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UM OLHAR SOBRE A PALMEIRA JUÇARA: MEDIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE COMUNIDADES TRADICIONAIS E O MEIO EM QUE ESTÃO INSERIDAS

No documento ANAIS. Caderno de RESUMOS (páginas 166-169)

Palavras-chave: Desastre Memória Comunidade Mariana.

UM OLHAR SOBRE A PALMEIRA JUÇARA: MEDIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE COMUNIDADES TRADICIONAIS E O MEIO EM QUE ESTÃO INSERIDAS

Marília de Azevedo Pereira199

Resumo: Com o presente estudo, que ainda está em seus estágios iniciais, pretende-se

desenvolver um experimento circundando o tema de minha monografia e de meu projeto de mestrado, ambos sobre as comunidades remanescentes de quilombo de Ubatuba, no litoral norte do estado de São Paulo. Mais especificamente, pretende-se relacionar a ideia de redes (LATOUR, 1994) aos afetos (FAVRET-SAADA, 1990; STRATHERN, 1999) que estamos sujeitos em campo, já que a ideia para este experimento surge com minha primeira visita a Comunidade Remanescente de Quilombo do Camburi, uma das quatro territorialmente estabelecidas há mais de 150 anos no município de Ubatuba. Neste primeiro e breve campo, realizado em abril de 2019, a palmeira Juçara, considerada um objeto técnico não-humano (LATOUR, 1994) neste estudo, uma vez que media a relação entre comunidades tradicionais e o meio em que estão inseridas, além de articular redes de conhecimento compartilhado entre as comunidades tradicionais da região e de outras regiões do Brasil, se lançou sobre meu olhar em diferentes momentos, se tornando, sem que eu percebesse, um dos pontos centrais de meu diário de campo na ocasião. Ao retornar do campo, instigada a investigar mais a fundo a relação da palmeira com a comunidade e, dessa forma, da própria comunidade com o meio ambiente, tem início a pesquisa bibliográfica acerca da chamada Rede da Juçara, que perpassa diversas áreas do conhecimento acadêmico e científico, enfatizando a importância da relação entre uma comunidade tradicional e o meio em que a mesma está inserida, bem como do desenvolvimento de projetos que possibilitem que esta relação permaneça em equilíbrio, levando em consideração os mecanismos e os conhecimentos tradicionais próprios destas comunidades sobre a terra e seus fenômenos naturais.

Palavras-chave: Juçara. Redes. Afetos. Comunidades Tradicionais. Ubatuba.

199 Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS) da Universidade Estadual

Paulista (UNESP) - Campus da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara (FCL/Ar), bolsista do Conselho Nacional Científico e Tecnológico (CNPq). E-mail para contato:

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O SAMBA BRASILEIRO: reflexão sobre a ideia de samba nacional

Rafael Andrade Caldas200

Resumo: Nosso objetivo é problematizar a ideia de samba nacional, reflexão que fez parte do

estudo bibliográfico de nossa pesquisa: ETNOGRAFIA DE UMA RODA DE SAMBA: a experiência do samba no Alto Alegre. A etapa de leitura foi importante para refletir sobre a

produção acadêmica, nela nos familiarizamos com os debates, os conceitos, categorias e termos relacionados ao tema e, formulamos questões para o campo. Os dossiês do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) (2011) e os textos sobre teoria antropológica, entre outros, foram referências importantes para a discussão. A literatura foi levantada nos acervos do IPHAN, da Universidade de São Paulo, Universidade Estadual de Campinas e Universidade Estadual Paulista. O samba se fez adequado como símbolo de brasilidade por guardar a ideia de mestiçagem da formação do Brasil, sendo ao mesmo tempo admitido e rejeitado (JOSÉ MIGUEL WISNIK, 2011). Mas, o que se chama de universal às vezes não passe de um particular de alguém imposto para todos (JOSÉ RAMOS TINHORÃO, 1998). Assim, o samba símbolo de brasilidade foi um modelo particular do Rio de Janeiro disseminado pelo território através da rádio e das políticas culturais do Estado Novo na primeira metade do século XX, fenômeno chamado de colonização interna. Esse samba autêntico na verdade teria sido autenticado com a construção de um modelo como gênero musical moderno sobre a ideia de um país civilizado, tomando como exemplo o que se produzia na capital da época (HERMANO VIANNA, 2007). Dessa maneira, as diferentes formas de se praticar sambas pelo país foram compreendidas como primitivas ou como não autênticas, destacando nelas a concepção de tradição ou seu aspecto de mistura. Mas a cultura é um processo constante de misturas, criações e sínteses realizadas consciente e inconscientemente por nós, através de nossas relações internas como grupo e externas com outros. Não existindo uma cultura pura e autêntica (CLAUDE LÉVI-STRAUSS, 2010; ROQUE LARAIA DE BARROS, 1992; SHERRY BETH ORTNER, 2011). Portanto, expressões culturais devem ser interpretadas através de conceitos abertos, como processos de permanências e mudanças de sua constituição e com histórias próprias, cheias de ligações com diversos contextos e formas de expressões. Os sambas em contextos chamados de tradicionais são dinâmicos e perduram com relativa autonomia, não sendo primitivos. Os mesmos não são a origem do samba chamado de nacional, pois eles não seriam sua única influência e não são os mesmos do passado (NINA GRAEFF, 2015).

