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A diversidade religiosa no espaço escolar adventista do abcd paulista

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

FACULDADE DE HUMANIDADES E DIREITO - FAHUD

MESTRADO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO

IGOR EMANUEL DE SOUZA MARQUES

A DIVERSIDADE RELIGIOSA NO ESPAÇO ESCOLAR

ADVENTISTA DO ABCD PAULISTA

(2)

I

GOR EMANUEL DE SOUZA MARQUES

A DIVERSIDADE RELIGIOSA NO ESPAÇO ESCOLAR

ADVENTISTA DO ABCD PAULISTA

Dissertação apresentada em cumprimento parcial às exigências do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião, da Faculdade de Humanidades e Direito, para obtenção do título de Mestre em Ciências da Religião.

Área de concentração: Religião,

sociedade e cultura.

Orientador: Prof. Dr. Dario Paulo

Barrera Rivera

(3)

Marques, Igor Ermanuel de Souza M348d

A diversidade religiosa no espaço escolar adventista do ABCD paulista / Igor Emanuel de Souza Marques -- São Bernardo do Campo, 2015.

155fl.

Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) - Faculdade de Humanidades e Direito, Programa de Pós Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo

Orientação de: Dario Paulo Barrera Rivera

1. Educação religiosa – Igreja Adventista do Sétimo Dia – Região do Grande ABCD (SP) I. Título

(4)

FOLHA DE APROVAÇÃO

A dissertação de mestrado sob o título ―A DIVERSIDADE RELIGIOSA NO

ESPAÇO ESCOLAR ADVENTISTA DO ABCD PAULISTA‖ elaborada por

IGOR EMANUEL DE SOUZA MARQUES foi apresentada e aprovada em 27

de agosto de 2015, perante banca examinadora composta por DARIO PAULO

BARRERA RIVERA (Presidente/UMESP), NICANOR LOPES (Titular/UMESP)

e HALLER ELINAR STACH SCHUNEMANN (Titular/UNASP).

______________________________________ Prof. Dr. Dario Paulo Barrera Rivera Orientador e Presidente da Banca Examinadora

______________________________________ Prof. Dr. Helmut Renders

Coordenador do Programa de Pós-Graduação

Programa: Ciências da Religião

Área de Concentração: Religião, Sociedade e Cultura

(5)

Dedico este trabalho aos meus amados pais, José Marques e Marluza, pelo amor e preparo para os desafios da vida.

À minha amada esposa, Ana Luiza, que neste percurso de estudos concedeu ainda mais felicidade à minha existência.

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AGRADECIMENTOS

 Ao Deus eterno, por ser a fonte de toda inspiração e sabedoria.

 Ao UNASP, Campus Engenheiro Coelho, pelo patrocínio e apoio incondicional nesta jornada de estudos.

 Ao Pr. José Paulo Martini, Dr. Afonso Ligório Cardoso, Dr. Lélio Maximino Lellis e Dr. Carlos Flávio Teixeira por acreditarem no projeto acadêmico e abrirem as portas do ministério no Ensino Religioso adventista para mim.

 Ao Instituto de Instituto Ecumênico de Pós Graduação pela bolsa de estudos no primeiro ano do programa.

 Ao meu orientador Prof. Dr. Dario Paulo Barrera Rivera, pela paciente e primorosa orientação.

 Aos demais professores do programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião pelo empenho no aperfeiçoamento de cada aluno e incentivo em buscar o conhecimento que tem poder de transformar a realidade social.

 Aos companheiros de jornada que estiveram mais próximos durante todo o desenvolvimento do projeto, Daniel Camuçatto, Elton Alves, Flavia Medeiros e Rodrigo Follis, pelos diálogos profícuos e divertidos que aliviavam o stress.  Ao Felipe Carmo pela disposição em ler o material e sugerir alterações importantes.

 Aos Colégios Adventistas de Diadema, São Caetano do Sul e Santo André, que abriram as portas para a realização da pesquisa.

(7)

Restaurar no homem a imagem de seu Autor, levá-lo de novo à perfeição em que fora criado, promover o desenvolvimento do corpo, espirito e alma para que se pudesse realizar o proposito divino da sua criação - tal deveria ser a obra da redenção. Este é o objetivo da educação, o grande objetivo da vida.

(8)

RESUMO

Tendo como pano de fundo a confessionalidade da rede adventista de educação presente de maneira marcante no espaço escolar e a intensa diversidade religiosa discente, esta pesquisa analisa a relação de possíveis tensões entre a confessionalidade escolar e a diversidade religiosa presente neste espaço. Leva em consideração o processo de modernidade causadora de importantes transformações na educação, na religião e na forma dos dois institutos se relacionarem. Levou-se em consideração o perfil socioeconômico e religioso dos alunos e possíveis tensões na recepção do religioso no espaço escolar adventista por parte dos discentes, inclusive por aqueles que se declaram adventistas. O espaço escolhido para esta pesquisa foi o de colégios adventistas localizadas no contexto do ABCD Paulista, que ofertam o Ensino Médio. Estas unidades escolares estão situadas nas cidades de Diadema, Santo André e São Caetano do Sul, cidades localizadas na mesma microrregião, mas com distintas realidades socioeconômicas.

Palavras-chave: Educação Adventista; ABCD Paulista; Modernidade;

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ABSTRACT

Against the backdrop of the denominational status of network Adventist education present in a remarkable way in the school space and the intense religious diversity students, this research analyzes the relationship of possible tensions between the denominational school status and religious diversity present. It takes into account the process of modernity causing significant change in education, in religion and in the form of the two institutes relate to each other. It took into account the socio-economic and religious profile of the students and how is the reception of religious education in Adventist school space, including students who declare themselves Adventists. The area chosen for this research was the Adventist schools located in the ABCD Paulista context, which offer high school. These school units are located in the cities of Diadema, Santo Andre and Sao Caetano do Sul, cities located in the same micro region, but with different socioeconomic realities.

Keywords: Adventist Education; ABCD Paulista; modernity; Religious diversity;

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Desenvolvimento do adventismo no Brasil (1906) ... 35

Tabela 2 - Relação de igrejas e escolas adventistas (1940 e 1970) ... 37

Tabela 3 - Desenvolvimento da educação adventista no Brasil (1970-2003) ... 38

Tabela 4 - Dados educação adventista no Brasil (2014) ... 39

Tabela 5 - Relação São Paulo/Brasil por matrículas ... 39

Tabela 6 - Matrículas na rede privada no Estado de São Paulo ... 40

Tabela 7 - Participação da rede privada sobre o total de matrículas nos ensinos fundamental e médio, segundo porte populacional dos municípios ... 41

Tabela 8 - Participação da rede privada sobre o total de matrículas nos ensinos fundamental e médio, segundo renda domiciliar per capita dos municípios ... 42

Tabela 9 - Participação da rede privada sobre o total de matrículas nos ensinos fundamental e médio, segundo Ideb dos municípios ... 43

Tabela 10 - Participação da rede privada nas matrículas, por nível de ensino, segundo renda domiciliar per capita - Estado de São Paulo - 2002-2012 ... 43

Tabela 11 - Distribuição dos alunos das redes pública e privada, por nível de ensino, segundo escolaridade dos pais - Estado de São Paulo - 2012 ... 44

Tabela 12 - Evolução da educação adventista no Estado de São Paulo: unidades escolares ... 47

Tabela 13 - População, Área e densidade demográfica dos municípios (2014) ... 51

Tabela 14 - Participação da rede privadas no sistema educacional dos municípios .... 56

Tabela 15– Colégio de Diadema (Matrículas / Religião / Sexo) ... 57

Tabela 16– Colégio de São Caetano do Sul (Matrículas / Religião / Sexo) ... 59

Tabela 17– Colégio de Santo André (Matrículas / Religião / Sexo) ... 60

Tabela 18 - Estudantes e não estudantes entre os adventistas por rede de ensino .... 91

Tabela 19– Questionários aplicados por unidade escolar ... 96

Tabela 20– Participação de cada unidade escolar em relação aos questionários respondidos ... 97

