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olhar para o campo da educac¸ão física Experiência estética e formac¸ão inicial de professores:um CIÊNCIAS DO ESPORTE

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www.rbceonline.org.br

Revista Brasileira de

CIÊNCIAS DO ESPORTE

ARTIGO ORIGINAL

Experiência estética e formac ¸ão inicial de professores:

um olhar para o campo da educac ¸ão física

Jamile Dal-Cin

e Ricardo Rezer

UniversidadeComunitáriadaRegiãodeChapecó,ProgramadePós-Graduac¸ãoemEducac¸ão,Chapecó,SC,Brasil

Recebidoem5deoutubrode2016;aceitoem11dejaneirode2018 DisponívelnaInternetem24defevereirode2018

PALAVRAS-CHAVE Estética;

Educac¸ãosuperior;

Hermenêutica;

Educac¸ãofísica

Resumo Estetextotemporobjetivoapresentarcontribuic¸õesdaexperiênciaestéticapara aformac¸ãoinicial de professoresno campo daeducac¸ãofísica, apartir deum referencial hermenêutico(Gadamer,2002,2005).Noprimeiromomento,apresentamosumaaproximac¸ão comaexperiênciaestéticagadameriana.Emseguida,abordamosaexperiênciaestéticacomo horizonteparaaformac¸ãoinicialdeprofessoresdeeducac¸ãofísica.Entendemosqueaexpe- riênciaestéticapossibilitapensaremumabrireescutar,ampliarnossoshorizontesdemundo.

Ressaltamosaideiadepensaraformac¸ãoinicialdeprofessorescomoumcruzamentoentreas diferentesdimensõesdoserhumano,entreelasadimensãoestética.

©2018Col´egioBrasileirodeCiˆenciasdoEsporte.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´e umartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/

by-nc-nd/4.0/).

KEYWORDS Aesthetics;

Highereducation;

Hermeneutics;

Physicaleducation

Aesthetic experience and initial teacher education: a lookat the field of physical education

Abstract Thistextaimstopresentcontributionsofaestheticexperiencefortheinitialtraining ofteachersinthefieldofPhysicalEducation,fromahermeneuticreference,(GADAMER,2002, 2005).Atfirst,wepresentabriefapproachtoGadamer’saestheticexperience.Thenwediscuss theaestheticexperienceasahorizonfor initialtrainingofPhysicalEducationteachers.We understandthattheaestheticexperiencemakespossiblethinkofanopenandlisten,expanding ourhorizonsintheworld.Wepointouttheideaofthinkingaboutinitialteachereducationas across betweenthedifferentdimensionsofthehumanbeing,betweenthem,theaesthetic dimension.

©2018Col´egioBrasileirodeCiˆenciasdoEsporte.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Thisisan openaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http://creativecommons.org/licenses/by- nc-nd/4.0/).

Autorparacorrespondência.

E-mail:jamiledalcin@unochapeco.edu.br(J.Dal-Cin).

https://doi.org/10.1016/j.rbce.2018.01.009

0101-3289/©2018Col´egioBrasileirodeCiˆenciasdoEsporte.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigoOpenAccesssobuma licenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

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PALABRASCLAVE Estética;

Educaciónsuperior;

Hermenéutica;

Educaciónfísica

Experiencia estéticayformacióninicialdelprofesorado:unamiradaal campodela educaciónfísica

Resumen Estetextotienecomoobjetivopresentarcontribucionesdelaexperienciaestética enlaformacióninicialdelosprofesoresenelcampodelaeducaciónfísicaapartirdeunmarco hermenéutico(GADAMER,2002,2005).Primero,sepresentaunabreveaproximaciónalaexpe- rienciaestéticadeGadamer.Acontinuación,seabordalaexperienciaestéticacomoobjetivo enlaformacióninicialdelosprofesoresdeeducaciónfísica.Entendemosquelaexperiencia estéticapermitepensarenunprocesoabiertoydeescucha,loqueamplíanuestroshorizontes enelmundo.Destacamoslaideadepensarenlaformacióninicialcomounamezclaentrelas diferentesdimensionesdelserhumanoy,entreellas,ladimensiónestética.

©2018Col´egioBrasileirodeCiˆenciasdoEsporte.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Estees unart´ıculoOpenAccessbajolalicenciaCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/

by-nc-nd/4.0/).

Considerac ¸ões iniciais

Este texto tem por objetivo apresentar contribuic¸ões da experiência estética para a formac¸ão inicialde professo- res no campo da educac¸ão física (EF), a partir de uma perspectivahermenêuticafilosófica(Gadamer,2002,2005).

Primeiramente, apresentamos nossas aproximac¸ões com a questãodaexperiênciaestética,temacentralparaodesen- volvimento de nossos argumentos. No segundo momento, abordamos a experiência estética como horizonte para a formac¸ão inicial em EF, como um momento de abertura, jogo,reflexão,traduc¸ãoe diálogoquepermiteaosatores envolvidosacessar dimensõespor vezesesquecidas.Final- mente,apresentamosnossassíntesesconclusivas.

