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Braz. j. . vol.83 número6

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Academic year: 2018

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(1)

www.bjorl.org

Brazilian

Journal

of

OTORHINOLARYNGOLOGY

ARTIGO

ORIGINAL

Association

between

desloratadine

and

prednisolone

in

the

treatment

of

children

with

acute

symptoms

of

allergic

rhinitis:

a

double-blind,

randomized

and

controlled

clinical

trial

Gustavo

F.

Wandalsen

a

,

Carolina

Miranda

b,c

,

Luis

Felipe

Ensina

a,d

,

Flavio

Sano

e

,

Roberto

Bleul

Amazonas

f,g,h

,

Joyce

Macedo

da

Silva

i

e

Dirceu

Solé

a,∗

aUniversidadeFederaldeSãoPaulo(Unifesp),EscolaPaulistadeMedicina(EPM),DepartamentodePediatria,SãoPaulo,

SP,Brasil

bUniversidadeFederaldeSãoPaulo(Unifesp),EscolaPaulistadeMedicina(EPM),DepartamentodeGinecologia,SãoPaulo,

SP,Brasil

cFundac¸ãodeApoioàEscolaPaulistadeMedicina(FAP),SãoPaulo,SP,Brasil dUniversidadedeSantoAmaro(Unisa),ClínicaMédica,SãoPaulo,SP,Brasil eHospitalNipo-Brasileiro,Pediatria,SãoPaulo,SP,Brasil

fUniversidadeEstadualdeCampinas(Unicamp),Campinas,SP,Brasil gFundac¸ãoGetúlioVargas,MBAemMarketing,RiodeJaneiro,RJ,Brasil hGrupoNCFarma,SãoPaulo,SP,Brasil

iGrupoNCFarma,PesquisaClínicaeFarmacovigilância,SãoPaulo,SP,Brasil

Recebidoem6dejunhode2016;aceitoem14deagostode2016 DisponívelnaInternetem31demaiode2017

KEYWORDS Allergicrhinitis; Desloratadine; Dexchlorpheniramine;

Abstract

Introduction:A combinationofantihistaminesandoralcorticosteroidsisoftenusedtotreat acutesymptomsofallergicrhinitis.

Objective: Toevaluate safetyand efficacy ofdesloratadine plusprednisolone inthe treat-mentofacutesymptomsofchildren (2---12years)withallergicrhinitis,andtocompareitto dexchlorpheniramineplusbetamethasone.

DOIserefereaoartigo:http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2016.08.009

Comocitaresteartigo:WandalsenGF,MirandaC,EnsinaLF,SanoF,AmazonasRB,SilvaJM,etal.Associationbetweendesloratadine

andprednisoloneinthetreatmentofchildrenwithacutesymptomsofallergicrhinitis:adouble-blind,randomizedandcontrolledclinical trial.BrazJOtorhinolaryngol.2017;83:633---9.

Autorparacorrespondência.

E-mail:dirceu.sole@unifesp.br(D.Solé).

ArevisãoporparesédaresponsabilidadedaAssociac¸ãoBrasileiradeOtorrinolaringologiaeCirurgiaCérvico-Facial.

(2)

Prednisolone; Betamethasone

Methods:Childrenwithmoderate/severepersistentallergic rhinitisandsymptomatic(nasal symptomsscore[0---12]≥6)wereallocatedinadouble-blind,randomizedfashiontoreceive dexchlorpheniramine plus betamethasone (n=105; three daily doses) or desloratadineplus prednisolone(n=105;singledosefollowedbytwoofplacebo)for7days.Atthebeginningand endoftheevaluation,thefollowingwereobtained:nasalsymptomsscore,extranasal symp-tomsscore,peaknasalinspiratoryflow,bloodbiochemistry,andelectrocardiogram.Ninety-six children ofthedexchlorpheniramine plusbetamethasonegroup and98 ofthedesloratadine plusprednisolonegroupcompletedtheprotocol.

