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Rev. esc. enferm. USP vol.15 número3

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Academic year: 2018

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A S P E C T O S B Á S I C O S DE E N F E R M A G E M NO P Ê N F I G O F O L I Á C E O S U L A M E R I C A N O

Yoriko Kamiyama * K A M I Y A M A , Y . Aspectos básicos de e n f e r m a g e m n o Pênfigo F o l i á c e o S u l - A m e r i c a n o .

Rev. Esc. Enf. 7 5 ( 3 ) : 2 5 7 - 2 6 6 , 1 9 8 1 .

A autora analisa a problemática do Pênfigo Foliáceo Sul-Americano, sua epidemiología, diagnóstico, tratamento e profilaxia. Discorre sobre os principais problemas do paciente acometido por essa afecção e os aspectos básicos da assistência de enfermagem a esse tipo de doente.

I N T R O D U Ç Ã O

S ã o d e n o m i n a d a s Pênfigos todas as dermatoses caracterizadas p o r erupções bolhosas conseqüentes ao r o m p i m e n t o de pontes i n t e r c e l u l a r e s da c a m a d a de M a l p i g h i .7

S e g u n d o L E M E 5, os Pênfigos classificam-se e m 4 g r a n d e s g r u p o s : P ê n f i g o s Congênitos, S i n t o m á t i c o s , V e r d a d e i r o s e D e r m a t i t e H e r p e t i f o r m e . C a d a u m dos 4 g r u p o s a b r a n g e g r a n d e n ú m e r o de condições patológicas as q u a i s são apresenta-das n o Q u a d r o 1 .

Dos Pênfigos v e r d a d e i r o s , o tipo Foliáceo S u l - A m e r i c a n o é o de m a i o r signi-ficado médico-sanitário no B r a s i l .

I n c i d e quase q u e e x c l u s i v a m e n t e no B r a s i l e países l i m í t r o f e s e é considerado moléstia de g r a n d e interesse n a c i o n a l pelos especialistas b r a s i l e i r o s .6

A l é m disso, é doença t r o p i c a l m u i t o pouco estudada nos demais países, o q u e t o r n a g r a n d e a responsabilidade de médicos, e n f e r m e i r o s e o u t r o s profissionais da á r e a de saúde desses países, e m especial d o B r a s i l , q u a n t o ao estudo do diagnósti-co, da terapêutica, da p r o f i l a x i a e d a assistência aos pacientes^ portadores desse m a l .5-6

O M i n i s t é r i o d a S a ú d e , a t r a v é s da p o r t a r i a n.° 6 de 7 de m a r ç o de 1 9 7 9 , bai-x o u n o r m a s técnicas p a r a diagnóstico, t r a t a m e n t o e c o n t r o l e do P ê n f i g o Foliáceo S u l - a m e r i c a n o . * *

É doença de e l e v a d a i n c i d ê n c i a e m regiões de c l i m a t r o p i c a l , p r i n c i p a l m e n t e e m focos e n d ê m i c o s localizados nas zonas c e n t r a l e m e r i d i o n a l do B r a s i l a b r a n g e n -do os Esta-dos de M a t o G r o s s o , G o i á s , M i n a s G e r a i s , S . P a u l o , R i o de J a n e i r o e P a r a n á . 5

>6

* Professor Adjunto do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica da EEUSP, disciplina Enferma-gem em Doenças Transmissíveis.

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9

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No B r a s i l , estima-se que a n u a l m e n t e a p a r e c e m , e m m é d i a , 1 . 0 0 0 a 1 . 5 0 0 casos novos, a m a i o r i a deles nas localidades a c i m a r e f e r i d a s .

Quanto à etiopatogenia, a teoria m a i s aceita é a teoria m u l t i f á s i c a de LE-M E 5. S e g u n d o essa teoria existem: u m f a t o r extrínseco, possivelmente v i r a l ; o vetor de transmissão e u m f a t o r intrínseco dis-reativo ( i m u n o l ó g i c o ) , como mostra o q u a d r o 2 .

