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Braz. j. . vol.83 número2

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Academic year: 2018

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(1)

Primary

laryngeal

aspergillosis

in

the

immunocompetent

state:

a

clinical

update

Aspergilose

laríngea

primária

no

estado

imunocompetente:

atualizac

¸ão

clínica

Mainak

Dutta

,

Arijit

Jotdar,

Sohag

Kundu,

Bhaskar

Ghosh

e

Subrata

Mukhopadhyay

MedicalCollegeandHospital,DepartmentofOtorhinolaryngologyandHead-NeckSurgery,Kolkata,BengalaOcidental,Índia

Recebidoem9defevereirode2015;aceitoem4dejunhode2015 DisponívelnaInternetem20defevereirode2017

Introduc

¸ão

Sabe-seque a aspergiloseda laringeocorreem pacientes imunocomprometidos,particularmenteemcasosdediabete melito,tuberculose e infecc¸ão pelo vírus da imunodefici-ência humana (HIV), está associada ao uso de esteroides inalatóriosemedicamentoscitotóxicos.Aaspergilose larín-gea primária é evento raro, especialmente em pessoas imunocompetentes;atéapresentedata,sãopouquíssimos os casos descritos. Frequentemente, a aspergilose larín-gea primária mimetiza doenc¸as pré-malignas e malignas da laringe e responde satisfatoriamente ao uso de anti-fúngicos. No presente artigo, apresentamos um caso de aspergiloselaríngeaprimáriaemmulherimunocompetente de meia-idadee exploramos o atual conjunto de evidên-ciasrelacionadasàpatogêneseeaosaspectosclínicos.Até

DOIserefereaoartigo:

http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2015.06.002

Como citar este artigo: Dutta M, Jotdar A, Kundu S, Ghosh

B,MukhopadhyayS. Primarylaryngeal aspergillosisinthe immu-nocompetent state: a clinical update. Braz J Otorhinolaryngol. 2017;83:228---34.

Autorparacorrespondência.

E-mail:duttamainak@yahoo.com(M.Dutta).

ArevisãoporparesédaresponsabilidadedaAssociac¸ão Brasi-leiradeOtorrinolaringologiaeCirurgiaCérvico-Facial.

apresentedata,essedocumento constituiaúnicarevisão abrangentesobreessetópico.

Relato

de

caso

Mulhercom45anosseapresentoucomrouquidão progres-sivacomdoismesesdedurac¸ão,precedidaporumepisódio dedordegargantaquecedeucommedicac¸ão.Nãohavia his-tóriadedificuldade dedeglutic¸ão,dificuldade respiratória ouabusodavoz.Tambémnãoreferiaperdadepesorecente e doapetiteenem tosseoufebrenoturna.Além disso, a pacienteeseusparentesnãotinhamhistóricode tubercu-losepulmonar.Apacientenãobebiaenãofumavae,exceto pelossinaisesintomasàconsulta,demonstravabomestado desaúde.

Alaringoscopiaindiretaeasubsequentelaringoscopiade fibraópticarevelaram comprometimentodamobilidadee cordasvocaisinflamadas,recobertascomdebrisnecrosados comumacolorac¸ãobranco-amarelado,assemelhavam-sea manchasqueratósicassobreáreasdecongestão.Aspregas vestibulares estavam edematosas (fig. 1A). Não foram observadoslinfonodoscervicaispalpáveis.Nopescoc¸o,não haviasinaisdeinfecc¸ãoantigosouativos,comocicatrizes, cavidades ou fístulas. A radiografia torácica não revelou evidênciadetuberculoseativaoucurada.Asinvestigac¸ões hematológicasderotinanadarevelaramdeespecial;a paci-entenãoeradiabéticaeestavasoronegativaparaHIV.Com

(2)

