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CAPÍTULO 3 O ENSINO RELIGIOSO ADVENTISTA E A DIVERSIDADE RELIGIOSA

3.4 DIVERSIDADE RELIGIOSA DISCENTE E O AMBIENTE ESCOLAR

3.4.2 Capelania Escolar

Em todos os colégios estudados existe a presença de um pastor102 adventista

de dedicação integral mantido financeiramente pela organização mantenedora da denominação, denominado como “capelão”, por ser o responsável pela capelania escolar. Entre as atividades103 sob a responsabilidade do pastor capelão, como

aconselhamento, visitas a pais, alunos, professores e funcionários, promover ações religiosas no ambiente escolar está previsto que o pastor capelão é responsável por preparar e organizar as aulas da disciplina de Cultura Geral, comumente conhecida no ambiente escolar como “aula de capela” ou “Princípios de Vida”.104

Em todos os colégios esta disciplina utiliza 1h/aula por semana que, assim como as aulas de Ensino Religioso, é de frequência obrigatória por parte de todos os discentes indistintamente, com apoio em entrevistas com os pastores capelães e diretores, que apresentam temas como, a título de exemplo: hábitos saudáveis, campanhas contra bullying, drogas, sexualidade, família, atualidades, anorexia, bulimia, escolha de profissões, sempre sob o ponto de vista valores sociais e cristãos. Esta aula é realizada em um auditório para os alunos do Ensino Médio em conjunto, isto é, neste período estão juntas as turmas de 1º, 2º e 3º anos.105

101 Entre os que manifestaram esta declaração, 13% se declaram Adventistas do Sétimo Dia.

102 Um pastor adventista necessariamente possui formação em Teologia em alguma faculdade ou seminário mantidos pela Igreja Adventista do Sétimo Dia.

103 Relação obtida no Plano Escolar do Colégio Adventista de Diadema e também em conversas com os próprios pastores responsáveis pela capelania.

104

No Plano Escolar do Colégio Adventista de Diadema, estão escritos os dois títulos “Cultura Geral” e “Princípios de Vida”. Nos demais colégios, o nome oficial é apenas “Cultura Geral”.

105 Não sao somente os alunos de Ensino Médio que tem esta disciplina. Ela está presente também no currículo dos alunos do Ensino Fundamental I (que tem a aula em outro momento) e em outro momento diferente destes mencionados ocorre a aula do Ensino Fundamental II.

Quanto a estas aulas de cultura geral também foram expressas informações interessantes por parte dos alunos, visto que, não obstante serem temas religiosos em todas as aulas, sempre o cristianismo é utilizado como pano de fundo.

Tabela 41 – Pontos positivos da Disciplina Cultura Geral

Média Geral (N=419)

Músicas e louvores 9,45% (40)

Temas atuais e interessantes 24,87% (104)

Relaxa, descansa 5,97% (25)

Oração, comunhão e reflexão 7,71% (32) Participação dos alunos 9,15% (39)

Socialização 3,98% (17)

Lições de vida 10,37% (43)

Outros Diversos 7,88% (33)

Nenhum ponto positivo 20,39% (86) Fonte: Pesquisa de campo

Com supedâneo nos dados apresentados pelos discentes pesquisados, constata-se que os temas, conteúdos ensinados são o ponto mais positivo na visão dos alunos. Isto pode ser visto de forma coerente com a informação de que a participação dos alunos é vista de maneira relevante (9,45%). Os alunos participam de peças teatrais e gincanas, e se envolvem com momentos de canto e louvores coletivos (9,45%).

O aspecto religioso também é notório nas informações apresentadas pelos alunos, pois enfatizam momentos de oração e reflexão como pontos altos da aula de cultura geral, assim como apresentações de testemunhos que são verdadeiras lições de vida (10,37%) para os alunos.

Por outro lado, é significativo também destacar o percentual (20,39% em média) de alunos que afirmaram não encontrar nenhum aspecto positivo nestas aulas, indicando certo grau de indiferença quanto a estas mencionadas aulas. Todavia, após um balanço, a análise das aulas de cultura geral é mais positiva que negativa, pois em média 42,97% (tabela 42) dos alunos declaram não ter pontos críticos ou negativos a mencionar, o que sugere certo grau de satisfação com as aulas ou, minimamente, não são evidentes os pontos negativos para este grupo. A

partir das informações fornecidas pela Tabela 42, nota-se também que em Diadema, 60% dos alunos não informaram descontentamento com algum aspecto das aulas da referida disciplina. Em São Caetano do Sul, por outro lado, o índice de alunos que entendem não haver pontos negativos a serem destacados, não alcança ¼ dos discentes (22,50%).