QUADRO 2

ETIOLOGÍA E PATOGENIA. DO PÊNFIGO FOLIÁCEO

VECTOR (SIMULÍDEO?)

FATOR EXTRÍNSECO (VÍRUS)

ALTERAÇÕES DISREATIVAS

FATOR INTRÍNSECO (IMUNOLÓGICO}

(LEME)

O v í r u s , i n t r o d u z i d o n o o r g a n i s m o h u m a n o pelo a r t r ó p o d e ( S i m u l i u m p r u i -n o s u m ) p r o v o c a , e m i -n d i v í d u o s com susceptibilidade i m u -n o l ó g i c a , alterações dis-r e a t i v a s do tipo auto-agdis-ressão i m u n o l ó g i c a , dis-r e s u l t a n d o então as lesões do P ê n f i g o .

O v e t o r de transmissão, S i m u l i u m p r u i n o s u m ( b o r r a c h u d o ) t e m como h a b i t a t zonas com a l t i t u d e d e 5 3 0 a 9 0 0 m e t r o s e 7 6 % de u m i d a d e r e l a t i v a do a r . P o r essa r a z ã o , existem determinados focos e m áreas endêmicas c u j a s características geofísicas f a v o r e c e m a p r o l i f e r a ç ã o daqueles insetos. Os maiores focos localizam-se dessa f o r m a , nos Estados do C e n t r o Oeste do B r a s i l .

A p ó s a p e n e t r a ç ã o do agente etiológico ( v i r u s ? ) c a r r e a d o pelo S i m u l í d e o , s u r g e m , n o o r g a n i s m o suscetível, respostas dis-reativas com p r o d u ç ã o de auto-anti-corpos evidenciáveis pela i m u n o f l u o r e s c ê n c i a . Esses a n t i c o r p o s , específicos p a r a o P ê n f i g o , localizados p r i n c i p a l m e n t e n a c a m a d a de M a l p i g h i , são encontrados e m p r a t i c a m e n t e 1 0 0 % dos casos de P ê n f i g o Foliáceo S u l - A m e r i c a n o .

A l é m disso, o t í t u l o de anticorpos está d i r e t a m e n t e associado à g r a v i d a d e do caso; q u a n t o m a i o r a sua t i t u l a g e m , m a i o r a g r a v i d a d e da doença.

A e v o l u ç ã o do P ê n f i g o Foliáceo S u l - A m e r i c a n o e seu t r a t a m e n t o são descritos, de f o r m a s e m e l h a n t e , p o r diversos especialistas 5 , 6 , ?.

Na fase inicial da doença a p a r e c e m m i c r o b o l h a s e e r i t e m a , sobretudo n a face, região médio-csternal e inter-escápulo-vertebral.

(4)

Outros 5 0 % , e v o l u e m p a r a a f o r m a generalizada. A s b o l h a s se a l a s t r a m co-b r i n d o áreas extensas d a f a c e , tronco e m e m co-b r o s . A s lesões s ã o f r e q ü e n t e m e n t e a c o m p a n h a d a s de intensa t o x e m i a e e r i t r o d e r m i a .

Segue-se p o s t e r i o r m e n t e , o p e r í o d o de regressão e m q u e se observa a m e l h o r a do q u a d r o g e r a l . O processo patológico tende a desaparcer, s u r g i n d o n o entanto c o m g r a n d e f r e q ü ê n c i a , m a n c h a s escuras n a p e l e d e c o r r e n t e s de alterações melâ-nicas, f e n ô m e n o esse c h a m a d o de "leopardização".

