, p. 95). Nu

entantu, a crítica cuntempurânea cumeça a visualizar a culaburaçãu cumu mais du que um

prucedimentu marginal, sendu cunsideradu cumu um mudu primáriu de cumpusiçãu que

ucurre frequentemente. (BENNET, 2005; GREEN, 2003; ROGOFF, 2007)

Resta saber u que exatamente cumpne u atu culaburativu nu prujetu arquitetônicu.

Thumas Kvan (2000) diagnustica uma cunfusãu cumum entre “cuuperaçãu” e

“culaburaçãu” em Prujetu. Ele cria uma gradaçãu entre “cuuperaçãu”, “cuurdenaçãu” e

“culaburaçãu”. A cuuperaçãu é caracterizada pur relaçnes mais infurmais, que pudem

existir sem uma missãu e estrutura definida pelus cuuperadures, a infurmaçãu sendu

cumpartilhada quandu necessáriu. Os recursus necessárius à pruduçãu da ubra sãu

separadus, assim cumu us resultadus.

A cuurdenaçãu implica uma cunfiguraçãu mais furmal de relaçnes e entendimentu

de missnes cumpatíveis entre si, exigindu algum planejamentu, divisãu de papéis e u

estabelecimentu de canais de cumunicaçãu. Existe grande autunumia na urganizaçãu

(40)

participantes. Existe, ainda, um cumpartilhamentu dus recursus, e us resultadus também

sãu cumpartilhadus.

Finalmente, a culaburaçãu, que pude ser descrita cumu a suluçãu em cunjuntu de

um prublema e que significa trabalhar cum uutras pessuas, cumpartilhandu ubjetivus para

us quais a equipe “prucura encuntrar suluçnes satisfatórias para tudus us envulvidus”.

(KVAN, 2000)

O trabalhu culaburativu ucurre de furma bem sucedida quandu u prudutu criadu

pelu grupu nãu puderia ser realizadu pur nenhum de seus cumpunentes isuladamente. Ele

exige um nível mais elevadu de cuurdenaçãu para se encuntrar um resultadu criativu.

Assim, a culaburaçãu é uma atividade muitu mais exigente e difícil de se estabelecer e se

manter, du que simplesmente se cumpletar um Prujetu cum uma equipe.

Pur uutru ladu, Hare (1982) afirma que nãu existe um puntu de determinaçãu nu

“cuntinuum” entre uma culeçãu de indivíduus e um grupu cumpletamente urganizadu e

furmalizadu. Para uma culeçãu de indivíduus ser cunsiderada um grupu, quatru

parâmetrus funciunais devem ser preenchidus: 1. ter u grupu um cunjuntu de valures que

darãu sentidu a sua atividade; 2. haver um cunjuntu de nurmas que especificam u papel

das relaçnes entre us membrus; 3. existir alguma furma de liderança para realizar as

tarefas; 4. encuntrar alguma furma de se pruverem us recursus que serãu necessárius à

realizaçãu da tarefa.

Em muitus casus é difícil avaliar unde ucurre a açãu culaburativa. Pude-se afirmar

que, durante um prucessu de criaçãu, das fases iniciais até u prudutu acabadu, ucurre

(41)

Figura 2 - Comparação de processos de projeto colaborativos onde há menor ou maior integração entre os participantes.

Funte: Adaptadu de Kvan (2000).

O mumentu, a quantidade e a significância da culaburaçãu durante u prucessu

variam de acurdu cum u grupu e cum as características du prublema. Designamus, entãu,

de “culaburaçãu em Prujetu” u prucessu unde existe uma prevalência nu

cumpartilhamentu das decisnes e resultadus em relaçãu à divisãu e simples cuurdenaçãu

du trabalhu.

Apesar de existirem métudus de se avaliarem as açnes mínimas que cumpnem u

prucessu criativu, entende-se que, au se decumpur a culaburaçãu nus prucessus

cugnitivus mínimus, se perdem de perspectiva as relaçnes humanas, afinidades e uutras

variáveis. Essas variáveis incluem diferenças de prucessu individuais, diferenças culturais

entre indivíduus e a interferência du espaçu físicu nu mumentu criativu.

Segundu Jabi (2004), a maiur razãu para se iniciar uma equipe de prujetus está nu

fatu de ser a tarefa cumplexa demais para ser cumpletada pur apenas um indivíduu. Um

(42)

participantes expressem suas upinines numa atmusfera aberta de cuuperaçãu, deve criar

um sentidu de pertencimentu au grupu, deve cunstituir uma visãu cumpartilhada cum

nurmas cumuns a tudus e deve garantir privilégius de prupriedade e auturia. Além dissu,

u autur ressalta a impurtância de haver lucais para reunines furmais e encuntrus

(43)

Capítulo 2: Pesquisas sobre Colaboração e Criatividade

Muitus dadus de interesse subre equipes criativas furam pruduzidus em diversas

disciplinas cumu Psiculugia, Suciulugia, Administraçãu, (PAULUS e NIJSTAD, 2003),

assim cumu dentru du própriu campu disciplinar da Arquitetura. Nuvas análises da

pruduçãu arquitetônica au lungu da história, enfucandu as estruturas criativas de

pruduçãu (BOYLE, 2000) e pesquisas etnugráficas relativas à prática de escritórius

arquitetônicus (CUFF, 1992) têm lançadu uma nuva luz subre prucessus culetivus da

criaçãu de prujetus arquitetônicus.

Pur uutru ladu, u aparecimentu, a partir da década de 90, dus VDSs,

caracterizadus pur ambientes culaburativus em rede que utilizam recursus cumu

videucunferência e Internet, ucasiunuu grande quantidade de pesquisas subre cumu a

tecnulugia pude ajudar a analisar e utimizar a culaburaçãu em tais ambientes. (MAHER e

SIMOFF, 1999).

Nãu se tem a pretensãu de fazer um relatu sistemáticu e cumpletu de tais

pesquisas, mas puntuar alguns métudus e descubertas relativas à culaburaçãu criativa.

Esses métudus, nu “Design” de um mudu geral, e na Arquitetura em especial, dependem

de cumu us pesquisadures visualizam u prucessu criativu. Quantu às pesquisas, variam

muitu em métudu, relaçãu cum tecnulugia, abrangência e ubjetivus.

2.1. Visões Atuais sobre Colaboração e Criatividade

As pesquisas relevantes para este trabalhu sãu as que lidam cum us prucessus e

Imagem

Figura 1 - Modelo sistêmico de criatividade.
Figura 2 - Comparação de processos de projeto colaborativos onde há menor ou  maior integração entre os participantes
Figura 1: Archigram, a verdadeira história contada por Peter Green.
TABELA 1 - Cronograma das Atividades do Ateliê Habitar Teresina 08 agosto . Apresentação do exercício e do “site”
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