Tabela 42 – Pontos negativos da Disciplina Cultura Geral

Média Geral (N=419)

Assuntos desatualizados 12,35% (52) Temas repetitivos 7,02% (29) Louvores repetitivos e chatos 8,14% (34)

Cansativas 5,89% (25)

Proselitista 5,89% (25) Substitui disciplina importante 4,49 (19) Outros aspectos 13,25% (55)

Nenhum 42,97% (180)

Fonte: Pesquisa de campo

Quanto aos aspectos negativos mais repetidos pelos alunos pesquisados, pode-se mencionar a insatisfação dos alunos de parte dos alunos (19,33%) em relação aos temas e assuntos presentados. Por meios de frases como “assuntos nada a ver”, “os temas são sem lógica”, “não chamam a atenção”, “não atraem a atenção”, foi possível identificar que os alunos não se sentem alcançados pelos temas apresentados nas palestras.

Fato que merece destaque também é que a insatisfação não se origina entre alunos não adventistas. Considerando em conjunto as três unidades, fica possível perceber que os próprios alunos que se declararam adventistas apontaram para uma relação perpassada por tensões, não sendo referência apenas por parte dos alunos.

Ainda no que tange às atividades de capelania, convém observar que os alunos têm feito pouco uso dos recursos religiosos disponibilizados e mantidos pela educação adventista, quando considerado o aspecto de auxílio espiritual. Quando perguntado sobre possíveis momentos de aconselhamento ou auxílio espiritual com o pastor escolar, foi possível perceber que 21,71% dos alunos, considerando os três colégios pesquisados já fizeram uso pessoal do serviço de capelania:

Tabela 43 – Conversas e aconselhamentos pessoais com o pastor capelão

Média Geral (N=419)

SIM 21,71% (91)

NÃO 78,29% (328)

Fonte: Pesquisa de campo

O ponto a ser destacado nesta informação é que o número de alunos não- adventistas que afirma procurar o pastor capelão do colégio é bastante representativo, pois 34% dos alunos que responderam afirmativamente declararam não serem adventistas do sétimo dia.

Por fim, o último dado da pesquisa foi respondido apenas por aqueles alunos que se declararam não adventistas e referia-se a alguma ter alguma experiência de situação de incômodo ou desconforto sentido na educação adventista pelo fato simples fato de não pertencer à confissão religiosa mantenedora da instituição. E os resultados surpreenderam, ao se notar que 11,63% dos alunos que se declaram não adventistas já sentiram algum tipo de desconforto por não pertencer à igreja adventista, mantenedora do sistema educacional.

Tabela 44 – Ocorrência de situação de incômodo ou desconforto sofrido no espaço escolar

por não ser adventista

CA São Caetano do Sul (N=44/60) CA Santo André (N=155/208) CA Diadema (N=119/151) Média Geral (N=318/419) SIM 20,45% (9) 12,25% (19) 8,33% (10) 11,63% (38) NÃO 79,55% (35) 87,75% (136) 91,67% (109) 88,37% (280)

Fonte: Pesquisa de campo

Foi possível constatar ainda que somente em São Caetano do Sul, o percentual de alunos não adventistas que afirmaram em algum momento ter sentido desconforto ou incômodo pelo fato de não ser membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia é semelhante ao desconforto sentido por alunos das outras duas unidades escolares em conjunto (20,58%).

E quanto a este ponto, sem fazer distinção por escola para evitar possível identificação por parte de futuros leitores, seguem algumas descrições que chamaram a atenção:

Tabela 45 – Descrição das situações de desconforto por diversidade de crença religiosa Média Geral (N=318/419) Regras de comportamento 22,15% (70) Imposição de crença 14% (45) Exclusão social 6% (19) Regras de alimentação 18,3% (58) Donos da verdade 20,4% (65) Outras situações 19,15% (61)

Fonte: Pesquisa de campo

Pelo que se depreende dos dados acima apresentados, as situações com maior índice de repetição referem-se a regras de comportamento106 (22,15%) e de alimentação (18,3%), que são decorrentes da compreensão adventista de detentores exclusivos da verdade bíblica (20,4%). No ponto referente às crenças o que se nota é o ponto distintivo adventista quanto à observância do sábado como dia sagrado e da crença em Ellen White.