A experiência estética em Hans-Georg Gadamer

Gadamer (2005) faz uma crítica aos conceitos de ver- dade derivados de um método filosófico e justifica na experiênciadaarteaverdadeemsimesma1.SegundoLawn (2007),aarteé,muitasvezes,desprezadaaumstatusde decorac¸ão,éusadacomoentretenimentoparaavida,mas demaneiraalgumacomoumacontribuic¸ãoparaoentendi- mentodomundo.Dessamaneira,Gadamertemapretensão dedemonstrar que aarte é umaformade verdadesobre o mundo, é ela um‘‘ponto crucialde acesso àsverdades fundamentaissobre omundo e osignificado doque é ser humano’’(Lawn,2007,p.117).

1Cabeesclarecerquecompreendemosqueaexperiênciaestética émaisabrangentedoqueaarte(aarteéumexemplodeexperi- ênciaestética).Assistindoaummusical,porexemplo,podemoster umaexperiênciaestéticaemqueaarteéumdoselementos.Essa considerac¸ãovaletambémparanossarelac¸ãocomanatureza,com experiênciasdemovimento,entreoutras.Nesteartigo,baseados naobradeGadamer,trabalhamoscoma ideiadaexperiência da artecomoumaexperiênciaestética.

Segundo Lawn (2007), Gadamer trata a verdade como algo que não pode ser capturado dentro de uma estrutura teórica fixa, mas algo a ser experienciado.

O caráter dessa experiência é a sua não repetitividade, a qual chama de ‘‘experiência hermenêutica’’2. Quando fazemosuma experiência, significa que aquilo que vimos atéentãonãohavíamosvistocorretamente,adquirimosum sabermaisamploemelhorsobresimesmo(Gadamer,2005).

Assim,apartirdaexperiência,temosaaberturaaooutro, umsaberouvirooutro, significaquepodemosreconhecer e estar disposto a deixar valer ‘‘em mim’’ algo que seja contraouafavor‘‘demim’’.Apartirdisso,Gadamertrata averdadecomoumaaberturaàexperiência,aexperiência éumaformadeentendimento(Lawn,2007).

Segundo Lawn (2007), Gadamer afirma que o entendi- mento é sempre parte de um diálogo e a partir de um diálogogenuínotemosonascimentodaverdadeiraverdade.

Odiálogogenuínosecaracterizapelafaltadecompletude e incertezas, pois ninguém sabe para aonde levará, são conversasnãoplanejadasquemudamconformeo tomdas pessoasenvolvidas,semprerevelamalgosobreseuspartici- pantes.

Nessadirec¸ão,oautor,parafraseandoGadamer,nosdiz que a experiência da arte também é diálogo e se torna verdadeira pois diz algo a alguém. Por exemplo, quando nosdeparamoscomumaobradearte,inicia-seumdiálogo comoobservador,semimposic¸ãodesentidos.Nenhumdiá- logoacontecequandohá umatroca deinformac¸ões entre duasinstânciaspreviamenteconstituídas---háapenasuma aproximac¸ãosemmaioresconsequências.

Um dos principais elementos para um diálogo é que osparceirosestejam abertos à transformac¸ão a partir da

2Sob essesargumentos, trabalhamos com a ideia de quenos- sasexperiênciassãoirrepetíveis.Ouseja, nãoépossível‘‘viver denovo’’aquiloqueseviveu,massim,vivemossemprecomose fosseaprimeiravez.Nessalógica,setornaimpossível,porexemplo,

‘‘repetirmatéria’’nosespac¸osdeformac¸ão,quersejanaescolaou nauniversidade.

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escutadooutroecaso issonãoocorraporumadaspartes participantesdodiálogo,oqueseencontraéofracassodo diálogoemvirtudedediscursosfechados3.

Aexperiênciaestética, segundoGadamer(2010, p.07) é um encantamento, ‘‘a ac¸ão de se sentir tocado por algo de uma tal forma que esse algo provoca não ape- nas perturbac¸ão, confusão, perplexidade, mas também admirac¸ão,comoc¸ão,consternac¸ão’’.Oqueoautorcoloca emquestãoéacapacidadedeaexperiênciadaartecativar osujeitodemodoqueelesesintatomado porela,jáque aexperiênciadaartenãocompreendesomenteumsentido cognoscível.

ParaGadamer(2005),oqueévivenciadoesteticamente sedistanciadetodososnexoscomarealidade,fazpresente umariquezadesentidosesignificadosquenãopertencea algoespecífico,masrepresentaotododosentidodavida.A artenosdizalgo,confronta-nos,podesemostrarcomouma descoberta.Portanto,Gadamerafirmaquecompreendero queumaobradeartedizaalguéméumencontroconsigo mesmo.‘‘Aexperiência daarteéexperiênciaem umsen- tidoautênticoesempretemdedominarnovamenteatarefa apresentada pela experiência: integrá-la no todo dapró- priaorientac¸ãopelomundoedaprópriaautocompreensão’’

(Gadamer,2010,p.07)eissoconstituialinguagemdaarte, ofatodesuafalaconseguiralcanc¸araautocompreensãode cadaum.

Alinguagemque aobradearteapresentatemexcesso desentido,poisnelarepousaumainesgotávelconceituac¸ão.