Tabela 21 –Participação por gênero nos questionários respondidos ... 97

Tabela 22 –Estudantes da rede adventista: Declaração de cor ou raça ... 98

Tabela 23 –Alunos de cada unidade escolar por local de nascimento ... 100

Tabela 24 – Alunos de cada unidade escolar por localização do domicílio familiar ... 102

Tabela 25– Tipo de moradia dos alunos da rede adventista no ABCD paulista ... 103

Tabela 26 Colégio Adventista de São Caetano do Sul: tipo de moradia por cidade de residência... 104

Tabela 27– Colégio Adventista de Diadema: tipo de moradia por cidade de residência ... 105

Tabela 28 – Colégio Adventista de Santo André: tipo de moradia por cidade de residência... 105

Tabela 29– Educação Adventista ABCD: Renda familiar declarada ... 107

(11)

Tabela 31– Colégio Adventista de Diadema: renda por cidade de residência ... 108

Tabela 32– Colégio Adventista de Santo André: renda por cidade de residência ... 108

Tabela 33– Moradores por residência por unidade escolar ... 109

Tabela 34– Renda média mensal per capita em cada unidade escolar ... 110

Tabela 35– Pertença religiosa de pais que escolhem a educação adventista no ABCD Paulista... 116

Tabela 36– Pertença religiosa dos alunos da educação adventista no ABCD Paulista ... 118

Tabela 37– Grau de importância para os alunos da educação adventista... 121

Tabela 38– Trânsito religioso dos alunos da educação adventista ... 122

Tabela 39– Motivos para o trânsito religioso dos alunos ... 124

Tabela 40– Pontos positivos da Disciplina Ensino Religioso ... 127

Tabela 42– Pontos positivos da Disciplina Cultura Geral... 131

Tabela 43– Pontos negativos da Disciplina Cultura Geral ... 132

Tabela 44– Conversas e aconselhamentos pessoais com o pastor capelão ... 133

Tabela 45– Ocorrência de situação de incômodo ou desconforto sofrido no espaço escolar por não ser adventista ... 133

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LISTA DE FIGURAS

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Expansão mundial da rede adventista de educação (1872-1910) ... 32

Gráfico 2 - Desenvolvimento mundial da educação adventista (1930 e 1988) ... 33

Gráfico 3 - Matrículas no ensino fundamental em São Paulo (2002-2013) ... 40

Gráfico 4 - Matrículas no ensino médio em São Paulo (2002-2013) ... 41

Gráfico 5 - Crescimento populacional dos municípios do ABCD (2000 e 2010) ... 51

Gráfico 6 - Percentual de domicílios próprios nos municípios do ABCD... 52

Gráfico 7 - Média de moradores por domicílio no ABCD ... 52

Gráfico 8 - Percentual da população do ABCD por cor ou raça (2010) ... 53

Gráfico 9 - Rendimento médio mensal dos domicíios e taxa de crescimento real dos rendimentos (2000 e 2010) ... 53

Gráfico 10 - Percentual dos domicílios particulares por classes de rendimento nominal mensal por município do ABCD ... 54

Gráfico 11 - Percentual da população com 25 anos ou mais por grau de instrução (2010) ... 55

Gráfico 12 - Percentual da população que frequentava escola, por rede de ensino.... 56

Gráfico 13 – Número de Igrejas/ Membros e Escolas/alunos – Estado de São Paulo 61 Gráfico 14– Média de Moradores/Residência (Escola x Cidade) ... 110

Gráfico 15 – Grau de instrução dos pais que escolhem a educação adventista no ABCD paulista ... 113

Gráfico 16– Declaração de pertença religiosa dos alunos da educação adventista no ABCD ... 117

Gráfico 17 – Tempo de pertença religiosa dos alunos no grupo religioso atual ... 119

Gráfico 18– Declaração de participação aos serviços e cultos religiosos ... 120

Gráfico 19– Declaração de experiência de trânsito religioso ... 122

(14)

LISTA DE ABREVIATURAS

ABC – Parte da região metropolitana de São Paulo composta pelos municípios de Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul, marcadamente industrial.

ABCD Região composta pelos mesmos municípios do ABC, além da cidade

de Diadema.

ABIEE –Associação Brasileira de Instituições Educacionais Evangélicas

CA – Colégio Adventista

CAD– Colégio Adventista de Diadema CASA– Colégio Adventista de Santo André

CASCSul – Colégio Adventista de São Caetano do Sul

DSA – Divisão Sul-Americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia

EMPLASA –Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano SA

IASD –Igreja Adventista do Sétimo Dia

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

RMSP Região Metropolitana de São Paulo

SEADE –Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados

SEESP –Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

UCB – União Central Brasileira da Igreja Adventista do Sétimo Dia

(15)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 17

CAPITULO 1 ASPECTOS GERAIS DO SISTEMA DE EDUCAÇÃO ADVENTISTA .. 24

1.1 APONTAMENTOS SOBRE PROTESTANTISMO E EDUCAÇÃO NO BRASIL . 24 1.1.1 Apontamentos de educação protestante a partir do período republicano .... 29

1.2 DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO PROTESTANTE ADVENTISTA NO MUNDO ... 31

1.2.1 Educação protestante adventista no Brasil ... 34

1.3 EDUCAÇÃO PARTICULAR NO ESTADO DE SÃO PAULO ... 39

1.4 EDUCAÇÃO ADVENTISTA EM SÃO PAULO ... 45

1.5 EDUCAÇÃO ADVENTISTA NO ABCD PAULISTA: PERFIL SOCIOECONOMICO E RELIGIOSO DA REGIÃO ... 49

1.5.1 Colégio Adventista de Diadema ... 57

1.5.2 Colégio Adventista de São Caetano do Sul ... 58

1.5.3 Colégio Adventista de Santo André... 59

CAPÍTULO 2 MODERNIDADE E SEUS EFEITOS NA EDUCAÇÃO ... 62

2.1 CARACTERIZAÇÃO DA MODERNIDADE ... 63

2.2 MODERNIDADE E SECULARIZAÇÃO ... 69

2.3 PLURALISMO RELIGIOSO E MODERNIDADE ... 73

2.4 MODERNIDADE E LAICIDADE ... 76

2.5 LAICIDADE E RELIGIÃO NO ASPECTO DA EDUCAÇÃO PRIVADA: OLHAR DO CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO ... 79

CAPÍTULO 3 O ENSINO RELIGIOSO ADVENTISTA E A DIVERSIDADE RELIGIOSA ... 90

3.1 CARACTERÍSTICAS DO AGIR ESCOLAR CONFESSIONAL ... 92

3.2 PERFIL SOCIOECONOMICO DOS ALUNOS DAS ESCOLAS ADVENTISTAS DO ABCD ... 95

3.2.1 Cor ou Raça ... 98

3.2.2 Lugar de origem ... 99

3.2.3 Moradia ... 101

3.2.4 Renda média mensal familiar e per capita ... 106

3.2.5 Profissões e escolaridade dos pais ... 111

3.3 PERFIL RELIGIOSO DOS ALUNOS DOS COLÉGIOS ADVENTISTAS DO ABCD PAULISTA ... 114

3.4 DIVERSIDADE RELIGIOSA DISCENTE E O AMBIENTE ESCOLAR RELIGIOSO ... 125

3.4.1 Ensino Religioso ... 126

(16)
(17)

INTRODUÇÃO

A presente pesquisa trata da relação entre religião e educação a partir da análise da presença de diversas religiões no espaço confessional da educação adventista; diversidade religiosa trazida pelos discentes. Leva-se em consideração o impacto da modernidade na relação entre religião e educação.

No Brasil, a educação privada é garantida pela Constituição da República Federativa do Brasil, datada de 1988, quando assegurou liberdade de ensino à iniciativa privada (artigo 209) e a coexistência de instituições de ensino públicas e privadas. Por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN –

nº 9.394/96, está prevista a possibilidade de instituições de ensino privado exercerem atividades de cunho religioso (artigo 20, inciso III), pois sendo confessionais, estas instituições atendem a uma confissão religiosa específica.