As descrições que mais chamaram a atenção foram: “me criticam por comer carne de porco”, “os livros que mandam ler falam que quem não guarda o sábado vai para o inferno”, “sou discriminado por não ser cristão e não conhecerem minha religião” “Alguns funcionários e colegas me criticam por crer em doutrinas diferentes. E querem me forçar a acreditar do jeito deles”.

Por outro lado, foram também registradas descrições de alunos que afirmaram: “Nunca me senti assim! Amo o adventismo e as pessoas que seguem essa religião. Pretendo até me tornar adepto e membro de uma igreja adventista” (aluna batista). Além disso, um aluno que se declara adventista demonstrou o espírito de preocupação com o bem-estar de alunos não adventistas, quando escreveu que “as meditações de 2014 eram inapropriadas para não adventistas, pois sempre falam de crenças adventistas e não de histórias bíblicas”.

Desse modo, foi possível por meio da apresentação de números, gráficos e tabelas referentes a cada um dos colégios pesquisados propiciar uma visão da maneira como o sistema se propõe a se relacionar com os alunos adventistas e não

adventistas e a forma como os discentes percebem o religioso no espaço escolar adventista.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Servindo-se do processo de modernidade e de seus efeitos sobre a religião e a educação protestante e a maneira como estes institutos se relacionam, é que se buscou verificar como a educação adventista, maior rede educacional protestante do país, se relaciona em seu espaço escolar confessional e marcadamente proselitista com alunos que ali chegam com crenças e descrenças diversas, a saber, notoriamente uma característica modernidade.

A problemática que motivou o presente trabalho foi entender como se dá a relação da diversidade religiosa dos alunos presentes no espaço escolar adventista. Para tanto, buscou-se primeiro delimitar como funciona a educação confessional protestante, a qual notoriamente exerce um importante papel no Brasil desde meados do século XIX e a localização do sistema de educação da Igreja Adventista do Sétimo Dia que, surgiu no Brasil no início do período republicano envolta e impulsionada pela modernidade.

O local escolhido para verificação da concretização dos pressupostos assumidos e incentivados pela modernidade foi o ABCD paulista, região que recebeu esse nome por derivação das letras iniciais das quatro cidades principais do Grande ABC, a saber: Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema. Essas cidades estão localizadas no sudeste da região metropolitana de São Paulo, região estratégica no processo de intensa urbanização e industrialização, situada ao redor da estrada de ferro Santos-Jundiaí, as vias Anchieta e Imigrantes, ligando a cidade de São Paulo ao porto de Santos. Porém, cada uma dessas cidades tem origens históricas diversas, mas com desenvolvimento industrial semelhante, centrados nas indústrias automobilísticas e metalúrgicas.

Fez parte desta pesquisa a apresentação de números, gráficos e tabelas referentes a cada uma das cidades e dos colégios adventistas que oferecem o Ensino Médio nesta região, que são os colégios adventistas estabelecidos em Diadema, Santo André e São Caetano do Sul. Assim, foi possível propiciar uma visão das ligações entre religião, educação e modernidade.

Na passagem do século XIX para o XX, avançava o processo de separação entre ações políticas e as regras morais e éticas fundamentadas na religião, por meio do processo de “desencantamento” (WEBER, 1999; PIERUCCI, 1197) e novas

configurações religiosas surgiram e a religião não desapareceu, apenas ocorre de forma diferente.

Na região do ABCD paulista, uma marca no campo religioso tem sido o crescimento do número de pessoas que se consideram “sem religião” (IBGE, 2010), indicando que o cenário anteriormente dominado pela religião passou a ser regido por outras fontes de autoridade. Assim, importante era questionar o papel desempenhado pela região no ABCD paulista e isto foi feito a partir da análise sobre diversidade religiosa em uma instituição de tradição protestante, principalmente considerando a relação no espaço escolar e não em igrejas. Foram considerados alguns elementos socioeconômicos e religiosos para descrição do perfil presente nessa relação.