Results:Thetwogroupsweresimilarregardinginitialandfinalnasalsymptomsscores,extra nasalsymptomsscoresandpeaknasalinspiratoryflow. Adropof76.4%and79.1%for nasal symptomsscore,86.0%and79.2%for extranasalsymptomsscore,aswellasanincreaseof 25.2%and24.3%forpeaknasalinspiratoryflowoccurredforthosetreatedwithdesloratadine plusprednisoloneanddexchlorpheniramineplusbetamethasone,respectively.Therewereno significantchangesinbloodchemistry.Sinustachycardiawasthemostfrequent electrocardio-gramchange,butwithnoclinicalsignificance.Drowsinesswasreportedsignificantlymoreoften amongthoseofdexchlorpheniramineplusbetamethasonegroup(17.14%×8.57%,respectively).

Conclusion:Thedesloratadineplusprednisolonecombinationwasabletoeffectivelycontrol acutesymptomsofrhinitisinchildren,improvingsymptomsandnasalfunction.Comparedto thedexchlorpheniramineplusbetamethasonecombination,itshowedsimilarclinicalaction, butwithalowerincidenceofadverseeventsandhigherdosingconvenience.

©2017PublishedbyElsevierEditoraLtda.onbehalfofAssociac¸˜aoBrasileirade Otorrinolarin-gologiaeCirurgiaC´ervico-Facial.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBYlicense(http:// creativecommons.org/licenses/by/4.0/).

PALAVRAS-CHAVE Rinitealérgica; Desloratadina; Dexclorfeniramina; Prednisolona; Betametasona

Associac¸ãoentredesloratadinaeprednisolonanotratamentodecrianc¸as comsintomasagudosderinitealérgica:ensaioclínicoduplo-cego,randomizado econtrolado

Resumo

Introduc¸ão:A associac¸ãoentre anti-histamínicos e corticosteroides orais éfrequentemente empregadanotratamentodesintomasagudosderinitealérgica.

Objetivo:Avaliaraseguranc¸aeeficáciadaassociac¸ãodesloratadina+prednisolonano trata-mentodesintomasagudosdecrianc¸as(2---12anos)comrinitealérgicaecompará-lascomasda associac¸ãodexclorfeniramina+betametasona.

Método: Crianc¸ascomrinitealérgica persistentemoderada/graveesintomáticas(escorede sintomasnasais [0---12]≥6) foramalocadasdemodo duplo-cegoerandômicopara receber dexclorfeniramina+betametasona(n=105;trêsdosesdiárias)oudesloratadina+prednisolona (n=105;doseúnicaseguidaporduasdeplacebo)por7dias.Noinícioenofimdaavaliac¸ãoforam obtidos:escoredesintomasnasais,escoredesintomasextranasais,picodefluxoinspiratório nasal,bioquímicasanguíneaeeletrocardiograma.Dototal,96crianc¸asdogrupo dexclorfeni-ramina+betametasonae98dogrupodesloratadina+prednisolonaconcluíramoprotocolo.

Resultados: Osdoisgruposforamiguaiscomrelac¸ãoaoescoredesintomasnasais,escorede sin-tomasnasaisextranasaisepicodefluxoinspiratórionasaliniciaisefinais.Observou-sequedade 76,4%e79,1%nosescoresparaescoredesintomasnasais,de86,0%e79,2%paraescorede sin-tomasextranasais,assimcomoincrementode25,2%ede24,3%paraopicodefluxoinspiratório nasalparaosgruposdesloratadina+prednisolonaedexclorfeniramina+betametasona, respec-tivamente.Nãohouvealterac¸õessignificativasdabioquímicasanguínea.Taquicardiasinusalfoi aalterac¸ãodoeletrocardiogramamaisencontrada,massemsignificânciaclínica.Sonolência foisignificantementemaisreferidaentreostratadoscomdexclorfeniramina+betametasonado queentreosdesloratadina+prednisolona(8,57%×17,14%,respectivamente).