Figura1 A,A laringoscopiacomfibra ópticareveloucordasvocaisinflamadas,cobertas pordebrisnecrosados decolorac¸ão branco-suja(setas)quesepareciamcommanchasqueratósicassobreáreasdecongestão;B,C,Ahistopatologiarevelouexsudatos necrosados noestroma do tecidorepletos defilamentos fúngicos septados ‘‘parecidoscom espaguete’’, comramificac¸ões de aproximadamente45◦eentremeadoscomfragmentosdeepitélioescamosodecordavocal(Hematoxilina-Eosina;

×400).

umdiagnósticoprovisóriodemalignidadedeglote,foi enca-minhadaparaavaliac¸ãomicrolaríngeasobanestesiageral, complanejamentoparabiópsia.Nesseestágio,descobriu-se que,naverdade,alesão,quepareciaapresentarqueratose oumalignidade em fase inicial, era constituída poráreas de manchas leucoplásicas que podiam ser facilmente eliminadas por raspagem, como uma camada cremosa, ficariaemseulugarumasubsuperfíciecruenta.Acolorac¸ão dosraspadosparafungorevelouhifasseptadasramificantes com morfologia que lembrava Aspergillus fumigatus. A histopatologia dos fragmentos de tecido de corda vocal revelou exsudatos necrosados em um estroma repleto de filamentos fúngicosseptados ‘‘parecidoscom espaguete’’ ecomramificac¸õesdeaproximadamente45◦,entremeados com fragmentos de epitélio escamoso (fig. 1B, C). Os relatóriosdaculturacorroboraramosachadoshistológicos econfirmaramocrescimentodeAspergillusfumigatus.

Ohistóricoverificadoretrospectivamentecombase nos achados clínico-histológicos revelou que a paciente não sofria deasma brônquicaoude qualquer tipo dealergia. Novasinvestigac¸õesforamfeitascomoobjetivode deter-minarqualquer fator contributivo comórbidoque pudesse terlevadoaumaimunodeficiênciatemporária.Noentanto, a paciente não tinha história de uso de corticosteroides por inalac¸ão ou de medicamentos citotóxicos nem tinha sido exposta à radiac¸ão. A paciente não eradiabética, o queficoudefinidopelocheck-uppré-operatórioderotina. Asinvestigac¸õessubsequentesnãoconseguiramdemonstrar qualquerfocodeinfecc¸ãofúngica.Aanáliseincluiuaárvore traqueobrônquica,na qual abroncoscopia flexívele, sub-sequentemente, a cultura do lavado broncoalveolar nada revelaramdeimportanteeosseiosparanasaisnão demons-traram evidência de infecc¸ão com a endoscopia nasal e imagensdiagnósticas.Assim,ficouestabelecidoo diagnós-tico deaspergilose laríngea primária.A paciente recebeu itraconazoloral(300mg/dia)durantetrêssemanas.A larin-goscopiade fibraópticafeitadez dias apóso tratamento demonstrouqueascordasvocaisestavamedematosas,mas sem qualquer mancha branca ou debris. A paciente teve acompanhamentocomconsultasacadadoismeses.Aosseis meses, sua voz tinha retornado ao normal, sem qualquer lesãoresidual.

Discussão

Aspergillus sp.sãofungos saprófitos ubíquos quecrescem na terra e na matéria em decomposic¸ão, mas também resultam de infecc¸ões oportunistas (sinusite, bronquite, aspergilose broncopulmonar alérgica, aspergiloma, asper-giloseinvasiva),cujagravidadeirádependerdavirulência daespécie(A.fumigatus,A.flavuseA.niger)eda imuni-dadedohospedeiro.1Osesporosinaladosficamdepositados na mucosa dos seios paranasais, da laringe e da árvore traqueobrônquicae asobscurascavidades dasvias aéreas favorecemseucrescimentonaformadehifa.Nesseslocais, os fungos colonizam ou invadem tecidos maisprofundos, geramsintomas quando a imunidade do hospedeiro dimi-nui. Portanto, as aspergiloses laringotraqueobrônquicas e pulmonaresrepresentamumtemívelgrupodecomplicac¸ões doimunocomprometimento.Em rarascircunstâncias, esse quadro pode ser observado também em indivíduos imu-nocompetentes. Mas, a aspergilose primária limitada à laringe em umindivíduo nãoimunocomprometido é real-mente rara.2 Uma cuidadosa busca nos bancos de dados PubMed/Medline,Lilacse SciELO revelouapenas 27casos naliteraturadelínguainglesa(tabela1).