ParaGadamer(2010),valeressaltarsobreaarte,queelanão chegaanósapenascomo umapercepc¸ãoalegreoutriste.

Dessaforma,aartedizalgoacadaumnamedidaemque revelaaquilo que estava oculto,é uma experiência esté- ticaque transformaaqueleque aexperimenta, na qualo sujeitoexperimenta-seasimesmo,torna-seconscientede suafinitudenamedidaemquesedeparaconsigopróprio.

Apartir daexperiência, dodiálogoedaartecomo um entendimentodemundoedeverdade,Gadamerapresentao conceitodejogocomofiocondutordaexperiênciaestética.

Quandonosdeparamoscomumaobradearte,jogamoscom ela e deixamos nos levar pelo que ela tem a nos dizer e revelar.Cada obra deixa umespac¸o para que aqueleque entra em seu jogo o preencha. Assim, inicia-se umjogo, quandosomostocadoseagimosdeoutraforma.

Duranteojogo,nosdeparamoscomomovimentodevai- vémquenãotemalvoquepossaterminá-lo,masserenova emconstanterepetic¸ão.Paraqueojogoacontec¸a,éneces- sárioqueexistasempre alioutro elementoque ojogador possajogar.Lawn (2007)afirma queGadamer entra nessa noc¸ão devaivémporque ela revelaalgosobre anatureza daartecomoincompletáveleincompleta.Osignificadodo trabalhocomartenuncatemumfim,assimcomoumjogo quenuncaatingesuaverdadeirafinalidade,‘‘ojogo pode sempreserjogadonovamenteeosjogadoressempreserão atraídospelosseushorizontes’’(p.123).

3Segundo Flickinger (2014), Gadamer destaca o diálogo vivo, comoumespac¸odeexcelênciadaexperiênciapessoal.Porém,não sãotodosostiposdecomunicac¸ãoverbalquerepresentamessetipo dediálogo,algunsdelesservemapenasparaalcanc¸arobjetivospre- determinados.Comoexemploscitamososinterrogatóriosjurídicos, aconversac¸ãoterapêuticaeanegociac¸ãoentrecomerciantes.

Nodecorrerdojogosomoslevadosaescolherporumaou outrapossibilidadequedelineiaomodocomoojogoaconte- cerá,desfrutandodeumaliberdadededecisãoqueexpõeo jogadoracorrerriscos.Oquetemosemmeioaojogoéuma experiênciadeliberdadenumcamponoqualsurgemregras e possibilidades incessantemente.Apartirdele, abrem-se espac¸osquepotencializamo enriquecimentoe aprofunda- mentodacompreensão.

Gadamer(2010)afirmaqueatravésdasconfigurac¸õesdo jogo conseguimos penetrar todasas ordens denossa vida social,atravessaretnias,níveisculturaiseclasses,poisessas configurac¸õesdenossojogarsãoformac¸õesvindasdenossa liberdade.Ojogoqueaartenosproporcionaémuitomais doqueumespelhonoqualolhamosparanósmesmos,pois atravésdele,dojogo,olhamos comestranhamentoparao queacontececonosco.

Através desses elementos, visualizamos a experiência estéticacomoumaformadeampliarnossavisãoparauma formac¸ãoque permita umcruzamentoestreasdiferentes dimensões do ser humano, razão, sensibilidade, criativi- dade, espiritualidade. No próximo tópico desenvolvemos aproximac¸õesentrea experiência estética gadamerianae aformac¸ãoinicialdeprofessoresnocampodaEF.

A experiência estética como horizonte para a formac ¸ão inicial em educac ¸ão física

Partimos dopressupostode quea experiênciaestética no processo de formac¸ão inicial de professores se apresenta como uma maneira de realc¸ar as percepc¸ões e a sensibi- lidade decada sujeito. Tambémressaltamos que,abrindo espac¸os para a dimensão estética, mergulhamos em nós mesmos,numencontrocomnossopróprioeu.Dessaforma, nosvalemosdoquestionamentodeGadamer:‘‘Diantedessa arte que repele todas as possibilidades de compreensão dotipotradicional, comodevemosnosorientarnopensa- mento?’’(Gadamer,2010,p.12).

Nessadirec¸ão,poderíamospensaraformac¸ãoinicialem EFcomoumaobradearte?Oselementosapresentadosneste tópico e no anterior poderiam representar um horizonte paraaformac¸ãoinicial?Anossover,opensamentodeGada- mersecolocacomoumapossibilidadeplausívelfrenteaos desafios contemporâneosda formac¸ão inicial. Nessecaso, a experiência estética poderia(ainda) se constituir como umimportantemomentoformativo,quenecessitademaior cultivonoscontextosdaeducac¸ãosuperior.

OtrabalhodeEusseetal.(2016)contribuiparaoenfren- tamentodequestõescomo essas.Osautoresestabelecem umdiálogoentreaarte,aeducac¸ãoeaEF(porconsequên- cia,comafilosofia),natentativadeabrirumcaminhopara além do paradigma dominante da racionalidade técnico- -instrumental, discutem a ideia do professor como um artista.

