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Rev. esc. enferm. USP vol.15 número3

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Academic year: 2018

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S A U D A Ç Ã O A O S F O R M A N D O S : D I S C U R S O D A P A R A N I N F A *

Maria Josefina Leuba Salum **

H á a l g u n s meses, creio eu t e n h a m sido dois, a presidente da Comissão de F o r m a t u r a , L u c i l a , m e c o m u n i c a v a s o r r i d e n t e , como d e h á b i t o , a escolha do p a r a -n i -n f o dessa t u r m a . N a q u e l e i -n s t a -n t e , m e i o atordoada c o m o f a t o , m a i s c o -n s t r a -n g i d a do q u e r e c o m p e n s a d a , n ã o m e p e r m i t i , n e m p o r u m m i n u t o , r e f l e t i r sobre a f u n ç ã o do p a r a n i n f o . E r a c o m o se u m a b o m b a caísse aos m e u s pés e, de u m a h o r a p a r a o u t r a , passasse p a r a u m estágio de surdez total. M a l consegui r e s p o n d e r e agra-decer-lhe n a q u e l e m o m e n t o . A l g u n s dias depois, refeita do susto, caí e m m i m e t o m e i consciência de q u e n ã o h a v i a nascido p a r a ser p a r a n i n f o , j á q u e p a r a n i n f o era u m a pessoa q u e devia f a z e r discursos. 0 gosto pelo e n s i n o m e l e v a v a a c r e r q u e até q u e eu sabia d a r a u l a , m a s f a z e r discurso n u n c a f o r a o m e u f o r t e . D a r presente, missão a v e n t a d a p o r a l g u n s , estava c o m p l e t a m e n t e f o r a das m i n h a s con-dições. Não é f á c i l ser m a d r i n h a de 2 6 afilhados n u m a época de i n f l a ç ã o .

E este discurso, tão a g u a r d a d o p o r m i m , foi m a n u s c r i t o a d u r a s p e n a s e, s e g u r a m e n t e , após v á r i a s noites de sono i n t e r r o m p i d o , de conflitos pessoais, de en-v o l en-v i m e n t o de f a m i l i a r e s e amigos. M a s en-v a l e u a p e n a ! V o c ê s m e f i z e r a m r e en-v e r toda a m i n h a v i d a em casa e n a Escola, como docente e c o m o a l u n a .

D e s c u l p e m - m e se ouso confessar-lhes isto. M a s sem essa confissão, creio q u e h o j e , aqui, eu f i c a r i a m u d a .

A c r e d i t a v a e u , aos poucos, q u e f a z e r u m discurso n ã o seria tão difícil assim. E r a só r a s c u n h a r de v é s p e r a e t u d o sairia b e m . Ledo e n g a n o m e u ! A B e t h i n h a m e dizia: "você só f a r á esse discurso de v é s p e r a , t e n h o certeza". M a s eu j á t i n h a pas-sado p a r a u m a fase de auto-confiança e t i n h a certeza de q u e n ã o n a v é s p e r a ( c o m o r e a l m e n t e o f o i ) , m a s 1 5 d i a s antes, ele estaria p r o n t o . P e d i a u x í l i o a m e u p a i , l i n g ü i s t a de competência i n q u e s t i o n á v e l . Não p a r a escrevê-lo, é c l a r o ! Posso n ã o ser o r i g i n a l p a r a f a l a r , m a s autêntica s i m ! E u q u e r i a de m e u p a i u m f a v o r z i n h o : o significado da p a l a v r a p a r a n i n f o e toda sua h i s t ó r i a . T i n h a certeza de q u e esse seria u m ótimo ponto de p a r t i d a . M e u p a i sorria e dizia: "isso é u m a bobagem! p a r a n i n f o é só o m e s m o q u e p a d r i n h o " . E u , i n c o n f o r m a d a , n ã o podia c r e r q u e a o r i g e m do t e r m o fosse essa, tão simples. I m p l o r e i a ele q u e verificasse o significado d o t e r m o e m grego, l a t i m e e m todas as l í n g u a s m o r t a s possíveis. T ã o t r a u m a t i z a n -te assim, p a r a n i n f o só p o d i a ser u m t e r m o digno de i m p e r a d o r e s , etruscos e gladia-dores de a r e n a . O m e u c o n f l i t o agora n ã o e r a m a i s o de ser p a r a n i n f o , e r a o de f a z e r o discurso. D e v e r i a h a v e r u m m e i o de e n f r e n t a r esse dia a q u a l q u e r custo!