Esta constatação diz respeito a uma realidade do mundo moderno, visto que a escola visa oferecer uma formação completa, como qualquer outra instituição pública ou privada, mas com um diferencial, que é o recurso ao religioso. A questão é instigante e aberta a tensões, pois, o aluno que estuda em escola confessional não pode ser submetido a uma visão reduzida à confessionalidade (JUNQUEIRA et al., 2007).

Quando se considera a educação confessional no Brasil, entende-se a rigor como educação cristã, pelo fato de outras representações religiosas serem pouco significativas nesse ramo. E dentro do cenário cristão há uma divisão histórica em dois segmentos educacionais, a saber, católico e protestante.

A presença católica, inclusive de sua área educacional, decorre da própria construção do país que desde a chegada dos europeus, passando pelo período colonial, sua emancipação como Império e mais tarde como República, sempre esteve sob a influência hegemônica católica, defendida pela coroa portuguesa na maior parte desse período.

(18)

do império (1822 a 1889). Estes imigrantes mantinham escolas confessionais, por ausência de oferta da educação por parte do poder público, além de servir para proteção dos filhos de possíveis retaliações por motivos religiosos em escolas públicas e para fortalecimento das crenças religiosas.

A partir da proclamação da República, o crescimento progressivo de liberdade religiosa foi oficializado por meio da separação entre Estado e Igreja, atraindo investidas de protestantes norte-americanos, que não vieram simplesmente como imigrantes para povoação como os europeus, mas traziam consigo suas próprias religiões, também em muitos casos com explícita pretensão missionária, de conversão da população brasileira ainda não convertida ao protestantismo.

Neste contexto de abertura religiosa e investida do protestantismo estadunidense, veio também para o Brasil a Igreja Adventista do Sétimo Dia nos primeiros anos da República. Os princípios republicanos relacionados à educação eram semelhantes aos do protestantismo, pois ambos – República e Protestantismo

– vislumbravam na educação o meio de modernização e transformação da realidade social. É por isso que se torna possível afirmar que o protestantismo com suas redes educacionais, inclusive a rede adventista de educação, que surge na tensão entre modernidade e anti-modernidade, haja vista que atendia reclamos modernos por educação acessível e de qualidade, mas, em contrapartida, é anti-modernidade, por exemplo, ao ensinar o criacionismo em lugar do evolucionismo, preservação de

“maus costumes” que poderiam estar presente nas escolas públicas.

Por outra via, a modernidade, por meio de seus elementos e propulsores, resultou em múltiplos efeitos causados na sociedade que, para os fins desta pesquisa pode-se mencionar a diversidade religiosa, pois há que se registrar que o ser humano não mais está submetido a autoridades religiosas para tomar suas decisões, como no período pré-moderno. Com a separação das esferas política e religiosa, outras formas de crer se desenvolveram e assumiram destaque no meio social. Desse modo, derivados da modernidade estes dois elementos, diversidade religiosa e educação adventista, aparentemente não são passíveis de convivência, em razão de a educação adventista ser proselitista, contrapondo-se à liberdade de escolha e crença individual.

(19)

adventistas localizados no ABCD paulista (região que teve participação relevante na formação do Adventismo no início do século XX) e que oferecem o Ensino Médio. Foram quatro os objetivos estabelecidos para este trabalho, a saber: a) situar a educação adventista como prática do pressuposto evangelístico protestante; b) explicitar a modernidade como estruturante da relação entre diversidade religiosa e educação; c) descrever o perfil socioeconômico e religioso dos alunos que estudam nas escolas adventistas; e, d) analisar a percepção, por parte de alunos adventistas e não adventistas, dos ensinamentos oferecidos no espaço escolar, inclusive na disciplina de Ensino Religioso.

Na busca pela concretização dos objetivos propostos o presente estudo se baseou em intensa pesquisa bibliográfica sobre os eixos norteadores da pesquisa, quais sejam: educação protestante geral no Brasil, educação adventista no Brasil, relação entre religião e educação tendo a modernidade como pano de fundo e a importância do religioso no espaço escolar adventista e sua relação com a diversidade religiosa de seus estudantes. Assim, a base foi qualitativa, pois se buscou compreender, descobrir e descrever as relações entre a diversidade religiosa de alunos e a educação confessional no espaço escolar adventista. Para tanto foi necessário um embasamento teórico sobre tais objetos, o que será apresentado adiante.

Foi feita também extensa pesquisa na história constitucional do Brasil para possibilitar a compreensão da evolução que teve o conceito de laicidade e os efeitos desta sobre a educação confessional e os limites e parâmetros legais que regulamentam a prática religiosa em escolas confessionais.

Optou-se ainda por uma mistura entre métodos qualitativos e quantitativos propostas metodológicas semelhantes, o que apenas demonstra a abrangência do método qualitativo. Ele enfatiza interpretações dos processos sociais, sendo rico em dados descritivos e na contextualização de como a realidade se processa. Em

resumo, “teve o objetivo de descobrir conceitos e relações nos dados brutos e de

organizar esses conceitos e relações em um esquema explanatório teórico”

(20)

Também é possível classificar a presente pesquisa como exploratória, pois

“tem como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e

ideias, com vistas na formulação de problemas mais precisos ou hipóteses

pesquisáveis para estudos posteriores” (GIL, 2002, p. 44).

Embora a pesquisa não tenha sido total dentro da realidade a qual ela se propôs a pesquisar, ou seja, três colégios adventistas do ABCD paulista não representam o universo total da rede educacional adventista, entretanto, é possível inferir indícios que sirvam de elucidação para situações frequentes no cenário macrossocial. Na pesquisa quantitativa apenas se busca indícios, através de como um grupo de discentes (419 pessoas) veem sua relação com o religioso no espaço escolar adventista. Embora não seja possível expandir os resultados para todo universo nacional acredita-se que a pesquisa serviu de indicativos de uma possível relação microssocial, a ser pesquisada mais profundamente (muito possivelmente partindo dos dados/tendências aqui encontrados).

Já na análise qualitativa, as discussões encontradas nas entrevistas informais e respostas aos questionários puderam ajudar a responder a problemática levantada, junto com a tabulação dos dados da pesquisa quantitativa, para análise do fenômeno.

Dentro das escolas escolhidas, optou-se por uma segmentação censitária. Os critérios, não probabilísticos, para a escolha dos participantes foram apenas que estivessem matriculados no 2º ou 3º anos do Ensino Médio em 2014, quando a pesquisa de campo foi realizada, tendo idade mínima de 15 anos e já estarem estudando nesses estabelecimentos, no mínimo, desde o ano anterior. Sendo assim, foi aplicado um questionário com a participação de 419 alunos das referidas unidades educacionais, correspondendo a 10,24% dos 4.090 alunos matriculados no ano de 2014 nestas instituições. Cada instituição considerada separadamente representou os seguintes números: 1668 alunos em Diadema (151 pesquisados = 9,05%), em Santo André eram 1826 alunos matriculados e 208 responderam ao questionário (11,31% em relação ao total de alunos matriculados na instituição), e em São Caetano do Sul 10,06% dos 596 alunos matriculados foram pesquisados, o que correspondeu a 60 questionários respondidos.

(21)

identificado no decorrer do presente trabalho, resguardando as opiniões dos participantes. Cabe destacar que as escolas pesquisadas não terão acesso direto aos questionários, apenas aos resultados da pesquisa aqui relatada, evitando qualquer possível retaliação por parte dos professores e/ou direção.

Ainda quanto à metodologia, o questionário em grande parte foi composto por questões fechadas, as quais foram avaliadas quantitativamente e depois comparadas entre as demais questões. Também existiram algumas questões semiestruturadas e algumas poucas abertas (ANEXO), as quais tencionavam desbravar melhor os conteúdos respondidos anteriormente, com maiores esclarecimentos por parte dos alunos, dando a eles a possibilidade de explicar suas opiniões.

Ademais, menciona-se que a maior parte das análises foi descritiva visando em compreender contexto sociocultural e econômico que tanto escolas quanto alunos estão inseridos. Dados estes que podem ser reproduzidos, aprofundados e comparados para verificar desenvolvimento e tendências.