Ao produzir seus argumentos conclusivos, os autores apontam para algumaslimitac¸ões. Nesse movimento, não desconsideramqueaescolacontemporâneaapresentalimi- tes significativos na potencializac¸ão das possibilidades do encontro,dodiálogo---issoseestendecertamente paraa universidade.Aotrabalharcomaideiadequeoprofessor- -artista cria a prática pedagógica como obra de arte, reconhecemqueaformac¸ãosópodeserpossívelnaabertura

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edisposic¸ãodoaluno-espectador.Mesmoassim,reafirmam aimportânciadaformac¸ãoculturalalargada,quepermitaa aberturadediálogodoalunocomoprofessorartista4.Outra limitac¸ãoapontadapelosautoresserefereaocontroleeà dificuldadecomaliberdadedacriac¸ão,porpartedoprofes- sor,emumsistemaescolarbastantefechado---nessecaso, reconhecemque o ‘‘sistema’’ impõefortesrestric¸ões aos

‘‘criadores’’(Eusseetal.,2016,p.17).

Porém,se considerarmosquea experiênciaestética se apresenta como uma abertura ao estranho, percebem-se enquanto sujeitos dialógicos e relacionais, amplia nossa capacidade de visão e compreensão sobre o mundo, no qualo conhecimentopossaserevestirdeoutrossentidos, nos parece um desafio a ser enfrentado nos espac¸os de formac¸ão, no caso em teladeste texto, na formac¸ão ini- cialemEF.Aexperiênciaestéticaévivida,entreoutros,no encontrodosujeito com a obrade arte,que oexpõe um impulsoinstigadorprovenientedesseencontro.

Aexperiênciaqueaobradeartenosproporcionaécar- regada desentidos, e paraGadamer (2010) o que a obra deartedizéexpressamentedirigidoaumapessoa.Assim, de maneiraarrebatadora, surge a tarefade compreendê- -laetorná-lacompreensívelemperspectivaprópria.Aarte noslevaainesgotáveispossibilidadesdecompreensão,pois cadavezquenoscolocamosdiantedelaainterpretamosde maneiradiferente.Averdadequeaartenospermiteconhe- cersedádeacordocomsuaespecificidade,éumjogode descobrimentodoser,promove novossentidos,impede-se desetornarumaverdadeabsoluta.Umespac¸odeentregae demora,noqualcorreremosoriscodenosperdermospara nosencontrarmosnaobra.

Dessa forma,a experiência estética possibilitano pro- cessodeformac¸ãoinicialevidenciarumolharsensívelsobre asac¸ões e ossaberes pedagógicos necessárioà docência, adentra-se em dimensões não alcanc¸adas exclusivamente pela razão. Entendemos que, na maioria das vezes, nos preocupamos em ensinar quase que exclusivamente por intermédiodarazão,porémexistemsaberesevaloresque nãoseencontramnaracionalidade(semserirracionais),e é aquiqueaexperiência estéticase apresentacomo uma verdadeexperienciadaquenãoseprendeaumabaseteó- rica.SegundoFlickinger(2014),Gadamercompreendeuque nemamelhorexplicac¸ãosobreumaobradearteécapazde descrevê-laedesvendarafascinac¸ãoqueelaprovocasobre nós,percebeuqueexistemoutrasformasdeconhecimento capazesdesustentaroinexplicávelqueexisteemumaobra.

EocampodaEFéextremamentefecundoparatalempre- endimento,mesmoreconhecendoasdificuldadesdediálogo entreprofessorealunoeasrestric¸õesnormativasque,por vezes, obliteram nossa capacidade de criac¸ão, tal como sereferemEusse,Bracht eQuintãodeAlmeida(2016).As aproximac¸õescomojogo,oesporte,aginástica,adanc¸a,

4Nessecaso,concordandocomosautores,odiálogogenuínose constituicomoumauniãodehorizontes(emumalinguagemgada- meriana,umafusãodehorizontes), emquecadainterlocutorse movimentacomsuaperspectivademundo,queseaproximaese fundecomasdeoutrospormeiododiálogo---oquepossibilitase transformaremumnovohorizonte.Casocontrário,umaimpos- sibilidade decaracterizarumaprática pedagógicacomoobrade arte.

entreoutros,‘‘carregam’’emsiapotencialidadedaexpe- riênciaestética ---mesmo quenãotenhamos condic¸õesde reconhecerisso.

NoquedizrespeitoàsespecificidadesdaEF,partimosdo pressupostodequeelaécompreendidacomoumaáreado conhecimentoqueabordaetematizaasatividadescorporais emsuasdimensõessociais,culturaisebiológicas,umreper- tórioaserapreendidoecultivadopeloserhumano.Ouseja, aEFnospotencializapercebereconstruirabelezadavida peladescobertadoserquesente---eaquiestáumachave parapensaraformac¸ãoinicialnessecampo:adescobertade si.Assim,ressaltamosqueaexperiênciaestética,emcruza- mentocomoutrasdimensõesdoserhumano,potencializaria diferentespossibilidadesdeveresentiromundo---umapos- sibilidadeque não poderiaficar de fora dos processos de formac¸ãoinicial.