Quinze dias depois, recebo de m e u p a i u m e n v e l o p e c o m anotações m a n u s c r i -tas sobre a o r i g e m do t e r m o . N e m o a b r i : t i n h a m e d o . A f i n a l , ali estava o início

* Discurso pronunciado em 16 de julho de 1981, a um grupo de formandos da Escola de Enfermagem da USP.

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do m e u discurso. Trouxe-o p a r a casa e deixei-o sobre a mesa do telefone m u d o . L á ficou o envelope q u e e n c e r r a v a a l g u m a s h o r a s de dedicação a u m a f i l h a q u e c u r s o u essa escola» passou pelos m e s m o s p r o b l e m a s que vocês, engajou-se n a v i d a u n i v e r s i t á r i a , casou-se, m a s q u e até h o j e , e felizmente, n ã o s a i u de casa. E u n ã o m e c o n f o r m a v a e m tê-lo feito fazer isso p o r m i m e m troca dessa m i n h a i n d o l ê n c i a . Há 4 dias atrás, r e s o l v i - m e . T i n h a eu q u e i n i c i a r as m i n h a s divagaçÕes sobre esse dia. F u i p a r a a Escola disposta a p e n s a r n o discurso. O p r i m e i r o passo e r a con-s u l t a r ocon-s m a n u con-s c r i t o con-s con-sobre o t e r m o p a r a n i n f o . M e u p e n con-s a m e n t o foi p o r é m inter-r o m p i d o . H a v i a u m inter-recado p a inter-r a m i m : e inter-r a pinter-reciso desceinter-r ao 1.° a n d a inter-r p a inter-r a p inter-r o v a inter-r a beca c o m D . A d e l i n a . B e c a ? Foi o u t r a b o m b a . Essa e r a m a i o r que a p r i m e i r a . F a z e r discurso até q u e j á n ã o e r a m a i s p r o b l e m a . . . M a s f a z e r discurso de b e c a . . . ? M e u s queridos colegas, q u e sina vocês m e r e s e r v a r a m . S e até então e u estava des-concertada, i m a g i n e m vocês daí p a r a a f r e n t e .

Vocês n ã o podem i m a g i n a r o s o f r i m e n t o pela m i n h a i n c o m p e t ê n c i a p a r a ser p a r a n i n f o . E u q u e r i a reuni-los e dizer-lhes isso. E u n ã o s i r v o , sou t í m i d a , n ã o sei a n d a r c o m essa r o u p a , n ã o sei f a l a r aquelas coisas de q u e todo m u n d o gosta, m i -n h a e x p e r i ê -n c i a a -n t e r i o r é p o b r e , -n ã o p a r t i c i p e i -n u -n c a das m i -n h a s f o r m a t u r a s , n e m de beca, n e m sem beca, n e m c o m , n e m sem discurso. P o r é m queridos a f i l h a d o s , e r a tarde demais. R e n d i - m e à beca e ao discurso e esqueci-me de q u e p a r a n i n f o significa p a d r i n h o do n o i v o e m grego e e m l a t i m e q u e e m espanhol e catalão, v e j a m vocês, só e m e s p a n h o l e catalão é q u e aparece o professor. A s s i m m e s m o , é o professor q u e dá a a u l a i n a u g u r a l . A ú n i c a l í n g u a q u e r e s e r v a o t e r m o p a r a p a d r i n h o d e f o r m a n d o s é a nossa l í n g u a , sobretudo n a tradição b r a s i l e i r a e é pos-sível que o t e r m o t e n h a sido h e r d a d o do f r a n c ê s , j á q u e n a s antigas Escolas de Me-dicina e Teologia da U n i v e r s i d a d e de P a r i s , o discurso solene de e n c e r r a m e n t o do curso e r a feito pelo p a r a n i n f o . N a d a disso t i n h a m a i s i m p o r t â n c i a ! E u p r e c i s a v a r e t r i b u i r a vocês o presente q u e m e f a z i a m com essa escolha e, j á que não e r a u m a a u l a i n a u g u r a l , pensei q u e podia presenteá-los com a ú l t i m a o p o r t u n i d a d e de a p r e n d e r m o s j u n t o s , nessa a u l a f i n a l do c u r s o .