A escolha das unidades escolares se deu pela característica comum de serem colégios adventistas e oferecerem o Ensino Médio na região do ABCD paulista, quais foram os situados nas cidades de: Diadema, Santo André e São Caetano do Sul. Como é sabido, essa região foi cenário de acelerado processo de industrialização e urbanização, próprios da modernidade.

A autorização para realização da pesquisa, por meio de entrevistas informais com diretores, coordenadores e pastores, bem como aplicação de questionários aos discentes no perfil acima descrito, ocorreu por parte dos administradores de cada estabelecimento escolar. Na unidade localizada em Santo André houve, a princípio rejeição, mas após alguns pedidos veio a autorização para a realização da pesquisa ali naquela instituição também. A insistência se fez necessária em decorrência da importância histórica e atual do colégio, visto que foi o primeiro colégio de externato do Estado de São Paulo e atualmente ter o maior número de alunos matriculados em relação aos outros dois colégios.

(22)

primeira instituição protestante em número de alunos no Brasil (SCHÜNEMANN, 2009), além de oferecer a disciplina de Ensino Religioso em todas as séries e períodos escolares.

Menciona-se também que a educação adventista tem recebido destaque dos instrumentos midiáticos1, que têm evidenciado o “sucesso” do sistema escolar

adventista, apresentado alto índice de crescimento principalmente se comparada ao sistema católico de educação.

Para que a problemática fosse respondida a contento, foram utilizados como referenciais teóricos, importantes autores sobre os eixos centrais da pesquisa. Sobre a inserção do protestantismo e seu viés educacional no Brasil, forneceram supedâneo teórico Vieira (1993), Hack (2000), Barbanti (1977), Dreher (2003), Gomes (2000), Mesquida (1994) e Mendonça (2008).

De forma mais específica, Knight (2004) forneceu a base para a descrição do sistema adventista de educação no mundo, e para análise de sua origem no Brasil aos dias atuais serviu-se dos estudos de Schüneman (2002, 2009), Paulo Azevedo (2004), Roberto Azevedo (2004) e Hosokawa (2001), Silva (2000) e Fuckner (2012).

Para estudar a modernidade em seus elementos e efeitos, especialmente no que se relaciona à educação e religião, menciona-se Touraine (2002), Giddens (1991), Balandier (1997), Weber (2004), Berger (1985), Hervieu-Lèger (2008) e Rivera (2001).

E para a abordagem da importância do ensino religioso e seus parâmetros de prática confessional, socorreu-nos Franca (1931), Junqueira (2010, 2007) e Lellis (2013).

Todo este arcabouço teórico, bem como os resultados da pesquisa, foi estruturado e distribuído em três capítulos que buscaram abordar o tema proposto.

Assim, no primeiro capítulo foram apresentadas as condições religiosas de chegada e inserção do protestantismo no Brasil e sua principal estratégia de fixação, que era a educação. Neste contexto aparece a Igreja Adventista do Sétimo Dia, uma denominação do protestantismo norte-americano, com características proselitistas e intenso investimento no campo educacional. Foi apresentado ainda a inserção na região sul entre colônias alemãs, no sul do Brasil, e posterior transferência dos investimentos denominacionais que se demonstrou acertado pois possibilitou um

1 A título de exemplo menciona-se TODESCHINI, Marcos. Graças a Deus e Não a Darwin. Revista

(23)

grande desenvolvimento no Estado de São Paulo, e especificamente na região metropolitana da cidade de São Paulo – inclusive ABCD paulista.

No segundo capítulo, foi apresentado o contexto de mudança social e econômica em que a Igreja Adventista do Sétimo Dia teve sua origem e desenvolvimento, que foi o processo de modernidade. Descreveu-se que a modernidade trouxe muitos efeitos como, por exemplo, a secularização, pluralismo religioso e a laicidade, que influíram de forma profunda na relação entre religião e educação.

No terceiro capítulo foram apresentados os resultados da pesquisa de campo, estabelecendo o perfil socioeconômico e religioso dos alunos dos colégios adventistas do ABCD paulista, a partir da análise de dados como renda familiar, escolaridade dos pais e a percepção que estes alunos, inclusive os que se afirmam adventistas, têm do religioso no espaço escolar adventista.

(24)

CAPITULO 1

ASPECTOS GERAIS DO SISTEMA DE EDUCAÇÃO ADVENTISTA

Nesse capítulo serão apresentadas algumas notas introdutórias sobre a inserção do protestantismo no Brasil em meados do século XIX, de maneira que seja possível situar a Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD2) no âmbito da educação protestante, e seu método de inserção no contexto brasileiro por meio da abertura de igrejas e escolas. Serão apresentados também os aspectos gerais do sistema adventista de educação adventista, perpassando sua origem, sua inserção e desenvolvimento no Brasil e, posteriormente a forma como o sistema está distribuído nesse país, com ênfase no Estado de São Paulo, de modo mais específico na região do Grande ABCD paulista.

1.1 APONTAMENTOS SOBRE PROTESTANTISMO E EDUCAÇÃO NO BRASIL

Em primeira instância, é necessário apresentar alguns tópicos que demonstram a relevância do protestantismo especialmente no campo educacional brasileiro. Nesse sentido, observa-se primariamente que não é possível falar em protestantismo no Brasil antes do século XIX3. Segundo Ribeiro (1973, p. 15), não havia no país nem vestígio de protestantismo naquele momento, não obstante já terem ocorrido algumas tentativas anteriores sem resultados profícuos.4

A mencionada realidade de ausência protestante começou a ser alterada nos primeiros anos do século XIX, quando por meio da chegada da corte portuguesa em 1808, e a consequente necessidade de povoação do território por imigrantes, fez-se necessário alterar o antigo sistema colonial de proibição a toda religião que não

2 A partir desse ponto, usar-se-á a sigla IASD para referir-se à Igreja Adventista do Sétimo Dia.

3 Piedra (2006, p. 17) afirma que até esse momento, não somente o Brasil, mas toda a América Latina, era conhecida como o “continente abandonado” pelas missões protestantes europeias e norte -americanas.

4 Protestantes franceses se fixaram no Rio de Janeiro entre 1555 e 1560 e protestantes holandeses

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fosse católica (MENDONÇA, 2003, p. 148). Além disso, a assinatura de tratados5

entre Portugal e Inglaterra, que asseguraram a não ocorrência da Inquisição em todo território sob domínio português, foram elementos que contribuíram para que o Brasil abrisse espaço para os protestantes.

Em meados da década de 1820, mesmo diante desse processo de abertura religiosa, permanecia inalterada a completa ausência de brasileiros protestantes (RIBEIRO, 1973, p. 18). Consequentemente, não havia igreja protestante no país, ou culto em língua portuguesa, estando ainda a presença dos protestantes no Brasil praticamente restrita a estrangeiros europeus, constituindo-se em comunidades fechadas, onde se prestava assistência religiosa a grupos de imigrantes, na maioria suíços e alemães. Esse evento foi denominado, com base em informações de Chamon (2005, p. 50), como “protestantismo de migração”, ou “protestantismo de colônia”.

Com a progressiva abertura imperial, a partir de 1835, as igrejas estadunidenses se interessaram por alcançar brasileiros para o culto protestante (RIBEIRO, 1973, p. 18). Contudo, Vieira (1993, p. 43) informa que a empreitada não obteve êxito naquela ocasião. Considerando que os brasileiros já se acostumavam à presença de imigrantes europeus protestantes desde a chegada da família real portuguesa, o destaque inovador da investida protestante estadunidense, conforme identificado por Vieira (1993, p. 44), encontra-se em seu caráter proselitista, uma característica ausente nos protestantes europeus. Esta nova proposta e postura religiosa, denominada “protestantismo de missão” ou “conversão” (CAMARGO, 1973), invadiu o campo religioso hegemonicamente católico a fim de conseguir adeptos. Isto ocorreu com relativo sucesso, causando incômodo à religião católica, até então hegemônica.