Registramos que nos três colégios analisados houve participação superior a 80% dos alunos no perfil estabelecido: idade mínima de 15 anos, no 2º ou 3º ano do Ensinp Médio e que seja alunos da educação adventista há pelo menos 1 ano. Verificou-se também que os alunos que responderam ao questionário correspondem ao percentual médio de 10% de todos os alunos das três escolas escolhidas.

Menciona-se ainda que no Colégio Adventista de Diadema houve predomínio de discentes do sexo masculino que responderam ao questionário, enquanto nas unidades de São Caetano do Sul e Santo André houve predominância do sexo feminino nas respostas aos questionários. Mas foi possível perceber em números gerais equilíbrio entre os gêneros.

Chegou-se à constatação também que existem importantes relações entre aspectos do perfil socioeconômico dos alunos, como cor e raça, evidenciando que predominantemente são alunos brancos que frequentam o Ensino Médio dos colégios de Santo André e São Caetano (em ambos, mais de 65% dos alunos pesquisados se declararam brancos).

Em Diadema houve equilíbrio entre brancos (50,33%) e a soma daqueles que se declaram não-brancos. Isto chama a atenção, pois entre as cidades pesquisadas Diadema esta é a cidade com maior percentual de população não branca, além de importante percentual de alunos são residentes em bairros da periferia urbana da cidade de São Paulo.

A pesquisa também possibilitou perceber que os alunos da rede adventista de educação do ABCD paulista são nascidos majoritariamente na própria região metropolitana da cidade de São Paulo, indicando um pequeno índice de migração

entre os alunos da rede. Nesse mesmo sentido, entre os alunos pesquisados o maior percentual é residente no próprio ABCD e na cidade de São Paulo. E poucos são os alunos da região do Grande ABC paulista que estudam nestas instituições, pois possivelmente a distância dificulta um pouco mais o acesso, além da renda familiar ser inferior ao ABCD paulista. Quanto a este ponto, pode-se inferir que um aluno residente em Rio Grande da Serra ou Ribeirão Pires, a título de exemplo, teria mais dificuldades para estudar nestas instituições, pois por mais que recebesse uma bolsa de estudos teria gastos de transporte que praticamente inviabiliza o acesso.

E por falar em renda, é possível perceber que este elemento tem importante relação na análise do tema. Existe um relevante grupo de alunos que suas famílias apresentam renda elevada. Aliada à renda, foi possível verificar que a escolaridade dos pais parece puxar a expansão das matrículas na rede adventista de educação, com destaque para as famílias de classe média, cujos pais têm pelo menos o ensino médio ou superior completo. Isso pode indicar que a opção pela educação adventista pode estar associada ao fato de que pais mais escolarizados valorizam mais a educação dos filhos, levando-os a investir no serviço privado.

Ainda no que diz respeito ao perfil socioeconômico, foi possível constatar ainda que o Colégio Adventista de Santo André apresentou o maior percentual de alunos com renda familiar acima de 8 salários mínimos e também de alunos que residem em imóveis próprios de suas famílias e não alugados ou emprestados.

Quanto ao perfil religioso, foi possível constatar que de fato existe importante diversidade religiosa na composição do cenário da educação adventista no ABCD paulista, especialmente distribuído entre católicos, pentecostais, protestantes históricos e sem religião, mas também com pequena participação de grupos religiosos espíritas e de matriz africana. Mas chamou a atenção o fato de os alunos da rede adventista de educação não serem vinculados à religião professada pelos pais, pois muitos são os casos de alunos que afirmam ter crenças diversas daquelas assumidas por seus pais.

Ademais, constatou-se ainda que muitos são os alunos da educação adventista no ABCD paulista que já tiveram a experiência de trânsito religioso, além de informarem experiências de conversão. Inclusive há registros de trânsito para a confissão adventista, também influência da experiência na educação adventista.

Por fim, ainda no que diz respeito ao aspecto religioso no espaço escolar adventista, verificou-se que as aulas de Ensino Religioso e de Cultura Geral

divulgam o ideário adventista. Mas esta apresentação por vezes se demonstra invasiva à privacidade e diferenças de crenças por parte dos alunos, o que já era esperado.

