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DA LOGÍSTICA REVERSA

No documento ANAIS. Caderno de RESUMOS (páginas 116-119)

88GT 2 – Estado, Sociedade e Políticas Públicas

DA LOGÍSTICA REVERSA

Jorge Brunetti Suzuki134

Resumo: A Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (Lei Federal n° 12.305/2010) mostra-

se como importante instrumento de proteção socioambiental ao implementar, dentre outros instrumentos e objetivos, valoração econômica do resíduo sólido, medidas de incentivo e proteção a cooperativas de catadores de recicláveis, responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos e sistemas de logística reversa. A norma e seu regulamento, entretanto, optam por limitar a obrigatoriedade da logística reversa aos poucos setores produtivos arrolados na legislação. Um caso de setor desobrigado da implantação da logística reversa é o empresariado têxtil: trata-se de um segmento que, embora seja um grande explorador de recursos naturais e gere significativo volume de resíduos tanto no setor produtivo quanto no descarte de produtos finais, como uniformes e roupas pós-uso, panos, retalhos, estopas e afins, não possui obrigatoriedade de montar mecanismos pelos quais todos os atores envoltos na cadeia de consumo sejam responsáveis por fazer com que os descartes voltem à linha de produção. Com isso, ainda que a PNRS estabeleça como regra a ideia da reinserção dos resíduos na produção, especialmente via reuso, reciclagem e reaproveitamento, o setor têxtil tem referido tema como opção, ou seja, implementa somente se for do interesse do empresariado. Por tal razão, e ancorado na legislação e na literatura jurídica e acadêmica inerente ao tema, o presente trabalho se propõe a avaliar, no bojo da PNRS, como o setor têxtil lida com a questão da logística reversa e quais dos instrumentos e objetivos da legislação deixam de ser cumpridos frente à opção do legislador de isentar tal segmento econômico de referida obrigação.

Palavras-chave: Política Nacional de Resíduos Sólidos; resíduos sólidos; setor têxtil; logística

reversa.

134 Mestre em Planejamento e Análise de Políticas Públicas pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais

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O avesso da moda: características gerais da fábrica de confecções têxteis de Auriflama, interior do Estado de São Paulo

Vitor Luiz Carvalho da Silva135

Resumo: Este trabalho procura trazer contribuições ao debate sobre o processo de reestruturação

produtiva na indústria de confecções, procurando caracterizar a relação entre reestruturação produtiva e adoecimento no trabalho a partir de uma pesquisa em andamento na fábrica de confecções têxteis da cidade de Auriflama, interior do Estado de São Paulo. Assim, as dinâmicas estabelecidas na instrumentalização da divisão sexual do trabalho como estratégia do trabalho intensivo, de práticas tayloristas, baixos salários e inserção tecnológica, demonstram que a indústria de confecções ainda guarda relação profunda com processos pretéritos da manufatura. O crescimento da incidência dessas formas de adoecimentos se relaciona diretamente com a intensificação do trabalho, cujas características do processo de reestruturação produtiva da fábrica Ares Confecções, guardam semelhanças em relação a outros processos de âmbito mundial, este cenário apresentado sobre o trabalho feminino assalariado, revela os processos dinâmicos que expõem a mulher como elo mais vulnerável ao adoecimento, devido às condições de trabalho materiais e espirituais dessas trabalhadoras que desempenham, muitas vezes, um trabalho acima das suas capacidades físicas. A reestruturação da indústria de confecções tem levantado diversas discussões em torno das condições de vida e de trabalho das mulheres, uma vez que elas compõem a maior parte da força de trabalho desse setor. O autoritarismo presente nas relações de trabalho feminino submete a mulher a condições maiores de riscos de adoecimento. Neste sentido, o trabalho intensivo somado a tarefas repetitivas e práticas de gestão tem causado sobrecargas laborais, trabalho insalubre, assédios, adoecimentos físicos e mentais afetando a vida dos trabalhadores e trabalhadoras.

Palavras-chave: Adoecimento. Reestruturação Produtiva. Trabalho. Indústria de Confecções.

135 Mestrando em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual Paulista

(UNESP); bolsista 2018/17185-7 Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), e- mail: vitor_carvalhoo@yahoo.com.br.

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Mobilização antiaborto: A formação do Movimento Nacional de Cidadania pela Vida - Brasil sem Aborto

Patricia Jimenez Rezende136 Esta proposta apresenta a conjuntura sócio-política e a dinâmica relacional que se estabeleceu entre mobilizações pró e contra o aborto nacional que desencadearam a formação do Movimento Nacional de Cidadania pela Vida - Brasil sem Aborto (MNCV - Brasil sem Aborto). Para tal, o trabalho está baseado no levantamento bibliográfico secundário e na busca documental e de registros jornalísticos das mobilizações e dos processos legislativos em torno do aborto no país. O mapeamento do campo de confronto mais amplo das mobilizações se deu através da coleta de dados em cinco fontes principais: Jornal Fêmea; base de notícias CFEMEA; base de notícias do MNCV - Brasil sem Aborto; base de notícias do Movimento em Defesa da Vida da Arquidiocese do RJ; e base de notícias da Câmara dos Deputados. Os materiais foram analisados à luz da teoria do confronto político, a qual entende os movimentos sociais como uma forma de política contenciosa com limites fluidos, com reivindicações sempre em relação de confronto com interesses de divergentes grupos, sejam eles o Estado ou mesmo outros movimentos sociais. Reunidos em torno de um objetivo e por identidades coletivas em uma rede de interação em um período de tempo sustentado, os movimentos sociais valem-se de um repertório de ação típico. A partir dos conceitos de contramobilização e de contramovimento, o ativismo antiaborto é entendido como um movimento social formado em antagonismo ao movimento feminista e sua mobilização pelo direito ao aborto. A pesquisa analisou o ambiente político nacional no qual grupos antiaborto se organizaram e se estruturam enquanto movimento social. Parte de um processo mais amplo de politização da sexualidade e da reprodução humana, desde os anos 60 a temática do aborto vem sendo dramatizada e ressignificada. A contramobilização ao aborto é também parte desse processo. Mudanças legais em torno do aborto nos Estados Unidos e países europeus, nos anos 1970, foram detonadores para a difusão da mobilização antiaborto internacionalmente, sobretudo, através da Igreja Católica. No Brasil, as mobilizações antiaborto tiveram ampla repercussão no contexto Constituinte (1988) e a partir de então têm se apresentado gradativamente na política nacional. Durante a primeira presidência do governo Lula (2003- 2006), se por um lado possibilidades se abriram para a legalização/descriminalização do aborto; por outro lado grupos antiaborto se organizaram a partir do aparato institucional e, em 2005, através da I Frente Parlamentar em Defesa da Vida – Contra o Aborto formaram o MNCV - Brasil sem Aborto.

Palavras-chave: Direitos Sexuais e Reprodutivos. Aborto. Mobilização Antiaborto. Movimentos

Conservadores.

136 Os resultados apresentados neste resumo são parte da pesquisa ‘Movimentos sociais e

contramovimentos: a mobilização antiaborto no Brasil contemporâneo’, realizada para a obtenção do título de Mestre no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), sob a orientação da Profª Drª. Débora Alves Maciel. A realização da pesquisa contou com o apoio financeiro da CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (de 01/10/2013 a 31/10/2014) e com apoio financeiro da FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, processo nº. 2014/13558-2 (de 01/11/2014 a 30/09/2015). A autora é Doutoranda em Sociologia na Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP). Contato eletrônico: patijrezende@usp.br.

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No documento ANAIS. Caderno de RESUMOS (páginas 116-119)