Conclusão:Aassociac¸ãodesloratadina+prednisolonafoicapazdecontrolar efetivamenteos sintomasagudosderiniteemcrianc¸as,melhorousintomaseafunc¸ãonasal.Nacomparac¸ão comaassociac¸ãodexclorfeniramina+betametasona,demonstrouac¸ãoclínicasemelhante,mas commenorincidênciadeeventosadversosemaiorcomodidadeposológica.

(3)

Introduc

¸ão

A iniciativa ARIA (Allergic Rhinitis and its Impact on Asthma)recomendaqueotratamentodarinitealérgica(RA) sejaescalonado, segundo agravidade e a persistência da doenc¸a.1

Em linhasgerais,osanti-histamínicosH1(anti-H1) têm sidoconsideradosmedicamentos deprimeiralinhano tra-tamento da RA por atuar de forma significativa sobre os espirros,pruridoe rinorreia edemodo menosimportante sobreaobstruc¸ão nasal.Porapresentarmenor frequência de efeitos adversos (sedac¸ão, ac¸ão anticolinérgica entre outros) e maior comodidade posológica (dose única diá-ria), os anti-H1 de segunda gerac¸ão têm sido os mais recomendados.1Entre osváriosdisponíveisemnossomeio destacam-se: fexofenadina,desloratadina,ebastina, levo-cetirizina,rupatadinaemaisrecentementeabilastina.

A desloratadina (descarboetoxiloratadina), metabólito primáriodaloratadina,éumantagonistaseletivode recep-toresH1desegundagerac¸ão.Temmeia-vidade27horas, sua absorc¸ão não é afetada por alimentos, seu meta-bolismo e sua eliminac¸ão não são alterados pela idade, etniaepelogênero2e tambémnãosofreinterferênciada administrac¸ãoconjuntadeantibióticosmacrolídeos, ceto-conazole ciclosporina.3Em estudosempacientes comRA adesloratadinamostrou-seefetivanocontroledesintomas nasaiseextranasais,mesmoapósdoseúnica.4---6

Já os corticosteroides (CE) sistêmicos, em geral, são usadosquandoossintomasnãosãocontroladoscom medi-dasambientaisoutópicasounoscasosmaisintensos com comprometimento de vias aéreas ou grande morbidade associada.1ComparadocomoCEtópiconasal,osistêmico apresentaavantagemdealcanc¸artodasasporc¸õesdonariz e dosseios paranasais,mesmo emparticipantes com con-gestãonasalintensaepóliposnasais.7

Emboraaassociac¸ãoanti-H1eCEoralnãoseja preconi-zadapelaARIAnotratamentodaRA,oseuusotemocorrido demodosignificativo.Auditoriasobrevendas(unidades)de produtosfarmacêuticosem 2015revelouque aassociac¸ão entredextroclorfeniraminae betametasona é responsável por34,79%dasvendasdeprodutosdisponíveisnesse segui-mento, no Brasil.8 Por outro lado, o uso de associac¸ão anti-H1eCEoralnotratamentodaRAéescasso.

Foram objetivos deste estudo avaliar a eficácia e seguranc¸a da associac¸ão desloratadina+prednisolona (soluc¸ãooral;DP)nocontroledossintomasagudosnasaise extranasaisdecrianc¸ascomRApersistente(RAP) moderada--grave e comparar sua ac¸ão com a associac¸ão comercial dexclorfeniramina+betametasona(xarope;DB).

Método

Participaram deste estudo prospectivo, multicêntrico, duplo-cego,randomizado,controladoedegruposparalelos 210crianc¸as(2---12anos)comRAPmoderada/grave.1Além dequadroclínicocompatívelcomodiagnósticodeRA (sin-tomas nasais recorrentese sensibilizac¸ão a aeroalérgenos porpresenc¸a deIgEespecífica), essespacientes deveriam terescoredesintomasnasais---ESN:obstruc¸ãonasal, rinor-reia, espirros, prurido nasal; pontuados de 0 (ausente) a 3 (intenso);máximo 12 pontos ≥ 6, referente à última

semanaeosseuspais/responsáveisteremassinadootermo deconsentimentolivreeesclarecido.