Todavia, o que surpreendeu foi que muitos alunos de outras confissões religiosas afirmaram gostar das aulas dessas disciplinadas e sentirem um crescimento relevante na compreensão de assuntos bíblicos e de relevância para a fase em que vivem, enquanto alunos que se afirmam adventistas demonstram também vários aspectos de tensão na relação com o religioso apresentado no espaço escolar adventista, revelando desafios a serem analisados pela rede adventista de educação.

Assim, foi possível perceber que a educação adventista é fruto da modernidade, assim como a diversidade religiosa de seus alunos. O fato de ter características e práticas proselitistas em seu processo educacional não a torna contrária à modernidade e seus pressupostos fundamentais de liberdade de pensar e decidir independentemente. Isso é apenas parte da tensão provinda da necessidade, inerente a sua confissionalidade, de dividir princípios e valores próprios visando a serem aceitos pelos alunos não adventistas.

Dessa forma já foi possível começar um bom caminho para se entender o que esperar de resposta para nossa problemática. Como argumentamos no decorrer do trabalho, toda a pesquisa de campo seria impresendivelmente analisada a partir das construções teóricas precedentes e, como vimos, elas realmente foram importantes delimitadoras dos assuntos abordados.

Constatou-se que as práticas religiosas das escolas adventistas no ABCD paulista têm mantido suas características confessionais distintivas, apresentado tensões na relação com os alunos pertencentes a diversas tradições religiosas e, pelo que chamou a atenção, inclusive em relação a alunos que se afirmam adventistas, o que foi uma surpresa interessante e merece ser melhor pesquisada em trabalhos futuros.

Afinal, aqui pensamos na multiplicidade de religiões representadas pelos diversos alunos não adventistas e como eles se relacionam com a confessionalidade empregada em sala de aula, mas não havíamos inquerido à possibilidade de nos focar apenas no público interno, o qual, ironicamente, parece ser mais avesso aos ensinos confessionais.

Esse tipo de levantamento é interessante e deveria ser continuamente realizado pelas escolas adventistas, como forma de medir as possíveis mudanças entre os perfins socioeconômicos. Aliais, citamos cor e raça aqui apenas como guisa de rememorização e não como o único assunto pesquisado ou o mais relevante, todas as análises e descrições se mostraram muito utéis, principalmente se forem comparadas ano a ano a partir do presente trabalho.

O que não foi possível traçar na presente dissertação foi a relação entre algumas variáveis de classe, renda, sexo e suas respectivas participações na aceitação ou possível recusa às aulas de religião. Também percebemos uma importante migração de religiões no decorrer do tempo estudado pelos alunos nas respectivas escolas, é possível inferir que existe uma influência dos colégios nesse movimento, principalmente quando os alunos se tornam adventistas, mas seria necessário um maior aprofundamento dos motivos, razões e de como se deu o processo de decisão por parte desses alunos, assim como as possíveis influências nos respectivos núcleos familiares.

Assim, ao encerrar-se este trabalho de pesquisa, mesmo tendo encontrado mais perguntas do que respostas, como resta claro por meio das considerações finais, pode-se dizer que foi possível encontrar luz suficiente para compreensão da importância da educação adventista para a continuação do crescimento do adventismo no Brasil. Mesmo existindo uma presente reclamação acerca das aulas de Ensino Religioso e de Cultura Geral, ela ainda é considerada importante pela grande maioria dos alunos, mostrando que existe ali possibilidades quase infinitas de influência para essa consolidação do pensamento adventista em novas mentes.

É preciso cuidar para não se incorrer em tratamentos preconceituosos com aqueles que pensam diferentes do pensamento denominacional, provindos das mais diversas religiões. Assim como é preciso não perder de vista que a função principal da educação adentista é, em grande parte, apresentar claramente para todos os alunos que optam por estudar em seus estabelecimentos, qual sua visão orientada pelos ensinos bíblicos. Além, claro, de educar.

REFERÊNCIAS

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 5ª ed. São Paulo: Martins, Fontes, 2007.

ALENCAR, Gedeon Freire de. Assembleias brasileiras de Deus: teorização, história e tipologia – 1911 – 2011. Doutorado em Ciências da Religião. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica, 2012.

ALMEIDA, Ronaldo de; MONTERO, Paula. Transito religioso no Brasil. In: São Paulo em Perspectiva, 15(3) 2001, Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/spp/v15n3/a12v15n3.pdf., acessado em 25 de junho de