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J. Pediatr. (Rio J.) vol.93 número3

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Academic year: 2018

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JPediatr(RioJ).2017;93(3):211---213

www.jped.com.br

EDITORIAL

Tobacco

smoke:

it

is

time

for

pediatricians

to

feel

directly

concerned

,

夽夽

Fumac

¸a

de

cigarro:

é

hora

dos

pediatras

perceberem

que

têm

tudo

a

ver

com

isso

Luis

Garcia-Marcos

a,b,∗

e

Manuel

Sanchez-Solis

a,b

aUniversidaddeMurcia,HospitalClínicoUniversitarioVirgendelaArrixaca,UnidadRespiratoria,Murcia,Espanha bIMIBBio-HealthResearchInstitute,Murcia,Espanha

Foideclaradoqueasconsequênciasepidêmicasdasdoenc¸as associadasaotabagismoestãoentreasmaiorescatástrofes desaúdepúblicanoúltimoséculo.1Muitoscânceres,porém

tambémmuitasoutrasdoenc¸ascrônicas,têmotabacocomo suacausadiretaespecíficaouseuprincipalfatorderisco. Osfumantesativosnãosãoosúnicosprejudicadosporessas doenc¸as,masospassivostambém.

Nascrianc¸as,osefeitosdeletériosdafumac¸adecigarro comec¸am no momento da concepc¸ão, conforme demons-tradonaleucemialinfoblásticaaguda2ouemmalformac¸ões

anorretais;3 porém, sem dúvida, comec¸am no útero. Por

exemplo, as fissuras orofaciais não sindrômicas4 e

prova-velmentealgumasoutrasmalformac¸ões5estãorelacionadas

aotabagismomaternonagravidez,bemcomooconhecido baixopesoaonascer.Osresultadosdealgunsestudos aler-taramsobrea menorfunc¸ãopulmonar emneonatos cujas mãesfumaramduranteagestac¸ão;6umasituac¸ãoquepode

estarrelacionadaaoaumentodoriscodedesenvolvimento deasmanavidaadulta.7,8

DOIserefereaoartigo:

http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2017.01.001

Como citar este artigo: Garcia-Marcos L, Sanchez-Solis M.

Tobaccosmoke:itistimeforpediatricianstofeeldirectly concer-ned.JPediatr(RioJ).2017;93:211---3.

夽夽VerartigodeUrrutia-Pereiraetal.naspáginas230---7.

Autorparacorrespondência.

E-mail:lgmarcos@um.es(L.Garcia-Marcos).

Alistadedoenc¸asnaqualotabacoé umriscode mor-bidez e mesmo mortalidade, em crianc¸as e adolescentes fumantespassivos, élongaeprovavelmenteaumentará.1,9

Muito importante, crianc¸as e --- em certa medida --- ado-lescentesnãotiverama oportunidade deoptar porfumar ounão,em contradic¸ão como argumentodaindústriado tabaco, que diz que fumar é uma opc¸ão livre.9 Assim, a

exposic¸ãoàfumac¸adecigarroéumaquestãopediátrica pre-ocupanteecrescenteereconhecê-lacomoumproblemaé muitoimportante, pois é o primeiro passopara erradicar essaepidemiaglobaldesaúdepública.10

OprogramaMpoweréumpacotedepolíticaspara rever-ter a epidemia na Iniciativa Sem Tabaco da Organizac¸ão Mundial da Saúde (OMS),11 com base nas medidas da

Convenc¸ão-QuadroparaoControledoTabacodaOMS,que semostrouútilnareduc¸ãodaprevalênciadotabagismo.O programavisaaservircomoreferênciaparainteressadosem nívelnacionalparaajudá-losatraduziraspolíticasde con-troledotabacoemprática.OprogramaMpowerestabelece oMonitoramento,aProtec¸ãodaspessoas,Oferecerajuda, Avisar(warn)sobreoperigo,Impor(enforce)proibic¸õese Aumentar(raise) osimpostos. O artigo de Urrutia-Pereira etal.12nestaedic¸ãodoJornaldePediatriabaseia-senessa

estratégiadaprevalênciadomonitoramentoedosfatoresde riscorelacionadosaotabagismoemadolescentesquevivem emUruguaiana,RS,Brasil.

Assimcomo em muitos outrosluares, a prevalênciado tabagismoentre adolescentesé alta em Uruguaiana.Mais de29%desses adolescentes incluídosnoestudo relataram tertentadofumare,omaispreocupante,12%atualmente

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212 Garcia-MarcosL,Sanchez-SolisM

fumame, consequentemente,estão em riscodesetornar adultosfumantes.Defato,apenasumemtrêsacreditaque podeparardefumar,desdequequeira;eaté32%tentaram parardefumarnoanoanterior.Umarazãopossívelparaa altaprevalênciadefumanteséarespostaparaapergunta ‘‘Éfácilconseguircigarrosquandovocêquerfumar?’’:80% dos que tentaram fumar e 65% desses que não tentaram acharamfácil conseguir cigarros. ‘‘Os cigarros podemser facilmenteobtidos’’éumadasvariáveisassociadasao taba-gismo em adolescentes (RC: 3,82). Assim, asautoridades têm uma oportunidade clara e uma grande responsabili-dadedeimporlimitac¸õeseaumentarosimpostosdeacordo comoprograma Mpower,paratornarmaisdifíciloacesso aocigarro. Adicionalmente,a legislac¸ão quebusca comu-nidadessemfumoobtémbenefíciosnasaúdedascrianc¸as, comoreduc¸õessubstanciaisnosnascimentosprematurose atendimentohospitalarporataquesdeasma.13