Os pacientes em imunoterapia alérgeno específica, os com tratamento prévio, nos últimos 15 dias, com corti-costeroide oral ou tópico nasal ou com anti-histamínicos orais, os com doenc¸a crônica (distúrbios hematopoiéti-cos, cardiovasculares, renal, neurológico, psiquiátrico ou autoimune),assimcomooscomasmanãocontrolada, rinos-sinusite crônica e/ou anormalidades anatômicas das vias aéreassuperiores,nãoforamadmitidosnoestudo.

Durante a selec¸ão (Visita 0 --- V0), ospacientes foram avaliadosclinicamenteepontuados segundoo ESNe ode sintomasextranasais --- ESExN: prurido ocular, prurido em palato,hiperemiaocularelacrimejamento;pontuadosde0 (ausente)a3(intenso)escoremáximo12pontos.Alémdisso, colheu-seamostrade sangue periférico para hemograma, dosagem de transaminases, ureia, creatinina e bilirrubi-nas e foi feito eletrocardiograma (ECG). Ao retornar em 5 (± 2) dias e na ausência de anormalidades laboratori-ais, ospacientes foramalocados de modo randomizadoe duplo-cego,nosgruposdetratamento,segundooprincípio ativo:DPouDB.Nessavisita,eramreavaliadosclinicamente eosmaiores de6anos fizeramamedida doPicodeFluxo InspiratórioNasal(PFIN)(V1).Apósreceberasorientac¸ões sobreopreenchimentododiáriodesintomasnasaisesobre oregistrodepossíveiseventosadversos,ospacientesforam liberados e orientados a retornar em 7 (± 2) dias (V2), quandofizeramtodasasavaliac¸ões,clínicaselaboratoriais, novamente.

Esquemasdetratamento

Ospacientes foram randomizados pela CRF (Case Report Form) eletrônica ao momento da inclusão do paciente no estudo com o emprego do critério de blocos de seis tratamentos,três seguidosdaDP e trêsda DB,e recebe-ram osmedicamentos como se segue: a)DP ---associac¸ão entredesloratadina(0,5mg/mL)eprednisolona(4mg/mL) soluc¸ãooral ouDB---associac¸ãomaleatode dexclorfenira-mina (0,4mg/mL) e betametasona (0,05 mg/mL)xarope, comercialmentedisponível(Celestamine®,Mantecorp, Bra-sil).Osmenoresde6anosqueiniciaramotratamentocom aformulac¸ãoDPreceberam2,5mL(frascoA)oral comple-mentadoporduasoutrasdosesdeplacebo(frascosBeC),a intervalosde8horas.OspacientestratadoscomDB recebe-ramtrêsdosesoraisde2,5mL(frascosA,BeC)tambéma intervalosde8horas.Ospacientesmaioresde6anos rece-beram o dobro das doses (5mL) e respeitou-se a mesma distribuic¸ão defrascos. Osfrascos deambos os esquemas detratamentoe osdeplaceboeramidênticoseusou-seo mesmoveículo demodo aterem o mesmosabor. Os fras-cos foram rotulados segundo o preconizado pela Anvisa.9 Oscódigosderandomizac¸ãosomenteforamquebradosapós análisedosdados.

Diáriodesintomasnasais,questionáriode autoavaliac¸ãoerelatodeeventosadversos

(4)

atividades diárias (0=sem sintomas; 1=sintomas leves; 2=sintomas que atrapalham o dia, porém não o sono; e 3=sintomasqueinterferematéosono).Asomadosescores constituiuoescoredecadadiadetratamento.