(3)

rareentity.EarNoseThroatJ.

2014;93:265-8.

3. Al-OgailiZ,ChapeikinG, PalmerD.Primaryaspergillosis ofbilaterallaryngoceles.Case RepMed.2014;2014:384271.

77a/F Dificuldadede

deglutic¸ãoedefala, rouquidão

Fumo,usode

corticosteroidesinalados paraasma

Linfoma

4. DoloiPK,BaruahDK,Goswami SC,PathakGK.Primary aspergillosisofthelarynx:a casereport.IndianJ OtolaryngolHeadNeckSurg.

2014;66:326-8.

35/F Rouquidão,tosse Nenhum Queratose delaringe

5. RanYetal.20135 23/F Rouquidão,tosse paroxísticagrave, taquipneia

Sexooral Nenhum

6. SundarrayC,PandaS,RayR. Primaryvocalcord

aspergillosisina

non-immunocompromised host.JIndianMedAssoc. 2011;109:200.

ND ND ND ND

7. RanYetal.20112 30/F Rouquidãoprecedidapor

umepisódioderesfriado comum(febre,cefaleia, tosse),maistarde associadaafadigavocal, expectorac¸ãoevômito ocasional

Abusodavoz, antibióticosorais (ampicilina,cefixima), repetiuinjec¸ão intralaríngeade dexametasona

Laringite

8. LiuYCetal.20104 30a/F Rouquidão Abusodavoz,cistoem

cordavocalverdadeira

Nenhum

32/F Abusodavoz,

tratamentocom antibióticosdeamplo espectro

9. RanYetal.20083 36/F Rouquidão,fadigavocal Antibioticoterapia

sistêmica(penicilina, cefotaxima)e tratamentocom dexametasonapara riniteeasma

Nenhum

10. WittkopfJ,ConnellyS, HoffmanH,SmithR,Robinson R.Infectionoftruevocalfold cystwithAspergillus. OtolaryngolHeadNeckSurg. 2006;135:660-1.

62/F Rouquidão Cistoemcordavocal verdadeira(? aspergiloma)

(4)

Tabela1 (Continuação)

Estudo No.

Citac¸ões Idade(anos)/ Gênero

Apresentac¸ão Fatoresassociados Diagnóstico inicial

11. OgawaYetal.20021 73a/M Rouquidão Históriaderadioterapia

paracarcinomade célulasescamosasde laringe;históriade diabeteb

Lesão maligna

12. DeanCM,HawkshawM, SataloffRT.Laryngeal aspergillosis.EarNoseThroat J.2001;80:300.c

17/F Rouquidão,fadigavocal Nenhum NF

13. FairfaxAJetal.19997,c 75d/M Rouquidão,terminando

porcausarafonia

Usoprolongadode esteroideinalatório (fluticasona)pormeiode uminaladorDiskhaler®

, históriadetabagismo crônicodurante40anos, históriapregressade carcinomadepróstata tratadocom

orquidectomiabilateral

Nenhum

14. BeustL,GodeyB,LeGallF, GrollierR,LeClechG. Primaryaspergillosisofthe larynxandsquamouscell carcinoma.AnnOtolRhinol Laryngol.1998;107:851-4.

53/M Rouquidão,angústia respiratória

Radioterapiapara carcinomadecélulas escamosasdelaringe

Nenhume

64/M 15. NongDetal.19976 30-40f/4M

4F

Rouquidãoquecausava afonia,levedorde garganta,tosseocasional (emcasosgraves)

Nenhum Laringite

aguda, tuberculose, lesão maligna 16. Benson-MitchellR,TolleyN,

CroftCB,GallimoreA. Aspergillosisofthelarynx.J LaryngolOtol.