Q u a n d o não o c o r r e a regressão do processo, a d v é m a fase c h a m a d a eri-t r o d é r m i c a crônica, e m que se o b s e r v a m queda de defesa o r g â n i c a geral e apareci-m e n t o de resistência aos corticoídes ( 4 0 - 4 5 % ) ; a l g u apareci-m a s vezes s o b r e v é apareci-m a apareci-m o r t e . O í n d i c e de letalidade e r a de 3 5 % a 4 0 % até 1 9 5 6 , ou seja a n t e r i o r m e n t e à i n t r o -dução do uso desses m e d i c a m e n t o s . H o j e está e m t o r n o de 0 , 5 a 1 % , g r a ç a s ao t r a t a m e n t o c o m a T r i a n c i n o l o n a .

Os especialistas a l e r t a m q u e , " q u a n d o a doença incide em crianças ocasiona p a r a d a do d e s e n v o l v i m e n t o físico e m e n t a l " .

A diagnose é feita pela a n a m n e s e , pelo e x a m e específico ( N i k o l s k y ) e pelos exames c o m p l e m e n t a r e s .

Na a n a m n e s e é i m p o r t a n t e a pesquisa das características geofísicas da região de onde procede o paciente, procurando-se detectar possíveis focos d a doença. Os dados epidemiológicos são fatos de g r a n d e v a l o r n a correta elucidação d o diagnós-tico.

O e x a m e específico p a r a a moléstia é a pesquisa do S i n a l de N i k o l s k y . Friccio-nando-se a pele com certa pressão, observa-se deslizamento das c a m a d a s superfi-ciais sobre a c a m a d a espinhosa.

Dos exames c o m p l e m e n t a r e s , o m a i s eficaz é a I m u n o f l u o r e s c ê n c i a c o m utili-zação de soro anti-globulina m a r c a d o c o m f l u o r e s c e í n a .

A l é m dessa p r o v a são utilizados a i n d a : o e x a m e histopatológico ( v e r i f i c a ç ã o da presença de vesículas i n t r a - e p i d é r m i c a s ) e o e x a m e citológico o u p r o v a d e T Z A N C (identificação de células acantolíticas n o raspado das vesículas, corado pelo mé-todo de L e i s h m a n ou G i e m s a ) .

O t r a t a m e n t o é h o j e baseado n a i m u n o s s u p r e s s ã o . O p r o d u t o m a i s utilizado é a T r i a n c i n o l o n a m i n i s t r a d a e m dose de a t a q u e de 4 8 m g p o r dia até o c o n t r o l e do q u a d r o clínico. E m cada 1 5 dias de t r a t a m e n t o vai-se r e d u z i n d o a dose de 8 m g . O paciente é m a n t i d o hospitalizado até a i n g i r a dose de 8 a 1 6 m g p o r dia, po-dendo então passar a se tratar no a m b u l a t ó r i o . Essa dosagem v a i sendo d i m i n u í d a p r o g r e s s i v a m e n t e até q u e o doente n ã o necessite m a i s do m e d i c a m e n t o .

Infecções secundárias p o d e m , e v e n t u a l m e n t e , acometer o doente. P a r a seu t r a t a m e n t o , usamse antibióticos de l a r g o espectro como a T e t r a c i c l i n a e E r i t r o m i c i -n a , -n a dose de 1 - 2 g / d i a .

Os t r a t a m e n t o s tópicos são utilizados p a r a a l í v i o dos sintomas das lesões lo-cais t a i s como dor e p r u r i d o b e m c o m o p a r a o conforto do paciente.

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A p r o f i l a x i a da doença consiste essencialmente n a adoção de medidas de con-trole do v e t o r e n a p r o m o ç ã o e m a n u t e n ç ã o de boas condições de resistencia orgâ-n i c a .

Essas m e d i d a s são apresentadas a seguir.

Controle do v e t o r .

— M e l h o r i a das condições ambientais ( d r e n a g e m de águas p a r a d a s e de t e r r e n o s m u i t o ú m i d o s e m a n u t e n ç ã o de boas condições de limpeza do ambiente a f i m de r e d u z i r ou e l i m i n a r as condições de v i d a do S i m u l í d e o ) .

— Uso de l a r v i c i d a s .