Além disso, os responsáveis também foram orientados a responder o questionário deautoavaliac¸ão com relac¸ão ao uso da medicac¸ão prescrita (não tomou, tomou 25%, tomou 50%, tomou 75%, tomou tudo---100%), em cada dia dotratamento, assimcomo sobreapresenc¸a dequalquer evento adverso tais como: sonolência, cefaleia, tremores entreoutros.

Picodefluxoinspiratórionasal(PFIN)

Ascrianc¸asmaioresdeseisanosfizeramPFINnaVisita1eno fimdotratamento.AsmedidasdePFIN(In-Check®, Clement--Clarke,Inglaterra)foramfeitasapósospacientesassuarem onarizemtriplicatacomregistrodomaiorvaloredeacordo comrecomendac¸õesexistentes.10

Cálculoamostral

Por tratar-se de estudo de não inferioridade de grupos paralelos,empregamos comovariávelprimáriaamudanc¸a do ESN, tivemos como base o de admissão. Para tanto, estimamosreduc¸ãode50%doESNapósotratamentoe con-sideramosa diferenc¸a máximade0,5 pontoentreosdois grupos detratamento e desvio padrãode0,5 ponto,com erroalfade5%epoderdetestede95%.Paratanto,seria necessáriaainclusãode86pacientesporgrupo.Estimando asperdasdeaté20%dospacientesincluídos,onúmerototal depacientesaserincluídofoide210;105 emcadagrupo detratamento.

Análiseestatística

Deacordo com anatureza das variáveis analisadas foram usadostestes paramétricosounãoparamétricosefixou-se em 5% o nível de rejeic¸ão da hipótese de nulidade. Para asanálisesempregamososistemaSAS(StatisticalAnalysis System),versão9.1.3.

OprotocolofoiaprovadopeloComitêdeÉticaem Pes-quisadaUniversidadeFederaldeSãoPaulo,EscolaPaulista deMedicinaeHospitalSãoPaulo,assimcomoportodosos centrosenvolvidosefoiregistradonoClinicalTrials.orgPRS sob o número NCT 01529229. Todos os responsáveis assi-naramoTermodeConsentimento LivreeEsclarecidoe as crianc¸asmaioresde6anosodeAssentimento.

Resultado

Dototal,195pacientesconcluíram oestudo(DPn = 98e DBn = 97).DoispacientesdogrupoDBeumdoDPforam excluídosporeventosadversos,trêsdoDBetrêsdoDPforam eliminadosporbaixaadesão,umdoDBeumdoDPforam excluídosporviolac¸ãodoprotocolo,umdoDBedoisdoDP abandonaramoestudoeumpacientedoDBretirouotermo deconsentimentolivreeesclarecido.

Atabela1reúneasprincipaiscaracterísticasclínicasdos pacientessegundooesquemadetratamentorecebido.Nela

Tabela 1 Características de crianc¸as com rinite alergia persistente moderada/grave, à admissão, de acordo com o esquema de tratamento recebido: DP (desloratadina+prednisolona) ou DB (dexclorfenira-mina+betametasona)---Intenc¸ãodetratamento

Característica DP(n =105) DB(n =105) Fisherp

Gêneromasculino 55 54 1,00

Idade(anos)

2---6 42 32 0,19

>6 63 73

Queixasclínicas concomitantesa

61 54 0,41

Medicac¸ão concomitante

84 96 0,028

Escorebasalde sintomasnasais

9,0(2,0)b 9,0(2,1)b 0,89

Escoresbasalde sintomas extranasais

5,6(3,2)b 5,3(3,1)b 0,51

a Queixasassociadas,sinusite,asmaecefaleia. b Desviopadrão.