1994;108:883-5.

62/M Rouquidão Nenhum Lesão

maligna

17. KheirSM,FlintA,MossJA. Primaryaspergillosisofthe larynxsimulatingcarcinoma. HumPathol.1983;14:184-6.

50/M Rouquidão Doenc¸apulmonar obstrutivacrônica

Lesão maligna

18. FerlitoA.Primary

aspergillosisofthelarynx.J LaryngolOtol.

1974;88:1257-63.

76/M Rouquidão Nenhum ND

19. RaoPB.Aspergillosisof larynx.JLaryngolOtol. 1969;83:377-9.

48/M Rouquidão Nenhum ND

Namaioriadoscasos,oagenteantifúngicodeescolhafoiitraconazol,amenossemencionadoemcontrário.

a Cirurgiafoiavigamestradotratamento(excisãodelaringoceles4,excisãodecistodecordavocal8,cauterizac¸ãocomlaserdeCO 21). b Deacordocomosautores,apréviaexposic¸ãoàradiac¸ãofoiofatorcontributivomaisprovávelparaaaspergilosedelaringenesse

paciente,enãoodiabete.

c Essascitac¸õesforamrecuperadascomoreferênciascruzadasdosartigosobtidosemseguidaàestratégiadebuscadescritanotexto. d Tratadocompastilhasdeanfotericina.

e Aslesõesfuncionaramcomoavisosderecorrênciadecâncerdelaringe.

f TratamentocomanfotericinaB(umpaciente),cetoconazol(trêspacientes)eitraconazol(quatropacientes).

(5)

Doenc¸aterminal

Hospitalizac¸ãoprolongada Emregimedenutric¸ãoparenteral

GRUPOB Condic¸õesquelevamàimunodeficiência sistêmica/localtemporáriaemumindivíduo que,aforaisso,podiaestarassintomático nomomentoemquecontraiuadoenc¸a

Infecc¸ãoporHIV Diabetesobcontrole

Sprayoraldeesteroide(emformadepó)elavagembucal imprópria

Tratamentocomlaser

Históriapregressadetuberculose Alcoolismo

Doenc¸apulmonarobstrutivacrônica Emdiálise

Futurarecorrênciadecâncerdelaringe Usodeantibióticosdeamploespectro

GRUPOC Condic¸õesassociadasapenasauma explicac¸ãohipotética

Abusodavoz

Cistodecordavocalverdadeira Sexooral

Tabagismo

Ocupacional(trabalhonocampo,agricultura,carpintaria) Laringocele

naexposic¸ãopréviaàirradiac¸ãoe aolasercomoparte do protocoloterapêuticoparacarcinomadelaringe.

Além disso, existem alguns fatores ‘‘locais’’ ou ‘‘laringotópicos’’ (tabela 2; Grupo C) cujo real papel na patogêneseaindaseencontranocampodaconjectura. Mui-tospacientestinhamhistóricodeabusodavoz(∼14%),fumo (∼11%) e exposic¸ão à radiac¸ão (∼11%) (fig. 2; tabela 1). Acredita-sequeessesfatorespossamcausarmicrotraumas na ultraestrutura das pregas vocais, embora de diferen-tes formas, alterar a fisiologia protetora e precipitar a infecc¸ãopelofungo2.Oambientemicrobianolocaltambém ficaalteradopelo uso de antibióticosde amploespectro. A aspergilose laríngea primária foi observada em pacien-tescomasmabrônquicaem usocrônicodeesteroidespor inalac¸ãoemformadepó(tabela1).Osgrânulosdopóficam depositadossobreoepitéliodalaringeediminuemas defe-saslocais.Recentemente,RanY.etal.implicaramaprática dosexooralentremulherescomoetiologiapotencial.5Com efeito,vemocorrendonotávelaumentonapreponderância geralentreasmulheres---de1,08para5nosúltimos14anos (tabela1).Amédiadeidadedeincidênciatambémdiminuiu ---praticamentetodasasmulheresestavamemidadefértil. Arazãoparaessedesvioemfavordemulheresede indiví-duosmaisjovensnãofoiaindaesclarecida,mastalvezseja