Gadamer (2005) afirma que a experiência estética nos proporcionaumaexperiênciagenuína,deformaquenãose repeteenãoseprevêoqueestáaacontecer,amplianosso horizontedemundo.Umaexperiêncianaqualtodosdeve- mosnos colocar dispostose nãonos poupara ela, pois a dialéticadaexperiência nãotemsuadefinic¸ãonum saber conclusivo,masnaaberturaàexperiência.Oautorressalta queessaaberturaprecisasermútuaparaqueexistaumvín- culohumano verdadeiroentre ossujeitos, significapoder escutar ao outro e a si mesmo --- e aqui reside um pro- blemaenfrentadonocontexto daformac¸ãoinicialem EF.

Quandoambossecompreendem,nãosignificaqueumestá superioraooutroporqueocompreendeu,aaberturapressu- põeoreconhecimentodequeéprecisoestardispostopara adentrarnaquiloquepodeestarcontraouafavordemim5. Nessadirec¸ão,entendemosqueapráticapedagógicanão podeservista como a elaborac¸ão de receitas depráticas sensíveisdispostasaosprofessoresparasuasmediac¸õesem sala/quadra/campo/pista deaula, massim o fazer sensí- velnaac¸ãoemsi,enquantoexperimentamosevivenciamos o processo de ensino-aprendizagem, dialogar, reinventar saberes,nosdisporaumaaberturaaoestranho.Oprocesso pedagógicodevesercriadoedesenvolvidojuntamentecom osatorespresentes,na direc¸ãodeproporcionar-lhes cres- cimento,defazer percebersua evoluc¸ão econstruc¸ãodo conhecimento.

Nessaperspectiva,Gadamer(2010)apresentaaideiada interpretac¸ão,poistodaintepretac¸ãoétambémreflexãoe sóganhavidaevozapartirdomomentoemqueosinterlo- cutoresconseguemadentraroqueéproposto.Oquecada umconsegueperceberépreenchidoporelemesmo apar- tirdesuasprópriasexperiências.Dessaformaentendemos o processopedagógico na formac¸ão inicialde professores deEF comoumespac¸odeimersão noensinopararefletir,

5De nossa parte, os argumentos que ora apresentamos neste texto,viaderegra,destoamdadirec¸ãoqueaeducac¸ãosuperiortem assumidonacontemporaneidade.NaEFessemovimentonãoédife- rente,oque,devemosreconhecer,enfraquecenossaspretensões.

Alunoscadavezmaisjovens,professorescadavezmaisespecialis- tasemsuasáreasdeconhecimento,ummovimentocrescenteem direc¸ãoaoindividualismo,entreoutros,representamdificuldades depotencializarumadimensãohumanatalcomoaestética,que necessitadodiálogovivoequeparecenãotrazerutilidadeimediata na‘‘formac¸ãoprofissional’’.

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experimentar,transformar,causarrupturaseabrirespac¸os paranovoscomec¸ospossíveis,oqueseconstitui comoum horizonteparaotrabalhodocentenessecampo.

Apartirdisso,todainterpretac¸ãosereconstróinamedida emquenovosrepertóriosenovasexperiênciassãovivencia- das.Eissonosapresentaoutraexigência:nossacapacidade detraduc¸ão,queseconstitui comoacompreensãodeum texto a partir da interpretac¸ão contextualizada, ou seja, imergimos no texto e nos deixamos preencher por ele, expressamosuma interpretac¸ão possível. Assim, Gadamer (2005)afirmaqueadaptamoso sentidodaobraàsituac¸ão concretanaqualestamosinseridos,umaaplicac¸ãocontex- tualizada de uma experiência passada no presente, uma tensãoexistenteentreaobraeosentidoque alcanc¸asua aplicac¸ãonomomentovivenciado,traduzidadeacordocom aspretensõesqueseapresenta.

Segundo Johann (2015), a interpretac¸ão é uma possi- bilidade de refazero percurso compreensivo e garantir a traduc¸ão em perspectiva própria, tomar o conhecimento parasi epensaremseuhorizonteinterpretativo. Assim,a partirdaexperiênciadatraduc¸ão,alunoeprofessorpassam ainterpretareseinterpretardeumanovamaneira,numa dialéticaconstante entrepassado e presente no instante experienciado.

Noprocessoinicialdeformac¸ãoénecessárioqueoaluno sinta-separtedaformac¸ãoedispostoavivenciardediver- sosmomentos--- oquerepresentaumgrandedesafionesse contexto.Éencontrarsentidoparaseuviverautêntico,um exercíciocontraaimpessoalidade.Nessadirec¸ão,Gadamer (2005)apresentaavivênciacomoaprenderapartirdavida, um longo processo de absorc¸ão das experiências para si mesmo,setornaminesgotáveissuacompreensãoeseusig- nificado.Avivênciatemsuareferênciainternacomavida, articuladoscommomentosdopróprioprocessodevida,cada vivênciatemumtomdeaventura6,fazpresentediversossig- nificadosquemudamdeacordocomnossaorientac¸ãosobre omundo.

Alémdavivência,destacamosaideiadareflexãosobre o próprio processo de formac¸ão como uma forma de se abrirpara o conhecimento, pois nomomento dareflexão ampliamosnossacapacidadedevisãoenossaconsciência.