2 3 4 5 6 7 8 9

2

1 3 4 5 6 7

Redução do escore de sintomas

DP

Dias

DB DPEx DBEx

Figura1 Evoluc¸ãodareduc¸ãodosescores(média)de sinto-masnasaiseextranasais(Ex)segundoogrupodetratamento: desloratadina+prednisolona (DP e DPEx, respectivamente) oudexclorfeniramina+betametasona (DBeDBEx, respectiva-mente)segundoosdiferentesdias.

verificamosque,excetopelousodemedicamentos adicio-nais, significantemente maiorentreos DB,os doisgrupos foramsemelhantes,sobretudocomrelac¸ãoaESN,ESExNe alterac¸õeslaboratoriais.

OspacientestratadoscomDPapresentaramreduc¸ãode 76,4%doESN;86%doESExNeincrementode25,2%doPFIN emrelac¸ãoaosvaloresbasais(tabela2).Jáostratadoscom DBapresentaramreduc¸ãode79,1%doESN,79,2%doESExN eaumentode24,3%noPFINemrelac¸ãoaobasal(tabela2). A análise comparativa desses parâmetros entre os dois esquemasdetratamento,quernoinício,quer nofim,não mostroudiferenc¸assignificantes.

Na figura 1 observamos os valores médios da reduc¸ão

(5)

Tabela2 Escoremédio(desviopadrão)desintomasnasais(ESN),desintomasextranasais(ESExN)edopicodefluxoinspiratório nasal(PFIN)decrianc¸ascomrinitealergiapersistentemoderada/grave,àadmissão(V1)eapóstratamento(V2;7 ± 2dias) comDP(desloratadina+prednisolona)ouDB(dexclorfeniramina+betametasona)

DP(n =98) DB(n =97)

V1 V2 V1---V2 V1 V2 V1---V2

ESN 8,9(2,0) 2,1(2,3) 6,8 9,1(2,1) 1,9(2,3) 7,2

ESExN 5,7(3,1) 0,8(1,2) 4,9 5,3(3,2) 1,1(2,2) 4,2

DP(n=61) DB(n=70)

V1 V2 V1−V2 V1 V2 V1−V2

Picodefluxoinspiratórionasal(L/min)

PFIN 70,3(23,9) 83,6(26,3) 13,3 64,5(21,9) 80,3(25,0) 15,8

Mann-Whitney.

ESN,ESExNePFIN---V1:DP=DB;V2:DP=DB;V1---V2:DP=DB. DPeDB---ESN,ESExNePFIN:V1 > V2---p< 0,05.

Tabela3 Avaliac¸ãoglobaldoparticipantecomrelac¸ãoao tratamentorecebido: DP (desloratadina+prednisolona) ou DB(dexclorfeniramina+betamesona)

Avaliac¸ãoparticipante DPn(%) DBn(%)

Muitomelhor/melhor 96(98) 94(96,9) Semalterac¸ão/pior 2(2,0) 3(3,1)

Total 98(100) 97(100)

TesteexatodeFisher---p=0,682.

durante os sete dias de acompanhamento, segundo os dois grupos de tratamento. Nela verificamos que os dois esquemas proporcionaram reduc¸ão importante, mas sem diferenc¸assignificantesentreeles.

Oesquemadetratamentofoiobedecidopelaquase tota-lidadedospacientes,nosdoisgruposdeestudo.Inquiridos sobrearespostaobtidasegundootratamentorecebido,não houvediferenc¸asignificanteentreafrequênciadepacientes quereferiramestarmuitomelhor/melhorsegundoo trata-mentorecebido(tabela3).

Aavaliac¸ãodaseguranc¸afoifeitacombasenapresenc¸a dealteraõesclínicassignificantes. ApenasumpacienteDP (#40)apresentoualterac¸õesdosistemacardiovascular,sem repercussõesclínicassignificantes.Alémdisso,abioquímica sanguíneadospacientesnãoreveloualterac¸õesaotérmino dotratamento(dadosnãoapresentados).Com relac¸ãoaos achados de ECG, verificamos que 18 dos DB e 29 dos DP apresentavam alterac¸ões, noinício e/ou nofim do trata-mento.Paraatotalidadedospacientes,essasalterac¸õesnão foramacompanhadaspormanifestac¸õesclínicas significan-teseforamconsideradasirrelevantes:taquicardiasinusal, arritmiasinusalfisológica,atrasodeconduc¸ão intraventri-cular,principalmente.SeispacientesdogrupoDPe11doDB apresentaramalterac¸õesnofimdoestudo,emborativessem trac¸adonormaldeECGaoinício,diferenc¸aessaquenãofoi significante(p = 0,52).

