rev bras ortop.2016;51(4):383–384
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
w w w . r b o . o r g . b r
Editorial
RBO
desigual
Unequal
RBO
Aigualdadeéumadasmaisinteressantesutopiasque procu-ramos,poiselanãoexisteemnadaquesejaoriundodeseres vivos.Aprincipalcaracterísticadascoisasvivas,sejanaforma, sejanoconteúdo,éadiferenc¸a.
Asdiferenc¸asétnicas,climáticas,culturaisesociais conti-nuamaserumdosprincipaismotivosdosproblemasedas soluc¸õescomquetemosdeconviver.
Háumgrupodeteóricosque,ouporamorautopias,ou porinteresse,pregam aigualdade eprocuram forc¸arasua ocorrênciacomousodopoderdeterminadopeloschamados menosfavorecidos,quesãoamaioria.Essesgrupospolíticos usamoapoioeleitoraldamaiorianuméricaeumaminoria qualitativadominacargospúblicoseletivosepretendeimpor umaigualdadebaseadasemprenonívelinferior.
Observamosissonanossaáreadeinteresse,aeducac¸ão, comacriac¸ãodaschamadascotas,que,baseadasnofatode que algumaetnia tem o maior número de desfavorecidos, estabelecemque todos os pertencentes aela sejam consi-deradosincapazese,portanto,protegidosporvantagensnos processosdeacessoàuniversidade,porexemplo.Osmembros capazessão tambémestigmatizados com o favorecimento, queseráamarcadetodososprofissionaisdaquelaetnia “pro-tegida”.
Ostítulosde especialidadenas diversas áreas da medi-cinapassaramaserconferidosapósumestágioemumdos excelenteshospitaispúblicosdoSUS,oquecontrariadécadas deaprimoramentoqueassociedadesmédicaspassarampara melhorarosseusexamesdequalificac¸ão.
Mesmoasresidênciasqualificadassofremessainfluência maléfica,poisacadaanodemilitânciaemassistênciaaos pro-gramasdesaúdedafamília,noprogramaMaisMédicos,háum
ganhopercentualnanotaparaoexamedeingressoemuma residênciadebomnível.
Assim, o médico formado que passar umano no aten-dimento ao Programa de Valorizac¸ão da Atenc¸ão Básica (PROVAB) nos postos de saúde sem aparelhamento para assistênciamédica mínima terá 10%de vantagem nanota do exame para residência médica, na concorrência com os seus “desiguais” que buscaram complementar a sua formac¸ãomédicanofimdocurso,como ocorrehámaisde 50anos.
Amaisrecenteinvestidaocorrenaáreadoscurrículosde ensino,queforamadequadosparaníveisinferiores,paraque os“menosfavorecidos”concorramemcondic¸õesdeigualdade comosmaisfavorecidos;seriacomoocomitêolímpico esta-belecer quea marcapara os100 metros passasseaser 20 segundos,paraqueosmenosfavorecidospudessemconcorrer emcondic¸õesdeigualdade.
Neste momentoestamosnacontramãodahistória, pois buscamosexcelênciaparaaRBOeestamosjácomníveisde recusa que atingem 40%.O que ocorreufoi uma melhoria impressionantenaqualidadedostrabalhoseumabuscacada vezmaiordeautoresparapublicarnoespac¸odaRBO.Emseis anosanalisamosmaisde1.700trabalhos.
384
rev bras ortop.2016;51(4):383–384Observamosaolongo destalonga jornada naedic¸ão da RBOqueessasfilosofiasdeprotec¸ãosãocompletamente equi-vocadas, pois temos bons trabalhos produzidos em locais teoricamentemenos favorecidos,como temos trabalhosde poucaqualidadeproduzidosemcentrostidoscomode exce-lência.
Aqualidade deumtrabalhonãotemenderec¸o,etniaou tamanho,éalgoinerenteaoempenhodosautores.
Essaestranhafilosofiadeprotegeropiorepuniromelhor, paraqueemalgummomentoseigualem,aindanãoatingiu aáreaeditorial.Talvezsejapelofatodequeosteóricosdessa linhadepensamentoleiammuitopouco.
Sorteanossa!
GilbertoLuisCamanho RevistaBrasileiradeOrtopedia E-mail:gilbertocamanho@uol.com.br
0102-3616/©2016PublicadoporElsevierEditoraLtda.em nomedeSociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia. Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).