Essesmomentosdereflexãodevemtranspassartodoopro- cessodaformac¸ãoinicial,poisassim,emcadainterpretac¸ão sobrenósmesmos,nosabrimosparanosconhecermelhor--- esforc¸oque,certamenteseestendeparaalémdaformac¸ão inicial.

Dessaforma,entendemos esse momentode reflexãoa partirdeGadamer(2010)comoum‘‘sereconquistar’’,um

‘‘ouvirasimesmo’’,umpassonadirec¸ãodeseinterpretare perceberoquevivenciamos,demaneiraquesereflitaposte- riormentenoprocessodeformac¸ão.Comisso,nostornamos

6ParaGadamer(2005),aaventuranãoéalgoqueinterrompeo cursorotineirodascoisas, serelacionasignificativamentecom o nexoqueointerrompe.‘‘Porisso,aaventurapermitequesesinta avidanotodo,naextensãoenasuaforc¸a.Nissoresideofascínio daaventura.Suspendeascondicionalidadeseoscompromissossob osquaisseencontraavidacostumeira.Ousapartirrumoaoque éincerto’’(p.116).Assim,saímosdeumaaventuraenriquecidos eamadurecidos,umabelaperspectivaparalidarcomaformac¸ão inicial.

maispróximos denós,pois cadavez que refletimossobre nossas ac¸ões vivenciamos uma percepc¸ão diferente sobre nósmesmos.

Paraqueasac¸õesdoprofessorealunoduranteumpro- cessodeformac¸ãoinicialtenhamessecaráterdereflexãoe vivência,éprecisoentenderaexperiênciaestéticacomoum caminhoaoinesperado,deixarseenvolverpeloqueelatem anospossibilitarnasaulas,nasexperiênciasdojogo.Porém, devemoslembrarqueoatualcenáriodaformac¸ãoinicialem EFsemovimentaemdirec¸ãodiferentedessa,compreten- sõesutilitárias,decontroleeprevisibilidade,impõefortes limitac¸õesaosprofessoresealunose,comoconsequência, limitaaspossibilidadesdeencontros,experiênciasediálo- gos.

Nessaperspectiva,Gadamer(2005)apresentaojogona experiênciaestéticacomoumespac¸odetransformac¸ãodos sujeitosapartirdomomentoemqueentramemconfronto consigo mesmo e com o próximo num constante vaivém, envolveaspessoasdemodoqueelasnãoconseguemfugir.

Assimtambémentendemosaaulanoprocessodeformac¸ão inicial,comoumjogo,umespac¸odeliberdadenoqualesta- mos sujeitos a regras e possibilidades que surgem a todo momento,abremespac¸osparapotencializareenriquecero conhecimento.Nadaépremeditadoanteriormente,ojogo produzasimesmo,semfinalidadeouintenc¸ão,numacons- tanterenovac¸ão(Gadamer,2005).

Aoadentrar ojogo que aarte nosproporciona, desve- lamos oque ela nos apresenta,ao mesmotempo em que jogamoscomela,poistodooencontrocomaobradearte é umacontecimentoinacabado, ela mesmaé parte desse acontecimento(Gadamer,2005).Oencontroeojogocoma obradeartesempreseráumnovoacontecer,cadavezque adentrarmossuadimensãoedialogamoscomela.

Assimcomoojogo,quecadavezqueéjogadosetorna diferente,asaulastambémosão,oqueproduzumacarac- terísticademovimentoaosprocessosdeformac¸ãoinicial.Os conteúdos referentesàsdisciplinas podemserosmesmos, ano a ano,porém os sujeitos presentes e a circunstância são outros, o que permite surgir experiências absoluta- mente diferentes.Certamente, nessaperspectiva,nãohá como repetir a mesma aula com diferentes turmas, pois os sujeitos que ‘‘fazem acontecer’’ mudam a cada novo encontro. Dessa forma,entendemos como fundamental a dimensãoestéticanessemovimentodaformac¸ãoinicialem EF,doprocessodeensino-aprendizagem,poispossibilitaa configurac¸ãodenovasformasdecomportamentofrenteaos desafiosquesurgirão.

Secadaalunotemumahistória,ninguémchega‘‘vazio’’

esepreenchenoprocessodeformac¸ão,masseressignifica a partir das experiências novas que agregam juntamente comasque játêm.ParaGadamer (2005),o quefoicons- truídopelaheranc¸ahistóricatambéméconhecimentoenos determinademodoinstintivo.Oquevempelatradic¸ãotem autoridade anônima atuante sobre nosso ser finito e his- tórico, refleteem nossasac¸õese, poressemotivo,ganha destaqueessaheranc¸anoprocessodeformac¸ãoinicial.

Oqueseapresentaem nossatradic¸ãocomoumachave importanteparareflexõesediálogossãoosnossosprecon- ceitos. Todos nós temos um pré-julgamento sobre algo a partirdeexperiênciaspassadasesemelesnãohápossibili- dadedejulgamentosrefletidos.SegundoGadamer(2005),a ideiadospreconceitoséqueelesdeterminamoserapartir

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dasvivênciasàsquaiselefoisubmetido,essesjustificamsua tradic¸ão.Assim,atradic¸ãoeospreconceitosfazempartede nossoseredenossaautoridade7.Essestrêselementosnos fazempensarcomoimprescindíveisnoprocessodeformac¸ão inicial,poisapartirdaautoridadetemosoaprofundamento denossosconhecimentos,preconceitosedenossacompre- ensãofrenteàtradic¸ão,refletenummovimentodinâmicoe dialéticoentrepassado epresente,abrepossibilidades de perspectivarhorizontesfuturos.