L e m b r e i - m e de q u e t i n h a gente m o r r e n d o de f o m e n o m u n d o . L e m b r e i - m e de q u e a C o n f e r ê n c i a M u n d i a l de A l i m e n t a ç ã o de 1 9 7 7 h a v i a r e v e l a d o q u e 1 e m cada 8 habitantes da t e r r a se e n c o n t r a v a e m estado de i n a n i ç ã o e de que m a i s de 7 5 milhões dos 8 0 0 m i l h õ e s de c r i a n ç a s dos países sub-desenvolvidos e s t a v a m condenadas a m o r r e r antes dos 5 anos de i d a d e ! L e m b r e i - m e de q u e a deficiência n u t r i c i o n a l é a d o e n ç a de m a i o r p r e v a l ê n c i a n o B r a s i l e q u e , segundo a Investi-gação I n t e r a m e r i c a n a sobre a M o r t a l i d a d e n a I n f â n c i a , realizada n o f i m da déca-da de 6 0 , é a deficiência n u t r i c i o n a l c ú m p l i c e déca-das doenças transmissíveis. Elas m a t a m ! Elas são as g r a n d e s responsáveis pelos altos í n d i c e de m o r t a l i d a d e i n f a n -til n o nosso m e i o . L e m b r e i - m e de q u e vocês i r i a m t r a b a l h a r com essa m e s m a p o p u l a ç ã o que está m o r r e n d o de f o m e antes m e s m o de saber o q u e é a v i d a . M o r r e n d o de f o m e . . .

L e m b r e i - m e de q u e a m o r t a l i d a d e i n f a n t i l e m S ã o P a u l o a i n d a é de 6 1 , 4 2 p o r 1 0 0 0 nascidos v i v o s e m 1 9 7 9 , apesar do estudo do D r . Leser t e r desmascarado e m 1 9 7 5 , o m i t o da m o r t a l i d a d e i n f a n t i l n o nosso estado. Ele r a t i f i c o u o f a t o de q u e , q u e m g a n h a m e n o s , m o r r e m a i s cedo e e m m a i o r n ú m e r o .

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D r . J o s u é d e C a s t r o , vocês n ã o c o n h e c e r a m , ( m o r r e u no exílio p o r t e r trado que n o B r a s i l e n o m u n d o se m o r r e de f o m e ) , n a década de 5 0 , j á mos-t r a v a q u e esse e r a u m f a mos-t o m o n s mos-t r u o s o . . . e ele o c o r r e amos-té h o j e !

M a s h á gente q u e v i v e . S i m , isso h á ! M a s e a expectativa de v i d a do nosso p o v o ? C o m o ela é ? E m 1 9 7 6 , a F u n d a ç ã o S i s t e m a E s t a d u a l de A n á l i s e de Dados i n f o r m a q u e é e m t o r n o de 6 0 anos; e q u a n t o m a i s b a i x a a r e n d a , m e n o r é a pos-sibilidade de se v i v e r m a i s . Nos países desenvolvidos, c o m o S u é c i a , I n g l a t e r r a , Es-tados U n i d o s e o u t r o s , a expectativa de v i d a m é d i a v a i de 7 1 a 7 4 anos. E u diria q u e , nesse caso, o que é b o m p a r a os Estados Unidos devia ser t a m b é m b o m p a r a o B r a s i l ! E u m a publicação do I n s t i t u t o de S a ú d e da S e c r e t a r i a de S a ú d e diz q u e a nossa e x p e c t a t i v a de v i d a é assim tão baixa p o r causa da f o r t e m o r t a l i d a d e i n f a n t i l e de adolescentes.

M a s os s o b r e v i v e n t e s , c o m o é q u e v i v e m ?

C o m baixíssimos salários. E m 1 9 7 0 , 7 5 % da população n ã o recebia m a i s do q u e 3 salários m í n i m o s . T r ê s salários m í n i m o s e q ü i v a l e m h o j e a m a i s o u menos 2 5 m i l c r u z e i r o s . A t u a l m e n t e , segundo a Associação P r o f i s s i o n a l dos E n f e r m e i r o s do Estado de S ã o P a u l o ( A P E E S P ) , 6 0 % dos e n f e r m e i r o s recebem de 3 0 a 4 0 m i l cruzeiros mensais e a m a i o r p a r t e dedicando m a i s do que 3 6 h o r a s de servi-ço s e m a n a l . S e g u n d o D e p a r t a m e n t o I n t e r s i n d i c a l de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, as f a m í l i a s g a s t a v a m , e m 1 9 7 0 , 5 0 % do seu s a l á r i o e m a l i m e n t a ç ã o . S e r á q u e c o m C r $ 1 2 . 5 0 0 , 0 0 dá p a r a a l i m e n t a r u m a f a m í l i a ? S e r á q u e a nossa mesa "está f a r t a " ?