Merece destaque o fato de que desde o início do século XIX, as igrejas protestantes estadunidenses estavam vivenciando vários movimentos de reavivamento espiritual (MENDONÇA, 2008, p. 95). Estes avivamentos tinham como ênfase a necessidade de converter os “pagãos” para abreviar a vinda e instalação

5 O Tratado de Aliança e Amizade, e de Comércio e Navegação, firmados com a Inglaterra, em 1810,

(26)

do Reino de Deus na terra (MENDONÇA, 2008, p. 161). Este período ficou conhecido como o “segundo grande reavivamento”, desencadeando a chamada “era

missionária”,6 que deu origem ao movimento millerita,7 grupo de onde, posteriormente, surgiria a Igreja Adventista do Sétimo Dia (MENDONÇA, 2008, p. 91).

Calvani (2009, p. 57) assim descreve a realidade encontrada pelo protestantismo de missão no Brasil:

Quando o protestantismo missionário chegou ao Brasil em meados do século XIX encontrou um campo social totalmente diferente do seu. Oriundos dos Estados Unidos, sociedade republicana, de matriz anglo-saxã e que defendia a separação total entre Igreja e Estado, aqui encontrou uma sociedade monárquica, de formação ibérica e com uma igreja estatal. [...] Os protestantes, inicialmente, não podiam construir templos nem enterrar seus mortos nos cemitérios de então e tampouco tinham seu matrimônio reconhecido.

Ainda em meados do século XIX, de acordo com informações de Hack (2002, p. 27), o Brasil passou a abrir suas fronteiras para o programa de colonização, em razão da necessidade de imigrantes. O interesse maior consistia na imigração proveniente de países protestantes (LÉONARD, 1951, p.136). Com isto em mente, entende-se que, para alcançar estes objetivos, seria preciso conferir a esses pretendidos colonos liberdade de culto e garantia de educação para os seus filhos.

Com efeito, a necessidade educacional apresentava-se àquele período como um obstáculo aos interesses de colonização, pois no entender de Mesquida (1994, p. 83), o Brasil Império jamais atribuiu lugar de destaque à educação. No referido período “o sistema escolar no império era muito fraco e não conseguia alcançar todas as crianças que estavam em idade escolar”, o que indica a insuficiência do sistema público de educação (MENDONÇA, 2008, p. 146). Dessa forma, a situação atraiu os esforços e investimentos protestantes, primeiro com vistas a satisfazer, no âmbito interno, às necessidades das famílias protestantes imigrantes para educação

6 Convencionou-se chamar "protestantismo de missão" as denominações protestantes surgidas no

Brasil desde meados do século XIX como consequência de atividade missionária desenvolvida nos Estados Unidos da América do Norte.

7O “movimento millerita” foi um movimento iniciado por um fazendeiro batista chamado William Miller

(27)

de filhos; e no âmbito externo, para fins evangelísticos, tendo em vista que a falta de instrução também seria um empecilho ao aprendizado da doutrina protestante, fundamentado na leitura do texto sagrado. Mendonça (2008, p. 110) ressalta:

é muito pouco provável que as missões protestantes tenham conseguido introduzir a Bíblia como leitura habitual na sociedade brasileira, havia obstáculos quase intransponíveis, desde os oficiais até o analfabetismo da população. Daí ser difícil a compreensão do esforço tão grande desses missionários educadores, que davam instrução e, ao mesmo tempo, pregavam sua fé e ideologia através do livro que era, para eles, “a única regra de fé e prática”, um dos princípios da Reforma.

Portanto, na visão protestante, a educação era indispensável ao desenvolvimento e manutenção da religião. Assim, se consideradas em conjunto, educação e religião são “duas forças indispensáveis para que uma sociedade viva

em harmonia e segurança” (SCHULZ, 2002, p. 32), pois as mudanças que o protestantismo entendia serem necessárias no indivíduo e na sociedade seriam mais facilmente concretizadas por meio da atuação das duas forças aliadas.

É possível também constatar que as denominações do protestantismo estadunidense foram as que trouxeram maior influência à sociedade brasileira, especialmente no que se refere à educação, pois esta era identificada como

“estratégia missionária” (MENDONÇA, 2008, p. 161), indispensável para o alcance dos objetivos protestantes de conversão pessoal e de civilização cristã no meio social. Nesse contexto, é importante estar atento à constatação de Crabtree (1962, p. 125) sobre a importância da educação protestante frente ao catolicismo dominante:

É simplesmente impossível que a religião evangélica concorra com o catolicismo sem se munir do poder e da influência da educação. Cada sistema tem a sua ideologia e as suas vantagens. Nós, evangélicos, estamos plenamente convencidos da superioridade de nossos ideais, mas o povo culto em geral não aceita o evangelho, antes de ficar convencido da cultura evangélica. É justamente no campo da educação que o evangelho produz os seus frutos seletos e superiores, homens preparados para falar com poder à consciência nacional.

(28)

implantadas. Este novo modelo educacional teve sucesso, na visão de Calvani (2009, p. 60), pelo contraste em relação ao sistema educacional brasileiro ainda precário na época, tendo grande receptividade em algumas camadas sociais que enxergavam na situação de Estados Unidos e Inglaterra como ideais para o Brasil. Além disso, segundo Ramalho (1975, p. 73), a receptividade se deu em virtude da estrutura socioeconômica do Brasil, recebendo influência mais direta do capitalismo, o surto modernizador, crescente urbanização e um conjunto de ações e valores protestantes como opção aos valores predominantes até aquele momento.

Nesse sentido, vale considerar a análise de Piedra (2006, p. 18):

Os defensores da causa protestante na América Latina optaram por exaltar as vantagens econômicas desses países para as nações que apoiariam a evangelização, depois de perceber que a denúncia dos defeitos da Igreja Católica não era razão suficiente para atrair apoio.

Por outro lado, vale ainda ressaltar que, cientes da realidade precária da zona rural no atendimento das necessidades educacionais pelo antigo sistema educacional, os investimentos e esforços educacionais protestantes começaram nessa região, visando suprir tais carências (MENDONÇA, 2008, p. 148).

Assim, é possível afirmar que na parte final do período imperial8 os protestantes deram início ao sistema educacional que se firmou no país de maneira definitiva, embora já existissem protestantes há vários anos no país. Portanto, não obstante à existência de protestantes de diversas denominações estabelecidos no Brasil, da primeira década do século XIX até a última parte deste século o fluxo se intensificou, sempre com uma prática missionária dupla: construir igrejas e escolas, ou “evangelizar e educar”. Como o livro e o discurso estão sempre presentes na prática religiosa protestante, não é difícil “concluir que a evolução do protestantismo depende, em grande dose, da alfabetização de seus adeptos atuais e, em potencial, a criança” (MENDONÇA, 1995, p. 99).

Dreher (2003) assegura que essa prática religiosa/educacional pode ser encontrada entre os metodistas, presbiterianos, batistas, congregacionalistas,

8 Ferreira (2010, p. 34-35) informa que em 1870, os presbiterianos fundaram em São Paulo a Escola

(29)

anglicanos e também entre adventistas, denominações consideradas como

“protestantismo de missão”. A prática resultou no “surgimento de dezenas de

escolas de ensino fundamental e médio, nos mais longínquos recantos brasileiros,

bem como em cidades estratégicas no contexto do desenvolvimento nacional”

(HACK, 2003, p. 17).

A patir deste panorama religioso do final do século XIX, é possível vislumbrar, portanto, a entrada e expansão da Igreja Adventista do Sétimo Dia na classificação de protestantismo de missão (SCHÜNEMANN, 2002; MARTINS, 2014), pois é um

“típico produto do protestantismo estadunidense” (SCHÜNEMANN, 2002, p. 154), diferenciando-se das outras denominações protestantes já sedimentadas na sociedade brasileira desde as décadas de 1850 e 1860. Os adventistas só chegaram a este país em meados da década de 1890, primeiros anos do período republicano.

1.1.1 Apontamentos de educação protestante a partir do período republicano

A proclamação da República no final de 1889 parece ter sido um fator positivo, especialmente para os protestantes. A República herdou do período imperial uma Igreja Católica que, antes hegemônica, começava a dividir espaço com o protestantismo.