— Uso de inseticidas de ação r e s i d u a l nas paredes das casas e e m águas p a r a d a s .

— D e s e n v o l v i m e n t o de p r o g r a m a s de controle do inseto ( r o c i a m e n t o ) e m focos endêmicos.

— Uso d e inseticidas, m o s q u i t e i r o s ou telas e m zonas endêmicas.

— Uso de repelentes.

— Orientação da c o m u n i d a d e local.

— P r o m o ç ã o e m a n u t e n ç ã o de boas condições de resistência orgânica.

— A d o ç ã o de bons hábitos de higiene: pessoal, ambiental e dos a l i m e n t o s .

— A l i m e n t a ç ã o n u t r i t i v a e e q u i l i b r a d a .

— Repouso adequado e evitar execesso de desgaste físico.

— M a n u t e n ç ã o do e q u i l í b r i o emocional.

— Utilização de v a c i n a s e outros recursos p a r a p r e v e n ç ã o de doenças infecciosas em geral, a f i m de e v i t a r queda de resistência imunológica.

— P r e v e n ç ã o e t r a t a m e n t o adequado dos a g r a v o s à saúde.

— Notificação de casos diagnosticados à U n i d a d e S a n i t á r i a m a i s p r ó x i m a a f i m de possibilitar c a d a s t r a m e n t o p e r m a n e n t e e estudos epidemiológicos.

O P A C I E N T E C O M P Ê N F I G O F O L I Á C E O S U L - A M E R I C A N O E S E U S P R O B L E M A S

A l é m do desconforto e i n s e g u r a n ç a inerentes à p r ó p r i a doença, o paciente com P ê n f i g o Foliáceo e x p e r i m e n t a sérios p r o b l e m a s psico-sociais, conseqüentes à inten-sa lesão da a u t o - i m a g e m .

Sinais e sintomas da doença

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Essas lesões se a l a s t r a m p o s t e r i o r m e n t e , podendo a t i n g i r toda a face, t r o n c o e m e m b r o s , e s a n g r a m com e x t r e m a f a c i l i d a d e .

F r e q ü e n t e m e n t e s u r g e m febre, t o x e m i a , inapetencia e m a l estar g e r a l .

No período de recuperação s u r g e m m a n c h a s escuras n a pele. Esse f e n ô m e n o é d e n o m i n a d o "leopardização".

Estresse e desconforto devidos à lesão da auto-imagem, <La\ imagem corporal e

de-sorganização da identidade social.

C o n s t i t u e m p r o b l e m a s prioritários o estresse e o desconforto q u e o paciente ex-p e r i m e n t a ex-p o r ex-perceber a lesão n a sua auto-imagem, ex-p r o v o c a d a ex-pela doença ex- pro-p r i a m e n t e dita e pro-pelo t r a t a m e n t o pro-pelos corticosteróides.

A l é m disso, sua identidade social t a m b é m se desorganiza s i g n i f i c a t i v a m e n t e . A s percepções e cognições sobre si m e s m o , como u m ser bio-psico-social q u e v i v e e m interação com outras pessoas tornam-se totalmente desequilibradas.

Desse estado psico-social p e c u l i a r decorrem sentimentos de ser " r e j e i t a d o " , "su-j o " , " c u l p a d o " , " t e m i d o " e "indese"su-jável aos o u t r o s " .4

S ã o m o t i v o s de g r a n d e preocupação e s o f r i m e n t o p a r a o paciente, as percepções sociais sobre si m e s m o e os conflitos que e x p e r i m e n t a p o r n ã o q u e r e r aceitar a doença q u e na realidade existe, com presença de lesões visíveis a ele e aos o u t r o s .

Preocupação com o aparecimento de novos casos na família

O paciente de P ê n f i g o preocupa-se com a possibilidade de que outros elemen-tos da f a m í l i a possam ter a m e s m a doença, f e n ô m e n o esse semelhante ao experi-m e n t a d o pelos i n d i v í d u o s q u e a d q u i r e experi-m doenças contagiosas.