M a s n ã o se v i v e só c o m baixos salários n ã o ! V i v e s e t a m b é m e, p r i n c i p a l m e n te, morrese c o m esquistosomose, s a r a m p o , m e n i n g i t e , poliomielite, d i f t e r i a , h a n -seníase, tuberculose, m i s é r i a , m i s é r i a e m i s é r i a .

M e u s colegas, é aí q u e reside a sua seara de t r a b a l h o . É aí q u e vocês v ã o t r a b a l h a r ! É aí q u e nós p r e c i s a m o s t r a b a l h a r !

A atenção p r i m á r i a de saúde está aí. E l a e n v o l v e a p r o m o ç ã o d a n u t r i ç ã o adequada, o d e s e n v o l v i m e n t o do setor educação, o abastecimento de água p o t á v e l , s a n e a m e n t o básico e a prestação d e serviços m a t e r n o s - i n f a n t i s q u e i n c l u e m desde a p r e v e n ç ã o e controle de doenças t r a n s m i s s í v e i s até a educação e m questão de p r o b l e m a s de saúde.

A saúde t e m q u e chegar a t o d o s ? H á q u e se l u t a r p o r i n f r a - e s t r u t u r a ade-q u a d a . O D r . M a h l e r d i r e t o r da Organização M u n d i a l de S a ú d e dizia ade-q u e a en-f e r m a g e m , assim c o m o a medicina» j á se dedicou m u i t o ao a t e n d i m e n t o das ne-cessidades de a l g u n s p r i v i l e g i a d o s . Diz ele que se os e n f e r m e i r o s estão dispostos a r e c o n h e c e r a atenção p r i m á r i a c o m o u m m e i o de chegar a u m n í v e l aceitável de saúde, e n t ã o , e só assim, o m u n d o precisa de e n f e r m e i r o s . É assim q u e nós q u e r e m o s s e r ?

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Nós somos m u i t o poucos. A S e c r e t a r i a da S a ú d e , segundo dados d a A P E E S P , conta com 1 8 2 e n f e r m e i r o s e m todo o Estado e se estima a necessidade de 8 7 0 p a r a que o t r a b a l h o seja de fato efetivo, contando, assim, c o m u m e n f e r m e i r o n o m í n i m o p o r C e n t r o de S a ú d e . P o r isso, m a i s do que n u n c a , nós precisamos ser fortes. Nós precisamos ser unidos e antes de t u d o t e r consciência dos nossos pro-b l e m a s de saúde inseridos n u m contexto m u i t o m a i o r q u e é a v i d a ; nós precisa-mos ter consciência das nossas limitações e d a s limitações dos nossos companhei-ros de t r a b a l h o , s e j a m eles os nossos s u b a l t e r n o s , os nossos superiores» oa nos-sos iguais, os nosnos-sos pacientes.

Estudem os nossos p r o b l e m a s , estudem as recomendações d a C o n f e r ê n c i a de A l m a - A t a . C o n f r o n t e m t u d o isso com as ações de saúde que estão sendo executa-das ou que se pretende i m p l e m e n t a r n o nosso m e i o . V e r i f i q u e m o que a sociedade espera de vocês, o que ela espera de nós. S o b r e t u d o t r a b a l h e m n a p r e s t a r ã o dire-ta de serviços à c o m u n i d a d e , q u e só assim vocês c o n t r i b u i r ã o de f a t o , p a r a me-l h o r a r o seu n í v e me-l de saúde.

Colegas, c o m p a n h e i r o s de t r a b a l h o e de s o f r i m e n t o !

Vocês v ã o se sentir impotentes f a c e a t u d o isso! A j a m , discutam, associem-se às suas entidades de classe e t r a b a l h e m nelas. Não deixem q u e a irresponsabili-d a irresponsabili-d e , a irresponsabili-desonestiirresponsabili-dairresponsabili-de, a c o v a r irresponsabili-d i a , o m e r c e n a r i s m o , o o p o r t u n i s m o e a irresponsabili-desconfiança t o m e m conta de vocês. Eles t e n t a r ã o infiltrar-se nas suas cabeças nos locais de tra-b a l h o . M a s t e n h o certeza, serão vencidos!