O governo provisório decretou9, em janeiro de 1890, a separação entre Igreja e Estado. Mendonça (2003, p. 151) compreende que este decreto apresentou “o

9 Decreto 119-A, de 7 de janeiro de 1890:

Art. 1º E' prohibido á autoridade federal, assim como á dos Estados federados, expedir leis, regulamentos, ou actos administrativos, estabelecendo alguma religião, ou vedando-a, e crear differenças entre os habitantes do paiz, ou nos serviços sustentados á custa do orçamento, por motivo de crenças, ou opiniões philosophicas ou religiosas.

Art. 2º a todas as confissões religiosas pertence por igual a faculdade de exercerem o seu culto, regerem-se segundo a sua fé e não serem contrariadas nos actos particulares ou publicos, que interessem o exercicio deste decreto.

Art. 3º A liberdade aqui instituida abrange não só os individuos nos actos individuaes, sinão tabem as igrejas, associações e institutos em que se acharem agremiados; cabendo a todos o pleno direito de se constituirem e viverem collectivamente, segundo o seu credo e a sua disciplina, sem intervenção do poder publico.

Art. 4º Fica extincto o padroado com todas as suas instituições, recursos e prerogativas.

(30)

esgarçamento sensível das relações entre ambas as instituições”, pois aboliu o

padroado com todas as suas instituições, recursos e prerrogativas, proibiu ao Estado legislar sobre religião, além de ter concedido a todas as confissões religiosas:

o direito ao exercício de seu culto, sem obstáculos aos seus atos particulares ou públicos, assegurando a liberdade religiosa, não só aos indivíduos, isoladamente considerados, mas ainda às igrejas que os unem numa mesma comunhão, estabelecendo a personalidade jurídica para todas as igrejas e comunhões religiosas e mantendo a cada uma o domínio de seus bens (MARIA,1981, p. 103).

Tais mudanças atenderam certamente aos anseios protestantes. Além de estabelecer a laicidade do Estado, bem como a não obrigatoriedade do ensino religioso nas instituições educativas estatais. Ademais, o movimento republicano popularizou a educação, já que para seus defensores a democracia somente se realizaria e se desenvolveria se a educação se tornasse acessível. Por isso, pode-se afirmar que o processo de democratização do ensino deu seus primeiros passos neste período:

desde o início da República, foram somados esforços no sentido de transformar a antiga ideia aristocrática da educação, destinada a uma minoria privilegiada, para ideias da oportunidade educacional, dirigida aos filhos de todas as famílias, em todo o território nacional. As escolas protestantes, organizadas no Segundo Reinado, esposaram as ideias de uma educação popular e, em seus princípios educacionais, sempre defenderam uma pedagogia que valorizasse o aluno (HACK, 2000, p. 101).

É possível perceber claramente em Mendonça (2003, p. 145) que o fato de o protestantismo ter suas bases na tradição liberal, democrática e republicana, facilitou no aproveitamento do ambiente de tolerância já garantida desde a Constituição Imperial de 1824. Além desta sensibilidade à situação política brasileira, Mendonça (2003, p. 151) assevera que

há vários registros de que os filhos de protestantes sofriam constrangimentos nas escolas, o que justificou, como no caso da fundação da Escola Americana em São Paulo, a criação de escolas paroquiais ao lado das igrejas. É certo que havia outras razões para

Art. 6º O Governo Federal continúa a prover á congrua, sustentação dos actuaes serventuarios do culto catholico e subvencionará por anno as cadeiras dos seminarios; ficando livre a cada Estado o arbitrio de manter os futuros ministros desse ou de outro culto, sem contravenção do disposto nos artigos antecedentes.

(31)

isso, como a necessidade de alfabetizar para que as crianças começassem logo a ler a Bíblia, mas num espaço em que imperavam direitos religiosos que se sobrepunham aos civis, como na família, na educação, na doença e na morte, os constrangimentos por parte dos que professavam outra religião eram inevitáveis, para não dizer normais.

Além dos elementos internos mencionados, as escolas confessionais protestantes tiveram, no regime republicano, um elemento externo para rápido avanço, alcançando destaque junto ao movimento renovador que emergia em solo brasileiro. O motivo desse rápido crescimento, de acordo Bencostta (1996, p. 30), era o desejo de uma “sociedade que se demonstra ávida pelo progresso e com uma

forte tendência para aceitar inovações culturais comuns às civilizações europeias e norte-americanas”. Hack (2000, p. 11) confirma que

a separação Igreja e Estado, com as suas consequências – liberdade de culto e de crenças e laicidade da escola pública – contribuíram para esse desenvolvimento, não só no crescimento numérico das escolas protestantes, mas também na qualidade das instalações, dos métodos pedagógicos e no trabalho educativo.

Assim, contribuíram para este novo cenário de expansão protestante: a pregação aliada à educação, a compreensão de sua missão evangelizadora, o aproveitamento da crescente tolerância, bem como a busca por atender às necessidades educacionais de seus filhos que no ambiente público eram constrangidos e recebiam retaliações.

A inserção, desenvolvimento e expansão do adventismo, foram também beneficiados diretamente pelo contexto republicano acima explicitado, utilizando-se também do binômio pregação/evangelização em sua prática.

1.2 DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO PROTESTANTE ADVENTISTA NO MUNDO

O fato da IASD ser classificada como uma denominação protestante pode sugerir, à primeira vista, que a educação adventista foi uma preocupação central desde os primórdios da denominação. Entretanto, Knight (2004, p. 23) informa que a

educação formal foi “o último desenvolvimento institucional significativo dentro da

(32)

e em 1866 pela obra médica. Somente em 187210 a primeira escola foi organizada

formalmente pela IASD, na cidade de Battle Creek, estado norte-americano de Michigan. Mas essa tardança no desenvolvimento se deu especialmente ao período em que a denominação precisava estabelecer um processo de formação de nova liderança.

Os primeiros passos da educação adventista foram lentos, pois quase duas décadas depois, no ano de 1890, a igreja, em nível mundial, contava apenas com

“seis escolas fundamentais, cinco escolas secundárias e duas instituições que

pretensiosamente usavam o nome de „faculdade‟” (KNIGHT, 2004, p. 23). A explicação para a tardança até os primeiros investimentos, e letargia no desenvolvimento institucional, é encontrada no milenarismo dominante à época, visto que para os primeiros adventistas “não fazia sentido enviar seus filhos à

escola” (GONÇALVES, 2009, p. 26), pois o fim era iminente.

Nas décadas seguintes, o processo expansionista da educação adventista se deu de forma acelerada, a ponto de em 1900 a IASD já contar com 220 escolas de ensino fundamental e um sistema composto por 25 escolas de nível secundário ou superior (KNIGHT, 2004, p. 23), prosseguindo rapidamente na primeira década do século XX, conforme gráfico 1:

Gráfico 1 - Expansão mundial da rede adventista de educação (1872-1910)

Fonte: (KNIGHT, 2004, p. 24)

10 Ataides (2011, p. 50) informa que a primeira escola paroquial surgiu em 1858, organizada pela

igreja que ainda não dispunha de uma organização formal. Vale dizer, foi criada antes de ser criada oficialmente a IASD, o que só veio a acontecer em 1863.

1 1 2 6 16 19

245

463

630

0 100 200 300 400 500 600 700

1872 1875 1880 1885 1890 1895 1900 1905 1910

(33)

Entretanto, Knight (2004, p. 34) afirma que a atitude da IASD em relação à educação teve mudança ainda mais profunda no transcorrer do século XX, quando passaram de 1.977 escolas fundamentais e 201 secundárias e faculdades por volta de 1930, para cerca 4.301 escolas fundamentais, 775 escolas secundárias e 83 faculdades e universidades em menos de 70 anos (KNIGHT, 2004, p. 24).

Gráfico 2 - Desenvolvimento mundial da educação adventista (1930 e 1988)

Fonte: Knight (2004, p. 34)

Algumas razões para esta mudança de compreensão e de prática são identificadas por Knight (2004, p. 26-28), como: a necessidade de professores para atender ao crescimento das escolas fundamentais; a convicção de que cada jovem adventista deveria ter uma educação cristã; reavivamento espiritual da denominação; e desenvolvimento do programa missionário da IASD,11 que resultou numa crescente necessidade de preparo para o serviço missionário que, como será apresentado, alcançou o Brasil no desfecho do século XIX com suas igrejas e escolas que, atualmente, exercem importante papel no cenário da educação particular brasileira.

