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ÊNFASES TEMÁTICAS DA DIREITA NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS BRASILEIRAS DE

No documento ANAIS. Caderno de RESUMOS (páginas 108-111)

88GT 2 – Estado, Sociedade e Políticas Públicas

ÊNFASES TEMÁTICAS DA DIREITA NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS BRASILEIRAS DE

Paulo Cesar dos Santos Gregorio124

Resumo: Movimentos de direita possuem ordem crescente na atualidade e encontram apoio nos

pilares e na lógica da democracia moderna, sustentando ideais do liberalismo, conservadorismo, autoritarismo e populismo. Já as variações extremistas do conservadorismo tendem a se afastar das regras democráticas, constituindo grupos que demonstram desconforto extremo com a modernidade e buscam mobilizar o aparato estatal como forma de reação. No Brasil, atores sociais vinculados à direita, que estavam adormecidos há décadas, ganharam representatividade social e visibilidade principalmente após as manifestações de 2015. Com efeito, as manifestações culminaram em uma retomada do conservadorismo e do autoritarismo, ligados aos ideais da anticorrupção; à oposição frontal ao Partido dos Trabalhadores (PT), com suas políticas sociais e de afirmação de direitos e à exigência do impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Com um perfil ideológico conservador e posição social privilegiada, tais atores expuseram e defenderam suas convicções de cunho segregador e autoritário (MESSENBERG, 2017), alcançando resultados eleitorais positivos já em 2016. Esses atores encontrariam-se, nesse sentido, posicionados ideologicamente à direita no espectro político. Assim, definimos como objetivo deste paper verificar a variação das prioridades temáticas dos candidatos à Presidência do Brasil, posicionados ideologicamente à direita, nas eleições presidenciais de 2018. Para tanto, será conduzido através de um modelo específico de Análise de Conteúdo chamado de Manifesto Research on Political Representation (MARPOR), uma identificação, a partir manifestos de campanha destes partidos, das ênfases programáticas que seriam os instrumentos para a localização dos partidos no espaço de competição política. Defendemos a hipótese de que candidatos de centro-direita tenderiam a priorizar a temática da abertura comercial, enquanto que candidatos mais próximos à extrema-direita tenderiam a priorizar temáticas relacionadas à moralidade tradicional e à lei e a ordem pública. Esta hipótese se sustenta no argumento de Aldrich (2011) de que os políticos são constrangidos pelos militantes partidários a perseguirem valores e objetivos políticos e no argumento de Budge e Farlie (1983) de que os partidos buscam concentrar a atenção dos eleitores em temáticas mais vantajosas para si. Todavia, esse fenômeno característico da interação estratégica da Teoria da Competição Partidária de Antony Downs incorporado ao aumento de novos atores anti-establishment explicariam a mudança da agenda da direita a partir da manutenção da hegemonia da esquerda no poder (a partir de) de temáticas do eixo de agenda neoliberal.

Palavras-chave: Candidatos. Direita. Anti-establishment. Eleições Presidenciais. Partidos.

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A medicalização da sociedade e o aumento das doenças: um paradoxo contemporâneo