Receio 'da própria doença e preocupações com a sua evolução

O receio da doença, do prognóstico, do a g r a v a m e n t o do estado e da possibili-dade da instalação de complicações e seqüelas está s e m p r e presente.

T a l receio origina-se à suspeita da doença, a u m e n t a à elucidação do diagnós-tico e acentua-se a i n d a m a i s q u a n d o se i n s t a l a m as lesões generalizadas.

Problemas relativos ao uso de corticóides

A o s p r o b l e m a s inerentes à p r ó p r i a doença, somam-se os r e l a t i v o s ao uso de corticóides, tais como: instabilidade emocional; agressividade; excessiva passi-v i d a d e ; edema, p r i n c i p a l m e n t e f a c i a l ; o l i g u r i a ; depressão i m u n o l ó g i c a e baixa de resistência o r g â n i c a .

Essa falta de defesa g e r a l t o r n a o paciente, i n d i v í d u o de alto risco.

Desconforto provocado pelo isolamento reverso ou preventivo

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in-terpessoal. O ambiente é considerado pelos pacientes como "semelhante à p r i s ã o " , ambiente q u e "gera angústia, desespero e n e r v o s i s m o " .3

A l é m disso, p a r a a m a i o r i a das pessoas, i s o l a m e n t o está associado à m a i o r g r a v i d a d e do caso.

Insegurança

A situação de crise i n e r e n t e à hospitalização é m a i s intensa q u a n d o se trata de P ê n f i g o , doença g r a v e que acomete a pele e q u e constitui a l v o de estigma social. A imposição de dependência e a perda de a u t o n o m i a , a incerteza do sucesso do t r a t a m e n t o , a percepção de ameaça à v i d a e a perspectiva de i n t e r n a ç ã o p r o l o n g a d a são fortes componentes que a u m e n t a m a insegurança do i n d i v í d u o .

Baixa de resistência

O uso p r o l o n g a d o de altas doses de corticóides p r o v o c a a imunossupressão, t o r n a n d o o paciente m u i t o susceptível a infecções. O doente passa a ser i n d i v í d u o de alto risco e necessita ser protegido das agressões por agentes microbiológicos, físicos, químicos e mecânicos.

A S P E C T O S B Á S I C O S D A A S S I S T Ê N C I A DE E N F E R M A G E M

P e l a análise dos p r o b l e m a s , verifica-se que o desempenho do p a p e l expressivo da e n f e r m e i r a é de i m p o r t â n c i a capital n o a t e n d i m e n t o do paciente de P ê n f i g o . Não menos i m p o r t a n t e é o papel i n s t r u m e n t a l , p o r é m este, r e q u e r i d o e m m e n o r ex-tensão.

É direíriz básica da assistência de e n f e r m a g e m a pacientes hospitalizados, in-dependentemente da patologia de que são portadores, a visão do h o m e m c o m o u m a u n i d a d e sômato-psíquica inserida e m d e t e r m i n a d o contexto social e que apre-senta as necessidades h u m a n a s básicas afetadas p o r aquela situação: estar doente e hospitalizado.

A s ações de e n f e r m a g e m d e v e m o b j e t i v a r o atendimento global do i n d i v í d u o , orientadas pelos p r o b l e m a s do paciente que são sinais e sintomas de alteração das necessidades h u m a n a s provocadas pela doença.

H O R T A 2 diz q u e , p o r serem as necessidades básicas h u m a n a s

interrelaciona-das, o desequilíbrio de u m a afeta as demais, e m m a i o r ou m e n o r g r a u , tanto n o n í v e l fisiológico c o m o no psico-social.

O êxito da assistência de e n f e r m a g e m depende da correta identificação dos p r o b l e m a s do paciente, do p l a n e j a m e n t o e da i m p l e m e n t a ç ã o d e ações p a r a o seu a t e n d i m e n t o . 4

A seguir serão apresentados os p r i n c i p a i s aspectos da e n f e r m a g e m ao paciente com P ê n f i g o Foliáceo.