M a n t e n h a m esse espírito de l u t a , q u e vocês s e m p r e d e m o n s t r a r a m , essa f i b r a , esse a m o r ao t r a b a l h o e ao p r ó x i m o , à l e a l d a d e , à honestidade, à dedicação, à v e r d a d e , à t o l e r â n c i a , à compreensão de q u e m está abaixo ou a c i m a de vocês, es-p e c i a l m e n t e de q u e m está abaixo.

Essa classe h o j e se f o r m a , presente a q u i i n c o m p l e t a . E u entendo perfeita-m e n t e os ausentes. E u f u i ausente t a perfeita-m b é perfeita-m . A desilusão coperfeita-m a f o r perfeita-m a ç ã o que d a m o s e recebemos, com o crescimento dos p r o b l e m a s reais de saúde da popula-ção, a desilução e m v e r o desinteresse demonstrado pelos detentores do p o d e r c o m essa p o p u l a ç ã o agredida, a desilusão com aqueles que n ã o t ê m coragem de dizer n ã o sei ( p o r q u e t ê m v e r g o n h a de n ã o saber t u d o ) , e, f i n a l m e n t e , a desilusão c o m a desilusão dos q u e l a b u t a m no ensino e no c a m p o , aflige-nos, abate-nos.

M a s , todos, presentes o u n ã o , eu os conheço b e m ; sei que serão capazes de v e n c e r os obstáculos m a i s difíceis q u e , c e r t a m e n t e , i r ã o e n c o n t r a r e m sua v i d a profissional, especialmente no seu início. U n s t e r ã o m a i o r , outros m e n o r

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c o m flores e u m cartão q u e dizia: " S u z y , a a m i g a n.° 1 do 2.° a n o " . N u n c a hei de m e esquecer da classe q u e , e m 1 9 7 8 , a i n d a q u e e m p e q u e n o n ú m e r o , desistiu da E n f e r m a g e m p o r q u e e n x e r g o u gigantes onde só existiam m o i n h o s de v e n t o s . N u n c a hei de m e esquecer da classe q u e , e m 1 9 7 9 , e desde 1 9 7 7 , n ã o esmoreceu, ao c o n t r á r i o , se m a n t e v e f i r m e n o seu c a m i n h o p a r a c h e g a r até os meados de 1 9 8 1 p o r q u e a c r e d i t a v a n a sua c o n t r i b u i ç ã o p a r a a E n f e r m a g e m e p a r a a S a ú d e .

É t r a d i ç ã o nos discursos de p a r a n i n f o se dizer aos f o r m a n d o s q u e , n a q u e l e ato, eles r e c o m p e n s a m seus p a i s ; eu digo q u e n ã o é só a eles. É aos pacientes, aos f u n c i o n á r i o s desta Escola e das Instituições de S a ú d e que r e c e b e r a m vocês, aos professores e a vocês p r ó p r i o s que s o u b e r a m s u p o r t a r , sem j a m a i s se c a l a r , todas as i m p r o p r i e d a d e s e i n j u s t i ç a s q u e , f a t a l m e n t e , o c o r r e r a m n a sua f o r m a ç ã o . A p r o v e i t e m os bons e x e m p l o s da sua v i d a escolar; n ã o esperem gratidão pelos seus bons atos e n ã o se d e s a n i m e m q u a n d o , e m v e z dela, v i e r a i n g r a t i d ã o . A m e l h o r recompensa é a consciência do dever c u m p r i d o c o m a m o r . Inspirem-se n a v e l h a m á x i m a "não façais aos outros a q u i l o q u e n ã o queréis q u e vos f a ç a m " , o u , de u m m o d o m a i s positivo, inspirem-se n o ensino de Cristo q u e disse "tudo a q u i l o q u e queréis q u e os h o m e n s vos f a ç a m , fazei-o vós a eles, p o r q u e isto é a lei e os p r o f e t a s " .

D e u s abençoe a sua c a r r e i r a e q u e o espírito de l u t a e de colaboração q u e essa classe d e m o n s t r o u n a sua passagem pela Escola n ã o esmoreça j a m a i s .

Obrigada p e l a o p o r t u n i d a d e de estar a q u i com vocês e ter podido, elaboran-do e v i v e n d o esse discurso, a p r e n d e r u m pouco m a i s sobre a v i d a .

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