50 Nenhum

14,29

14,29

10,71

10,71

10,71

7,14

3,57

3,57

3,57 Abuso da voz

Ingestão de esteróides

Fumo

Antibióticos de amplo espectro

Exposição à radiação

Cisto de prega vocal

Sexo oral

Diabetes controlada

DPOC

0 10 20 30

Porcentagem

70 60 50 40

Figura 2 Envolvimentoproporcional dos diferentes fatores

associadosàaspergiloselaríngeaprimáriaemindivíduos imuno-competentes(expressadoemporcentagens).Notarqueem50% dospacientesnãofoipossíveldescobrirumfatorcontributivo. [Nãohaviadadosdisponíveisparaumpaciente.]DPOC:doenc¸a pulmonarobstrutivacrônica.

demasiadamente precoceimplicarqualquer papeldosexo oralemcasosdeaspergiloselaríngeaprimária.

(6)

fato-res contributivos identificáveis que pudessem, de alguma forma,terdiminuídooualteradoa fisiologiaprotetora da laringe(fig. 2; tabela 1). Em consequência,o diagnóstico nãoé direto. Namaioria dospacientes,inclusive na rela-tada no presente artigo, clinicamente, o problema tinha sidoconsiderado,deformaequivocada,comomalignidade (inclusivelinfoma)equeratosedalaringe.Namaiorsériejá publicada,nenhumcasoteveumdiagnósticopré-operatório correto.6 Nossa paciente se apresentou com rouquidão e exibia manchasleucopláquicasirregularessobre ascordas vocais---aapresentac¸ãotípicadeaspergiloseprimária limi-tada à laringe, com extensões subglótica e supraglótica variáveis. Contudo,essa condic¸ão podetambém se mani-festarnaformadeplacasulcerativas,cistosvocaisemesmo laringocelesbilaterais(tabela1),oquecomplicaodilema clínico.

É essencial ahistopatologia paraoestabelecimento de umdiagnósticocorreto;esseestudodemonstraashifas sep-tadas com sua ramificac¸ão dicotômica característica em 45◦.2,4 Ospadrões de cultura(Sabouraud Dextrose Ágar a 28◦C) e, atualmente, a extrac¸ão gênica com ‘‘kit DNA’’ pré-estabelecido easubsequente amplificac¸ãoporreac¸ão depolimerase em cadeia,seguida desequenciamento em laboratórioespecializado,resultamnadefinic¸ãodaespécie deAspergillusenvolvida.2---5controvérsiascomrelac¸ãoà decisãoemfavordaadministrac¸ãodeantifúngicos sistêmi-cos,poisaaspergiloseéprincipalmentecolonizante,enão invasiva.Noentanto,foramdemonstradasevidências histo-lógicasdeinvasãoemindivíduosimunocompetentesquese apresentaramcomrouquidão.

15 14 13 12 11 10

Número de pacientes relatados

Períodos de tempo em grupos de 5 anos

9 8 7 6 5 4 3 2 1 0

1966 - 1970 1971 - 1975 1976 - 1980 1981 - 1985 1986 - 1990 1991 - 1995 1996 - 2000 2001 - 2005 2006 - 2010 2011 - 2014

Figura 3 Linha de tendência do número de casos de

aspergilose laríngea primária relatados em pacientes imuno-competentes nas últimas cinco décadas. A linha negra com a cabec¸a de seta representa a linha de tendência. Ocorreu aumentosignificativonascomunicac¸ões,especialmentedepois de1995,emboraoitodos11pacientesdescritosde1996-2000 tenhamsido provenientes deuma sériedecasos com abran-gênciade10anos.Nãoobstante,édignadenotaaelevac¸ãoda linhadetendênciacomopassardotempo.Atualmente,a asper-giloselaríngeaprimáriaéumadoenc¸aparaaqualdevemosficar atentosemindivíduosimunocompetentessintomáticos.(N.B.: Opresentepacientefoiincluídonogrupode2011-2014.).