11 A liderança denominacional adventista tinha como interesse principal o preparo dos obreiros,

concedendo-lhes ferramentas culturais: o conhecimento de línguas para uma igreja que desejava se expandir, mas o alcance desse objetivo demandava uma educação adequada para as crianças, desde o ensino primário preservadas da exposição à zombaria provocada pelas suas crenças e da degradação moral que observavam nos alunos das escolas públicas nos Estados Unidos, de forma que além de favorecerem o crescimento institucional, as escolas deveriam estar voltadas para a defesa de princípios defendidos pelos adventistas (SCHWARZ e GREENLEAF, 2009, p. 116, 121).

1.977

4301

201

775

83

0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000

1930 1988

(34)

1.2.1 Educação protestante adventista no Brasil

Conforme já mencionado neste trabalho12, a prática protestante consistia na

construção concomitante de igrejas e escolas. No ano de 1895, a IASD realizou o batismo de seu primeiro membro brasileiro, na cidade de Piracicaba, SP. No ano seguinte, 1896, este membro por nome Guilherme Stein Jr. tornou-se diretor do

denominado “Colégio Internacional”,13 que começou a funcionar naquele ano em

Curitiba, PR.

Figura 1 - Fachada do prédio escolar onde se iniciaram as atividades do Colégio Internacional de Curitiba, PR

Fonte: (MENSLIN, 2015, p. 83)

Schünemann (2008) adverte que “a rigor não era um colégio adventista, mas sim um colégio formado por alguns membros e sem participação direta da IASD”.

Assim, esta primeira escola confessional adventista não possuía vínculos administrativos com a denominação adventista, somente aplicando sua filosofia. Esta escola funcionou entre os anos de 1896-1903 com êxito, chegando a ter mais de 400 alunos matriculados por ano. Vale registrar que nessa primeira escola

12 Ver parte final do item 1.1 (p. 28).

13 Para compreensão aprofundada sobre esta instituição ver os estudos de Grosss (1996) e Mesquida

(35)

“adventista” a maioria destes alunos não professava o adventismo (HOSOKAWA, 2001, p. 61).

Entretanto, a primeira instituição efetivamente subsidiada pela IASD, surgiu no ano de 1897, com a fundação da “Escola Missionária” em Gaspar Alto, perto de

Brusque, SC, com o objetivo de preparar missionários e obreiros para a igreja. Todavia, por estar situada em um local de difícil acesso, e pelo fato do maior número de membros da denominação estar no estado do Rio Grande do Sul, houve um forte apelo para que a escola fosse transferida para o território gaúcho. Isso ocorreu em 1903, quando a instituição foi transferida para a cidade de Taquari, 94 km distante de Porto Alegre.14

Sobre a expansão do incipiente sistema educacional adventista no Brasil, Vieira (1996, p. 18) observa:

É altamente significativo que nos primeiros três anos de existência formal da Igreja Adventista do Sétimo Dia no Brasil já estivessem funcionando duas entidades educacionais com orientação denominacional. Realmente a educação sempre foi uma preocupação fundamental inserida no contexto evangélico.

Portanto, vale destacar que entre 1896, ocasião da chegada do adventismo ao Brasil, e 1899, já estavam em funcionamento duas escolas adventistas no sul do Brasil. Esta informação pode ser melhor compreendida ao ampliar-se o alcance até o final da primeira década da presença adventista no Brasil. Roberto Azevedo (2004, p. 32) informa que o crescimento do número de escolas e igrejas, bem como de alunos e membros, era uma realidade:

Tabela 1 - Desenvolvimento do adventismo no Brasil (1906)

ESTADOS IGREJAS MEMBROS ESCOLAS ALUNOS

RS 6 444 1 15

SC 7 217 5 78

PR 5 210 3 60

SP 1 23 0 0

ES 5 176 1 25

BRASIL 24 1.070 10 178

Fonte: General Conference of SDA. In: Review and Herald, Statistic Report, 31 december 1906.

14 Ali em Taquari também foi montada a editora adventista em 1905, para impressão dos materiais

(36)

Os líderes da IASD, portanto, tinham a compreensão de que a educação era um importante método para inserção e manutenção dos ideais adventistas, visto que, em essência, seguia-se a prática do conselho de uma pioneira denominacional, Ellen G. White afirmou que “em todas as nossas igrejas deve haver escolas”

(WHITE, 2009, p. 150).

A explicação para esta ênfase educacional da IASD no Brasil é identificada por Hosokawa (2001, p. 62) na herança europeia (origem dos imigrantes convertidos) e estadunidense (origem da denominação):

a ênfase educacional dos adventistas nos Estados Unidos contagiou a igreja em todo o mundo, mas teve significativo impacto no Brasil, onde o grupo, que recebeu inicialmente a mensagem adventista, provinha de uma cultura de valorização da educação herdada das tradições luterana e alemã cujas escolas eram bem difundidas na Alemanha no início do século XIX.

Dessa forma, é possível perceber que a região sul do Brasil, com predominância de imigrantes europeus nesta época, proporcionou a inserção do adventismo e seu sistema educacional nos últimos anos do século XIX e início do século seguinte. Por isso, é importante considerar a análise de Schünemann (2009, p. 77) sobre os fatores para que as escolas adventistas fossem fundadas no Brasil:

a) os primeiros conversos adventistas eram de origem alemã e estavam habituados a manter suas próprias escolas comunitárias; b) a fraca presença de escolas públicas no período de inserção do Adventismo no Brasil; e c) a importância da escola paroquial para a manutenção da identidade adventista já era reconhecida entre os líderes eclesiásticos.

A partir de 1907, teve início uma mudança no perfil geográfico da IASD. Nesse ano, a administração da igreja decidiu transferir a gráfica adventista do Sul para o Sudeste, nas imediações da cidade de São Paulo, próximo à estação de trem São Bernardo (São Paulo Railway), hoje município de Santo André,15 com vistas à

melhor localização para distribuição da literatura produzida.

Em 1910 a Escola Missionária em Taquari também foi fechada, e segundo no período “entre 1911 e 1914 houve uma interrupção no funcionamento das

15 À época denominada Sociedade de Tratados do Brasil, hoje Casa Publicadora Brasileira. Em 1907

(37)

instituições adventistas educacionais para formação de missionários”, restando

apenas escolas primárias em funcionamento (PAULO AZEVEDO, 2004, p. 53). Após esse período de estagnação, houve grande progresso na abertura de escolas adventistas em todo o território brasileiro, ao ponto de serem contadas mais escolas que igrejas no período entre 1945 e o início da década seguinte. Isto representa, de acordo com Menslin (2015, p. 102), que “antes de se abrir uma nova igreja, a denominação priorizava a abertura de uma escola, por acreditar que a partir

das escolas seria mais fácil alcançar os adultos”.

Contudo, a partir da década de 1960, houve um crescimento maior em número de membros e igrejas constituídas em relação ao número de escolas e alunos matriculados, causando um descompasso, conforme tabela 2:

Tabela 2 - Relação de igrejas e escolas adventistas (1940 e 1970)

Fonte: Projeto Brasil (AZEVEDO, 1973)

No início da década de 1970, uma crise abalou o crescimento numérico da rede educacional adventista. Com a mudança radical na estrutura do ensino primário para oito séries implementada pelo Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB –

Lei nº 5692/71), ocorreu uma diminuição de 30% das unidades de ensino da rede adventista período entre 1969 e 1973, pois “muitas escolas primárias adventistas de

quatro séries, com poucas salas e área física insuficiente, não possuíam infraestrutura adequada para serem transformadas em escolas de 1° Grau completo

com oito séries” (PAULO AZEVEDO, 2004, p. 36).