1 . Isolamento

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Características do isolamento p r e v e n t i v o .

— Q u a r t o i n d i v i d u a l , c o m a p o r t a m a n t i d a f e c h a d a .

— Uso de a v e n t a l e m á s c a r a p o r todas as pessoas que e n t r a r e m n o q u a r t o .

— Uso de l u v a s p o r todas as pessoas q u e têm contato direto c o m o paciente.

— L a v a g e m das m ã o s ao e n t r a r e sair do q u a r t o .

— V i s i t a n t e s — D e v e m apresentar-se ao Posto de E n f e r m a g e m antes de e n t r a r e m n o q u a r t o .

U m cartão de identificação do isolamento p r e v e n t i v o contendo os itens a c i m a , deve ser fixado na p o r t a do q u a r t o . No verso desse c a r t ã o d e v e m ser e n u m e r a das as condições q u e p o d e m e x i g i r esse tipo de isolamento tais como: a g r a n u -locitose; pacientes com q u e i m a d u r a s extensas; dematites bolhosas; pacientes c o m l i n f o m a , l e u c e m i a ou que recebem t e r a p i a i m u n o s s u p r e s s o r a .

2 . Cuidados relativos ao a m b i e n t e e m a t e r i a l .

• P r o m o ç ã o e m a n u t e n ç ã o de a m b i e n t e l i v r e de p o e i r a , correntes de a r e de fontes de infecção.

• Limpeza ú m i d a rigorosa e cuidadosa ( á g u a , sabão e desinfetante, esteri-lização de panos de limpeza a cada p l a n t ã o )

• Limpeza concorrente diária.

• Limpeza t e r m i n a l à alta do paciente.

• Uso de m a t e r i a l esterilizado no cuidado do p a c i e n t e .

• P r o v i m e n t o de m a t e r i a l necessário ao cuidado do paciente e m sua uni-dade.

3 . Assistência ao a j u s t a m e n t o do paciente à n o v a situação. • Explicação sobre a doença, t r a t a m e n t o e a hospitalização. • A p o i o e atenção.

4 . Assistência n a admissão do paciente. • A d m i s s ã o direta n o q u a r t o .

• V e r i f i c a ç ã o das condições d o paciente e a t e n d i m e n t o aos p r o b l e m a s prio-r i t á prio-r i o s .

• Orientação sobre o sistema de isolamento, seu r e g u l a m e n t o e outras i n f o r -mações sentidas necessárias pelo paciente.

5 . A d m i n i s t r a ç ã o de m e d i c a m e n t o s .

• Explicação sobre os efeitos do corticóide.

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6 . Cuidados c o m a a l i m e n t a ç ã o e h i d r a t a ç ã o .

• A l i m e n t a ç ã o h i p e r - p r o t é i c a , h i p e r - v i t a m i n i c a e hiper-calórica.

• Oferecimento de saladas com vegetais cozidos e de f r u t a s l a v a d a s com água clorada ou cozidas.

• Hidratação cuidadosa.

• T r a t a m e n t o das lesões d a boca ( q u a n d o n e c e s s á r i o ) , com água bicarbona-tada a 2% e aplicação de xilocaína 1 0 m i n u t o s antes das refeições. • Criteriosa higiene o r a l .

7 . Controles e observação. • S i n a i s v i t a i s .

• E v o l u ç ã o das lesões bolhosas. • S i n a i s de infecção s e c u n d á r i a . • Eliminações.

• L í q u i d o s ingeridos e e l i m i n a d o s . • Reações c o m p o r t a m e n t a i s .

• Efeitos colaterais da terapia imunossupressora. • S i n a i s de complicações e de a g r a v a m e n t o . • Queixas e p r o b l e m a s expressados pelo paciente.

8 . Higiene.