Asituac¸ãoéparecidacomarinossinusitefúngica,quando antifúngicossistêmicos sãopreferencialmente administra-dosapenasemcasoscomenvolvimentoósseo-neurovascular. Apesardisso,emcasosdeaspergiloselaríngeaprimária, itra-conazoloral durante 3-4 semanas tem sido o tratamento padrão na maioria dos artigos publicados, independente-mente de invasão.2---5 O uso de pastilhas de cetoconazol e anfotericina B foi mencionado em alguns estudos mais antigos,6,7 mas,atualmente,ousodoitraconazolé prefe-rido,por causarmenosefeitos colateraise apresentarum resultado satisfatório. Não existem dados de seguimento prolongado, mas, até a presente data, não tem havido recorrênciaapós otratamento completo comantifúngicos sistêmicos.

Ainexistênciadeorientac¸õesdefinidasparaodiagnóstico clínico,em func¸ãodararidadedadoenc¸a,podeter resul-tadoem subnotificac¸ão, mas,hoje,a aspergilose laríngea primáriaemindivíduos imunocompetentesdeveser consi-deradacomoumaentidadepatológicaemergente.Aanálise dafrequênciadecasosnolapsodetempodecincodécadas desde sua primeira documentac¸ão demonstraque a linha detendênciavemseelevando abruptamente(fig. 3). Por-tanto,essadoenc¸apodenãosertãoraracomoemgeralse considera.Emboraa interac¸ão entrehospedeiro-patógeno nacausadadoenc¸aaindasejadesconhecida,atualmente, a aspergilose laríngea primária representa uma entidade queprovavelmenteserádiagnosticadamaisfrequentemente pelosotorrinolaringologistasemindivíduos não imunocom-prometidos.

Conclusão

Nosúltimosanos,aincidência deaspergiloselaríngea pri-mária em indivíduos imunocompetentes tem apresentado crescimentocontínuo.Umamanchabrancadefácilremoc¸ão (leucoplasia),umapequenaúlceracobertaporresíduosou umnódulo em cordavocal em um paciente saudávelque seapresenta com rouquidão e sem aparenteexposic¸ão a qualqueragenteimunomodulador/ambientedevelevantar suspeitadeaspergiloseprimária.Comfrequência,édifícil determinarquais sãoosfatoresetiológicose aimunidade podenãodesempenharumpapeldecisivonacausac¸ão.No entanto, o conhecimento dos fatores contributivos suge-ridos, juntamente com uma forte suspeita por parte do clínico,ajudarána orientac¸ãodosexames diagnósticosde acordocomoquadro,paraaexclusãodosdiagnósticos dife-renciaise,comisso,tornarápossíveladetecc¸ãoemtempo dessadoenc¸apotencialmentecurável,independentemente doestadodaimunidadedohospedeiro.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

Agradecimentos

(7)

Imagem

Figura 1 A, A laringoscopia com fibra óptica revelou cordas vocais inflamadas, cobertas por debris necrosados de colorac ¸ão branco-suja (setas) que se pareciam com manchas queratósicas sobre áreas de congestão; B, C, A histopatologia revelou exsudatos nec
Tabela 1 (Continuação) Estudo
Figura 2 Envolvimento proporcional dos diferentes fatores associados à aspergilose laríngeaprimária em indivíduos  imuno-competentes (expressado em porcentagens)
Figura 3 Linha de tendência do número de casos de aspergilose laríngea primária relatados em pacientes  imuno-competentes nas últimas cinco décadas

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