Apartirdessemomentodearticulac¸ãoentreatradic¸ão (do mundo e da própria EF) e a reflexão sobre nossos preconceitos, pode-se construir um espac¸o que permita os alunos desfrutar do prazer de fazer, dividir e trocar experiências (algo próximoda ideia desentirem-se parte constituinteepresentedopróprioprocessodeformac¸ão).

Nessaconstruc¸ão,a experiênciaestética se tornaimpres- cindível, pois provoca nos sujeitos uma faísca de querer sabermais,deseexperimentarenquantopossibilidadesde mundo.

A experiênciaestética seapresentanadirec¸ão depro- porcionar à formac¸ão inicialem EF uma possibilidade de provocarosalunosasetornaremdialógicos,experimenta- dos,apartirdaconstruc¸ãodeumolharsensívelperanteo mundo,aguc¸aasensibilidadeparamelhorentendereperce- berabelezaeasmanifestac¸õesquenãopodemserdescritas epercebidasnumplanoexclusivamenteracional.

Nestepontoressaltamosaideiadodiálogocomofunda- mentalnesseprocesso,poisatravésdelenosencontramos num estado de abertura, ressignificam-se elementos e abrem-se espac¸os para novas interpretac¸ões (Gadamer, 2002). Na relac¸ão professor-aluno, os diálogos construí- dosrepresentamumaobradearte,umaposic¸ãoúnicaem direc¸ão ao entendimento mútuo. Todo diálogo vivo como meio de aprendizagem (Flickinger, 2014), após iniciado, caminhanumhorizontesemfim,ampliaaquelesenvolvidos.

Aexperiênciadoouviredofalarnesseprocessopermitedes- vendarnossaspotencialidadesdefalaeescutaparamelhor compreenderooutro.

Nessediálogoprecisamosnosmantersempredispostosa novasinterpretac¸ões,poisacadanovoencontronosreves- timos de novas compressões, compartilhamos sentidos e conhecimentoscomaobra.Considerarapalavradooutrono diálogonoprocessodeensino-aprendizagemsignificalevar asério ooutro, permiteumaexperiência reflexiva,possi- bilitaa compreensão,interpretac¸ãoe apreensãodoqueé dito.

O diálogoseapresentacomo umcampode possibilida- desparaaformac¸ão,noqualossujeitossãolevadosauma movimentac¸ãoemseussentidos,umespac¸odeespontanei- dadedeperguntaserespostas,‘‘nodizeredeixar-sedizer’’

(Gadamer, 2002, p. 244),noqual sãoinstigadosa revelar e relevarsuas‘‘certezas’’anteriores, expondo-sea novos horizontes.

7Segundo Gadamer(2005), autoridade(Autorität) éentendida comoconhecimentoereconhecimentodooutroedenósmesmos.

Ouseja,aautoridadesecolocanacondic¸ãodelegítimaapartirdo reconhecimentodooutroenoreconhecimentodequeoselemen- tosquepermeiamacompreensãoseedificamquandorealmentese respeitaaautoridadedooutrosobredeterminadotema.

Essemovimentoqueodiálogocomaobranosproporciona Gadamer(2002)ocompreendecomocírculohermenêutico, ouseja,entendemosotodoapartirdasparteseaspartesa partirdotodo,poisestamossempreemjogoquepossibilita novasinterpretac¸ões.Assim,estabelecerumespac¸o-tempo dediálogocomaobraéumamaneiradeconstruc¸ãodesen- tidosem comum, potencializaa aprendizagem na medida emquecolocaoalunonaposic¸ãodeintérpreteeprotago- nista,quequestionaaobracadavezqueessaachamapara ojogo.

Essarelac¸ãocomaexperiênciaestéticanoprocessode formac¸ãoinicialemEFpermiteaossujeitosdesvelar,apartir daobra de arte, uma verdade, cada vez que entram em contato como horizonte daobra, geramaprendizagem e experiências.Apartir disso, há umcrescimentoenquanto ser,issoépossívelsomentequandoestamosdispostosauma abertura,refletimossobrenossasac¸ões.

Diante das transformac¸ões e dos obstáculos que a formac¸ão inicialnosapresenta,precisamos adentrar dife- rentescaminhos,conheceronovo,buscarnovaspráticase formasdeinteragir como queestá dentroe fora denós, perceberasmudanc¸asqueesseprocessonoscausaecausa aonossoambiente.EnquantovivenciamosaEFnoprocesso deformac¸ão,entendemosqueelaseapresentacomoforma depossibilitarodesenvolvimentodossujeitosparaalémda razão--- mastambémcomela---,comoseresestéticos,dia- lógicos.Dessaforma,assumimos que crescemos enquanto seresintelectuais, sensíveis, corporais e éticos, aprende- mosedesaprendemosotempotodo,tudo setransformae transformaanós.