Com relac¸ão aos eventos adversos relatados, a sono-lência foi o mais apontado e de modo significantemente maiorentreostratadoscomDB(tabela4).Demodo simi-larocorreu comcefaleia efebre. Entretanto,epistaxefoi

Tabela 4 Eventos adversos relatados por pelo menos 1% dos pacientes, segundo o grupo de tratamento: desloratadina+prednisolona (DP) ou dexclorfenira-mina+betametasona(DB)

Eventoadverso DPn(%) DBn(%) p

Agitac¸ão 1(0,95) 2(1,90) 0,28

Aumentoapetite 2(1,90) 5(4,76) 0,12

Azia 2(1,90) 1(0,95) 0,28

Cefaleia 0(0,0) 3(2,86) 0,03

Diarreia 2(1,90) 3(2,86) 0,32

Dor 2(1,90) 0(0,0) 0,08

Dorabdominal 2(1,90) 3(2,86) 0,32

Epistaxe 3(2,86) 0(0,0) 0,03

Faltadear 0(0,0) 2(1,90) 0,08

Febre 0(0,0) 4(3,81) 0,02

Insônia 3(2,86) 2(1,90) 0,32

Irritabilidade 1(0,95) 2(1,90) 0,28

Náuseas 0(0,0) 2(1,90) 0,08

Sonolência 9(8,57) 18(17,14) 0,03

Tontura 1(0,95) 2(1,90) 0,28

Tosse 7(6,60) 5(4,76) 0,27

Vômitos 3(2,86) 2(1,90) 0,32

Alterac¸õesECG 6(6,1) 11(11,3) 0,52

TesteexatodeFisher.

Itálico---significantementediferentes.

significantemente mais relatada entre os DP (tabela 4). Todososeventosreferidosforamclassificadoscomonão gra-ves(tabela4).

Discussão

(6)

Emboraareduc¸ãodosESNemrelac¸ãoaosvaloresbasais tenhasidode76,4%paraostratadoscomDPe79,1%para ostratadoscomDB,aindahouvepacientesquenão atingi-ram ocontrole total dos sintomasnasais e extranasais.O estudoAILA (Allergies in LatinAmerica)feitopara deter-minara prevalênciade RAna populac¸ão dealguns países latino-americanosdocumentouqueboapartedospacientes identificadoscomo tendoRAmudavam comfrequência os esquemasdetratamentoporachá-losineficazeseousoda combinac¸ãodemedicamentosdeclassesdiferentesfoi fre-quenteentreeles.11 Fato similarfoi observadoporoutros pesquisadores.12,13

Amedidaobjetivadapermeabilidadenasalfoifeitapela aferic¸ãodoPFIN,parâmetrodefácil obtenc¸ão, reprodutí-vele debaixocusto.AsmedidasdePFINjásemostraram sensíveisparadiscriminar pacientescom diferentesníveis degravidadederinitee úteispara diversosfins,como na avaliac¸ão objetiva da resposta aos tratamentos da rinite alérgica.10Osdoisesquemasdetratamentoproporcionaram incrementosignificativodofluxoaéreonasal,comaumento nosvaloresmédiosdePFINpróximosa25%dovalorbasal. Esseachadopodeserconsideradoclinicamenterelevante. Comocomparac¸ão,estudosdeprovocac¸ãonasalconsideram variac¸ãonosvaloresdePFINdaordemde20%paradefinic¸ão deobstruc¸ãonasalrelevanteetérminodoteste.14,15

Comrelac¸ãoàavaliac¸ãodaseguranc¸adosesquemasde tratamento usados verificamos que a frequênciade sono-lênciaentreostratadoscomDBfoiduasvezesmaiordoque entreosdoDP(tabela4).Alémdisso,emboraonúmerode pacientescomalterac¸õesnoECGnoiníciodoestudofosse maiorentreosdoDP,essadiferenc¸adesapareceunofimdo estudoquandoapenasseispacientesdoDPe11doDBainda maninhamtaisalterac¸ões.