Outro ponto interessante doestudo de Urrutia-Pereira etal.12éaclaradiferenc¸adaexposic¸ãocomofumantes

pas-sivosentreaquelesquetentaramenãotentaramfumar:os autoresencontraramdiferenc¸assignificativasentreosdois gruposnaexposic¸ãopassivaaotabaco‘‘dentrodos ambien-tes’’,‘‘naprópriacasa’’ou‘‘noscarros’’.Éespecialmente interessanteofatodequenãofumarem casanosúltimos sete dias reduziu o risco de ser fumanteem 50%; o que, juntamentecom o fatodea orientac¸ão dos pais também serumfatordeprotec¸ão(RC:0,67),mostraopapelmuito relevantedafamílianessacomunidadeespecífica. Adicio-nalmente,éimportantesalientarqueasintervenc¸õespara reduziraexposic¸ão àfumac¸a decigarro em casatêm um baixoníveldeeficácia,pois,apesardereduzirapoluic¸ãoda fumac¸adecigarro,acontaminac¸ãonoarcontinua.14Assim,

émuitoimportanteterumambientedomésticosemfumac¸a decigarroantesdequalquertentativadeoadolescentede fumar,considerandoasdificuldadesdelimpezadepois.Por outrolado,asintervenc¸õesfamiliaresparaimpedirqueas crianc¸aseosadolescentescomecemafumartêmuma efi-cáciamoderada(índicederisco:0,76;IC:95%,0,68-0,85).15

Opapel dos pares,como em muitos estudos relaciona-dosàadolescência,éfundamentalnoiníciodotabagismo. Osmaioresfatoresderiscoindependentesnesteestudosão ‘‘tabagismoentreamigos próximos’’ e ‘‘cigarrooferecido pelo amigo próximo’’com razões de chance superiores a 4.Foicomprovadoqueosefeitosdotabagismoporamigos sãoainda maisfortes doque aqueles do tabagismo pelos pais;e que o efeito das redes sociaisé maisforte sobre asmulheresdoquesobreoshomensesobrenãofumantesdo quefumantes.16Osresultadosdeumaanálisesistemática16

apoiamahipótesedequeaselec¸ãodepareseainfluência dosparessãofundamentalmenteimportantesno comporta-mentodefumareambosatuamnoinícioenamanutenc¸ão dohábito defumar. Porém,a influência dasredes sociais nãoéumaviaúnica:hácomprovac¸ãodequeosadolescentes isoladossãomaispropensosafumardoqueosquesão mem-brosdegruposoulíderes.17 Osprogramasescolaresdevem

consideraressesdoistiposdeinfluênciaderedesefornecer nãoapenasinformac¸ões, mas tambémcompetênciaspara interagircompares.Umaanálisesistemáticarecenteeuma metanálisepara avaliar a eficácia daprevenc¸ão do taba-gismonasescolasmostra18 umefeitosignificativodelongo

prazodosprogramascommédiadereduc¸ãode12%no iní-ciodo tabagismo. Contudo, essa eficácia nãoaparece no

primeiroano,excetonocasodeprogramasdecompetência social/influência social combinados, que também mostra-ramumamaioreficáciadoqueosprogramasdeprevenc¸ão dotabagismoporsisó.

Édefinitivamenteo momentodeconsideraraepidemia detabagismo como umapreocupac¸ãodiretana pediatria: 90% dos adultos fumantes comec¸am a fumar antes dos 18 anos;1 assim, devemos envidar todos os esforc¸os

pos-síveis para evitar isso e não apenas confiar nas políticas governamentais.Ospediatrassãoosprimeirosprestadores deservic¸osmédicosemqueospaisconfiam:nós,pediatras, temosumagrandeoportunidadeeenormeresponsabilidade deanalisaraexposic¸ãoàfumac¸adecigarrodenossos paci-entes e iniciar aconselhamento para preveni-la. O breve aconselhamentocom base nos‘‘cincoAs’’ (pergunte, ori-ente, avalie,auxiliee providencie acompanhamento[ask, advise,assess,assist,andarrangefollow-up])éoprincipal componentedoaconselhamentoparaparardefumaretem mostradoumaumentononúmerodetentativasdeparare os sucessos dessas.19 Contudo,aspesquisas com os

mem-brosdaAcademiaAmericanadePediatria(AAP)20mostram

que,apesardeamaioriadospediatras(>80%)orientarseus pacientesadolescentesquefumamaparar,apenasumterc¸o discutiuestratégiasdeparar.Provavelmente,asituac¸ãonão émuitodiferenteemoutrospaíses.Precisamosapresentar programas de treinamento aos pediatras para orientac¸ão de prevenc¸ão à fumac¸a do cigarro e aos fumantes, auxí-lio para parar de fumar. Definitivamente é hora de nos preocupar.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresses.

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