Considerac ¸ões finais

Aproximaraexperiênciaestéticadoprocessodeformac¸ão inicialnocampodaEFnospossibilitapensaremum‘‘abrir e escutar’’ por ambas as partes, professore aluno,enri- quece seus horizontes na medida em que se deparam com outros, num mundo compartilhado e dialógico, per- mitea articulac¸ão entre o ‘‘eu’’ e o horizonte histórico.

Tambémencontramosapossibilidadedediálogoentreobra- -intérprete, com o intuito de alargar os horizontes, no entendimentomútuoentreosenvolvidos.

Pensar essas questões em umcampo doconhecimento como a EF, permeado por uma dimensão estética que se constitui como possibilidade ontológica para os processos de formac¸ão (presente nas experiências de movimento), representa pensar a EF como um movimento de diálogo entrediferentesdimensõeshumanas(estética,ética,polí- tica,epistemológicaetc.).Assim,maisdoqueproporuma

‘‘estetizac¸ão da formac¸ão’’, algo bem distante denossas pretensões,nospropomosapensarnaformac¸ãoinicialem EFcomoumespec¸oetempodecruzamentoentrediferen- tesdimensõeshumanas,radicalizaapossibilidadedelevar adianteumaformac¸ãoinicialquepossibiliteaaberturados horizontesdemundodaqueles quedela seaproximam na condic¸ãodeprotagonistas.

Lembrando Fensterseifer (2009), o enfrentamento de questões como essas não é exclusividade da EF, mas não podemos esperar que sejam resolvidas em outro âmbito, para então podermos aplicar na EF. Concordando com o autor, a hermenêutica não descarta a pretensão de

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objetividade, em nosso caso, nos processos de formac¸ão inicial.Porém,abrirespac¸oparaasubjetividadedaexperi- ênciaestéticapotencializaaaberturadeumacomplexae ricadimensãohumana,porvezesesquecida,masquepode sertratadadeformadigna na formac¸ão inicialde profes- soresnocampodaEF,semdesconsideraroslimitesdetal pretensão.

Seépossívelpensaraformac¸ãoinicialemEFcomoobra dearte,arespostase darásomentena medida em quea própriaEFaforproduzindo,reconhec¸aaimportânciadessa dimensãoaolongodaformac¸ãoinicial,enãopordecretode algumaentidademetafísica(nosentidorestritodotermo).

Finalizando, ressaltamos a importância de pensar a formac¸ãoinicialdeprofessoresdeEFcomumcruzamento entreasdiferentesdimensõesdoserhumano,nãodeixarde ladooulimitarqualquerumadelas,principalmenteadimen- sãoestética.Assim,aexperiência,odiálogo,areflexão,o jogo, a abertura, a traduc¸ão, aumentam as potencialida- desdosatores,alunoseprofessores,jáqueháumaimersão paravivenciarumaverdadeúnicaparasi,oacontecimento daexperiênciagenuínacomopossibilidadeformativa.

Financiamento

O presente trabalho contou com o apoio financeiro da Fundac¸ão de Amparo à Pesquisa e Inovac¸ão do Estado de Santa Catarina, em parceria com a Coordenac¸ão de Aperfeic¸oamento de Pessoal de Nível Superior (Fapesc/Capes).Editaln.349/Reitoria/2014.

Conflitos de interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

Referências

EusseG,BrachtV,QuintãodeAlmeidaF.Apráticapedagógicacomo obradearte:aproximac¸õesàestéticadoprofessor-artista.Rev BrasCiêncEsporte2016;38:11---7.

FensterseiferPE.Linguagem,hermenêuticaeatividadeepistemo- lógicanaeducac¸ãofísica.Movimento2009;15:243---56.

FlickingerH-G.Gadamereaeducac¸ão.BeloHorizonte:Autêntica;

2014.

GadamerH-G.Hermenêuticadaobradearte.SãoPaulo:Martins Fontes;2010,Traduc¸ãoMarcoAntonioCasanova.

GadamerHans-Georg.VerdadeemétodoI:trac¸osfundamentaisde umahermenêutica filosófica.Petrópolis:EditoraVozes;2005, Traduc¸ãoFlávioPauloMeurer.

Gadamer Hans-Georg. Verdade e método II: complementos e índices.Petrópolis: EditoraVozes; 2002, Traduc¸ão EnioPaulo Gianchini.

JohannMariaRegina.Linguagem,arteeeducac¸ãoético-estéticaem perspectivahermenêuticafilosófica.2015.198f.Tese(Douto- radoemEducac¸ãonasCiências)---ProgramadePós-Graduac¸ão Educac¸ãonasCiências, UniversidadeRegional doNoroestedo EstadodoRioGrandedoSul,Ijuí,2015.

Lawn Chris. Compreender Gadamer. Petrópolis: Vozes; 2007, Traduc¸ãodeHélioMagriFilho.

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Errata

No artigo “Experiência estética e formação inicial de professores: um olhar para o campo da educação física”

publicado na Rev Bras Ciênc Esporte. 2018;40(1):32-38, onde lê-se Jamile Da-Cin leia-se Dal-Cin. A versão online do artigo já foi corrigida.

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