A rede adventista de educação retomou o crescimento, mas surgiu outra crise na segunda parte da década de 1990, dessa vez causada por problemas econômico-financeiros e atingindo novamente a educação adventista (AZEVEDO, 2004, p. 41), conforme tabela 3:

1940 1945 1950 1955 1960 1965 1970

Igrejas 106 123 142 193 279 425 584

Membros 13.849 19.597 27.367 39.697 58.759 97.025 161.187

Escolas 94 136 165 180 244 322 321

Alunos 3.201 5.677 5.386 6.505 10.399 14.907 18.392

Escola/

(38)

Tabela 3 - Desenvolvimento da educação adventista no Brasil (1970-2003)

Educação Adventista no Brasil 1970 a 2003

Nº de Igrejas Nº de membros

Nº de Escolas

Nº de alunos

% de igrejas com escolas

1970 584 161.187 321 18.392 54,9%

1971 603 173.837 296 16.321 49%

1972 638 184.663 268 16.373 42%

1973 653 194.124 240 19.146 37%

1974 677 204.076 279 22.904 41,2%

1975 697 215.477 290 24.097 41,6%

1980 851 298.433 372 54.312 43,7%

1985 1.235 402.480 411 71.259 33,2%

1987 1.499 457.141 411 86.983 27,4%

1988 1.634 483.065 415 86.939 25,4%

1990 1.883 541.186 428 97.686 22,7%

1995 2.741 751.922 465 111.336 17%

1996 2.925 796.396 477 104.133 16,3%

1997 3.140 842.934 495 102.833 15,8%

1998 3.378 882.352 475 100.452 14%

1999 3.599 936.575 447 99.714 12,4%

2000 3.841 993.876 397 94.408 10,3%

2001 4.121 1.063.961 379 95.433 9,2%

2002 4.464 1.152.501 357 96.312 8%

2003 4.658 1.189.897 337 92.587 7,2%

Fonte: (AZEVEDO, 2004, p. 34-35)

(39)

Tabela 4 - Dados educação adventista no Brasil (2014) Nível ALUNOS DOCENTES INSTITUIÇÕES Fundamental 103.805 7.491 307

Médio16 26.302 2.334 151

Superior17 12.949 869 7

Total 153.805 7.491 314 Fonte: Divisão Sul Americana (2014)

Interessante destacar que das 307 instituições educacionais adventistas no Brasil, 78 estão localizadas no estado de Estado de São Paulo,18 representando 25,4% da rede de educação básica adventista. No que diz respeito ao Ensino Superior o estado paulista responde por 42,85% das instituições.

1.3 EDUCAÇÃO PARTICULAR NO ESTADO DE SÃO PAULO

O Estado de São Paulo possui o maior número de alunos na educação básica entre todos os estados brasileiros. Isto é possível por ser o estado mais populoso do país. De acordo com a tabela a seguir, se forem considerados e somados os níveis fundamental e médio, o Estado de São Paulo responde por 21,1% dos alunos brasileiros.

Tabela 5 - Relação São Paulo/Brasil por matrículas

NÍVEL BRASIL SÃO PAULO SÃO PAULO/BRASIL (%) Educação Básica 48.939.767 9.967.630 20,4%

Educação Infantil 7.590.600 1.931.684 25,4% Ensino Fundamental 29.069.281 5.635.164 19,4%

Ensino Médio 8.312.815 1.891.609 22,8%

Fonte: (SEESP, 2013)19

16 De acordo com os dados disponibilizados pelo site da Divisão Sul-Americana (DSA) da IASD,

somente o Estado do Piauí não possui nenhum estabelecimento da rede adventista de educação.

17 O Ensino Superior Adventista está presente em cinco Estados do Brasil: Pará, Bahia, Minas Gerais,

Paraná e São Paulo. Importa esclarecer que o Estado de São Paulo abriga o Centro Universitário Adventista de São Paulo UNASP que está dividido em 3 campus (Engenheiro Coelho, Hortolândia e São Paulo, SP).

18 Informações disponibilizadas pela União Central Brasileira (UCB) da Igreja Adventista, responsável

pelo desenvolvimento da IASD no estado de São Paulo.

(40)

Ademais, vale registrar que 20,24%20 dos estudantes da educação básica no

estado de São Paulo estudam em escolas privadas21 do território paulista, conforme

se depreende da tabela a seguir.

Tabela 6 - Matrículas na rede privada no Estado de São Paulo

Nível de Ensino Rede Privada Total % Particular/Total

Educação Infantil 633.871 1.931.684 32,81%

Ensino Fundamental 1.005.399 5.635.164 17,84%

Ensino Médio 275.975 1.891.609 14,59%

Fonte: (SEESP, 2013)22

Outro dado que chama a atenção diz respeito ao desenvolvimento das matrículas nas escolas privadas paulistas. Elas seguem ritmo de crescimento inverso ao das instituições públicas de mesmos níveis de ensino no estado de São Paulo ao apresentarem constante crescimento nos últimos anos: as escolas públicas paulistas perderam 7,5% de alunos no acumulado de 2009 a 2012, enquanto no mesmo período os estabelecimentos de ensino particulares acumularam crescimento de 8,7% no número de matrículas, conforme gráficos 3 e 4:

Gráfico 3 - Matrículas no ensino fundamental em São Paulo (2002-2013)

Fonte: SEESP (2013)

20 Neste item, o estado paulista tem a 3ª maior percentagem de alunos de Ensino Médio em escolas

particulares, ficando atrás de Distrito Federal (26,2%) e Rio de Janeiro (22%), de acordo com MEC / INEP Censo Escolar 2013.

21 No Brasil, a legislação estipula que as instituições privadas de ensino são enquadradas em quatro

categorias: particulares, comunitárias, confessionais e filantrópicas.

22 Informações completas são obtidas em: <http://bit.ly/1MknMzz>, acessado em 12 de janeiro de

2015.

5.220,71 5.187,92

4.629.77

773,172 829,661 1.005,40

0,00 1.000,00 2.000,00 3.000,00 4.000,00 5.000,00 6.000,00

2002 2007 2013

(41)

Gráfico 4 - Matrículas no ensino médio em São Paulo (2002-2013)

Fonte: SEESP (2013)

Constata-se que o ensino básico privado vem crescendo em São Paulo. Todavia, isto não tem ocorrido de maneira equilibrada entre as regiões, de acordo com os dados apresentados na tabela 7:

Tabela 7 - Participação da rede privada sobre o total de matrículas nos ensinos fundamental e médio, segundo porte populacional dos municípios

Porte dos municípios (em mil hab.)

Ensino Fundamental Ensino Médio Participação

(%) Crescimento participação entre 2002/2013

Participação

(%) participação entre Crescimento 2002/2013

Até 20 9,9% 3,9% 13,1% 4,2%

Mais de 20 a 50 11,9% 2,6% 11,1% 1,9%

Mais de 50 a 100 15,8% 3,7% 14,5% 2,0%

Mais de 100 a 500 16,5% 3,9% 13,8% 2,1%

Mais de 500 22,2% 6,5% 19,8% 2,1%

Capital 24,4% 7,2% 17,6% 1,7%

Fonte: (SEADE, 2014)

Para os fins propostos para esta pesquisa, a Tabela 8 mostra a participação da rede privada, segundo a renda domiciliar per capita média dos municípios. Naqueles onde a renda per capita era de até R$ 500, as escolas particulares respondiam por pouco mais de 5% das matrículas dos ensinos fundamental e médio

1.796,01

1.496.149 1.615.134

269,261 227,343 275,975

0,00 200,00 400,00 600,00 800,00 1.000,00 1.200,00 1.400,00 1.600,00 1.800,00 2.000,00

2002 2007 2013

Imagem

Figura 1 - Fachada do prédio escolar onde se iniciaram as atividades do Colégio  Internacional de Curitiba, PR
Tabela 9 - Participação da rede privada sobre o total de matrículas nos ensinos fundamental  e médio, segundo Ideb dos municípios
Tabela 12 - Evolução da educação adventista no Estado de São Paulo: unidades escolares  Ano  Unidades  Professores  Alunos
Tabela 13 - População, Área e densidade demográfica dos municípios (2014)  Município  População  Área  Densidade Demográfica
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Referências

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