Embora os anti-H1 de primeira gerac¸ão, ou clássicos, sejam usados notratamento das doenc¸as alérgicas desde osanos1940,osestudossobresuaseguranc¸asãoescassos emaisrecentes.Essesfármacosforamdesenvolvidosa par-tirdemesmamoléculabase,àsemelhanc¸adosantagonistas colinérgicosmuscarínicos,tranquilizantes,antipsicóticose agentesanti-hipertensivos,e porterembaixaseletividade pelos receptores H1 interagem com receptores de outras aminasativas e causam efeitos anti-muscarínicos, anti-␣

--adrenérgico e anti-serotonina. Por atravessar facilmente a barreira hemato-encefálica ligam-se aos receptores H1 cerebrais,interferem nafunc¸ãoneurotransmissora da his-tamina, geram sonolência, sedac¸ão, fadiga, reduc¸ão de prontidão, pioriada func¸ão cognitiva,memória e desem-penho psicomotor.16 Isso explica a maior prevalência de sonolência entreos DP, umavez que a dexclorfeniramina é um representante dos anti-H1 clássicos ou de primeira gerac¸ão.17

Foiapartirdosanos1980quesurgiuasegundagerac¸ão de anti-H1 e passou a ser empregada em grande larga escala e destituída dos efeitos adversos até então asso-ciadosaos de primeira gerac¸ão. Entretanto,a ocorrência deefeitos cardiotóxicos foiassociada a algunsdeles: ter-fenadinaeastemizol.17 Talfatodocumentou-seserdevido àcompetic¸ãopelaviahepáticademetabolizac¸ão,sistema do citocromo P450, entre esses fármacos e cetoconazol, antibióticosmacrolídeos,entreoutros,oqueocasionavaa manutenc¸ão elevada de níveis circulantes desses anti-H1, potencialmentecardiotóxicos. Tal fatofez comque esses

agentesanti-H1fossemsubstituídosporoutrosdeestrutura química semelhante, destituídos desses efeitos adversos, mascomamesmapotênciadeac¸ão.17

Outrofatoimportanteéousoindiscriminadodosanti-H1 deprimeira gerac¸ão entrelactentesecrianc¸as que chega ser duasvezes maiordoque osdesegunda gerac¸ão.Esse usoindiscriminadopormuitos anosgera afalsaimpressão de que são tão seguros quanto os de segunda gerac¸ão.16 Alémdisso,muitosmédicososprescrevempeloefeito seda-tivo, acham queos pacientesterão umsono melhor. Essa ideiaé jogadapor terra ao verificar-se que essesanti-H1 deprimeiragerac¸ãoimpedemqueopacientealcanceafase REMdosono,oqueostornaineficazes.18,19Consensosatuais nãopreconizamousodeanti-H1deprimeira gerac¸ãopara o tratamento da rinitealérgica, é recomendadoo uso de anti-H1desegundagerac¸ão,pelamaiorseguranc¸aemenor incidênciadeeventosadversos.19

Conclusão

Emboraosdoisesquemasdetratamentotenham proporcio-nadocontroleefetivodossintomasdaRAP,oDPmostrou-se maisvantajosopelacomodidadeposológica(umavez/dia) emenorfrequênciadeefeitosadversos.

Financiamento

Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) --- Inovac¸ão e Pesquisa, Brasil, e EMS/AS --- São Paulo, Brasil (Processo: 01.12.0094.00;referênciaFinep---1375/10).

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

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