Pedro Rabello B. Corrêa125

Resumo: Para além de suas propriedades bioquímicas, os medicamentos são produtos

farmacêuticos industrializados portadores de mana, ou seja: são objetos que exercem sobre os indivíduos uma força, uma eficácia, capaz de comunicar algo a fim de proporcionar um efeito terapêutico. A cura medicamentosa, sob essa perspectiva, é decorrente não apenas de fatores tecnicistas, como também simbólicos: os fármacos são coisas imbuídas de significados que ultrapassam sua mera materialidade, sendo facilmente intercambiáveis dentro de um sistema de trocas. De fato, há um conjunto de crenças e expectativas a respeito do funcionamento e resultado dos medicamentos, compartilhadas tanto pelos médicos que os prescrevem, como pelos indivíduos que os consomem. O efeito placebo, por exemplo, ilustra como tais crenças e expectativas podem proporcionar a cura até mesmo mediante pílulas, poções e procedimentos inertes. Embora a medicina moderna sustente um discurso objetivista acerca dos fármacos, é inegável, do ponto de vista antropológico, que esses exercem uma eficácia simbólica, sustentada pelas tradições que possuímos sobre o corpo e saúde/doença. Pouco a pouco, entretanto, essa eficácia simbólica vem sendo amenizada pelo caráter cada vez mais técnico-científico dos tratamentos médicos. O uso de fármacos vem adquirindo, em nossas sociedades contemporâneas, contornos pragmáticos, a partir dos quais a procura pela cura é substituída pelo anseio de encontrar um bom desempenho psíquico-fisiológico. Concomitantemente, o aumento exponencial da indústria farmacêutica nas últimas décadas, é acompanhado por uma crescente medicalização da sociedade: das vitrines das farmácias aos comerciais de televisão, os medicamentos tornaram-se objetos de consumo fáceis e desejáveis, adentrando no imaginário social como produtos capazes de propiciar bem-estar e felicidade. Paradoxalmente, há um aumento significativo de doenças psíquicas como depressão, síndrome de burnout, déficit de atenção, síndrome de hiperatividade, entre outras, que indicam um adoecimento progressivo de uma sociedade obstinada pela saúde, dietas, corpos fitness etc. Diante desse cenário, acreditamos que a medicalização e adoecimento são fenômenos sociais que se auto reproduzem, em prol não apenas da lucratividade da indústria farmacêutica, mas também de uma sociedade neoliberal pautada no excesso de trabalho. Em uma sociedade cada vez mais doente e, ao mesmo tempo, altamente medicada, os fármacos operam na estabilização das funções orgânicas e psicológicas dos indivíduos, com o propósito de recolocá-los no mercado, sem curá-los efetivamente. Propomo-nos investigar nesse trabalho, portanto, as relações simbólicas e de poder que envolvem a produção e consumo de medicamentos na contemporaneidade, através dos conceitos de biopolítica, de Michel Foucault, e psicopolítica, de Byung-Chul Han.

Palavras-chave: Medicamentos; Medicalização; Adoecimento; Biopolítica; Psicopolítica.

125 Mestrando em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS) da

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A luta por direitos: a exigência da garantia da cidadania a migrantes e refugiados no Brasil

Gabrielle Da Cunha126

Resumo: O presente texto busca refletir sobre como os mecanismos securitários utilizados pelos

Estados no tratamento para com os refugiados a partir do conceito de poder e biopolítica traçados por Michel Foucault cerceiam a cidadania e dificultam o acesso a direitos nos países que se busca refúgio. Ao mesmo tempo, essa restrição a direitos leva os refugiados a resistirem na exigência de direitos e em muitas vezes isso é feito juntamente com a sociedade civil que reivindica políticas públicas que integrem, acolham e insiram o refugiado no acesso ao trabalho, saúde, educação, e no acesso ao idioma, entre outros direitos importantes. Um exemplo no Brasil da reivindicação por leis que protejam os imigrantes (e refugiados) feita juntamente com a sociedade civil, é a Lei de Migração (Lei n.º 13.445/2017) e sua grande conquista foi a migração ser tratada a partir dos direitos humanos e não como questão de segurança do país, como abordava a antiga lei, o Estatuto do Estrangeiro. Segundo a ONU em 2018, 70,8 milhões de pessoas foram forçadas a migrar, questionando não só o Brasil, mas toda a comunidade internacional sobre os direitos e políticas públicas a serem adotadas pelos Estados frente ao grande fluxo migratório imposto pelo sistema capitalista.

Palavras-chave: Refugiados. Sociedade Civil. Biopolítica. Cidadania.

126 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) da UFSCar. E-mail:

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HÁ INFLUÊNCIA NORMATIVA DOS RELATÓRIOS DE DESENVOLVIMENTO

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