• B a n h o de imersão com água esterilizada, m o r n a ( t e m p e r a t u r a 3 7 . ° C ) ou com P e r m a n g a n a t o de Potássio a 1 : 4 0 . 0 0 0 , e m b a n h e i r a f o r r a d a c o m plástico esterilizado.

• Uso de toalhas e de r o u p a s esterilizadas.

• A p l i c a ç ã o de v a s e l i n a esterilizada ou p o m a d a de corticosteróide após o b a n h o .

9 . Cuidados com a r o u p a do paciente.

• Uso de r o u p a s esterilizadas.

• Uso de r o u p a s de c a m a esterilizadas.

• Uso de lençóis de plástico esterilizados a f i m de evitar aderências nas lesões.

1 0 . Cuidados especiais.

(10)

• Cuidados com a dor p r o v o c a d a pelas lesões.

• Uso d e a r c o de p r o t e ç ã o esterilizado e outro s r e c u r s o s a f i m de e v i t a r a d e r ê n c i a das lesões à r o u p a d e c a m a .

• Orientação e e n c a m i n h a m e n t o sobre atividades ocupacionais c o m p a t í v e i s com as condições d o p a c i e n t e .

1 1 . P r e p a r o p a r a a l t a .

• O r i e n t a ç ã o d o p a c i e n t e e d a f a m í l i a sobre a doença ( n a t u r e z a , p a t o g e n i a , t r a t a m e n t o , p r o f i l a x i a e c u i d a d o s ) , f o c a l i z a n d o e m especial a i m p o r t â n c i a e a necessidade d a c o n t i n u i d a d e d o t r a t a m e n t o após a a l t a .

1 2 . P r e p a r o d a equipe d e e n f e r m a g e m .

• Orientação sobre: — doença — t r a t a m e n t o — p r o f i l a x i a

• C u i d a d o s a o paciente e f a m í l i a .

• P r o c e d i m e n t o s d e i s o l a m e n t o p r e v e n t i v o .

O sucesso d o t r a t a m e n t o d e p e n d e , e m m u i t o , d a c o m p r e e n s ã o d o p a c i e n t e sobre a sua doença e p l a n o t e r a p ê u t i c o b e m c o m o d e s u a p a r t i c i p a ç ã o n o trata-m e n t o .

À cicatrização completa das lesões, o doente p o d e r á s a i r d o isolamento pre-v e n t i pre-v o e p a r t i c i p a r cada pre-v e z m a i s n o seu auto-cuidado.

Na fase d e r e c u p e r a ç ã o é d e e x t r e m a i m p o r t â n c i a a o r i e n t a ç ã o d o paciente sobre a c o n t i n u i d a d e d o t r a t a m e n t o após a a l t a , r e t o r n o p e r i ó d i c o p a r a a v a l i a ç ã o m é d i c a e sobre o auto-cuidado com vistas a p r e v e n ç ã o de complicações, r e c i d i v a s o u recrudescencias d a moléstia.

K A M I Y A M A , Y . Basic aspects of the nursing care f o r t h e patients w i t h S o u t h A m e r i c a n Pemphigus Foliaceus. Rev. Esc. Enf. USP, S ã o Paulo, 7 5 ( 3 ) : 2 5 7 - 2 6 6 , 1 9 8 1 .

The author analysis the problems of the South American Pemphigus Foliaceus, its epidemiology, diagnosis, treatment and prophilaxie. She presents the main needs of the patients with that disease and the basic aspects of the nursing care.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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3. KAMIYAMA, Y. & NAKAZAWA, C. K. Percepção do paciente contagioso sobre a sua doença e o iso-lamento. Enf. Novas Dimens. São Paulo, 3 (1): 56-63, jan/fev, 1977.

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5. LEME, C. A. Considerações sobre a etiopatogenia do pênfigo foliáceo: esquema de tratamento. Rev. Paul. Med., São Paulo 47 (5): 546-54, nov. 1955.

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