Palavras-chave: Cultura. Nacional. Tradição. Samba.

200 Graduando em Ciências Sociais (habilitação: licenciatura e bacharel com ênfase em Antropologia) pela

Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC), campus de Marília, da Universidade Estadual Paulista (UNESP). E-mail: caldas_andrade@outlook.com. Iniciação científica (IC) pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

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“O ‘ser’ em questão: um debate sociológico sobre ações afirmativas nas universidades brasileiras; heteroatribuição racial e discurso colonial”

Beatriz de Paula Azevedo201 Priscila Martins de Medeiros202

Resumo: Neste trabalho apresentamos reflexões sociológicas suscitadas ao longo da pesquisa da

presente iniciação científica, na qual são analisadas algumas experiências de bancas de verificação étnico-racial implementadas em universidades públicas brasileiras. As ações afirmativas para o acesso e a permanência no ensino superior são resultantes de lutas sociais por reconhecimento e reparação dos grupos sociais historicamente estigmatizados e marginalizados na sociedade brasileira. São também, sobretudo, a afirmação de que nossa sociedade é heterogênea e estruturalmente racializada, diferentemente daquela narrativa que apregoava uma suposta democracia racial brasileira. Desse modo, é imprescindível que a política de ações afirmativas de fato atenda aos grupos sociais de direito - pretos, pardos e indígenas. Do ponto de vista histórico e sociológico, no entanto, não podemos perder de vista que o atual processo de implementação das bancas de verificação racial contém antagonismos e contradições, que contrastam diretamente com os principais pilares argumentativos construídos em defesa das ações afirmativas. O principal pilar que fundamentou a luta social por ações afirmativas foi a dessencialização do debate público e o reconhecimento de que a raça é um fenômeno social, construído e difundido através dos discursos e dos sistemas de representação social (HALL, 2016). Nesse sentido, não nos furtamos de fazer as reflexões sociológicas necessárias para compreendermos a atual conjuntura. Nosso debate se baseia especialmente nas contribuições dos Estudos Culturais e Pós-Coloniais, com foco sobre a análise das categorizações criadas pelo processo colonial, os sistemas de representação e sobre as possibilidades de agência do sujeito negro. Nosso argumento é de que a universidade pública e os Núcleos de Estudos Afro-brasileiros (NEABs) vivem um momento oportuno para aprofundarmos nossas ações naquilo que é nosso papel social: o de promover conhecimento científico e formação crítica em prol da construção de canais criativos de diálogo com a sociedade e os organismos públicos. A oportunidade histórica é a de aprofundarmos pesquisas e ações de formação sobre o racismo no Brasil, qualificando o debate sobre o processo de diáspora negra e sobre as formas de resistências criativas, construídas historicamente para se fazer frente aos mecanismos coloniais de racialização.

Palavras-Chave: Ações afirmativas; Autodeclaração racial; Heteroidentificação racial.

201 Graduanda de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos. É membro participante do grupo

de estudos Texturas da Experiência: Sociologia e Estudos da Diáspora Africana coordenado pela Profª. Drª. Priscila Martins Medeiros e vinculado ao Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (NEAB/UFSCar). E-mail:

biapazevedo33@gmail.com

202 Docente do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e do curso de Bacharelado em Ciências Sociais

da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). É pesquisadora membro do Núcleo de Estudos Afro- Brasileiros da UFSCar (NEAB/UFSCar) e líder do Grupo de Pesquisa Sociologia e Estudos da Diáspora Africana (CNPQ). Vem atuando principalmente nos seguintes temas: Relações Raciais, Sociologia Brasileira e Estudos Pós-Coloniais. E-mail: medeiros.ufscar@gmail.com

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MULHERES NEGRAS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA: GÊNERO, RAÇA, CLASSE E

No documento ANAIS. Caderno de RESUMOS (páginas 166-169)